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A composição da rede

No documento Ciências humanas em debate (páginas 119-122)

A ReCiMe é constituída por pesquisadores de diversas instituições de ensino superior, públicas (estaduais e federais), privadas e confessionais, principalmente brasileiras, mas também de uma chilena e uma argentina.5 Somos, assim, um grupo rela-

tivamente grande,6 pois, em cada um desses núcleos da rede, os

pesquisadores, em suas equipes, contam com estudantes, desde a iniciação científica, passando pelo mestrado e, em alguns casos, chegando ao doutorado.

Temos, então, uma diversidade de níveis de formação inte- lectual; como também, alguma variedade de áreas, visto que há entre nós geógrafos, arquitetos e economistas. Temos, além disso, múltiplas trajetórias de especialização, pois, ainda que a maior parte dos pesquisadores tenha interesse nos estudos urbanos, há quem priorize os econômicos, os que se dedicam aos agrários, os

5 Compõem a primeira formação da equipe da pesquisa coletiva: a Unesp, câm- pus de Presidente Prudente; a Uece; as universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Uberlândia (UFU), do Rio de Janeiro (UFRJ), da Paraíba (UFPB) e do Ceará (UFC); a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas); e a Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Na Argentina, temos a Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires e, no Chile, a PUC. Nos últimos três anos, outras instituições ingressaram na pesquisa: as universidades federais do Pará (UFPA), do Amazonas (Ufam) e da Grande Dourados (UFGD); o câmpus de Ituiutaba da Universidade Federal de Uberlândia (UFU); a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (Uems) e a Universidade de Chapecó (Unochapecó).

6 O número de participantes de uma rede de pesquisa oscila consideravelmente, conforme a natureza e a etapa da pesquisa, os momentos de formação dos recursos humanos etc. Em março de 2012, havia na ReCiMe 44 pesquisa- dores doutores, 85 alunos desde a iniciação científica até o doutorado e um técnico de apoio ao trabalho.

mais interessados na análise geográfica da saúde ou do turismo, entre outros.

Esses percursos diferenciados também se expressam em pontos de vista teórico-conceituais que não são idênticos, ainda que não sejam completamente divergentes entre si, o que foi um desafio para a elaboração do projeto e da metodologia de investi- gação. Mas, ao mesmo tempo, isso se constitui num potencial que nos tem possibilitado dialogar, crescer e, sobretudo, ver um dado fato, dinâmica ou processo, a partir de perspectivas variadas, quer se considere o recorte temático e analítico, quer se tome como base o referencial teórico adotado para a análise.

Esse perfil da ReCiMe foi o que nos ofereceu oportunidade para realizar uma pesquisa de maior envergadura, especialmente em decorrência da cobertura espacial que a disposição das uni- versidades propicia e, também, pela amplitude de formações e pontos de vista teórico-conceituais de seus membros.

Ainda que sem financiamento, a ReCiMe vinha realizando, há mais de dez anos, um intercâmbio de ideias, por meio de participação em bancas de mestrado e doutorado, em mesas- -redondas e em sessões de comunicações coordenadas em eventos científicos, especialmente da área de Geografia. Tal parceria concretizava-se, ainda, com a redação de projetos de pesquisa, visando à participação em editais das instituições de fomento.

A troca de ideias vinha se processando e o grupo se fortale- cendo em função de dois fatores principais: (1) o aumento do interesse pela produção dos espaços urbanos não metropolita- nos, em decorrência, inclusive, de sua maior participação no total populacional do país, diante da queda do ritmo de cresci- mento demográfico de algumas metrópoles; e (2) o crescimento do número de programas de pós-graduação em Geografia, muitos deles em universidades localizadas em cidades não per- tencentes a regiões metropolitanas, estimulando-se os estudos sobre elas.

Motivados por esse potencial e instigados à compreensão das dinâmicas e dos processos que vêm se desenvolvendo no mundo contemporâneo, nos quais se alteram, mais ou menos, os papéis, as estruturas e as formas das cidades médias, entendidas como aquelas que desempenham funções de intermediação nas redes urbanas, propusemo-nos a passar do patamar da troca de ideias para o da realização de uma investigação científica em rede.

Durante e após o Encontro da Associação Nacional de Pós- -Graduação e Pesquisa em Geografia (Anpege), ocorrido em Fortaleza em setembro de 2005, demos início às reuniões de trabalho, nas quais elaboramos o projeto intitulado “Cidades médias: agentes econômicos e reestruturação urbana e regional”. O ano de 2006 foi dedicado a concluí-lo e submetê-lo às agências de fomento que pudessem financiá-lo, tendo as atividades de fato sido iniciadas em 2007, com o desenvolvimento da metodologia que as orientou.7

Dessa forma, perante o tamanho do país, ou seja, das distâncias que separam as universidades onde trabalham os componentes da rede, apesar das iniciativas de trocas de experiências e do interesse em partilhar um caminho conjunto mais sistemático, só a partir do final de 2006 foi que a ReCiMe pôde se articular como tal, em torno de um único projeto de investigação científica, em função do apoio recebido do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

7 Vários dos atuais participantes da ReCiMe já vinham trocando ideias sobre pesquisas relativas às chamadas cidades médias desde 1996, como destacado, e estavam se motivando para organizar essa rede. Alguns deles, por razões de diferentes ordens, já não compartilham atualmente esse trabalho coletivo, outros a ele se incorporaram à medida que o projeto foi tomando corpo e sua metodologia sendo desenvolvida. Na apresentação do livro Cidades médias:

espaços em transição (Sposito, 2007), há um breve histórico do processo de orga-

nização da rede, que poderá ser lido, caso o leitor tenha interesse em ampliar as informações aqui oferecidas.

Tecnológico (CNPq), expresso em seu Edital 07/2006 (Sposito; Elias, 2006).

No documento Ciências humanas em debate (páginas 119-122)