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A Concessão de uso ou concessão de uso especial para fins de

5. A USUCAPIAO COLETIVA URBANA COMO INSTRUMENTO DE

5.4 Comparação entre o instituto da usucapião coletiva urbana e outros

5.4.2 A Concessão de uso ou concessão de uso especial para fins de

Federal e, também, no artigo 4º, inciso IV, alínea “h” do Estatuto da Cidade ou, ainda, a Concessão de Uso Especial para fins de moradia, prevista na MP 2.220 de 2001, no artigo 2º, podem ser utilizados para contornar o problema da ocupação de áreas públicas por favelas ou assentamentos irregulares.

152 AZEVEDO JR, José Osório de. Direitos imobiliários da população de baixa renda. São Paulo: Sarandi, 2011. p. 62.

153

Artigo 102 do Código Civil: “Os bens públicos não estão sujeitos à usucapião”.

154Parágrafo único do Artigo 191 da Constituição Federal: “Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião”.

155 Parágrafo

3o do Artigo 183 da Constituição Federal: “Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião”.

A solução para o problema, acima apontado, surge com a Concessão de Uso especial coletivo para fins de moradia, uma vez que torna possível a transmissão do direito de uso do imóvel público nos casos em que houver ocupação por população de baixa renda em áreas com mais de 250 metros quadrados, de imóveis públicos, pelo período continuo de cinco anos, sem oposição, quando não for possível identificar os terrenos ocupados pelos possuidores individualmente considerados e, ainda, desde que o possuidor não seja proprietário ou concessionário de outro imóvel na área rural ou urbana.

Nelson Saule, ressalta que:

O regime especial dos bens públicos para a aplicação da concessão de uso especial para fins de moradia justifica o reconhecimento do direito à moradia da população moradora em favelas situadas em áreas públicas, independente destas áreas pertencerem à União, aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios, justificando portanto um tratamento isonômico aos entes federativos, evitando qualquer questionamento sobre a constitucionalidade deste instrumento de regularização fundiária.156

Ainda, sobre o assunto, Azevedo Junior explica que:

A concessão de uso não se confunde com a usucapião porque, neste caso, o que é transmitido é o uso do imóvel e não a sua propriedade. Mas o título, isto é, o documento da concessão, também pode ser registrado em Cartório de Registro de Imóveis e dá plena garantia jurídica ao morador.157

Conclui-se, portanto, que a concessão de uso especial para fins de moradia, possui a mesma essência do instituto da usucapião coletiva, uma vez que o objetivo de ambos os instrumentos jurídicos, sejam de promover a regularização de áreas onde estão assentadas as populações de baixa renda, ou seja, as áreas onde estão localizadas as favelas e os assentamentos irregulares, áreas onde há um forte interesse social de resolver o conflito e a legalização da ocupação.

156 SAULE, Nelson Junior. (ob. cit., p.530). 157 AZEVEDO JR, José Osório de. (ob. cit., p.63).

Mas que pese alguma diferença entre os dois institutos, a usucapião será o tratamento para as áreas privadas ocupadas por favelas, enquanto a concessão de uso especial para fins de moradia, a solução para a regularização fundiária em áreas públicas ocupadas por favelas, observando que na primeira há a aquisição da propriedade, enquanto que na segunda há apenas a transmissão do direito de usar o imóvel público. Ambos os direitos são garantidos por meio do registro na Cartório de Registro de Imóveis.

Exemplificando um caso prático, bastante interessante, sobre o instituto da Concessão de Uso é o caso da favela de Jurubatuba que por meio da Associação da Comunidade Campo Grande – Jurubatuba ajuizou ação para tutelar o direito dos moradores da comunidade ao reconhecimento da concessão de uso especial de imóvel para fins de moradia contra a Prefeitura Municipal de São Paulo, em trâmite, atualmente, perante a 10ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central de São Paulo, ajuizada em 11 de dezembro de 2007 e que, teve em uma das decisões exaradas pelo Douto Magistrado, em 08 de novembro de 2011, o seguinte teor:

DECISÃO Processo nº:0138205-06.2007.8.26.0053 Classe –

Assunto Procedimento Ordinário - Pagamento

Requerente:Associação da Comunidade Campo Grande - Jurubatuba Requerido:Prefeitura Municipal de São Paulo Vistos, em saneamento. Objetiva a autora, ASSOCIAÇÃO DA

COMUNIDADE CAMPO GRANDE JURUBATUBA, a

declaração da existência de relação jurídica que em favor de seus associados garanta a concessão de uso especial de imóvel para fim de moradia, instituto previsto na Medida Provisória de número 2.220/2001, criado a partir do que estatuto da cidade e do artigo 183 da Constituição da República de 1988, que busca garantir o direito à moradia. Ação promovida contra a MUNICIPALIDADE DE SÃO PAULO. Foi concedida a tutela emergencial cautelar, cuja eficácia está mantida, conquanto recurso de agravo de instrumento interposto pela ré, ao qual o Egrégio Tribunal de Justiça deste Estado negou provimento. Intervém o MINISTÉRIO PÚBLICO. Há a necessidade de se identificar com precisão qual a área acerca da qual pretende a autora obter a concessão de uso especial para fim de moradia, o que confere pertinência à produção de prova pericial de engenharia, cuja produção a autora requereu (cf. folha 802). Também se revela necessário obter informação acerca do registro imobiliário da área. A perícia também poderá colher informação relevante acerca não apenas do tempo de posse, mas das condições em que ela é exercida. A necessidade da produção dessa prova determina o saneamento deste processo. Estão presentes os pressupostos

de existência e validez da relação jurídico-processual. As condições da ação, examinadas "in status assertionis", também estão configuradas. Nesse contexto, não subsiste a alegação da ré quanto à prévia necessidade de exaurimento da via administrativa, diante da prevalência do princípio constitucional que garante o devido processo legal e, em seu bojo, o pleno acesso à tutela jurisdicional. De resto, a resistência da ré, revelada na intenção de retomar a posse do imóvel, só por si demonstra que a pretensão da autora, se formulada pela via administrativa, não encontraria nenhuma guarida pelo Poder Público. A questão da litigância de má-fé, apontada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO em face da conduta processual da ré, seja examinada e decidida em Sentença. Processo saneado. Identificada a controvérsia fática, necessária para seu desimplificar a produção de prova pericial, nomeio o Doutor CARLOS EDUARDO DEVIENNE FERRAZ, para funcionar como Perito nestes autos. Gratuidade concedida à autora, os honorários periciais serão pagos somente ao final. Laudo em trinta dias. As partes podem indicar assistente técnico e formular quesitos, se no prazo. Concluída a prova pericial, será de se analisar a pertinência de produzir-se prova oral. Informe o MINISTÉRIO PÚBLICO o estágio atual do inquérito civil instaurado acerca da questão. Int. O MINISTÉRIO PÚBLICO, pessoalmente. São Paulo, em 18 de outubro de 2011. VALENTINO APARECIDO DE ANDRADE JUIZ DE DIREITO Advogados(s): DANIELA DE MELO CUSTODIO (OAB 221355/SP), FLAVIO BARBARULO BORGHERESI (OAB 203037/SP), KAREN CRISTINA CRUZ ALVES (OAB 258950/SP), RACHEL MENDES FREIRE DE OLIVEIRA (OAB 196348/SP)

Em síntese, o último andamento do processo acima, indica que o processo já teve Laudo Pericial elaborado e entregue pelo perito nomeado, bem como manifestação das partes acerca do laudo e, por fim, nova devolução dos autos pelo Perito, portanto, aguardando nova manifestação das partes e prosseguimento do feito desde o dia 20 de março de 2013.158

Abaixo, observam-se as imagens e dados da Favela, de acordo com a Secretaria de Habitação de São Paulo:

158 Informações obtidas pelo link:

http://esaj.tjsp.jus.br/cpo/pg/search.do?conversationId=&paginaConsulta=1&localPesquisa.cdLocal=- 1&cbPesquisa=NUMPROC&tipoNuProcesso=UNIFICADO&numeroDigitoAnoUnificado=0138205- 06.2007&foroNumeroUnificado=0053&dePesquisaNuUnificado=0138205-

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