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A construção de conceitos no processo de ensino e aprendizagem em

CAPÍTULO 1: EDUCAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS: POSSIBILIDADES E

1.7 A construção de conceitos no processo de ensino e aprendizagem em

O conceito é a abstração do concreto, essência da pratica pedagógica (Cavalcanti, 2010). Os conceitos são habilidades fundamentais para a vida cotidiana, pois permite ao sujeito organizar a realidade, estabelecer classes de objetos e trocar experiências com outros sujeitos. Como totalidade, o conceito possui universalidades, particularidades e singularidades que permite a compreensão das diferenças, identidades e fundamentos dos fenômenos.

Os conceitos são imprescindíveis, pois categorizam o real e insere significações, sendo assim um dos objetivos do ensino é a construção de concepções sobre o mundo e confrontar os diversos conceitos, transmitindo seu caráter relativo (Cavalcanti, 2010).

Para Vygotsky (2008), os conceitos não se formam isoladamente e são mutáveis e dinâmicos. Desenvolvem-se em operações complexas e voltado para a solução de problemas. As condições biológicas e psicológicas para a construção de conceitos acontecem na puberdade, entre 11 e 12 anos, pois as crianças e adolescentes dessa faixa etária já são capazes de realizar abstrações. Nesse processo a palavra é essencial, por ser um signo mediador na formação e compreensão dos conceitos. A palavra é a expressão de um conceito em um

48 determinado período histórico. Abstração, atenção, memória, diferenciação e comparação são exigências e ações para o engendramento de conceitos. Segundo Vygotsky (2008), os conceitos se formam dialeticamente e passam por três fases: conglomerado vago e sincrético de objetos isolados; pensamento por complexos e capacidade de abstração.

Levando em conta a formação de conceitos, as competências e habilidades representam um arcabouço essencial no desenvolvimento do processo de aprendizagem, estas devem superar vários obstáculos epistemológicos e dicotômicos. Segundo Brasil (1999), as competências podem auxiliar na capacidade de abstração, do pensamento sistêmico, na capacidade de pensar múltiplas alternativas para a resolução de problemas, na capacidade de trabalhar em equipe, no desenvolvimento do pensamento crítico, do saber comunicar-se, da capacidade de buscar conhecimento. Essas e outras competências podem auxiliar os alunos no exercício da cidadania.

Cavalcanti (2010) propõe uma série de ações didáticas socioconstrutivistas para o engendramento dos conceitos no ensino de geografia, como propiciar atividade mental e física para os alunos. As atividades externas possibilitam a internalização de conceitos, em atividades internas, intelectuais. Essas ações associadas às atividades potencializam instrumentos cognitivos importantes para a aprendizagem em geografia como a observação, localização, relação, descrição, representação, expressão e compreensão (Cavalcanti, 2010, p.145).

Para que a aprendizagem aconteça o professor deve estar atento aos objetivos e as relações entre as ações e as operações previstas nas atividades. A ludicidade das atividades permite os alunos a construírem a aprendizagem através de ações concretas e cotidianas, como as dramatizações que motivam os alunos a criarem seus roteiros artísticos e vivenciarem na prática fatos geográficos. Outra atividade importante destacada por Cavalcanti (2010), de suma importância para o ensino de geografia é a observação. Articulada a funções psicológicas superiores e ao plano sensorial, ela possibilita o aluno a se confrontar com os problemas da realidade presentes na paisagem.

O professor de Geografia deve estar atento ao olhar espacial amalgamado entre aspectos físicos e humanos e fazer com que o aluno reflita sobre os arranjos e distribuição presentes no espaço geográfico. Segundo Cavalcanti (2010), ao optar pela observação como procedimento metodológico a ação/operação envolve

49 sistematizar, tratar, analisar e sintetizar as informações em construções relevantes para o conhecimento geográfico. Outra proposição didático-metodológica proposta por vários educadores consiste em considerar a vivência dos alunos como dimensão do conhecimento. Levar em conta os conhecimentos prévios do educando é fundamental para se iniciar uma discussão sobre uma determinada temática.

É preciso, então que o professor aguce bastante sensibilidade para captar os significados que os alunos dão aos conceitos científicos que são trabalhados no ensino. Isso significa a afirmação e a negação dos dois níveis de conhecimento (o cotidiano e o científico) na construção do conhecimento, tendo, contudo como referencia imediata, durante todo o processo, o saber cotidiano do aluno (CAVALCANTI, 2010, p.149).

Considerar a vivência do aluno é levar em conta seus valores e atitudes referentes a determinado temas. Aprendizagem em geografia deve fomentar as convicções e valores para uma vida cotidiana voltada para cidadania. Nessa perspectiva Zabala (2002), afirma que os conteúdos possuem a função de potencializar e operacionalizar as habilidades cognitivas, motoras, afetivas e sociais dos educandos. Ainda o autor divide os conteúdos em conceituais, que exprimem os significados dos fenômenos a partir de descrições e interpretações; atitudinais, que expressam valores, atitudes e normas e os conteúdos procedimentais que representam a realização de determinadas atividades. Zabala (2002) alerta que os conteúdos devem ser engendrados através de sequencias e didáticas. Para que os conteúdos possam desenvolver as competências e habilidades nos estudantes deve-se levar em conta a singularidade do aluno, experiências e o ritmo de aprendizagem.

Outra proposição metodológica para a construção de conceitos em geografia, feita por Cavalcanti (2010), refere-se a estabelecer situações de interação e cooperação entre os alunos. As atividades de cooperação entre os alunos são importantes no processo de socialização para o desenvolvimento de conceitos, pois o debate e o confronto de ideias relativizam o ponto de vista, descontruindo teses e reorientando o pensamento para novos horizontes. A intervenção do professor no processo de aprendizagem dos alunos, apresentando dados e informações são ações importantes na exercitação, memorização e formação de conceitos.

50 Segundo Cavalcanti (2010), nessa proposta o professor deve criar situações de aprendizagem para desenvolver as funções psicológicas superiores. Não se trata de transmitir passivamente o conhecimento, e sim de construir e intervir ativamente para que o aluno tenha consciência de sua construção. Nesse processo de engendramento do conhecimento existe a necessidade efetiva do professor, pois segundo Cavalcanti (2010), o professor ajuda a,:

[...] incitar mais o debate, desestabilizando as certezas prévias dos conceitos considerados válidos sobre o objeto de discussão; legitimar a possibilidade e a necessidade de, em determinados casos, manterem-se pontos de vista diferentes; demonstrar a fundamentação das explicações mais corretas e, finalmente opinar sobre os resultados atingidos, orientando para a descoberta de possíveis erros. (CAVALCANTI, 2010, p.155)

Sendo assim a função do professor sob o viés construtivista é orientar o aluno para que ele consiga transformar as informações fragmentárias em um conhecimento unitário. Ainda nesta perspectiva didática, outro aspecto levantado por Cavalcanti, se refere à relação dialógica do professor com os alunos e entre os alunos. Na concepção construtivista o engendramento de conceitos se dá a partir de uma relação dialógica entre os agentes do processo. Para a concretização dessa didática o signo linguístico é essencial pelo seu caráter mediador através do significado da palavra, do pensamento e da fala. O professor de geografia deve estar atento ao sentido empregado à palavra; incentivar os alunos a se expressarem; perceber as diferenças entre a linguagem cotidiana e científica e promover situações de aprendizagem que potencializem o diálogo, como entrevistas (Cavalcanti, 2010).

Promover a autorreflexão e sociorreflexão dos alunos são ações importantes na construção de conceitos, pois fomentam a consciência reflexiva e as funções psicológicas superiores. E por fim Cavalcanti (2010) cita que acompanhar e controlar resultados da construção de conhecimentos pelos alunos representa outra importante ação didático-metodológica, em que o objetivo não é de classificar ou qualificar os alunos, mas sim a compreensão das dinâmicas e dificuldades, para que se possa aperfeiçoar a aprendizagem e potencializar as formas de ensino.

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1.8 O aperfeiçoamento da aprendizagem na era das novas tecnologias da

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