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CAPÍTULO 1: EDUCAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS: POSSIBILIDADES E

1.2. A escola, o professor e as novas tecnologias

Segundo Hargreaves (2004), a sociedade do conhecimento se caracteriza por produzir economias do conhecimento e por estimular criatividades. Dessa forma as escolas devem nortear o processo de ensino e aprendizagem para autonomia e criatividade dos educandos. Nesse contexto o professor tem um papel importante de gerar conhecimento e reorganizar e redirecionar caminhos teóricos e metodológicos para os educandos alcançarem sua autonomia intelectual e o seu desenvolvimento como cidadão.

Porém, atualmente, os profissionais do magistério tem um futuro sem perspectiva, devido desvalorização social e a redução dos salários, e um presente paradoxal, pois na sociedade do conhecimento, em que os educandos necessitam de uma formação focada na criatividade e inventividade, os professores e sua importância social e econômica são cada vez mais minimizados por ações governamentais.

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Ver em Paulo Freire. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

31 Assim para Hargreaves (2004), o ensino na sociedade do conhecimento deve ser engendrado para além do capital, através da responsabilidade coletiva, respeitando e tolerando eticamente as diversas etnias e classes sociais, balizando e valorizando o ensino como vocação sagrada. O autor atenta também para o papel da escola na sociedade do conhecimento, e levanta alguns aspectos importantes para o desenvolvimento escolar como, a aprendizagem coletiva, o trabalho em equipe, o uso de novas tecnologias, a tomada de decisões coletivas em consonância com a comunidade escolar e uma preocupação humanista e solidaria com o desenvolvimento acadêmico e cidadão dos educandos.

Segundo Miranda,

O termo Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) refere*se à conjugação da tecnologia computacional ou informática com a tecnologia das telecomunicações e tem na Internet e mais particularmente na Worl Wide Web (WWW) a sua mais forte expressão. Quando estas tecnologias são usadas para fins educativos, nomeadamente para apoiar e melhorar a aprendizagem dos alunos e desenvolver ambientes de aprendizagem, podemos considerar as TIC como um subdomínio da Tecnologia Educativa (MIRANDA, 2007, p.43).

A definição de Miranda (2007), nos ajuda a situar o termo TIC, como ferramentas que possibilitam novas situações de aprendizagem, extremamente importante para uma educação autônoma e emancipadora.

Com a rapidez e a liquidez do avanço tecnológico nas diversas esferas da vida cotidiana, a educação é cada vez mais exigida para fornecer uma formação continua aos indivíduos sociais e que responda as suas necessidades básicas como cidadão e trabalhador. Dessa forma o meio técnico científico informacional9, que segundo Santos (2008) representa a face geográfica da globalização, a onipresença técnica, articulada com a convergência dos momentos e a unicidade do motor provocaram a interconexão dos lugares em tempo real, alterando a noção de tempo e espaço.

O espaço geográfico atual apresenta um conjunto de técnicas que os agentes escolares podem se apropriar para realizar suas atividades, e articular com os problemas cotidianos. Para Santos (2006), a exclusão ao acesso às técnicas

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Ver em Milton Santos. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 16ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2008.

32 ampliam as desigualdades entre os povos, maximizando as desigualdades sociais e econômicas. A globalização traz múltiplos desafios para a humanidade, e a educação surge como instrumento utópico e indispensável para a construção da paz, da liberdade e da justiça social (Brasil, 1999).

Assim as novas tecnologias formadas e difusas na globalização podem ajudar os docentes e educandos a se instrumentalizar para compreender a realidade circundante e propor medidas mitigadoras para os problemas existentes. Nesta perspectiva, para Freire (2000) é essencial que a educação na era da globalização seja realizada para além do capital e que potencialize a autonomia centrada na liberdade.

Para Lévi (1999) as TICs representam novos instrumentos de aprendizagem. O autor argumenta que os sistemas educacionais tradicionais não dão conta da nova realidade tecnológica, e, portanto, o mundo globalizado exige uma nova formação escolar pautada na polivalência para o mercado de trabalho e para a formação de um cidadão atento às transformações em diversas multidimensões da realidade, no qual os indivíduos se encontram inseridos. Ainda segundo Lévi (1999), o ciberespaço, representa o meio concreto da espacialidade das redes, e se torna essencial para comunicação, informação e ampliação da construção do conhecimento. O ciberespaço, facilita o acesso a EAD10, e amalgamado às TICs fomentam novas metodologias e procedimentos pedagógicos, além de potencializar a capacidade cognitiva dos agentes escolares.

As tecnologias da informação e da comunicação para Coll (1994) são grandes motores de transformações culturais e econômicas, que são ampliadas pela internet, devido à facilidade de transmissão de dados em espaço global. Dessa forma, as TICs se caracterizam como importantes ferramentas que instrumentalizam a sociedade virtual para transmitir, aprender e conhecer informações. Para o autor as TICs ajudam os educandos a ampliar a capacidade cognitiva e a realização de atividades.

A sociedade contemporânea convive com os diversos desdobramentos tecnológicos em seu cotidiano seja no âmbito da produção ou da educação. As novas tecnologias permitem diferentes ambientes e situações de aprendizagem para tornar o entendimento e a compreensão de conteúdos mais significativos. De acordo

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33 com Coll (1994), as TICs, criam e recriam, com dinamismo novos, cenários e diversos ambientes de aprendizagem, que estimulam professores e alunos no processo de desenvolvimento e melhoria acadêmica.

É indubitável, que em pleno século XXI a inserção de elementos ligados à informática no âmbito escolar e no cotidiano dos agentes escolares são fundamentais para instrumentalizar os alunos para um conhecimento autônomo e cidadão.

Segundo Haydt:

É preciso adotar um posicionamento crítico face a qualquer inovação tecnológica, o que inclui o computador. O primeiro passo para isso é desmistifica-lo. Para acabar com o mito do computador, é preciso encará-lo como uma máquina semelhante a qualquer outra, criada e manipulada pelo homem e cuja influência sobra a sociedade requer uma análise crítica (HAYDT,1997, p. 269).

Porém as TICs também representam no modelo de governança global, o engendramento de novas técnicas que irão reproduzir as lógicas globais das empresas transnacionais objetivando acumulação de capitais, discutida por Santos (2006),

Agora torna–se mais nítida a associação entre objetos modernos e atores hegemônicos. Na realidade, ambos são os responsáveis principais no atual processo de globalização (SANTOS, 2006, p. 240).

O uso de novas tecnologias tem que ser repensados balizando para uma educação além do capital, que se utilize das TICs, visando à autonomia e a formação cidadã dos educandos e não apenas objetivando o consumo e a reprodução dessas técnicas de forma passiva e alienada.

Nessa perspectiva a escola ao longo da história sempre esteve despreparada para as novas técnicas. E consequentemente os docentes se sentem acuados e intimidados pelas novas tecnologias. A formação é o primeiro passo para que os docentes utilizem os recursos computacionais para potencializar suas aulas e motivar os alunos no processo de aprendizagem.

Atualmente a informática está amalgamada ao cotidiano dos educandos, e a escola ainda se encontra distante dessa realidade teórica e metodológica. A informática educativa é definida por Cox,

34 [...] área científica que tem como objeto de estudo o uso de equipamentos e procedimentos da área de processamento de dados no desenvolvimento das capacidades do ser humano visando a sua melhor integração individual e social (COX, 2008, p.31).

A informática apenas se torna educativa a partir do momento que os educados e os professores, se apropriem para realizar pesquisas, estudos específicos com auxilio de softwares e hardwares e que balize o conhecimento de forma interativa e coletiva. Assim a proposta por Cox (2008), se refere ao uso operacional dos recursos computacionais aplicado à educação. Para a utilização desses recursos computacionais (softwares e hardwares), é necessária a capacitação dos docentes, para que os mesmos superem a resistência ao novo. Também é preciso repensar e reorganizar os espaços das unidades escolares para os múltiplos usuários escolares referentes aos recursos computacionais.

Conforme Coll (1994), o papel do professor no contexto das novas tecnologias em sala de aula, extrapola suas funções tradicionais. O professor nesse contexto de inserção de novas tecnologias, além de organização e gestão dos procedimentos científicos e pedagógicos no processo de aprendizagem, o docente tem que assumir também o papel de mediador nesse processo de caráter interacionista de extrema relevância, pois auxilia e orienta os educandos no desenvolvimento de atividades, através de proposição e solução de problemas do cotidiano do educando, para realizar uma aprendizagem significativa.

Segundo Zabala (2002) a pratica docente deve estar focada no pensamento pratico e reflexivo, sendo as concepções metodológicas reorientadas pela práxis, objetivando a função social do ensino e conhecimento e buscando formar alunos cidadãos.

Mas, para o professor realizar suas atribuições de maneira eficiente, sua práxis cotidiana deve estar voltada para autonomia crítica e com responsabilidade social. Para Pimenta (2002), o professor deve fomentar o seu trabalho com todas as especificidades e responsabilidades, a partir da reflexão e da crítica, sendo interpretados como aspectos fundamentais no desenvolvimento da prática docente. Os professores devem instrumentalizar seus trabalhos a partir de articulações teóricas que possam balizar dialeticamente o pensar e o fazer pedagógico. Pimenta (2002) defende a postura do professor crítico nas ações e reflexivo a partir de desenvolvimento de pesquisas que consubstanciam suas práticas. Mas para estas

35 proposições acima se concretizarem, a valorização do magistério e o desenvolvimento de políticas públicas educacionais eficientes e de longo prazo são pré-requisitos fundamentais para o sucesso do sistema educacional brasileiro.

Para Pérez (2011), qualquer mudança na educação, tem que passar obrigatoriamente pelos professores. Promovendo o investimento nos professores, consequentemente o seu comprometimento profissional, poderá auxiliar os educandos no caminho da cidadania e da compreensão dos problemas sociais e ambientais.

Coll (1994) adverte que para obter bons resultados em sala de aula, o professor tem que estar estimulado e apto para trabalhar em ambientes virtuais de aprendizagem e manejar as diversas técnicas e materiais necessários para elaboração dos conteúdos programáticos. Os alunos também em ambientes virtuais tem que ter sua ação protagonizada por situações de aprendizagem que estimulem a criatividade e a intervenção em diversos cenários problemáticos, e que dessa forma o manuseio de recursos computacionais é de extrema importância para a realização dessas atividades. Assim para Coll (1994), as TICs são essenciais para a implementação de uma educação virtual focada na conectividade e interatividade entre os agentes escolares, que objetivam o aprimoramento de procedimentos que facilitam o processo de ensino e aprendizagem.

Segundo Almeida (2005), a educação brasileira cometeu alguns erros que dificultaram o desenvolvimento do uso de TICs no ensino básico. Esses equívocos variam desde que apenas o uso de computadores e treinamento de professores já seria por si próprio elementos fundamentais para o desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem. Porém já é de conhecimento público e científico que são necessários o desenvolvimento de pesquisas que ampliem as potencialidades teóricas e metodológicas do uso de tecnologias aplicadas ao ensino básico. Almeida (2005), alerta para a precariedade com que as TICs são inseridas no ensino básico desde o ponto de vista teórico e metodológico e da ineficiência de promover a formação de professores associadas ao uso e domínio dessas questões.

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1.3 As formas, as vantagens e os requisitos para o uso de recursos

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