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CAPÍTULO 1: EDUCAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS: POSSIBILIDADES E

1.4 O ensino e aprendizagem de geografia articulados ao uso dos

Entre os benefícios da informática no âmbito escolar para Fonseca (2010), consta o uso do computador e outras tecnologias, que ajudam os educandos a ampliar o seu interesse pelos conteúdos escolares da disciplina de geografia. Conceitos abstratos da geografia podem ser compreendidos de forma efetiva e autônoma pelas novas tecnologias. Mas, como já foi observado, ainda há resistências de parte dos docentes11 ao uso dos computadores como ferramenta pedagógica. Este fato segundo Fonseca (2010) está ligado ao desinteresse e deficiência da formação acadêmica dos professores.

O docente de geografia pode diversificar seu repertório metodológico articulando os recursos da informática a sua prática pedagógica. Para Fonseca (2010) a informática auxilia os docentes na adoção de novas estratégias cognitivas e na diversificação em procedimentos metodológicos associados a disciplina de geografia.

O uso de computadores como ferramenta didática está expresso nos Parâmetros Curriculares Nacionais de 1998, como elemento fundamental para a

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Fonseca (2010) alerta que o uso de recursos computacionais pode romper a barreira entre professor e aluno, atuando como elemento comunicativo entre estes atores escolares.

39 formação do cidadão e como elemento essencial para diminuir as desigualdades sociais. Segundo os PCNs (Brasil, 1998), o computador cria ambientes de aprendizagem na geografia escolar quando:

1. Favorece a interação com grande quantidade de informações, que se apresentam de maneira atrativa (diferentes notações simbólicas, gráficas, linguísticas, sonoras etc.). As informações são apresentadas por meio de textos informativos, mapas, fotografias, imagens, gráficos, tabelas, utilizando cores, símbolos, diagramação e efeitos sonoros diversos;

2. Oferece recursos rápidos e eficientes para consultar, armazenar, transcrever informações, que permitem dedicar mais tempo a atividades de interpretação e elaboração de conclusões; 3. Favorece a interação e a colaboração entre os alunos no processo de construção de conhecimentos, em virtude da possibilidade de outros colegas ou pessoas terem acesso a dados pesquisados (banco de dados, por exemplo), hipóteses conceituais, explicações formuladas (em textos escritos), por meio da publicação de jornais de jornais, livros, revistas; da utilização de um mesmo programa; ou via rede (BBS ou correio eletrônico);

4. Motiva os alunos a utilizar procedimentos de pesquisa de dados – consulta em varias fontes; seleção, comparação, organização e registro de informações; que manualmente requerem muito mais tempo e dedicação (e também a socializar informações e conhecimentos, uma vez que as produções dos alunos apresentam- se de forma legível e com boa aparência (a qualidade da apresentação convida a leitura);

5. Permite experimentar diferentes variáveis para situações do mundo real, criando condições desejadas a partir da manipulação de alguns parâmetros (número de pessoas, efeitos climáticos, formas de utilização do espaço físico etc.). São condições artificiais que reproduzem as características mais relevantes de uma situação, para focalizar nas relações causais básicas—diferentes combinações que geram consequências também diversas. Podem ser realizadas por meio de editores gráficos ou programas de simulação;

6. Oferece recursos que favorecem a leitura e a construção de representações espaciais --- comandos que auxiliam a estabelecer relações de proporção, distância, direção, orientação, fundamentais para a compreensão e uso da linguagem gráfica (BRASIL, 1998, p. 144).

Mesmo com os apoios governamentais através de propostas curriculares que incentivam o uso de novas tecnologias no processo de ensino aprendizagem, as TICs estão instaladas desigualmente no espaço geográfico, o que significa uma grande contradição com os discursos governamentais que objetivam a inclusão digital, como uma ação de cidadania. No caso do ensino e aprendizagem de geografia, o uso da informática, possibilita aos educandos e professores, a abordarem de forma diferenciada e criativa os conteúdos, fomentando novas

40 técnicas de análise e investigação da realidade geográfica e facilitando e otimizando os registros de fenômenos geográficos em diferentes representações e mídias, desde mapas digitais e imagens de satélites.

Entre as diversas técnicas na contemporaneidade, a internet representa para o ensino de geografia uma importante e rica fonte de pesquisa de informações. Nesse contexto o professor deverá exercer o papel de mediador-orientador para guiar os alunos quanto à forma de uso das TICs e facilitar o engendramento do conhecimento pelo aluno. Fonseca (2010), destaca a possibilidade de acessar informações em diversos idiomas; acessar imagens instantâneas em tempo real dos fenômenos; adquirir informações em diferentes formatos; a visualização e representação de fenômenos através de softwares com diferentes finalidades (animação, textual, cartográfico, documentário...); permiti a comparação, análise e reorganização de informações e atualização de dados, gráficos e jogos. Reforçando este pensamento Sturmer (2006), ressalta que:

O ensino de geografia sempre enfrentou algumas dificuldades no que se refere ao estudo do espaço geográfico, seja pela carência de dados estatísticos confiáveis e atualizados, seja pelas dificuldades em termos de produtos cartográficos (cartas, mapas, globos) e de sensoriamento remoto. Parte dessas dificuldades pode ser minimizada com o auxílio das TICs. Para algumas atividades de ensino elas são indispensáveis, por exemplo, em exercícios de localização de focos de queimadas na Amazônia, consulta de dados meteorológicos em tempo real ou o monitoramento do processo de urbanização brasileira (STURMER, 2011, p.7).

O ensino-aprendizagem de geografia articulada às TICs favorece a construção do conhecimento geográfico a partir de conexões amalgamando a espacialidade de fatos de ordem geográfica e relações de causa e efeito em diversas escalas, possibilitando uma aprendizagem ativa, com o manuseio procedimental de novas tecnologias e formando um aluno-cidadão capaz de compreender as relações entre a sociedade e a natureza no âmbito do complexo mundo globalizado. Também o uso das TICs nas aulas de geografia pode fomentar o protagonismo juvenil, pois permite e facilita ações e intervenções dos educandos

41 nas atividades escolares, variando desde a produção de um mapa à realização de uma reportagem.

Nesse contexto da modernidade, em que as tecnologias emergem como ferramentas capazes de auxiliar o processo de ensino a aprendizagem, a geografia deve se apropriar destes instrumentos para que os educandos possam compreender e valorização cada vez maior do mundo no qual ele esta inserido. O estudo de geografia realizado e instrumentalizado pelas TICs também dinamiza e facilita a investigação sobre o espaço geográfico de forma multidisciplinar o que favorece ao educando a compreensão dos fenômenos espaciais em sua totalidade. Mas tudo o que foi colocado sempre dependerá da qualidade da formação do professor e dos processos de formação permanente, o que resultará em práticas docentes inovadoras para a comunidade escolar.

Porém Sturmer (2011) chama atenção para os desafios associados às TICs no ensino de geografia, e levanta alguns obstáculos para esse processo, como a incorporação efetiva das TICs no cotidiano escolar contribuindo de forma eficiente para construir conhecimentos em diversas escalas e como fazer o aluno adquirir habilidades e construir competências com apoio das TICs e sua aplicação no estudo do espaço geográfico. Sturmer (2011) adverte que para as TICs agirem efetivamente como procedimento metodológico nas escolas públicas brasileiras, e mais precisamente no ensino de geografia na educação básica é necessário o investimento na capacitação docente, ampliar a oferta de recursos tecnológicos e investir em pesquisas teórico-metodológicas para fundamentar as práticas docentes e consequentemente aperfeiçoar o ensino com esses novos recursos associados à informática.

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