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A decisão dos Bancos em manter a liquidez

3. Alocação de crédito

3.3 A decisão dos Bancos em manter a liquidez

A teoria ortodoxa da firma bancária, tal como apresentada, por exemplo, nos escritos de Tobin (1998), considera que o problema decisório fundamental enfrentado pelo banco enquanto firma consiste na escolha entre um conjunto de ativos rentáveis e com baixa liquidez (empréstimos e investimentos) e um outro conjunto de ativos com baixa rentabilidade e alta liquidez (ativos defensivos) (...) Para os pós- keynesianos a teoria ortodoxa da firma bancária é um arcabouço teórico insatisfatório para a análise do comportamento dos bancos porque, por um lado, desconsidera o fato de que os diferentes ativos possuem diferentes graus de liquidez. Dessa forma, o problema decisório do banco não pode ser apresentado como simplesmente uma escolha entre ativos líquidos e ilíquidos, mas entre graus de liquidez associados aos diversos ativos que o banco pode manter em carteira (cf. Carvalho, 1998, p.10) (...) Sendo assim, os pós-keynesianos defendem a tese de que uma teoria geral da firma bancária deve levar em conta a idéia de que a preferência pela liquidez não afeta apenas a escolha da carteira de ativos do banco, mas também a sua estrutura de passivo; de tal forma que a preferência pela liquidez seria o el emento fundamental para determinar a estratégia dos bancos quanto a composição de seus balanços.

Segundo Oreiro (2004) a teoria pós-keynesiana se faz incompleta devido não levar em conta o spread bancário e a taxa de juros dos empréstimos, o nível de atividade econômica não vai depender somente da quantidade de credito concedido pelos bancos, mas também em que condições esse crédito é concedido.

As principais conclusões sobre o comportamento dos bancos, (OREIRO,2004, p. 5)

1. O spread bancário é uma função crescente do grau de concentração existente no setor bancário e decrescente da taxa básica de juros, ou seja, os bancos irão aumentar o spread como resposta a um aumento do grau de concentração na “indústria bancária” e irão reduzir o spread como resposta a um aumento da taxa básica de juros.

2. Um aumento da taxa básica de juros não afeta a taxa de juros cobrada pelos bancos sobre os seus empréstimos, mas reduz o volume ofertado de crédito.

3. Variações do grau de concentração do setor bancário tem efeito ambíguo sobre o volume ofertado de crédito por parte dos bancos.

Devido crises financeiras e falências de instituições financeiras, desde 1988 se estabeleceu o acordo da Basiléia I. Este acordo teve como objetivo criar exigências mínimas de capital, que devem ser respeitadas por bancos comerciais, como precaução contra o risco de crédito.

Desde então, as medidas preconizadas foram sendo progressivamente introduzidas por autoridades monetárias de diversos países. “Os objetivos do Acordo foram reforçar a solidez e a estabilidade do sistema bancário internacional e minimizar as desigualdades competitivas entre os bancos internacionalmente ativos. “Essas desigualdades eram o resultado de diferentes regras de exigência de capital mínimo pelos agentes reguladores nacionais.”. ( Banco central. disponível em <http://www.bb.com.br/portalbb/page51,136,3696,0,0,1,8.bb?codigoNoticia=7724&cod igoMenu=0&codigoRet=5618&bread=9_1_4 > acesso em 30 out 2012.)

Após o primeiro acordo a regulamentação bancária vem apresentando avanços significativos. Em 2004 foi assinado o novo acordo em Basiléia, o qual ficou conhecido como Basiléia II, enquanto o acordo assinado em 1988 passou a designar-se por Basiléia I. Basiléia I não conseguiu evitar inúmeras falências de instituições financeiras na década de 90. Por isso o Comitê da Basileia lançou um novo documento em

substituição ao primeiro acordo, no qual fixa-se em três pilares e 25 princípios básicos sobre contabilidade e supervisão bancária.

Em 16 de dezembro de 2010 foi assinado o acordo da Basiléia III onde foram decididos um conjunto de iniciativas, promovidas pelo Fórum de Estabilidade Financeira, com o intuito de fazer a primeira revisão de Basiléia II. A reforma foi motivada pela severidade das crises nos últimos anos. O acordo tem a responsabilidade de em momentos de crise conter as incertezas sobre a qualidade dos balanços e manter a solvência dos bancos para que não haja uma crise de confiança e de liquidez generalizada no sistema financeiro.

Os acordos da Basileia prevêem mecanismos de mensuração de risco de crédito e estabelecem exigências de um padrão mínimo de capital. Essas medidas foram progressivamente introduzidas por autoridades monetárias de diversos países, como forma de precauções contra o risco de crédito nos Bancos comerciais.

Em 1994, o Brasil aderiu à regulamentação proposta internacionalmente através do Acordo de Basiléia (de 1988), com o intuito de melhora a solidez do sistema financeiro nacional. As decisões bancárias influenciam toda a cadeia do sistema financeiro, e portanto não pode ser gerida somente para trazer lucros bancários. Por isso o acordo da Basiléia tem papel importante na hora de regulamentar a atividade financeira para manter a solvências das instituições financeiras

CONCLUSÃO

No primeiro capitulo o trabalho mostrou diversos debates das escolas econômicas sobre teorias do investimento, e como as teorias de Keynes influenciou várias outras teorias posteriores.

Umas dessas teorias que foram influenciadas foi a de Minsky, através dele temos um visão de como a decisão de investir e a procura por crédito desestabiliza a economia. De acordo com Kalecki e Keynes, uma empresa não necessita de poupança para poder investir, na verdade o que vai determinar se essa empresa vai ou não investir vai ser as condições de acesso ao crédito bancário.

Após a crise de 1929 conseguimos observar que a decisão de investir está intimamente ligada tanto com as fases de expansão quanto com as fase de recessão da economia mundial. E a essência para entendermos como essas decisões são tomadas é através das variáveis expectacionais de Keynes.

O trabalho mostra que as expectativas são a base do funcionamento do sistema financeiro e que através da expansão de crédito os agentes econômicos provocam expansões e recessões econômicas.

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