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3. Alocação de crédito

3.1 Racionamento de crédito

O credito só é alocado de maneira eficiente em mercados organizados em concorrência perfeita, sendo equilibrado pela oferta e pela demanda já que não existem assimetrias de informação. Já no mercado real, as informações são assimétricas e não existe concorrência perfeita.

Os agentes que irão emprestar o dinheiro não conhecem os projetos de investimento em que vão aplicar seu dinheiro, dessa forma a taxa de juros não funciona como uma reguladora da relação entre a demanda e a oferta. Apesar de existir uma relação de equilíbrio no mercado creditício isso não significa que não ocorra sob racionamento de credito.

Keynes já havia sinalizado em suas obras a idéia de que o mercado de credito não se comportava segundo os princípios de concorrência de mercado. Os keynesianos se dedicaram a explicar a essência do equilíbrio mesmo com desemprego, já os novos- keynesianos se dedicaram a explicar o equilíbrio com desemprego e a eficiência das políticas ativistas.

De acordo com Hermann, (2000, p. 55-56)

Uma diferença importante entre as antigas versões de equilíbrio com racionamento e a versão novo-keynesiana é que as primeiras enfatizavam uma rigidez de preço à baixa - tal como Keynes na Teoria geral – enquanto a segunda explora a racionalidade e conseqüências da rigidez ou “viscosidade” (ajuste lento) dos preços no sentido ascendente. (...) A hipótese de rigidez de preços à alta complementa o argumento novo-keynesiano a favor das políticas ativistas, sugerindo que choque (positivo) de demanda por elas provocado não seria, em regra, compensado por majoração de preços – nem ao longo prazo, como sugere Friedman (1968 e 1976), nem no curto, como sustentam os novos-clássicos. (...) O modelo de racionamento e credito é um exemplo típico da metodologia de analise novo-keynesiana. O modelo

explica a participação do mercado de credito bancário na criação endógena de restrições ao pleno emprego, com base na hipótese de equilíbrio com racionamento da demanda.

Os bancos sempre se preocupam em maximizar seus lucros, mas mesmo assim preferem racionar o credito e manter a maximização dos lucros sem ter problemas com os riscos moral e de seleção adversa. O mercado de capitais e o de credito conciliam agentes que possuem excesso de dinheiro e estão dispostos a investir com agentes que estão dispostos a colocar em pratica um projeto mas não possuem renda para começar.

O mercado de capitais funciona da mesma forma que o de credito, os investidores exigem um premio de liquidez maior por ações novas, para poder equilibrar o risco de investirem em ações ruins. Dessa forma as empresas que necessitam de empréstimos para financiar seus investimentos se deparam com dois empecilhos, o racionamento de credito pelos bancos e o elevado prêmio pago aos investidores por ações novas.

Dessa forma a compreensão dos mecanismos de regulamento de credito é essencial para se entender as crises financeiras, principalmente porque em períodos assim as assimetrias de informação intensificam a crise. A falta de conhecimento dos projetos faz com que a taxa de juros não seja usada como reguladora entre os maus e os bons pagadores e dessa forma a restrição ao credito acabam restringindo para todos os clientes.

Quando uma empresa vai investir ela tem que levar em consideração o capital necessário para iniciar o projeto e os retornos esperados desse projeto. Se a firma não possui capital suficiente para investir ela irá recorrer ao mercado creditício, ao solicitar um empréstimo ela deve fazer uma nova avaliação sobre a taxa de juros do empréstimo e os lucro obtidos no investimento.

Os lucros devem ser maiores que o valor do empréstimo com os juros, por esse motivo muitas empresas acabam desistindo de investir. Muitas vezes os juros são tão altos que os lucros não serão capazes de cobrir o empréstimo e portanto, o investimento dará prejuízo. Já para os bancos a determinação da taxa de juros dos empréstimos é determinada de forma a maximizar o retorno esperado da carteira de empréstimos do banco.

Segundo os novos-keynesianos o modelo de racionamento de credito acaba tendo um incentivo adverso para os bancos. Quando os bancos elevam a taxa de juros

para racionar o credito ele acaba criando uma seleção adversa, selecionando os projetos mais arriscados e com menor probabilidade de sucesso. Pois os projetos mais seguros podem não proporcionar os lucros necessários para cobrir o valor do empréstimo e portanto, faz a empresa desistir do empréstimos.

Dessa forma ao contrario do que a teoria convencional sustenta o aumento dos juros não reduzem o numero de demanda por credito, mas sim, seleciona projetos de maior risco e exclui os projetos de menor risco. Por isso os novos-keynesianos acreditam que o aumento da taxa de juros não é um instrumento eficiente na hora de selecionar os clientes e através disto que se explica como haveria equilíbrio mesmo com racionamento de credito.

“A expressão (10) sintetiza idéia de que aumentos em r tendem a piorar a qualidade do ativo do banco” (HERMANN, 2000, p.59).

Segundo Hermann (2000, p.59)

Nota-se que, se P fosse independente de r, teríamos p’= 0 e o efeito do aumento em r sobre E (Rb) se reduziria ao primeiro termo do lado direito de (11), que é positivo. Com p’<0, porém, esse efeito positivo é gradativamente reduzido, á medida que r se eleva, de modo que exista uma taxa r* ótima (máxima), que maximiza E (Rb) e, assim, determina Ls (também Maximo) para cada estado das expectativas de retorno – leia-se: para cada distribuição da probabilidade Pi. Nessas condições, o racionamento (da demanda) surge sempre que Ls (r*) < Ld (r*) – como na figura 1- e essa situação, uma vez configurada, é de equilíbrio porque não existe uma variável comum que ajuste, simultaneamente, as quantidades Ld e Ls.

Fonte: O modelo de racionamento de credito e a política monetária Novo-Keynesiana: uma analise critica, Jennifer Hermann, 2000, p.59.

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