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A Dimensão Institucional do Setor Elétrico Brasileiro

No documento D ESAFIOS EO PORTUNIDADES PARA OA CESSO (páginas 73-77)

CAPÍTULO 4 O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

4.3 A Dimensão Institucional do Setor Elétrico Brasileiro

As instituições que atuam no setor elétrico brasileiro evoluíram conjuntamente com o desenvolvimento do sistema centralizado nacional. A Figura 15 ilustra o quadro nacional institucional construído em torno do setor de energia, e fornece o contexto em que o programa de eletrificação rural LPT tenha sido concebido. O esquema corresponde a um modelo centralizado - que é organizado de acordo com as áreas que abrangem a política energética, regulação e mercado - que serve tanto aos sistemas interligado e isolado. O Estado é responsável pelo planejamento, monitoramento e regulação do setor elétrico e vários agentes dos setores público e privado são ativos na geração, transmissão, distribuição e comercialização, tanto no sistema interligado quanto nos sistemas isolados. Este modelo institucional foi aprovado em 2004 com o objetivo principal de assegurar o abastecimento nacional de eletricidade e promover tarifas mais baixas e de inclusão social. O novo modelo enfatiza o fato de que a inclusão social depende fortemente da realização da cobertura de energia elétrica total no país.

Figura 15 - Estrutura institucional do setor elétrico.

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) é o responsável pela formulação da política energética. Seu objetivo é promover o uso racional das fontes de energia e garantir o fornecimento de energia para todo o país. Além disso, o CNPE estabelece diretrizes para as importações e exportações de energia, de modo a satisfazer as necessidades de consumo interno. O Ministério de Minas e Energia (MME) implementa políticas de acordo com as orientações fornecidas pelo CNPE.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) regulamenta e supervisiona o setor elétrico, garantindo a qualidade dos serviços e cobertura de energia elétrica total no país. A ANEEL estabelece tarifas para as diferentes áreas de concessão sendo responsável por determinar uma tarifa que seja capaz de manter o equilíbrio econômico-financeiro em cada área de concessão. A agência também é responsável pela aprovação de concessionárias e outros prestadores de serviços.

Em relação ao mercado, as atividades de distribuição e transmissão são reguladas, mas a eletricidade pode ser comercializada livremente com os consumidores acima de 3 MW via contratos negociados ou por meio de leilões de energia administrados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O modelo de mercado brasileiro considera dois ambientes para a venda de energia elétrica: o Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e o Ambiente de Contratação Livre (ACL). Geradores de energia podem vender eletricidade em ambos os ambientes e isso ajuda a manter a natureza competitiva das atividades de produção. O Operador Nacional do Sistema (ONS) coordena e controla o funcionamento do sistema interligado e a CCEE é responsável pelo mercado atacadista de energia. A câmara tem um papel significativo no desenvolvimento de operações de mercado de curto prazo e comércio de eletricidade dentro do Ambiente de Contratação Regulada (CCEE, 2012; ONS, 2014).

A Tabela 5 resume os principais participantes do setor elétrico e sua função específica dentro do atual modelo institucional. Ele também ilustra as principais ligações entre as diferentes instituições. Por exemplo, a ação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e do Ministério de Minas e Energia (MME) é suportado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que prevê estudos e desenvolve pesquisas no campo da energia, incluindo energia elétrica, petróleo e gás natural, carvão, energia renovável e eficiência energética. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) também trabalha em estreita colaboração com CNPE e MME, uma vez que monitora o funcionamento do sistema e recomenda medidas preventivas para garantir o abastecimento.

Tabela 5 - Principais atores no quadro institucional brasileiro.

Instituição Função

Política

CNPE – Conselho Nacional de Política Energética

Formular políticas energéticas, em conjunto com outras políticas públicas.

MME – Ministério de Minas

e Energia Implementar políticas para o setor elétrico, de acordo com orientações do CNPE. Planejamento EPE – Empresa de Pesquisa

Energética

Desenvolver estudos para definir a matriz energética e planejar a expansão do setor elétrico (geração e transmissão).

Monitoramento CMSE – Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

Monitora o funcionamento do sistema. Recomenda medidas preventivas para garantir o abastecimento.

Regulação ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

Regula e supervisiona o sistema, garantindo a qualidade dos serviços, a universalização e o estabelecimento de tarifas para os consumidores, preservando a viabilidade econômica e financeira dos agentes envolvidos.

Operação do Sistema Interligado

ONS – Operador Nacional

do Sistema Coordena e controla a operação do sistema interligado. CCEE – Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica

Gerencia o Mercado atacadista de energia. Determina o preço à vista, servindo para avaliar as operações de mercado de curto prazo. Prepara e realiza leilões de energia elétrica. Operação e Planejamento

dos Sistemas Isolados

GTON – Grupo Técnico Operacional da Região Norte

Responsável pelo planejamento e operação dos sistemas isolados, sob o mandato da Eletrobrás.

Geração, Transmissão e Distribuição

Eletrobrás e subsidiárias

De propriedade do Governo Federal, controla cerca de 35% da geração de energia no país, através de seis subsidiárias. Também atua na transmissão e distribuição. Uma série de subsidiárias atuam como concessionárias e fornecimento de energia elétrica para territórios exclusivos, de acordo com a regulamentação da ANEEL.

Outras concessionárias Responsável pelo fornecimento de energia elétrica para uma área de concessão, de acordo com a regulamentação da ANEEL.

Cooperativas Responsável pelo fornecimento de energia elétrica em áreas específicas. Podem atuar como concessionárias.

Consumo Usuários final Ativo nas categorias residencial, industrial, comercial e rural no âmbito dos sistemas interligado e isolado.

Dada as diferenças entre o sistema interligado e sistemas isolados, existe uma mudança entre as instituições relacionadas à coordenação do lado operacional, principalmente através da participação do Grupo Técnico Operacional da Região Norte (GTON). O grupo está sob o mandato da Eletrobrás, empresa estatal de eletricidade.

Enquanto a operação e a coordenação dos sistemas isolados são realizadas pelo GTON, o Operador Nacional do Sistema (ONS) é responsável por estas atividades no sistema interligado. O ONS garante que os requisitos de carga são atendidos pelo sistema com uma operação confiável, incluindo a geração de energia e linhas de transmissão de alta tensão. GTON está ativo nos estados do Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Amapá.

O monitoramento e controle das usinas térmicas e hidrelétricas nos sistemas isolados é de responsabilidade do GTON, que realiza inspeções técnicas periódicas, com o objetivo de verificar as condições técnicas, operacionais e ambientais. Sendo um sistema predominantemente baseado no diesel, o modelo de operação real para os sistemas isolados implica a identificação da demanda de energia elétrica, de modo que a quantidade necessária de combustível pode ser estabelecida e entregues normalmente durante os primeiros meses do ano, quando os rios são navegáveis (DE FIGUEIREDO, 2008). Uma série de sistemas isolados, que não são oficialmente registrados, consequentemente, não são consideradas dentro das responsabilidades atribuídas ao GTON. Em termos de atividades de geração, transmissão e distribuição, as concessionárias são os principais prestadores de serviços em sistemas interligado e isolado, seguindo um modelo institucional muito centralizado.

As concessionárias operam serviços exclusivos no Brasil. No total, cerca de 74 concessionárias privadas e públicas estão em atividades de distribuição no país (ANEEL, 2013). Eles fornecem serviços de energia elétrica para cerca de 98% dos atuais usuários finais (IBGE, 2011). Os contratos de concessão são assinados entre a ANEEL e as empresas de eletricidade. Esses contratos são usados para definir regras claras sobre o território a ser fornecido, de tarifas e qualidade do serviço, bem como sanções para os casos em que os requisitos estabelecidos não forem cumpridos. As concessionárias têm a obrigação de servir a todos os habitantes em seu território sob concessão, e manter tarifas baixas para os cidadãos de baixa renda. Outros agentes, como as cooperativas, têm a possibilidade de atuar como concessionárias em teoria, embora a sua ação seja limitada enquanto suas atividades não são registradas no banco de dados oficial (ANEEL, 2013).

O papel da Eletrobrás é bastante significativo no sistema elétrico brasileiro, uma vez que controla cerca de 35% da geração de energia nacional e tem uma forte presença na região

amazônica. É uma empresa estatal que tem atividade de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica através de seis subsidiárias no país: Eletrobrás Chesf, Eletrobrás Furnas, Eletrobrás Eletrosul, Eletrobrás Eletronuclear, Eletrobrás CGTEE e Eletrobrás Eletronorte. O último é ativo na região amazônica e fornece eletricidade a mais de 15 milhões de pessoas através de sistemas interligado e isolado.

A dimensão institucional do setor elétrico brasileiro é complexa. Em geral, um modelo centralizado presta serviços de energia elétrica no país. O governo tem incentivado um sistema elétrico em que as concessionárias são atores fundamentais a nível nacional, regional e local, e atualmente incentiva a participação de outros atores, como cooperativas e Organizações Não Governamentais (ONG’s).

No documento D ESAFIOS EO PORTUNIDADES PARA OA CESSO (páginas 73-77)

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