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A Dinâmica do Processo Ensino/Aprendizagem com as novas Tecnologias

Já atrás referimos que os avanços da informatização, nomeadamente as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, invadem todas as áreas da vida, não sendo alheios os processos formativos. Dorocinski (2002) refere que passa também pelos professores estarem atentos a esta realidade inovadora “cabe a nós, educadores, fazer uma leitura das referências que norteiam o projecto tecnológico da nossa prática pedagógica, a fim de revermos nossa capacidade de atendimento educacional” (p. 55).

Já Apple (1995) dizia que a tecnologia é vista como transformadora tanto do trabalho docente como do discente, um número considerável de alunos e professores acreditam que o computador irá revolucionar a sala de aula, interferindo nos processos motivacionais, na aprendizagem e na aquisição de novas competências.

Podemos então perguntar, qual o papel das Novas Tecnologias nos processos de ensino e aprendizagem? Seraphin (2000), ao referir-se às TIC, diz que muitos têm tendência a considerar os dispositivos multimédia como mais uma simples tecnologia, do que como situações didácticas realmente novas:

“O ensino e a aprendizagem digital deve ser muito mais que uma apresentação técnica de instrumentos de trabalho. Devem levar o professor e o aluno a adquirirem, simultaneamente, competências técnicas, informativas e cognitivas ligadas à navegação num ciberespaço de ensino aprendizagem “ (p. 8).

No estado actual de desenvolvimento das TIC, a Escola tem necessidade de se modernizar e tem obrigação de fornecer instrumentos aos seus estudantes para operarem com a informática. Os currículos têm de incorporar novas tecnologias, e os alunos devem familiarizar-se com esses meios e ficarem preparados não apenas para o mercado do

trabalho que os espera, mas tomá-los cidadãos competentes, possuidores de um saber que os leve a conhecer e a questionar a realidade (Farias, 2001).

Perante os recursos informativos, e como já dissemos, estes meios colocam a mais variada informação ao dispor de qualquer um. O papel do professor sofre alterações, não sendo já um mero transmissor de conhecimentos. O professor, assim como o aluno aprendem, aquele passa a ser um facilitador e um orientador da aprendizagem (Rifkin, 1996; Duarte, 2000; Nunes, 2004).

Dorocinski (2002) justifica ainda o papel do professor como um organizador da aprendizagem devido à expansão e dispersão da informação, muitas vezes desconexa e não hierarquizada. Hierarquizar e incorporar as informações fundamentais que devem ser tidas em consideração, são também funções do professor.

Com as Novas Tecnologias, ensinar e aprender, exigem hoje muito mais flexibilidade, espaço temporal, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e comunicação. Como refere Moran (2002):

“Uma das dificuldades actuais é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos. A aquisição de dados, informação, dependerá cada vez menos do professor, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) podem e devem ajudar muito” (p. 2).

Martins (2001) ao referir-se às Novas Tecnologias diz que o seu avanço acelerado tem alterado significativamente o modo de entender e perceber o mundo. Neste contexto, nossos valores e concepções têm sido profundamente modificados. Estas mudanças no momento actual são geradas principalmente pelo aparecimento de Novas Tecnologias de Informação e Comunicação. O mesmo autor, cita Pierre Levy que as cognomina de

“Tecnologias Inteligentes”, justificando que promovem a virtualização, uma comunidade virtual pode organizar-se sobre uma base de afinidades, mesmos núcleos de interesses, mesmos problemas, embora não presente, podem apresentar projectos, conflitos e amizades.

Acrescenta ainda, que as “Tecnologias Inteligentes” “possibilitam um outro modo de pensar, uma outra forma de construção do conhecimento pautada numa lógica não mais linear, mas hipertextual” (p. 174).

Dentro do processo ensino e aprendizagem, Arrufat (2003), refere que as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, podem facilitar o desenho e a realização de boas intervenções educacionais na aprendizagem e diz ainda que cada vez é mais habitual o desenvolvimento de experiências formativas baseadas na conjugação de modalidades presenciais e não presenciais.

Retomando a ideia de Martins (2001) acerca da construção do conhecimento com as Novas Tecnologias e tendo como perspectiva o modelo hipertextual a que acima se refere, a diversidade passa a ser o aspecto principal a ser explorada na consolidação ou aquisição do saber. Perante esta ideia, critica o modelo curricular tradicional, dado que na sua operacionalização não oferece aos alunos um a visão mais ampla da realidade, a comunicação entre os saberes é escassa ou inexistente:

“As disciplinas que compõem o currículo bem como os seus programas/ conteúdos não se integram ou se complementam, dificultando aos alunos uma abordagem da realidade mais ampla, mais relativizada, assim como as possíveis interfaces que podem ser estabelecidas entre os vários campos do conhecimento” (p. 175).

“Usando a lógica hipertextual, abre possibilidades para a troca de ideias, de informações, de saberes múltiplos, diferentes” (Martins, 2001, p. 175).

Concordando com as ideias já descritas de Martins (2001) e Arrufat (2003) e a importância que dão às TIC no processo ensino e aprendizagem, Ocampo (2002) refere que nos dias de hoje a “inclusão social”, passa pelo acesso ao conhecimento, pela participação em redes e pelo uso de Tecnologia de Informação e Comunicação actualizadas desde o sistema de educação formal. Para ele, é necessário e com urgência impulsionar novas formas de aprender e incorporar novos suportes técnicos de aprendizagem.

A fim de m elhorar a qualidade, os ganhos e a pertinência da educação/ formação, é necessário difundir e utilizar recursos tecnológicos de informação e comunicação (as ferramentas básicas da sociedade do conhecimento, computador, Internet ...), que permitam potenciar a aprendizagem. Ocampo (2002) refere ainda que as novas formas e suportes técnicos de aprendizagem estão muito ligados aos meios de comunicação e informação, tanto audiovisuais unidireccionais (TV, vídeo...) como interactivos (softwares educativos, Internet, teleconferências...).

Deve promover-se o uso mais intensivo destes novos suportes audiovisuais e as TIC nos processos de formação formal. Para isso, é necessário um amplo acompanhamento pedagógico no uso destes suportes tecnológicos, na aquisição e organização do conhecimento:

“Orientando a aprendizagem até encontrar a solução de problemas, a reflexão crítica que permita seleccionar e contextualizar a informação, a criatividade no uso desta informação, a compreensão profunda que imprima sentido e continuidade à aprendizagem, e à capacidade de planificar e investigar”4 (p.35)

Referindo-se aos “suportes técnicos de aprendizagem”, ou seja, às TIC e ao seu papel na formação, Cabero (2000) também diz que permitem a comunicação e interacção com fins educativos, de maneira síncrona e assíncrona, de forma individual ou colectiva e utilizam o computador como principal meio de comunicação e interacção entre os sujeitos do acto educativo. Apesar da grande capacidade e flexibilidade das Novas Tecnologias (TIC) para a comunicação e interacção, é preciso destacar a sua função formativa “dado que apoiam a apresentação de determinados conteúdos, o que podem ajudar a guiar, facilitar e organizar a acção didáctica, assim como condicionam o tipo de aprendizagem a obter, já que podem promover diferentes acções mentais nos alunos”s (Cabero, 2000, P-143).

Batista (2004) ao referir-se às principais funções das novas tecnologias no processo de aprendizagem distingue duas funções específicas das mesmas no processo: provisão ou fornecimento de “estímulos sensoriais” e “mediação cognitiva” : A estimulação sensorial é uma das funções básicas das novas tecnologias no que respeita à aprendizagem, estimulação esta que é descodificada por quem a recebe, ou seja, neste caso alunos e professores.

Batista (2004) cita Castefieda e López que actualizaram o modelo de “Processamento Humano de Informação”, dizendo que, o modelo se baseia na analogia mente-computador, em que ambos os sistemas recebem, processam, armazenam e recuperam informação. De acordo com o dito modelo, a mente humana recebe informação, processa-a, armazena-a e gera resposta. Woolfolk (1995) acrescenta que a informação que se retém para ser recordada posteriormente, conecta-se com os conhecimentos previamente existentes formando novos conhecimentos, que se podem reter na memória a longo prazo, que é um armazenamento aparentemente permanente.

interacção e comunicação em actividades de aprendizagem, sua função é, essencialmente, a provisão (fornecimento) de estímulos sensoriais. As possibilidades das mesmas estimularem os sentidos, são cada vez maiores, pelo que as suas potencialidades formativas não têm precedente na história dos avanços tecnológicos (Batista, 2004).

O mesmo autor refere ainda que o papel das NTIC como provedoras de estímulos sensoriais, a informação que é recebida deve ser devidamente descodificada para poder ser utilizada com fins educativos. Todos os sentidos, no seu conjunto, podem servir para captar, comunicar emoções e criar condições ambientais favoráveis ou desfavoráveis à aprendizagem. Estes estímulos apresentam duas dimensões:

“A sua capacidade de captar a atenção, refere-se à potencialidade que tem o interface para captar a atenção do aprendiz nos estímulos relevantes. Esta potencialidade pode manifestar-se através de duas formas: enfatizando os aspectos relevantes da informação, ou inibindo os ruídos e interferências do programa”

Sua capacidade motivadora, refere-se ao uso de recursos que podem utilizar-se para motivar o aprendiz nas suas tarefas”6 (p. 1666).

Outra das funções, referidas por Batista (2004) no processo de aprendizagem, a mediação cognitiva, ou seja, os factos apresentados pelas Novas Tecnologias, são observados e interpretados pelo aprendiz. (Este autor recorre a Gagné, ao assinalar três elementos fundamentais no processo de aprendizagem: “os factores extem os, factores internos e os processos internos que dão forma ao sucesso de aprendizagem”) (p. 1669)

E através da mediação cognitiva que a aprendizagem pode ter lugar (é importante referir o papel das novas tecnologias como ponto de ligação entre duas ou mais estruturas mentais envolvidas no processo de aprendizagem).

Mialaret (2001) destaca a importância das relações psicológicas entre os participantes numa situação geral de aprendizagem. Batista (2004) refere que, quando a situação de aprendizagem é inserida em contextos de ambientes virtuais, as novas tecnologias são o canal, via, para a mediação cognitiva que constitui a essência da aprendizagem. Diz ainda que a mediação referida não ocorre só entre o formando e um ou mais indivíduo, mas também da relação do aprendiz com o que é observado, assim como a relação interna aprendiz-consigo mesmo que se pode dar na aprendizagem.

As novas tecnologias permitem uma mediação cognitiva multidireccional, dado que os formandos podem receber informação e serem retroalimentados por uma comunidade de aprendizagem (ex. através do correio electrónico, videoconferência, foros...), ao passo que a unidireccional, o formando tem acesso a uma fonte de informação sem a possibilidade de retroalimentação (Batista, 2004).