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A REVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E A FORMAÇÃO

O processo de formação tem vindo a mudar com o desenvolvimento e a introdução de Tecnologias de Informação e Comunicação abrindo novas perspectivas e alterando a forma como se ensina e aprende.

Antes da existência da imprensa (sec. XV) e da difusão maciça dos livros, poucos acediam à cultura. O professor universitário era praticamente o único detentor da informação e a aula magistral era a técnica de ensino mais comum (Graells, 2001). Pouco a pouco os livros foram-se difundindo, mesmo nas salas de aulas, o texto complementava as explicações magistrais, o professor que ministrava o ensino, estava agora centrado nos conteúdos que o aluno devia memorizar e aplicar.

Nos finais do século XX, os grandes avanços tecnológicos e o triunfo da globalização económica e cultural configuram um a nova sociedade, a “Sociedade de Informação” (Graells, 2001). Salinas (2004) destaca quatro importantes áreas ou temas que caracterizam esta dita sociedade: “a importância do conhecimento como um factor chave para determinar segurança, prosperidade e qualidade de vida; a natureza global da nossa sociedade; a facilidade com que as tecnologias - computadores, telecomunicações e multimédia - possibilitam o rápido intercâmbio de informação; o grau com que a colaboração informal (sobretudo através de redes) entre indivíduos e instituições estão substituindo estruturas sociais mais formais, como corporações, universidades, governos...” (p. 45).

Com este desenvolvimento e o acesso cada vez mais generalizado dos cidadãos aos

mass media e Internet, um novo paradigma de formação e ensino vem-se impondo, aspecto

Podemos então falar de uma revolução tecnológica que se manifesta com a introdução da micro electrónica e informática nos processos de ensino e aprendizagem, apelando a novas metodologias, a novas atitudes dos actores (professores e alunos), isto é, em cada um ser construtor do seu saber e saber-fazer.

Ao falar de revolução tecnológica, Ferretti, Zibas, Franco (1996), dizem que estamos a assistir a uma segunda revolução industrial denominada de “Revolução Informática”; Carneiro (2003), refere que na base desta nova “revolução industrial”, encontra-se a explosão das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Hoje tomaram-se num meio indispensável para o sucesso da actividade formativa e de qualquer organização.

Almeida (2002), ao referir-se a esta revolução tecnológica, diz que é altamente condicionadora do desenvolvimento de qualquer organização social e até das relações pessoais e profissionais.

Esta revolução, é protagonizada pelos computadores pessoais, os

softwares multifunções com elevada capacidade de armazenamento,

tratamento e processamento de informação..., a Internet, telefones m óveis..., a invenção do microship em 1958, responsável pela redução substancial dos aparelhos e mecanismos electrónicos, permitindo que, em cada vez menos espaço se consiga guardar e processar cada vez mais informação (pp. 76-77)

Efectivamente, nenhuma outra revolução tecnológica avançou a um ritmo tão acelerado, conduziu a uma tão dramática miniaturização dos equipamentos e redundou em preços tão acessíveis ao grande público (Almeida, 2002; Carneiro, 2003).

Contudo a popularização dos computadores só ocorreu em meados da década de 70 (1970) com o desenvolvimento dos microcomputadores, os quais vieram permitir uma grande facilidade na sua utilização, não necessitando de estar ligados numa rede central para o seu funcionamento. Hoje são indispensáveis nos mais variados sistemas. Miranda (2003) refere que “actualmente, com o surgimento da rede das redes, a Internet ou simplesmente Net, a utilização dos computadores no ambiente familiar e nas escolas ganhou uma nova dimensão” (p. 63). Dificilmente a educação/formação pode permanecer indiferente ao ritmo a que progridem as Tecnologias de Informação e Comunicação.

Também Planella e Rodríguez (2004), ao referirem-se à explosão das chamadas novas tecnologias, dizem que geraram profundas transformações sociais e culturais “As TIC estão a modificar radicalmente o contexto e mesmo a forma em que têm lugar nossas relações e intercâmbios sociais”3 (p. 3). Transmitem e armazenam informação, conectam espaços e tempos distintos, têm um alcance planetário. Por tudo isto e de acordo com Miranda (2003), a educação é de igual modo influenciada por todas estas mudanças a que estamos a assistir a nível informático.

Pacheco (2001) menciona que “longe de serem instrumentos neutros, os computadores partilham um a epistemologia que promove um certo tipo de conhecimento e uma determinada concepção de sujeito inteligente (p. 67). Coloca também a Tecnologia Educativa, como um elemento fundamental no processo de desenvolvimento do currículo, e cita Silva e Bertrand que lhe identificam (no currículo) duas tendências:

“Uma que é entendida como o seu sentido amplo, que estuda os processos educativos, a maneira de conceber a arquitectura do design pedagógico; outra, entendida num sentido mais restrito, pela abordagem da utilização e adequação dos meios de comunicação aos ambientes de aprendizagem, que designam por sistémica e mediática” (p. 68).

A eclosão das tecnologias/med/a e as potencialidades de interacção que a Internet proporciona, prefiguram um cenário imenso de oportunidades de autoformação (nomeadamente educação a distância), não só na idade escolar, mas ao longo da vida. Figueiredo (2001) diz que a aprendizagem não se encontra na distribuição de conteúdos, nem na transferência de aprendizagem ou conhecimento para outros, como no passado, mas sim em tom ar possível a construção das aprendizagens pelos seus próprios destinatários “em ambientes culturalmente ricos em actividade - ambientes que nunca existiram, que o recurso inteligente aos novos media tomou possíveis e nos quais se aplicam paradigmas completamente distintos dos do passado” (p. 74).

Começamos a assistir a uma dinâmica crescente de implementação e uso de plataformas de ensino e aprendizagem, que suportam o E-learnig. Novas responsabilidades perante estas mudanças ou revolução vão ter (ou já têm) Escolas e Universidades. Para isso a sua organização, estrutura, papéis, vão ter de adaptar-se a estes novas meios que já estão presentes e condicionam a formação que se pretende (Panella e Rodríguez, 2004).

O maior desafio dos novos media é tomarem possível a construção de comunidades em contexto onde a aprendizagem individual e colectiva se constrói e onde os formandos e aprendentes assumem a responsabilidade em construírem os seus próprios saberes, quer pessoais quer colectivos (Figueiredo, 2001; Carneiro, 2003).

Gil e Menezes (2001) ao referirem-se ao relatório MESO (1998), dizem que apesar do crescente crescimento da penetração tecnológica, não tem havido um correspondente e paralelo crescimento na utilização das TIC no contexto educativo. Os professores devem sentir que a utilização destes meios podem vir a melhorar a aprendizagem, o interesse e motivação dos alunos. Também é verdade que o crescimento e desenvolvimento não são idênticos em todos os lados, nomeadamente no nosso país. No entanto o acesso às TIC tem

vindo a aumentar, possibilitando aceder a novos meios de comunicação e a novas fontes de infonnação, levando a mudanças significativas nos costumes, a uma nova sociedade.

Farias (2001) refere-se a esta nova sociedade de “Tecnotrônica” isto é, à influência progressiva da tecnologia e da electrónica, especialmente no campo da computação e das comunicações em todas as esferas da vida social. Toma-se importante também questionar, como é que estas alterações se repercutem no campo educacional, e especificamente no interior das escolas e universidades. A mesma autora diz que as posições dos professores face às novas tecnologias são antagónicas, por um lado, resistência de um grande número em lidarem com a entrada das TIC na escola, por outro, existem projectos mirabolantes, que apresentam as tecnologias como a grande redentora dos problemas da sua área.

Farias (2001) cita Santomé, ao dizer que: “A revolução tecnológica não deve ser percebida apenas como uma fonte de melhoria da eficiência técnica, mas como criadora de novas oportunidades, de novas profissões e de novos serviços para as pessoas. Não se trata apenas de um assunto tecnológico, basicamente é um grande desafio político, económico, social e cultural” (p. 155).

Em termos sintéticos, podemos dizer que é já uma realidade a existência de Novas Tecnologias nos processos de formação. Uma combinação de ferramentas que aquelas proporcionam devem possibilitar o ajuste permanente do ritmo, natureza e estilo no processo ensino e aprendizagem.

No estado actual de desenvolvimento tecnológico, a Escola tem a necessidade de se modernizar e introduzir as Novas Tecnologias nos seus currículos, procurando que professores e alunos se familiarizem com estes novos meios pelos fins que a formação/educação pretende atingir e não apenas pela utilização de novas tecnologias.