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CAPÍTULO III – SOFRER POR COMPAIXÃO

3. A doença da sida

A sida é uma doença recente e mais devastodora que a humanidade jamais conheceu. Ameaça a vida e é provocada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Foram identificadas duas estirpes do HIV: O HIV1 – que é o responsável pela maiorias dos casos de Sida e o HIV2 – que continua a ser cada vez mais encontrado no continente africano.228 O HIV/Sida é atualmente uma das primeiras causas do falecimento na África subsahariana. Em relação ao mundo inteiro esta doença é classificada em quarto lugar entre as mais mortíferas. Embora se tenha dito que essa doença é antiga, provavelmente enquanto estava ocultada por outras doenças infecciosas, ela é na realidade nova, porque foi só nos anos 70 que o Homem pela primeira vez teve poder dos meios conceituais e técnicos que permitiram identificar e isolar um retrovírus humano patógeno. É uma doença nova tanto para a África como para o resto do mundo. A partir deste momento marcou-se curiosamente o início da difusão da Sida.229

O HIV é transmitido de um indivíduo infetado ao outro por várias maneiras: através de contactos sexuais desprotegidos, o uso de agulhas contaminadas, por transfusão de sangue contaminado entre outras. Infelizmente para as crianças, estas podem ser infetadas antes do nascimento, durante o parto ou durante o aleitamento.

Manifestação da doença: a seguir à infeção pelo HIV, dentro de um período que varia de três semanas a três meses, alguns doentes desenvolvem um síndroma agudo e súbito semelhante à mononucleose, que pode perdurar mais catorze dias. Os sintomas incluem febre, sudorese, fadiga, dores musculares e articulares, cefaleias, dores de garganta, diarreia, eritema e adenopatias. Esta situação foi denominada de complexo relacionado com a sida (ARC).230 Neste momento não existe cura para a sida mas orientam-se alguns tratamentos para atenuar

228

Cf. AA.VV., Anatomia e fisiologia, Lisboa, 19971,775.

229 Cf. André LUKAMBA, O que não estão a dizer sobra a sida, centro de estudos teológicos, Huambo, 2003,

13.

230 Cf. AA.VV., Anatomia e fisiologia, Lisboa, 19971, 775.

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riscos graves. Assim o tratamento é dividido em duas categorias: «(1) tratamento das infeções secundárias ou neoplasias associadas a sida; e (2) tratamento da infeção por HIV, em si mesma»231. No primeiro caso, isto é, no tratamento das infeções secundárias, utilizam-se alguns fármacos, como a pentamidina, o sulfametoxazole, retrovírus e o trimetroprim. No segundo caso utiluza-se um outro fármaco, a dideoxinosina que também pode evitar o HIV com eficácia comprovada. Uma outra abordagem utilizada tem a ver fundamentalmente com a produção de uma vacina que evite a doença, e nesse campo estão a ser investigadas diversas estratégias para o conseguir.

O vírus da imunodeficiência simiana (SIV), provoca um tipo de sida nos macacos. A vacina provocou uma pequena infeção que não causou doença mas induziu uma resposta imunitária em macacos rhesus. Uma vacina deste tipo poderia resultar no ser humano, mas existe um grande risco na utilização de HIV vivo, dando a possibilidade de não morrerem todos o vírus da vacina.232 O risco de transmissão pode ser reduzido através da educação do público sobre as práticas sexuais seguras, a redução de número de parceiros sexuais, evitando o coito anal e preservativo. Não excluímos dar um alerta aos toxicodependentes o perigo do uso de agulhas contaminadas bem como a partilha de seringas.

Na mensagem das jornadas mundiais do doente de 2005, o papa João Paulo II referiu que «sem dúvida, são necessários recursos económicos para a investigação científica no âmbito da saúde e são ainda necessários outros recursos para tornar comerciáveis os remédios descobertos, mas perante imergências como a sida, a salvação da vida humana deve vir antes de qualquer outra avaliação»233. O nº. 116 da exortação apostólica, Ecclesia in África, os Padres Sinodais preocupados com o trágico flagelo da sida, que tanto semeia sofrimento e morte em numerosas zonas da África, olhando pelas irresponsabilidades comportamentais sexualmente menos dignos que causam a difusão dessa doença, e não só, deixaram a seguinte

231 Cf. Ibidem, 776. 232 Cf. Ibidem, 776.

233 http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/messages/sick/index_po.htm.

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recomendação: «A amizade, a alegria, a felicidade, a paz que o matrimónio cristão e a felicidade proporcionam, bem como a segurança que a castidade oferece, devem ser continuamente apresentados aos fiéis, particularmente aos jovens»234. Ainda no mesmo número da exortação, os Padres manifestaram a preocupação de trabalhar na luta contra a sida e o papa aproveitou alertar os cientistas e os responsáveis políticos de todo o mudo, pedindo com muita insistência para o fim desse flagelo com urgência, sem olhar para as despesas na busca dos meios..235

Em 2009 durante o voo para os Camarões, a 17 de março, falando desta doença, sida, e a humanização da sexualidade, o papa Bento XVI, ao responder a pergunta que lhe foi dirigida pelo francês, Pe. Philippe Visseyrias, disse que não se pode superar o problema da sida só com o dinheiro, nem mesmo com a distribuição de preservativos, que pelo contrário aumentam o problema, é preciso que os africanos assumam a responsabilidade pessoal. Para ele, a solução pode resultar em primeiro lugar, numa humanização da sexualidade e num novo modo de se comportar, em segundo lugar, numa amizade verdadeira sobretudo com os doentes.236

É realmente aqui, que Jesus confiou à sua Igreja a missão de assistir e cuidar dos enfermos. Os cristãos são chamados, como indivíduos em que cada um deve sentir-se responsável na sua singularidade ao exercer o apostolado nas diversas circunstâncias de sua vida nessa missão.237

Com as orientações acima, dadas pelos Santos Padres, o papa João Paulo II e o papa Bento XVI, realmente tem se feito muito trabalho no combate dessa doença.

234 JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica, «Ecclesia in África», Roma, 14 de setembro de 1995, nº116. 235

Cf. Ibidem, nº116.

236 Cf. BENTO XVI, Luz do mundo, o papa, a igreja e os sinais dos tempos, Principia Editora, Vaticano, 20101,

178.

237 Cf. Anísio BALDESSIN, como organizar a pastoral da saúde, Edições Loyola, São Paulo Brasil, 2007, 58. 96