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A Educação e a Garantia dos Direitos Fundamentais na Constituição de 1988

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CAPÍTULO 1 A EDUCAÇÃO FACE AS CONSTITUIÇÕES FEDERAIS

1.7 A Educação e a Garantia dos Direitos Fundamentais na Constituição de 1988

A inserção, no texto constitucional, do direito educacional no rol dos direitos sociais sob a alegação de que são garantidos constitucionalmente não assegura o seu cumprimento. É indispensável a participação ativa do cidadão, mediante ações que façam valer estas prerrogativas. O movimento constante na busca pela efetivação das normas contidas na Constituição é imprescindível para não permitir que o que está escrito não permaneça inerte dentro do texto, mas que seja colocado em prática e se desenvolva rumo ao cumprimento dos seus desígnios.

Para que os direitos fundamentais declarados na Constituição tenham eficácia plena é indispensável que sejam garantidos contra o arbítrio e outras violações a que estão suscetíveis. Para dar os contornos do poder, o constituinte inseriu no texto constitucional as disposições assecuratórias, ou seja, as garantias, que não se apresentam de forma clara e separadas dos direitos enunciados no Título II: ‘Dos direitos e garantias fundamentais’.

O Título II da Constituição Federal foi seccionado em cinco capítulos, quais sejam: Direitos individuais e coletivos; Direitos sociais; Nacionalidade; Direitos políticos; e Partidos políticos. A educação se encontra inserida dentre os direitos sociais, os quais, segundo o texto constitucional, tem aplicação imediata, ou seja, são exigíveis desde já.

No entanto, mesmo diante da afirmação encontrada no § 1º, do art. 5º, de que são direitos de aplicação imediata, muitos dos direitos e garantias fundamentais necessitam de outras normas para que esta eficácia e garantia sejam realmente concretizadas, como o mandado de injunção, por exemplo.

O art. 6º introduz o Capítulo II, que trata dos direitos sociais, onde se encontra a educação. Contudo, para assegurar sua eficiência, é necessário conjugar este dispositivo com o art. 208, que informa ser a educação um dever do estado e que será efetivado mediante as garantias arroladas em seus incisos (BRASIL, 1988).

Para que os direitos à educação se efetivem há necessidade, ainda, de garantias processuais, pelas quais os interessados possam buscar o cumprimento da prestação jurisdicional. Cobrando, então, do Estado, responsável pela oferta do ensino gratuito e de qualidade, a entrega da escola pública que possa colocar à disposição do cidadão um verdadeiro sistema educacional. Sistema em que as diversas atividades da estrutura educacional estejam organizadas de forma harmônica entre si, com a finalidade de entregar ao educando um ensino que o prepare para os enfrentamentos da vida hodierna.

Para que as normas constitucionais alcancem suas finalidades, há que se considerar o papel crucial da participação dos cidadãos. Sua efetivação se dará na medida em que a sociedade se mobilizar para cobrar do poder público a concretização de seus mandamentos.

A Constituição Federal dá garantias da prestação do ensino gratuito, universal e de qualidade ao cidadão. Se, por ação ou omissão das autoridades competentes, este benefício não for concedido, aquele que for prejudicado deve buscar, através das vias colocadas à sua disposição pelo ordenamento jurídico do País, a entrega do direito que lhe foi garantido constitucionalmente.

Por outro lado, o inciso IV, do § 4º, do art. 60, a Constituição Federal em referência, impede a proposta de emenda que tenda a abolir os direitos e garantidas individuais. Há quem entenda que não existe direito social dissociado de direito ou garantia individual.

Horta enumera exemplos como: excluindo-se o direito à licença-maternidade, que é um direito social, está-se restringindo o direito à vida, que é um direito individual; e, excluído o direito à educação, que é direito social, alcança-se o direito à liberdade de pensamento, que é um direito individual (2007, p. 185). Diante desta explicação, ele afirma que o direito à educação bem como todos os direitos que dele decorram, constituem clausula pétrea da Constituição de 1988.

Tem-se então, que direito social e direito ou garantia individual estão unidos por elos que não permitem uma total separação entre eles, um estará sempre relacionado ao outro. Não há possibilidade, portanto, de atender apenas um desses direitos desprezando o outro. Ou se atende o direito à educação e ao direito de liberdade pensamento, ou não se atende a nenhum deles.

Estes direitos não são intocáveis, podendo haver emendas que promovam a ampliação das garantias dadas pela Constituição, no entanto, não podem ser desrespeitados (HORTA, 2007, p. 185).

1.8 Mecanismos Coercitivos para dar Efetividade às Normas Constitucionais ´

Elencadas como princípios, as normas que cuidam da educação estão sujeitas ao seu não-cumprimento pelos sujeitos responsáveis em dar efetividade às normas constitucionais. Para tanto, aquele que se sentir prejudicado pela ação ou omissão, resultantes de condutas adversas ao que prescreve a Constituição, poderá buscar, no ordenamento jurídico brasileiro, regras coercitivas destinadas a obrigar o responsável; e regras punitivas para aplicar a sanção adequada àquele que por ação ou omissão carreou prejuízo ao cidadão.

O ordenamento jurídico nacional possui uma vasta legislação destinada a orientar, e também corrigir, as possíveis irregularidades oriundas do setor educacional. Além da Constituição Federal, das constituições dos Estados e das leis orgânicas dos Municípios, tem-se: o Estatuto da Criança e do Adolescente − Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; a LDB − Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; a Lei da Ação Civil Pública − Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985; a Lei da Probidade Administrativa − Lei nº 8.429, de 02 de junho de 1992; e as leis de responsabilidade

− Lei 1.079, de 10 de abril de 1950 e o Decreto Lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967. E, ainda: o mandado de segurança e a ação popular.

O cidadão conta com todo este aparato legal para buscar a efetivação do seu direito à educação. Contudo, se ele não foi instruído acerca dos seus direitos, dificilmente buscará as vias judiciais para garantir o cumprimento deles.

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