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4. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

4.5. A entrevista

As entrevistas, segundo Cohen, Manion e Morisson (2000, p. 268), permitem ao investigador iniciar um diálogo com o entrevistado, com o objetivo de obter informações que sejam importantes para o objeto de investigação. Estas podem assumir as seguintes tipologias: estruturada (ou diretiva), semiestruturadas (ou semidiretiva) e não estruturadas (ou não diretiva ou em profundidade, de natureza psicanalítica).

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A entrevista estruturada é geralmente usada para apoiar estudos quantitativos, em que

a mesma é totalmente ajustada ao que se pretende, sem apresentar qualquer desvio face ao assunto principal, tendo assim uma estrutura rígida e oferecendo pouco espaço para a espontaneidade do entrevistado (Fraser & Gondim, 2004, p. 143):

“As entrevistas estruturadas ou fechadas são utilizadas, frequentemente, em pesquisas quantitativas e experimentais. A preocupação é com o ajuste do roteiro às hipóteses previamente definidas, a padronização da apresentação de perguntas e a limitação das opções de respostas para facilitar o planejamento das condições experimentais e do tratamento estatístico dos dados. Em outras palavras, esta modalidade de entrevista se caracteriza por uma estruturação rígida do roteiro e oferece pouco espaço para a fala espontânea do entrevistado. O roteiro da entrevista é pré elaborado e testado, assim como as questões obedecem a uma sequência rigorosa com pouca flexibilidade para a formulação das perguntas e para o subsequente aproveitamento de comentários adicionais dos entrevistados.” (Fraser & Gondim, 2004, p. 143).

A entrevista semiestruturada tem também um guião pré-definido (tal como a entrevista estruturada), em que as questões se encontram numa determinada ordem, abordando um determinado assunto, oferecendo um determinado grau de flexibilidade para outras questões que possam surgir no decorrer da entrevista, que sendo pertinentes, não estavam comtempladas no guião pré-definido, possibilitando a recolha de informação mais detalhada sobre o tema que se pretende estudar (Manzini, 1990/1991, p. 154):

“Na entrevista semi-estruturada, a resposta não está condicionada a uma padronização de alternativas formuladas pelo pesquisador como ocorre na entrevista com dinâmica rígida. Geralmente, a entrevista semi-estruturada está focalizada em um objetivo sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista.” (Manzini, 1990/1991, p. 154).

Na entrevista não estruturada, é apresentado ao entrevistado um tema, em que ele o desenvolve, sendo estimulado pelo conhecimento ou interesse que demostra ter por esse tema (Manzini, 1990/1991, p. 154). Normalmente o entrevistador, vai desenvolvendo o tema através da técnica das “questões espelhadas”, em que se mostra ao entrevistado que se percebe o que foi dito, estimulando-o a falar mais sobre tal tema (Manzini, 1990/1991, p. 154):

“Na entrevista não estruturada, é feita uma pergunta que serve como estímulo e as informações emergem das associações e experiências do entrevistado. Geralmente, as técnicas utilizadas são aquelas chamadas de “espelhadas”, nas quais o entrevistador apresenta para o entrevistado o que compreendeu da resposta que havia sido dada com o intuito de que o entrevistado continue falando sobre o tema em questão. Este tipo de entrevista também é chamada de “relato de fato” ou “relato de experiência”. É mais adequada quando se deseja uma maior liberdade de iniciativa da pessoa entrevistada.” (Manzini, 1990/1991, p. 154).

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A realização de qualquer um destes tipos de entrevista pode ser feita através de duas formas: cara a cara ou de forma mediada. Fraser e Gondim (2004, p. 143) dão-nos a conhecer melhor ambas as formas. A primeira forma de entrevistar, cara a cara, permite que o entrevistado e o entrevistador se encontrem no mesmo espaço, sendo que para além das influências verbais, a entrevista fica enriquecida pelas influências não-verbais, tais como silêncios, movimentos corporais, tom e volume de voz, reações faciais entre outros aspetos próprios da comunicação humana. A segunda forma de entrevistar, a entrevista mediada, pode ser feita por telefone, por computador ou por questionário (escrita). Esta forma de entrevistar também permite aceder às influências verbais e não-verbais, mas de uma forma mais limitada e que dependem do instrumento mediador escolhido.

Para o presente estudo foram realizadas entrevistas estruturadas, tendo sido aplicadas de forma mediada, nomeadamente no formato escrito. A decisão para a aplicação deste tipo de entrevista deveu-se a três aspetos: (1) a distribuição geográfica dos sujeitos a entrevistar, que se encontravam espalhados por Lisboa, Porto e Angola; (2) pela limitada disponibilidade dos mesmos em ceder uma entrevista cara a cara, em prazos adequados à realização deste estudo; (3) pela decisão em abordar os entrevistados nas mesmas condições, no sentido de haver consistência na recolha de dados.

O guião de entrevista foi construído juntamente com a acompanhante de estágio (também Diretora de Recursos Humanos), que com o conhecimento que tinha sobre o novo processo de formação, contribuiu com inputs importantes para a construção desse guião.

Após elaboração do guião de entrevista, foi realizada uma “pré-entrevista” (ou entrevista exploratória) com um dos sujeitos a entrevistar. Esta ação foi útil, no sentido de garantir que a intenção da entrevista e de todas as questões eram compreendidas. A administração da “pré-entrevista” permitiu identificar as dificuldades sentidas pelo sujeito entrevistado e reformular algumas questões que se mostraram como mais problemáticas. Deste modo chegamos ao guião de entrevista final, que foi devidamente aprovada pela acompanhante de estágio.

As entrevistas foram administradas por correio eletrónico. Para além da entrevista, os sujeitos da pesquisa receberam uma parte inicial que a explicava e contextualizava (ver entrevista em Apêndice A). As entrevistas foram respondidas sem qualquer problema por parte dos entrevistados, pois apesar de me disponibilizar para os apoiar em caso de dúvidas, tal não foi necessário, o que leva a crer que as questões foram entendidas por todos. É de salientar que a entrevista do sujeito que foi alvo da pré-entrevista também foi considerada para a investigação.

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A aplicação desta entrevista teve como objetivo o esclarecimento de dois propósitos:

- Saber quais as ideias, opiniões e até perceções, que cada um dos sujeitos entrevistados tinha sobre o novo processo de Formação e-Learning nas marcas NFF e NPP.

- Auscultar quais os aspetos que gostariam/pretendiam ver esclarecidos juntos dos trabalhadores dos restaurantes de ambas as marcas.