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I- CAPITULO: A EDUCAÇÃO EM ANGOLA DO PERIODO COLONIAL ATÉ

4. Gestão escolar

2.1. A escola democrática e o seu lider

Foi na década de 1930 que Kurt Lewin e colaboradores se tornaram pioneiros na identificação de três estilos ou formas de liderança em função do tipo de relação/interação que se estabelece entre o líder e os liderados. Posteriormente, outros autores investigaram o comportamento de liderança, em diversas empresas, no intuito de perceber melhor, quer os estilos de liderança, quer os resultados que poderiam obter mediante o estilo adotado.

Uma escola democrática é uma escola que se baseia em princípios democráticos, em especial na democracia participativa, dando direito de participação para estudantes, professores e demais funcionários.

Freire defendeu sempre uma escola onde se pratica uma pedagogia da pergunta, em que se ensina e se aprenda com seriedade, mas em que a seriedade jamais vire sisudez. Uma escola em que, ao se ensinarem necessariamente os conteúdos, se ensine também a pensar certo.

46 Na escola democrática, a reformulação do currículo não deve ser algo feito, elaborado, pensado por uma dúzia de iluminados cujos resultados finais são encaminhados em forma de “pacote” para serem executados de acordo ainda com as instruções e guias igualmente elaborados pelos iluminados. A reformulação do currículo é sempre um processo político pedagógico e, substantivamente democrático (1989, p. 79).

A democratização da escola, do ponto de vista de sua vida interna, das relações professores-alunos, direçao, professores, etc, e de suas relações com a comunidade em que se acha a busca para mudar a cara da escola, isto, é, crescer, necessariamente. Atendendo a sua ideia, ele afirma:

Numa perspetiva realmente progressista, democrática não - autoritária, não se muda a “cara” da escola por portaria. Não se decreta que, de hoje em diante, a escola será competente, séria e alegre. Não se democratiza a escola autoritariamente. A administração precisa testemunhar ao corpo docente que o respeita, que não teme revelar seus limites a ele, corpo docente. A administração precisa deixar claro que pode errar. Só não pode é mentir (Freire, 1989, p, 81).

A natureza da prática educativa, a sua necessária diretividade, os objectivos, os sonhos que se perseguem na prática não permitem que ela seja neutra, mas politica sempre. Isto chama-se politicidade da educação, isto é, a qualidade que tem a educação de ser política. A questão que se coloca é saber que politica é essa, a favor de quê e de quem, contra o quê e contra quem se realiza, (Freire,1989).

Naturalmente, tratando-se de uma escola democrática, deve versar numa política onde a comunidade escolar se revê, isto é, uma comunidade que se respeita mutuamente e dá oportunidade para a exposição de ideias para o bem da democracia.

Relativamente a um líder, este, tem um papel fundamental na gestão das emoções, na criação de condições para que os liderados possam se desenvolver e evoluir. Os líderes atuam de acordo com um ou mais estilos de liderança como sendo o visionário, o conselheiro, o relacional, o democrático, o pressionador e o dirigista.

47 (Goleman, 2002), afirma que os líderes eficazes poderão mudar de estilo, adequando-se às situações, ou seja, em função das circunstâncias.

O estilo visionário proporciona um questionamento individual de todos os elementos da organização, sobre o que realmente pretendem alcançar, que objectivos e se estão a ser alcançados, de modo a promover reais capacidades. Canaliza as pessoas para visões e sonhos partilhados.

O líder visionário tem como principal característica da inteligência emocional “inspirar as ações dos outros” mas tal só é possível se conseguir criar empatia, mediante o que “lê” nos outros, para que os possa inspirar (Goleman, 2007).

O estilo conselheiro define-se pela arte nas relações interpessoais, ou seja, a relação que se pode estabelecer com os outros, permitindo o conhecimento recíproco, que inclui a partilha de ambições, objectivos de vida e as esperanças relativamente à carreira profissional.

O líder demonstra que está realmente interessado nas pessoas e os conselhos que dá permitem um crescimento pessoal e simultaneo acompanhamento, e, por conseguinte, o líder conselheiro conhece os pontos fortes e fracos e ajuda a atingir os objectivos pretendidos, responsabilizando cada um, embora esteja atento e disposto a encorajar, sempre que necessário, contribuindo para que as pessoas deem o seu melhor. Subsiste sempre nesse estilo a vontade/desejo de estimular as capacidades dos elementos da organização, o que contribui para o reforço da autoconfiança tornando-os mais autónomos e mais eficientes.

O estilo relacional representa a capacidade de colaboração em acção pois esses líderes pretendem promover o entendimento e estimular as interações de modo a construir relacionamentos sólidos e coesos com e entre os elementos da organização. Acresce ainda que, neste caso, o líder centra a sua atenção nas necessidades emocionais dos empregados através da empatia que cria com os empregados.

No estilo democrático a ideia base de resolução é o diálogo, ou seja, o líder é um excelente comunicador e, por isso, a sua principal característica é a capacidade de “ouvir”. Em simultâneo, a capacidade de empatia desempenha um papel primordial neste estilo. Valorização do contributo de cada um e obtém o empenho das pessoas através da participação de cada um, obtendo consenso e o contributo dos empregados.

48 O estilo pressionador define-se pelo tipo de líder que impõe a si próprio uma exigência tal que todos os que o rodeiam devem adotar a mesma postura. Pode recorrer- se a este estilo, em situações particulares, como sendo levar uma equipa competente e motivada a produzir resultados de elevada qualidade. Por último o estilo dirigista caracteriza-se por uma atuação do líder muito rígida, em que ao que ele diz ou manda deve corresponder obediência total dos seus subordinados, sem qualquer explicação e sem feedback.

Cada perfil influência de modo distinto, o ambiente de trabalho, o comportamento dos profissionais e o desenvolvimento das atividades profissionais. Em função do que acima expõe, os estilos de liderança a ter em conta são os seguintes:

 Liderança autocrática- neste estilo de liderança, o líder centraliza totalmente a autoridade e as decisões. Os subordinados não têm nenhuma liberdade de escolha. A liderança autocrática enfatiza somente o líder; o líder centraliza o seu poder, mantendo o controlo de e em tudo;

O líder autocrático é dominador; emite ordens e espera obediência plena e cega dos subordinados; o líder é temido pelo grupo, que só trabalha quando ele esta presente. Os grupos submetidos à liderança autocrática apresentam o maior volume de trabalho produzido, com evidentes sinais de tensão, frustração e agressividade.

 Liderança liberal- neste modelo de liderança, o líder permite total liberdade para a tomada de decisões individuais ou em grupo, participando delas apenas quando solicitado. Esta liderança enfatiza somente o grupo e o comportamento do líder é evasivo e sem firmeza. O líder esbate-se e deixa a situação decorrer à vontade sem interromper a menos que lhe peçam;

Os grupos submetidos à liderança liberal não se saíram bem quanto à quantidade nem quanto à qualidade do trabalho. Apresentaram fortes sinais de individualismo; desagregação; insatisfação; agressividade e pouco respeito ao líder que é ignorado pelo grupo.

 Liderança democrática- neste estilo, o líder interage bem com a equipe e com os indivíduos; encoraja a participação das pessoas e preocupa-se igualmente com o trabalho e com o grupo. O líder é comunicativo, encoraja à participação, funciona como um facilitador, coordenando as atividades e sugerindo ideias (Chiavenato, 2005).

49 Podemos constatar nos diferentes estilos de liderança vantagens e desvantagens, o que significa que cada um deles ao seu tempo e contexto pode ser seguido. O que mais chama a atenção é a liderança democrática, pois, os líderes apresentam bom e melhor qualidade de trabalho, acompanhado de um clima de satisfação, integração, responsabilidade e comprometimento das pessoas.

O estudo que deu origem a essas definições defendeu fortemente a adopção da liderança democrática. Os motivos foram o fato de ela ser compatível com a administração participativa; com a estratégia da interdependência, em que as decisões são repartidas, o que torna todos corresponsáveis, conscientes e profissionais.

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