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2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR: O CAMPO EMPÍRICO

2.2 A escola e os professores sujeitos da pesquisa

Os professores são os sujeitos que definem o processo educativo na execução das atividades educativas. São eles que desempenham papel primordial nas ações desenvolvidas na escola, são eles que se interagem diretamente com os alunos, concretizam o planejamento e articulam os diversos planos ao contexto da sala de aula. Neste caso, os professores, são eminentes, pois grande parte do planejamento escolar perpassa por ele, por suas aulas, seu trabalho efetivo. Para Libâneo (2013, p. 104), “o trabalho docente é uma atividade intencional, planejada conscientemente visando atingir os objetivos de aprendizagem”. O professor pensa, planeja a aula, considera planos de esferas externas, da escola, os sujeitos, assim, têm muito a contribuir com esta pesquisa. Com isto, foi desenvolvido um trabalho com três professoras, que foram convidadas e disponibilizaram- se em contribuir para este estudo, destaco que sou uma delas21.

As três professoras foram escolhidas, baseado nos seguintes critérios: trabalhar na escola, lócus da pesquisa, atuar com turmas de alfabetização, participar da formação do Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa - PNAIC 22, oferecida pelo governo federal, ter formação mínima pós-graduação lato sensu. Foram determinados nomes fictícios para preservar a identidade e garantir a integridade dos fatos e discussões, sem expor a identidade de nenhum dos sujeitos. Na sequência, uma breve descrição de cada uma delas, a partir de informações obtidas através do diálogo inicial, registrado em diário de campo:

A professora Fernanda trabalha com os Anos Iniciais do Ensino Fundamental há sete anos, sendo nomeada na rede municipal há dois anos. Atua também na rede estadual

21 Opto em utilizar nome fictício também quando sou eu, pois estas falas são em relação à experiência de sala

de aula, por fazer considerações enquanto professora partícipe da pesquisa e não como a pesquisadora. Após os encontros fazia a análise da minha fala, apontando questões.

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PNAIC é um programa do governo federal que prevê a alfabetização na idade certa (até os oito anos de idade), para isso, o governo garante apoio pedagógico com: curso de formação para todos os professores do 1º ao 3º ano do ensino fundamental, material de apoio (livros didáticos, jogos pedagógicos, livros de literatura infantil), gestão e acompanhamento avaliativo.

com a formação de professores. Tem experiência com a rede privada de ensino. É graduada em Pedagogia, especialista em Psicopedagogia.

A professora Débora é graduada em Letras, especialista em Literatura e atua como professora na rede municipal há nove anos. Tem experiência na orientação educacional, bem como com alunos surdos.

A professora Tatiane é graduada em Pedagogia e Especialista em Gestão Escolar. Atua como professora há vinte cinco anos na rede municipal, aposentada na rede estadual de ensino. Trabalha com os Anos Iniciais do Ensino Fundamental e já atuou como Coordenadora Pedagógica, Orientadora Educacional e Diretora de uma escola da rede estadual.

Todas as professoras são concursadas e foram nomeadas na rede municipal, possuem licenciaturas e pós-graduação lato sensu na área da educação e estão, constantemente, participando de cursos e atualizando-se, sendo este, destaque de suma importância. Pois, segundo Freire (1998, p. 61) “não posso estar seguro do que faço se não sei fundamentar cientificamente a minha ação, se não tenho pelo menos algumas ideias em torno do que faço, de por que faço, para que faço”, a formação inicial e continuada possibilita este embasamento, fundamentação indispensável à prática. Trabalham nesta escola há mais de dois anos, como professoras atuam há mais de sete anos. Duas destas professoras integram a equipe diretiva no turno inverso em que trabalham com o ciclo de alfabetização. A participação delas é fator determinante, pois contribuem de forma significativa para as reflexões, análises dos planos, envolvendo-se com a sistematização. Percebem que participar dos processos de pesquisas favorece o desenvolvimento, tanto pessoal quanto profissional.

As professoras partícipes da pesquisa integram o grupo de formação do PNAIC, reúnem-se periodicamente para estudar, refletir sobre a alfabetização e estratégias, leem e utilizam o material disponibilizado pelo Ministério da Educação - MEC, analisam suas realidades e, a partir disto, integram a proposta do município e da escola. São estudados os livros ofertados pela União, as professoras sistematizam suas experiências, compartilham seus trabalhos, planejam ações coletivas para alfabetização, avaliam o ensino, os alunos e pensam em estratégias para aprimorar a alfabetização do município. De acordo com Marques (2006, p. 144) “As escolas não existem isoladas e dispersas, organizam-se elas em sistemas mais ou menos integrados”, a formação ofertada revela uma possibilidade de pensar a alfabetização em nível nacional, mas, principalmente, na rede municipal,

projetando ações e proposições para promover a melhoria do ensino. Pode-se dizer que há um planejamento coletivo para estas turmas de alfabetização, bem como um acompanhamento sistemático do que se efetiva, possibilitando o aprimoramento do trabalho.

Estas formações sistemáticas pensadas pela União e pelo município acrescem as formações e reuniões de planejamento da escola que, por sua vez, têm um projeto político pedagógico, planos de estudo e um projeto anual que engloba a todos da comunidade escolar. Para além destas referências, a partir deste ano de 2018, terão ainda a Base Nacional Comum Curricular para inserir nas reflexões, incluindo nas suas propostas e fazeres o que foi articulado nacionalmente, pois, segundo as Diretrizes Nacionais Curriculares (BRASIL, 2013, p. 48) “cabe à escola, considerada sua identidade e a de seus sujeitos, articular a formulação do projeto político pedagógico com os planos de educação nacional, estadual, municipal, o plano da gestão, o contexto que a escola se situa e as necessidades locais e de seus estudantes”. Com isso, o projeto anual da escola articula estas propostas e viabiliza a comunidade escolar, a partir de questionamentos, reuniões, discussões, pensar e definir o tema e o projeto envolve todos e que norteia as ações da escola. De maneira participativa, são pensadas ações e estratégias para envolver todos os sujeitos da escola, elencam-se eixos e ações mensais.

Desta forma, os professores interligam o que discutem na formação federal, na rede municipal, integrando o projeto da escola, com planos de estudo da turma em que trabalham, com os sujeitos diretamente envolvidos com o ensino e a aprendizagem. Ou seja, há todo um contexto antes de pensarem e efetivarem os planos para a sala de aula em si, por isso, a importância do planejar coletivo ser efetivamente um espaço democrático e pensado no e pelo grupo, pois implica o fazer individual. A figura a seguir exemplifica a organização do planejamento das três professoras partícipes desta pesquisa:

QUADRO 7– NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO DAS TRÊS PROFESSORAS PARTÍCIPES DA PESQUISA

Fonte: Elaborado pela pesquisadora baseada em dados de MENEGOLLA E SANT’ANNA (2014, p. 49-62).

A gestão escolar articula questões peculiares dos sujeitos que participam e formam a escola com os sistemas a qual vincula-se, quer dizer, alia os pensamentos e projetos dos sujeitos, no caso específico, as três professoras, com as questões gerenciais, legais e organizacionais do sistema de ensino. Assim como, a escola demanda de sujeitos distintos e com características próprias, compõe um perfil dentro de propostas potencializadas pelas mantenedoras ou pelas escolas. Deste modo, cabe à gestão escolar compreender que esta perpassa o espaço escolar e a organização/mediações entre seus sujeitos, inter-relaciona-se com as políticas públicas, os planos e metas propostas pelo conjunto que compõe a educação.

Os sujeitos integram em sua prática todo o contexto, planos, formações, consensos coletivos, bem como a sala de aula em si, com os sujeitos que dela participam. Assim, os professores pensam e elaboram planos mediatizados pelo que vivenciam, partilham e acreditam. Por isso, esta pesquisa parte de uma experiência vivenciada pelas professoras

para analisar de que maneira a gestão e o planejamento implicam no seu fazer didático pedagógico, ou seja, ao desenvolver uma prática há que se considerar o contexto e as potencialidades que o professor tem em geri-la.

2.3 A metodologia da sistematização e da pesquisa participante: potenciais para