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A gestão escolar e as implicações nas ações didáticopedagógicas Da sala de aula

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EDUCAÇÃO NAS CIÊNCIAS

LINHA DE PESQUISA: EDUCAÇÃO POPULAR EM MOVIMENTOS E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

DIOVANELA LIARA SCHMITT

A GESTÃO ESCOLAR E AS IMPLICAÇÕES NAS AÇÕES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS DA SALA DE AULA

Ijuí/RS 2018 D i g i t e u m a c i t a ç ã o d o d o c u m e n t o o u o r e

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DIOVANELA LIARA SCHMITT

A GESTÃO ESCOLAR E AS IMPLICAÇÕES NAS AÇÕES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS DA SALA DE AULA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu, Educação nas Ciências da UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul para qualificação da dissertação.

Orientadora: Prof.ª Dra. Hedi Maria Luft

Ijuí/RS 2018

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W761g

Schmitt, Diovanela Liara.

A gestão escolar e as implicações nas ações didático-pedagógicas da sala de aula / Diovanela Liara Schmitt. – Ijuí, 2018.

87 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Educação nas Ciências.

“Orientadora: Hedi Maria Luft”.

1. Ações didático-pedagógicas. 2. Escola. 3. Gestão participativa. 4. Professor. 5. Sala de aula. I. Luft, Hedi Maria. II. Título.

CDU: 371.1

Catalogação na Publicação

Eunice Passos Flores Schwaste CRB10/2276

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Dedico a você, que por algum motivo interessou-se por esta dissertação. Convido-lhe a ler e caminhar comigo para a boniteza, o sonho e a transformação possível.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço as pessoas que compartilham comigo o dom da vida. Que me ajudam “a ser águia” (BOFF, 2017), e me ensinam a valorizar cada detalhe, a olhar o mundo com alegria. “Os mestres referenciais despertam em nós as virtualidades latentes, ajudam-nos a evitar os enganos e erros. Sustentam a esperança de que sempre vale a pena seguir lutando” (BOFF, 2017, p. 91). Agradeço a vocês mestres da minha vida:

Mãe e pai, não só me deram a vida como me ensinaram a viver. Mãe, você é exemplo de pessoa, de professora, de amiga. Pai, sua tranquilidade, segurança e alegria marcam a minha vida.

Meu companheiro Alex, por ser presente, apoiar minhas decisões, incentivar-me e estar, diariamente, lembrando como é bom ter alguém especial ao lado.

Diona, ser a mana mais velha me motiva ser seu exemplo, seus desafios sempre me fizeram caminhar.

Minha família, meu suporte, minha base, felicidade é ter vocês por perto.

À minha vó, por ver o mundo com tanto amor e alegria e sempre acreditar no bem. Pelas orações diárias.

Professora Hedi, minha orientadora, amiga, por acreditar em mim, incentivar e ouvir-me sempre com doçura, apontar caminhos, mostrar que sou águia.

Às professoras que participaram desta pesquisa, pela disponibilidade e compromisso.

Às minhas amigas e amigos, por zelar pela amizade que compreende, apoia, percebe o ser humano e a boniteza da vida. Pela torcida, pelas palavras, pelo carinho.

Enfim, àqueles que sabem que fizeram parte desta caminhada, que são especiais na minha vida.

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O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também do que intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da história, mas sujeito igualmente. No mundo da história, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar. (FREIRE, 1996, p. 85 e 86)

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RESUMO

A escola é espaço de múltiplas relações, pensada e organizada com finalidades específicas e, a sala de aula é o local em que os planos são vivenciados. As ações da equipe de gestão têm papel fundamental na educação escolar. Ela, a equipe é a principal responsável por coordenar, articular questões legais, envolver os sujeitos, planejar, acompanhar as práticas didático-pedagógicas. Pautado nestas concepções, este estudo tem como objetivo investigar e analisar como a gestão participativa da escola se efetiva e influencia nas ações didático-pedagógicas desenvolvidas na sala de aula para averiguar as implicações decorrentes deste processo. Nesta perspectiva, a inquietação central é: de que forma a gestão participativa se efetiva na escola e influencia as ações didático-pedagógicas desenvolvidas? A hipótese é de que a gestão participativa acontece quando os sujeitos se comprometem, participam das decisões através do planejamento e incorporam consensos do coletivo nas suas ações. Para elaborar e produzir os dados os métodos utilizados foram: a pesquisa participante (BRANDÃO; STRECK, 2006) e a sistematização de experiências (JARA, 2012), escolhidos pela intrínseca relação com os princípios da gestão participativa: autonomia, participação, democracia (LÜCK, 2013b) e diálogo (FREIRE, 2001). O lócus escolhido para o campo empírico é uma escola da rede municipal de Santa Rosa/RS, em que acompanho sistematicamente, de três professoras, sendo eu mesma integrante da pesquisa. Utilizo o diário de campo para o registro das reuniões da escola, da rede municipal, e de encontros que tivemos para planejar, efetivar ações problematizar conceitos no período de março a novembro de 2017. A partir do que foi pesquisado, constato que a gestão participativa necessita envolvimento de todos para se efetivar, tanto da equipe gestora quanto dos sujeitos partícipes da escola. Os sujeitos são essenciais para a gestão participativa, demanda deles abertura e predisposição para envolver-se. O planejamento pode ser uma estratégia para perfazer a gestão participativa e a sistematização de experiências utilizada para potencializar a reflexão de práticas e viabilizar as mudanças. A gestão escolar implica no fazer didático-pedagógico a medida que acompanha os professores, os alunos e as ações desenvolvidas, problematiza, contribui com ideias, sugestões e ações de forma cooperativa. No lócus da pesquisa há um esforço para a construção da gestão participativa, a partir de consensos e planos mediados pela equipe gestora da escola, propostos pelas instâncias municipal, estadual e federal. Assim, concluo que a gestão participativa é possível e, se efetiva se todos da escola se comprometem a participar efetivamente.

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ABSTRACT

The school is a space of multiple relationships, it is thought and organized for specific purposes and classroom is where plans come alive. The actions of the management team play a central role in school education. This team is the main responsible for coordinating, articulating legal issues, involving people, planning, accompanying didactic-pedagogical practices. Based on these conceptions, this study aims to investigate and analyze how the participatory management of the school is effective and influences the didactic-pedagogical actions developed in the classroom in order to investigate the implications of this process. In this perspective the central concern is how participatory management is effective in the school and influences the didactic-pedagogical actions? The hypothesis is that participatory management happens when people engage, participate in decisions through planning and incorporate consensus of the collective in their actions. To elaborate and produce data, the methods used were the participant research (BRANDÃO and STRECK, 2006) and the systematization of experiences (JARA, 2012), chosen by the intrinsic relation with the principles of participatory management: autonomy, participation, democracy LÜCK, 2013b) and dialogue (FREIRE, 2001). The locus chosen for the empirical field is a municipal school from Santa Rosa / RS, where I systematically monitor the experience of three teachers, being myself part of the research. Field diary is used to record school meetings, and also meetings we had in order to carry out actions and discuss concepts from March to November, 2017. Based on what was researched, I can realize that participatory management requires the involvement of everyone in order to be effective, both in the management team and in the subjects who participate in the school. The subjects are essential for participatory management, they demand openness as well as predisposition to get involved. Planning can be a strategy to complete the participative management and systematization of experiences, and it enables the reflection of practices and changes whenever possible. School management implies didactic-pedagogical actions that monitor teachers, students and the development of strategies; it problematizes, contributes with ideas, suggestions and actions in a cooperative way. At the locus of the research there is an effort to build participatory management based on consensus and plans mediated by the school management team, proposed by the municipality, state and federal authorities. Thus, I conclude that participatory management is possible and effective when everyone in the school is committed to participate effectively.

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- PRINCÍPIOS DE UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA

QUADRO 2 – FORMAS DE PARTICIPAÇÃO SEGUNDO HELOISA LÜCK QUADRO 3 – DIMENSÕES DA PARTICIPAÇÃO SEGUNDO HELOISA LÜCK QUADRO 4 – CORRENTES, NÍVEIS, TIPOS E ENFOQUES DO PLANEJAMENTO QUADRO 5 – NÍVEIS DO PLANEJAMENTO SEGUNDO GANDIN

QUADRO 6 - NÚMERO DE ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTA ROSA - 2017

QUADRO 7– NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO DAS TRÊS PROFESSORAS PARTÍCIPES DA PESQUISA

QUADRO 8 – PROPÓSITOS DA PESQUISA PARTICIPANTE SEGUNDO BRANDÃO E STRECK

QUADRO 9 – SUJEITOS DA PESQUISA E AS EXPERIÊNCIAS

QUADRO 10 – PROPOSTA METODOLÓGICA DA SISTEMATIZAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS

QUADRO 11 – COMPARATIVO DA PEDAGOGIA TRADICIONAL, NOVA E TECNICISTA

QUADRO 12 – SUGESTÕES DAS PROFESSORAS, PARTÍCIPES DA PESQUISA, PARA SEQUÊNCIA DIDÁTICA

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LISTA DE SIGLAS

DCN – Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais MEC - Ministério da Educação

PDE – Plano de Desenvolvimento da Escola

PNAIC – Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa PNE – Plano Nacional de Educação

PPP – Projeto Político Pedagógico RS- Rio Grande do Sul

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...12

1 A CONCEITUAÇÃO DA GESTÃO PARTICIPATIVA NA ESCOLA ... 16

1.1 A gestão escolar e a legislação ... 23

1.2 A gestão da escola e o planejamento ... 26

1.3 A gestão participativa e o projeto político pedagógico ... 31

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR: O CAMPO EMPÍRICO DA PESQUISA ... 36

2.1 A organização pedagógica da escola e da sala de aula ... 42

2.2 A escola e os professores sujeitos da pesquisa ... 45

2.3 A metodologia da sistematização e da pesquisa participante: potenciais para pensar a prática ... 49

3 AS PRÁTICAS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA E AS CONFIGURAÇÕES DIDÁTICAS DA ESCOLA ... 55

3.1 Os professores e sua didática da sala de aula ... 59

3.2. Experiência didática: planejamento coletivo e a sala de aula ... 64

3.2.1 A análise da experiência sistematizada: planejamento ... 68

3.2.2 A análise da experiência sistematizada: participação ... 72

3.2.3 A análise da experiência sistematizada: a autonomia ... 75

3.3 A gestão participativa e as interfaces do direcionamento da escola ... 77

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 81

REFERÊNCIAS ... 84

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INTRODUÇÃO

E é disto que se trata, de viver tudo. Viva agora as perguntas. Talvez passe, gradativamente, em um belo dia, sem perceber, a viver as respostas. Talvez o senhor já traga consigo a possibilidade de construir e formar, como um modo de viver especialmente afortunado e puro; eduque-se para isso (RILKE, 2009, p.43).

“Viver as perguntas” como recomenda Rilke (2009), conviver com as inquietações e com o desafio da escrita são situações que me acompanham desde o ingresso no mestrado, em 2016. São perguntas que impregnam, inquietam e mobilizam meu pensar construindo o processo da pesquisa. As indagações são muitas, de diferentes dimensões: teóricas, metodológicas, profissionais e pessoais. Ao viver cada uma delas, percebo que foram as escolhas e as experiências que me conduziram a esta investigação que ora se concretiza na dissertação. Deste modo, faz necessário conhecer o caminho percorrido até aqui, destacando alguns aspectos que marcam minha experiência. Sou filha de professora e, desde a gestação acompanhei planejamentos, correções, participações em reuniões, atividades escolares. Ao concluir o Ensino Fundamental, muito jovem ainda, fui incentivada pelos meus pais a realizar o Curso Normal, no Instituto Estadual Visconde de Cairu/Santa Rosa/RS e, em 2010, ano da formatura, fiz a escolha da profissão, professora. Em 2011, comecei a lecionar numa escola pública e, no ano seguinte, num colégio privado. Cursei a Pedagogia na UNIJUI, campus Santa Rosa, concluindo em 2014, ano em que, numa das disciplinas tive o desafio de olhar para a equipe gestora de uma escola e, a partir daí foram despertadas as inquietações acerca da gestão escolar.

A gestão escolar foi o tema do trabalho de conclusão de curso da graduação, perpassou escritas da pós-graduação lato sensu em Psicopedagogia, pela FACEL/Ead (Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras), de Curitiba/Paraná e desencadeou vários apontamentos e questões em reuniões escolares. Atualmente, trabalho na rede municipal de Santa Rosa/RS, com Anos Iniciais e na rede estadual, com a formação de professores. A busca pelo mestrado, além da qualificação profissional, foi pela pesquisa, uma vez que, segundo Brandão e Streck (2006, p. 19) “na pesquisa há um encontro com o óbvio, só que agora este óbvio é transformado em pergunta e em desafio.”

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No início do mestrado, a ideia da escrita, das perguntas, hipóteses, delimitação do tema, de escrever meus pensamentos eram marcados pela dúvida e por angústias, contudo, conforme Marques (2006, p. 13b) “coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também”, fui colocando ideias no papel, ampliando as leituras, refletindo, vivendo as perguntas, analisando as respostas, as quais desencadeavam novas indagações. Assim, elaborei e realizei a pesquisa, com perguntas e escritas. Em consoante com Marques (2006b, p. 15) “escrever é o princípio da pesquisa, tanto no sentido de por onde deve ela iniciar sem perda de tempos, quanto no sentido de que é o escrever que a desenvolve, conduz, disciplina e faz fecunda”.

Com isso, esta dissertação parte de perguntas como: A gestão da escola tem possibilitado mudanças nas ações didático-pedagógicas da sala de aula? Quais são os princípios da gestão participativa? De que forma a gestão participativa implica nas ações que se desenvolvem no espaço educativo escolar? Como a gestão pode potencializar a participação? Qual o papel dos sujeitos em relação a gestão participativa? Contudo, a questão fundante é, de que forma a gestão participativa se efetiva na escola e como influencia nas ações didático-pedagógicas desenvolvidas?

A hipótese é de que a gestão participativa acontece quando os sujeitos se comprometem efetivando a participação por engajamento. Essa forma de gestão é proposta por Lück (2013b), que entende que é envolvendo-se nas reuniões, decisões, no planejamento e efetivação destes que os sujeitos participam. Influencia nas ações, quando, incorporam as ideais e os planos consensuados no coletivo, no seu fazer didático pedagógico. Ou seja, a participação favorece a gestão democrática. Além disso, acredito que, a gestão participativa pode ser um caminho possível para os avanços na escola.

Neste sentido, o objetivo da pesquisa é: investigar e analisar a gestão participativa da escola, como se efetiva e se influencia nas ações didático-pedagógicas desenvolvidas na sala de aula para averiguar as implicações decorrentes deste processo. Considerando os caminhos percorridos, o texto dissertativo está organizado em três capítulos. No primeiro capítulo a gestão participativa da escola é centralidade, procuro conceituar, apresentar categorias de análise, apontar os autores que possibilitaram o embasamento teórico e legal. No segundo capítulo situo o campo empírico, contextualizando o lócus, caracterizando as professoras envolvidas e inter-relaciono com o foco da investigação. No terceiro capítulo a experiência escolhida é sistematizada e são assinaladas as análises conforme as categorias: planejamento, participação e autonomia, bem como, as suas relações com a gestão

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participativa e seus princípios: autonomia, participação, democracia (LÜCK, 2013b) e diálogo (FREIRE, 2001).

A gestão escolar participativa pressupõe engajamento, mobilização coletiva, finalidades em torno de algo comum. Vem auferindo ênfase na educação, tanto nos aspectos legais quanto conceituais. Nas leis, a gestão escolar é prevista desde a Constituição Federal de 1988, com a proposição da Gestão Democrática (BRASIL, 2017), na Lei nº 9394/96 indicando princípios e incumbências para sua realização (BRASIL, 2017), além de contemplado na meta dezenove do Plano Nacional de Educação de 2014 (SAVIANI, 2014). Conceitualmente, autores como Lück (2013) e Paro (2014) desenvolvem pesquisas e buscam apontar conceitos, princípios e dados acerca da temática, visando à melhora na qualidade da educação e, além destes, Freire (2001), em seus escritos propõe uma educação que contemple os princípios relacionados à gestão participativa.

Os princípios vinculados à gestão participativa pautam-se na participação, democracia, autonomia (LÜCK, 2013b) e diálogo (FREIRE, 2001), considerados indispensáveis para a gestão e para o desenvolvimento de ações didático-pedagógicas na escola democrática. Aponto o planejamento como uma das possibilidades de articular e efetivar estes princípios, partindo dos planos elaborados em cada uma das esferas nacional, estadual, municipal, especialmente, o escolar, com o projeto político pedagógico e os planos de aula. Isto, conjecturado com todos os segmentos responsáveis diretos em potencializar as práticas inovadoras da sala de aula.

Com o intuito de aprofundar o estudo e compreender como a gestão participativa se efetiva e implica nas ações didático-pedagógicas, utilizo a pesquisa participante (BRANDÃO e STRECK, 2006), pois tem a premissa da participação e do engajamento. As integrantes do processo de investigação são três professoras e suas experiências didático-pedagógicas que são analisadas e pautadas na metodologia da sistematização de experiências (JARA1, 2012), a qual favorece compreender, analisar e aprimorar situações vivenciadas. O acompanhamento da experiência, bem como os dados produzidos foram registrados num diário de campo. Segundo Falkembach (1987, p. 16), “o diário de campo, mais do que um instrumento de anotações, pode funcionar como um “sistema de informação”, onde é possível avaliar as ações realizadas no dia a dia, permitindo que o investigador seja capaz de melhorá-las e, ao mesmo tempo, desenvolver sua capacidade crítica, através da elaboração de um planejamento, onde ele possa traçar objetivos e propor

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atividades”. Assim, no diário de campo (março a novembro de 2017), há registros do acompanhamento sistemático das três professoras em reuniões da escola e das realizadas no município. Além dessas reuniões, registrei os encontros com as professoras para planejamento, diálogo, problematizações e sistematização das experiências.

A escolha do campo empírico se justifica pelo conhecimento do contexto escolar, pois estou envolvida não apenas como pesquisadora, mas como profissional, também por acreditar que, neste lócus, ocorre a gestão participativa. Além disso, segundo Brandão e Streck (2006, p. 41) “deve-se partir da realidade concreta da vida cotidiana, dos próprios participantes individuais e coletivos do processo, em suas dimensões e interações”, assim, meu ponto de partida é o cotidiano que convivo e, incluo professoras próximas a mim e com características que se correlacionam com os critérios estabelecidos no projeto encaminhado ao comitê de ética2, referentes à atuação profissional, formação acadêmica e predisposição para envolverem-se, de fato, com a sistematização de experiências.

No diário de campo foram registradas três experiências. Uma delas, que perpassa a instância federal, municipal, escolar e desenvolve-se na sala de aula foi selecionada para sistematização e análise descrita no capítulo três. Embasa-se na formação promovida pela União, através do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa- PNAIC3, engloba um planejamento municipal e efetiva-se na escola, com a ação didático-pedagógica das professoras envolvidas na pesquisa. A sistematização desta experiência aponta para o planejamento com uma estratégia do processo gestor e a participação e a autonomia como princípios indispensáveis para a gestão participativa, isto é, democrática.

Portanto, a gestão escolar e as implicações nas ações didático-pedagógicas da sala de aula suscitam das inquietações e perguntas acerca da educação escolar e das práticas desenvolvidas. Entendo que, gestão tem implicações com o planejamento, a participação, a autonomia e o envolvimento das pessoas, relacionadas com as ações didático-pedagógicas que desenvolvem na sala de aula.

2 A escolha das professoras foi realizada a partir de critérios estabelecidos no projeto de pesquisa

encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética conforme Parecer nº 1.801.527, bem como respeita todos os direitos dos participes da pesquisa.

3 O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso assumido pelos governos para que

a alfabetização aconteça na idade adequada, fomentando a formação dos alfabetizadores para elevar a alfabetização no país na idade certa.

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1 A CONCEITUAÇÃO DA GESTÃO PARTICIPATIVA NA ESCOLA

A gestão é democrática na medida em que o professor ensine, o aluno estude, o zelador use bem suas mãos, o cozinheiro faça a comida e o diretor ordene. O que não significa, na perspectiva progressista, não deve o professor ensinar, o aluno estudar, o zelador não usar suas mãos, a cozinheira não cozinhar e o diretor não dirigir. Significa, na perspectiva progressista, deverem ser respeitadas e dignificadas estas tarefas, importantes todas, para o avanço da escola. Sem fugir à responsabilidade de intervir, de dirigir, de coordenar, de estabelecer limites, o diretor não é, porém, na prática realmente democrática, o proprietário da vontade dos demais. Sozinho, ele não é a escola. Sua palavra não deve ser a única a ser ouvida (FREIRE, 1997, p. 50).

A gestão escolar é a organização e o afinamento de objetivos que são comuns do estabelecimento de ensino. Gestão envolve pessoas e processos. Pessoas, pois, são elas que, mobilizadas pensam, fazem escolhas, planejam, efetivam o que propõem. Processo no sentido de pensar e organizar a escola, de integrar sistema e compreender questões burocráticas, administrativas, diretivas e inacabadas, pois educação é procedimento. De acordo com Lück (2013b, p. 25), a “gestão educacional corresponde à área de atuação responsável por estabelecer o direcionamento e a mobilização capazes de sustentar e dinamizar o modo de ser e de fazer dos sistemas de ensino e das escolas.” A responsabilidade da gestão é centrada no planejar, organizar, estabelecer metas, normatizar, regularizar e prever o alinhamento de ideias e atitudes das pessoas.

A gestão escolar engloba questões relacionadas com o sistema educativo e com a vida escolar, com a burocracia e a prática, interliga-se com a maneira de pensar e estabelecer as metas, partindo do princípio participativo, democrático, que deveria abrolhar na educação, na escola. A gestão compreende as questões relacionadas à administração em si, imprescindíveis, como a mobilização de sujeitos para que a participação ocorra e a democracia se constitua na escola. Desta forma, a gestão escolar administra o espaço, os tempos, os sujeitos. Em relação a este papel democrático, Paro (2001, p. 25) aponta:

Se a escola, em seu dia a dia, está permeada pelo autoritarismo nas relações que envolvem direção, professores, demais funcionários e alunos, como podemos esperar que ela permita, sem maiores problemas, entrar aí na comunidade para, pelo menos, exercitar relações mais democráticas?

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Neste sentido, a direção, os professores, funcionários, alunos e comunidade necessitam de uma relação horizontal, de diálogo, de respeito e entendimento das suas funções e reciprocidades. A conceituação de gestão escolar demanda este estreitamento de relações em que, a direção da escola desenvolva-se num sentido participativo, de diálogo, superando a relação autoritária que, por vezes, ainda se situa nas escolas. Por isso, além do uso do conceito de gestão escolar é imprescindível a mudança de postura, da mediação e da concepção, que leve em consideração os princípios de: autonomia, participação, democracia (LÜCK, 2013b). Esses princípios destacam-se como categorias básicas conjecturados ao diálogo (FREIRE, 2001) e o planejamento (GANDIN, 2013), que são possibilidades de efetivá-los.

Assim, a autonomia é aqui entendida como a categoria que constitui pensamento, escolha e ação pessoal que condizem com a identidade do sujeito, com suas intenções, concepções, anseios e buscas. Interliga-se com a liberdade e o empoderamento do qual o sujeito utiliza para envolver-se no coletivo da escola e participar dos processos gestores escolares. Lück (2013b, p. 93) aponta que “só se desenvolve ou se pratica a autonomia, quando se decide assumindo um compromisso pela efetivação do objeto de decisão e a responsabilidade pelos resultados produzidos pelas ações promovidas”. Isto implica na singularidade e escolha dos sujeitos que são partícipes da escola, a partir de escolhas, efetivam, aceitam e trabalham conscientes que suas ações têm consequências e resultados. A “autonomia precisa ser gerida, implicando corresponsabilidade consciente, partilhada, solidária de todos os membros da equipe escolar” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 457) e, envolve organização, gestão, mobilização.

Na gestão escolar, segundo Lück (2013b), a autonomia acontece em quatro dimensões: financeira, política, administrativa e pedagógica A dimensão financeira diz respeito à utilização de recursos, aplicações e investimentos. A administrativa coordena processos burocráticos, realiza prestação de contas, coordena os recursos humanos, financeiros, responsabiliza-se pela administração em si. A dimensão política empenha-se com os ideais e enfoques da escola no sentido mais ideológico e a pedagógica corresponde à maneira de trabalho, metodologia, execução/construção do currículo escolar. Estas dimensões são possíveis a partir do processo da descentralização, em que, dentro de acordos com os sistemas e questões legais as escolas têm autonomia para fazer suas escolhas. Obviamente que, uma autonomia relativa passa a ser exercida neste processo de democratização das escolas, isso porque ainda temos a tendência de centralização destas

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dimensões na equipe gestora. Além disso, há maior autonomia em algumas dimensões do que em outras. Um exemplo pode ser relacionado com a dimensão pedagógica, em que há maior possibilidade de inovação e nota-se mais autonomia, se comparada à financeira, que ainda depende muito das esferas superiores (mantenedoras) e, na escola, geralmente, muito centralizada na equipe gestora. Contudo, cada uma das dimensões implica na efetivação da gestão e no que se desenvolve, pois se relacionam intrinsecamente com a possibilidade de autoria, apropriação e tomada de decisão que interferem em todo processo participativo.

A autonomia interliga-se com a autoria, porém, não significa fazer o que quer, como quer, na hora que bem entender. Se por um lado representa a liberdade, a escolha, por outro, se estabelece na relação dialógica, em que há acordos e normas que precisam ser observadas. Autoria no sentido de ser autor, criar e recriar a partir dos consensos, em que os professores pensam, planejam e efetivam considerando todo o contexto e englobando seus pensamentos e ideias, potencializando inovações. No quadro a seguir, baseado nos estudos de Lück (2013b), destacam-se ações para que ocorra a gestão que considera a autonomia e as práticas que a fragilizam:

QUADRO 1 – PRINCÍPIOS DE UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA4

Fonte: Elaborado pela pesquisadora baseada em LÜCK (2013b, p. 107 -113).

Estas ações revelam que, para construir autonomia são necessários vários aspectos que envolvem os sujeitos e sua predisposição. As práticas que debilitam as possibilidades de autonomia relacionam-se com os sujeitos não atuantes e interligam-se com situações do

4 Os quadros 1, 2, 3, 4 e 5 deste capítulo são sistematizações das ideias dos autores referidos, organizados

pela pesquisadora. Comprometimento Competência Liderança Mobilização coletiva Transparência Visão estratégica Visão proativa Iniciativa Criatividade Acomodação e imobilização Autoritarismo Burocratização

Medo de perda de poder e controle

Delimitação e transferência de responsabilidade

Dependência Individualismo

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coletivo, da gestão escolar, ou seja, tem-se autonomia e liberdade dentro de circunstâncias e de situações, sendo que, estas podem ser mais estimuladas, vivenciadas, de acordo com os processos de gestão. O que se apresenta como imprescindível é “o respeito à autonomia e dignidade de cada um, que é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros” (FREIRE, 1996, p. 66). Requer respeito, liberdade e abertura, pois para que construa a autonomia, o sujeito necessita sentir-se à vontade, empoderado e seguro. Assim, tem a possibilidade de exercer sua autonomia, responsabilizar-se pelas consequências, mas, isto não significa que está livre de processos de opressão ou pressão para que concorde sempre com seus pares, ou faça tudo de acordo com o estabelecido. Há neste princípio uma linha tênue de que há condições estabelecidas e outras que podem ser construídas, à medida que, os sujeitos sentem-se autônomos e encontram espaço de participação.

A participação é a possibilidade de sentir-se parte integrante do grupo, da comunidade escolar, é o espaço para fala, abertura para ideias, planejamento, é o sentimento de pertença. Lück (2013a, p. 30) caracteriza a participação como “a mobilização efetiva dos esforços individuais para a superação de atitudes de acomodação, de alienação, marginalidade, e de reversão destes aspectos pela eliminação de comportamentos individualistas, pela construção de espírito de equipe.” A participação evidencia a possibilidade de envolvimento e engajamento das pessoas com a escola, com o planejamento com as ações e as práticas que pensam e desenvolvem.

O princípio de participação na escola parece redundante, pois este deveria ser algo lógico, por compreender o espaço e o encontro da multiplicidade de pessoas que têm objetivos comuns, em que se busca a cidadania, porém, nem sempre é. A participação varia de acordo com a compreensão do princípio e a forma de exercê-la. Ou seja, o que eu compreendo que possa ser uma prática participativa, pode não ser para outra pessoa, daí a necessidade de compreender as formas de participação. De acordo com Lück (2013a, p. 35-48) as formas de participação são:

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Fonte: Elaborado pela pesquisadora baseada em LÜCK (2013a, p. 35-48).

As formas de participação variam e, em grande parte, elas não ocorrem de maneira efetiva, assim, impregnando falsos sentidos de participação, ou participação ilusória, em que o sujeito participa, mas não se compromete efetivamente, sendo então uma participação superficial. Para a gestão, práticas participativas desta maneira não contribuem, pois, o princípio pauta-se na autonomia e participação que colabora para reflexão, mudanças e inovações que, se construídos no coletivo tornam-se reais. Lück (2013a, p. 65-71) aponta três dimensões da participação: política, pedagógica e técnica, a seguir ilustradas no quadro:

QUADRO 3 – DIMENSÕES DA PARTICIPAÇÃO SEGUNDO HELOISA LÜCK

Fonte: Elaborado pela pesquisadora baseada em LÜCK (2013a, p. 65-71).

Política •Participação como

vivência da democracia; •Susbstitui o poder 'sobre'

pelo poder 'com'; •Relação da história

pessoal com a história da organização, através da participação; Pedagógica •Prática como um processo formativo, fundamental na promoção aprendizagens e conhecimento. •Relacionada com os conhecimentos, habilidades e objetivo pedagógicos; Técnica •Relacionada com as estratégias e os processos metodológicos para atingir os fins. •Considera os sujeitos e suas designações, considerando que cada um exerce um papel fundamental, que compõem o conjunto.

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As dimensões de participação indicam relações de vivência social, engajamento educativo e organização e reconhecimento dos segmentos e suas responsabilidades, ou seja, o sujeito participa e é implicado de diferentes formas e com intenções variadas, de acordo com a dimensão e proposição da participação. Neste sentido, há o reconhecimento variável da atuação de cada um, em cada situação. Em se tratando da dimensão política, há consciência de que o envolvimento e as escolhas são fundamentais para a construção da cidadania e da democracia, fazem o sujeito sentir-se parte e engajar-se mais. Já na dimensão educativa, representa as escolhas pedagógicas, didáticas, implicadas pelo princípio da escola, que é o ensino, relacionado com a identidade dos sujeitos. E na dimensão técnica, envolve o fazer em si, a atuação em cada segmento de acordo com as possibilidades, funções, sendo que sem esta, a efetivação da participação política e pedagógica enfraquece, quer dizer, sem as questões técnicas, as demais dimensões não são consolidadas.

Os princípios de autonomia e de participação pressupõem envolvimento, disponibilidade, abertura, trabalho coletivo. Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 451) “o conceito de participação fundamenta-se no princípio da autonomia que significa a capacidade das pessoas e dos grupos para a livre determinação de si próprios, isto é, para condução da própria vida.” Com isso, participação e autonomia não podem ser tratadas com superficialidade ou significar o cumprimento de protocolos, pois implicam nas ações e efetivações do que se pensa e propõe, requer possibilidade de diálogo.

O diálogo é outro conceito básico da gestão, pois este é a via de demonstração da autonomia, a forma de participar, a maneira de pensar e problematizar com a participação do outro. Diálogo supõe pensar nas palavras, refletir situações, o sentido que tem. Acontece numa relação recíproca do pensar e do materializar o pensamento. São falas, palavras que vêm da razão, têm uma razão e que implicam o outro, assim como as palavras que ele proferir são internalizadas e fazem parte da reflexão. Para Freire (1987, p. 43) “é o encontro em que se solidariza o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro, nem tampouco, tornar-se simples troca das ideias.” Não é a fala em si, mas a comunicação interessada de duas ou mais pessoas, que procuram através da fala e escuta o entendimento do outro, das ideias alheias. Dialogar é uma relação horizontal, em que há disponibilidade para refletir e expressar o que se pensa. Assim, este conceito é fundamental para o planejamento.

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O planejamento é entendido como pensamento e organização de ideias de sujeitos, de grupos. É imperativo na gestão, pois é a partir dele que se constrói a oportunidade de afinar ideias, metas, traçar objetivos comuns. Segundo Luft e Seger (2013, p. 38) “os objetivos determinam as finalidades, indicam os rumos que pretendemos tomar. O objetivo dá a direção, além de revelar valores e motivações. Uma finalidade bem formulada organiza o pensamento e ajuda o desencadeamento do processo de atingi-la”. Definir objetivos é imperativo no planejamento e implica discussões, ações e potencializa um direcionamento congruente. Em consoante com Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 469), planejamento é “a explicitação de objetivo e antecipação de decisões para orientar a instituição, prevendo o que se deve fazer para atingi-los.” Desta forma, planejar é pensar a escola, é criar possibilidade de participação, autonomia, democracia.

A democracia consiste na ação conjunta, na efetivação da autonomia, participação, cidadania, diálogo e no reconhecimento da identidade e das culturas. Está interligada com a liberdade e efetivação de direitos dos diversos grupos que estão presentes na escola. Para Freire (2001a, p. 38), a democracia demanda “estruturas democratizantes e não estruturas inibidoras da presença participativa da sociedade civil,” assim, pode tornar a escola um espaço democrático que considere todos os sujeitos e suas culturas.

A escola é considerada espaço de múltiplas culturas e saberes, de pessoas que se encontram neste local para, a partir do conhecimento, refletir sobre as vivências, a vida, o mundo e pensar práticas de intervenção na sociedade. Mas, ainda persistem espaços em que a forma de trabalhar é de maneira autoritária, sem propiciar o diálogo, participação, democracia, sem autonomia. Há necessidade de romper com essa concepção e, em consoante com Libâneo, Oliveira e Toschi, (2012, p. 437) “as escolas são, pois, organizações e, nelas sobressai a interação entre as pessoas, para a promoção da formação humana.” Há uma contradição que não é superada apenas mudando conceito de administração para gestão, mas efetiva-se nas ações que podem ser gestadas de forma coerente com a proposta da democracia e que, inevitavelmente, depende dos sujeitos. Paro (2001, p.16) defende que “a gestão democrática deve implicar, necessariamente, a participação da comunidade”, contudo, expõe que isto está longe de acontecer, pois ainda há uma concepção de que alguns precisam mandar, outros obedecer, ou seja, a ideia de gestão ainda não é efetiva em muitos dos espaços educativos e sociais.

A gestão requer ser construída com os gestores, equipe diretiva das escolas, com os alunos, pais, funcionários, professores e sociedade em geral, até para que dê conta da sua

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função de construção coletiva e efetive os princípios de autonomia, participação, diálogo, planejamento, democracia favorecendo a aprendizagem de todos. Gestão é construção de conceitos, planos, ideias, processos e pessoas, para num coletivo pensar o que é melhor para o grupo, contando com todos que participam da escola, da comunidade.

Como já salientamos, o conceito de gestão vai além da administração da escola, do modo de efetivar e adornar políticas públicas. Parte do pressuposto que “a gestão se assenta sobre bons procedimentos da administração bem resolvidos e os supera mediante mediações no sentido mais amplo, maior compromisso de pessoas com processos sociais” (LÜCK, 2015, p. 111). A escola é espaço de sujeitos que pensam, sentem e agem, constroem suas relações e possibilidades.

1.1 A gestão escolar e a legislação

A equipe de gestão escolar é responsável por inúmeros procedimentos e, para além da mobilização, direcionamento, organização dos tempos, espaço da escola, a fim de desenvolverem ações que contemplem a pluralidade de ideias é fundamental a compreensão dos aspectos legais que direcionam as práticas escolares. De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 438) “a gestão é, pois a atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para atingir objetivos da organização, envolvendo, basicamente, os aspectos gerenciais e técnicos-administrativos.” Neste sentido, organizar e fazer as mediações necessárias para o funcionamento da escola, pautando-se em princípios de participação, envolvimento de cada sujeito e consolidando o planejamento coletivo é imprescindível o reconhecimento das regras estabelecidas na legislação.

A gestão democrática da escola está prevista na Constituição Federal desde 1988, no artigo 206 inciso VI, e contempla a perspectiva democrática, visando ensino público gratuito, de qualidade que prime pela liberdade, pluralismo de ideias, participação. Surge com o intuito de possibilitar ações mais democráticas na escola, no entanto, mesmo com a vigência da lei e, deste artigo mais especificamente, pode-se perceber que a ideia de democracia e participação são conceitos ainda em construção, portanto, nem sempre respeitados. De acordo com Paro (2001) a participação, como todo processo democrático é um caminho que se faz ao caminhar, disto decorre o trabalho contínuo de envolver e mobilizar a todos, impregnados ao conceito da gestão escolar.

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O conceito gestão passa a ser reconhecido e discutido no campo educacional, a partir da década de 90, segundo Lück (2015). Ganha ênfase, à medida que, os princípios de democracia são evidenciados e passam a ser reconhecidos como imprescindíveis à organização da escola, já que este é um lugar considerado espaço de formação cidadã, de sujeitos críticos que pensam, refletem, tomam decisões e agem. Lück (2015) propõe que, além da mudança terminológica, é necessária uma mudança paradigmática compreendendo a complexidade do conceito. A gestão escolar, além de responsabilizar-se pelo trabalho burocrático, organizacional, ao ocupar-se de buscar parcerias para um trabalho coletivo, participativo consolida a dimensão da democracia. É um processo de aprendizado, pois a participação, princípio fundamental da gestão democrática, refere-se ao envolvimento e possibilidade de pensar, dialogar e planejar coletivamente. Supõe que, os sujeitos tenham voz e vez, “não significa apenas contribuir com uma proposta preparada por algumas pessoas, mas, representa construção conjunta [...], ou seja, a construção técnica do planejamento e engajamento dos sujeitos em ação” (ASSUMPÇÃO, 2006, p. 114). Participação requer abertura para o diálogo5 e espaço para problematizar, pensar e planejar as ações. Para Marques (2006, p. 180) “diálogo que significa o confronto dos educadores/educandos no coletivo em que se constituem com alteridades distintas.” O diálogo possibilita a aproximação dos sujeitos, demanda abertura, sendo este, outro princípio inerente à gestão democrática.

A ideia de gestão escolar, neste sentido democrático e participativo prevê maior envolvimento dos sujeitos nas ações que se desenvolvem na escola, quer dizer, supera a ideia de que uma pessoa coordena, outras executam. Segundo Lück (2015, p. 109) “com a denominação de gestão, o que se preconiza é uma nova óptica de organização e direção de instituições, tendo em mente a sua transformação e de seus processos [...] a partir de uma perspectiva aberta, democrática e sistêmica.” Assim, a gestão escolar ao oportunizar a participação e o envolvimento dos sujeitos que pertencem a ela, cada um passa a ser parte integrante e responsável pelos encaminhamentos e ações.

A concepção de gestão democrática aparece na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no9394/966, no artigo 3º, inciso VIII, em que os princípios do ensino são estabelecidos, isto é, “gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da

5

Diálogo compreendido como interesse recíproco de sujeitos que conversam e ouvem o outro, buscando compreendê-lo.

6 Lei no9394/96: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é uma das maiores referências legais acerca

da educação. Escrita em 1996, teve como relator Darcy Ribeiro. A Lei conta com 92 artigos que propõem educação baseada em princípios democráticos, participativos, de qualidade e gratuidade.

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legislação dos sistemas de ensino.” Este artigo assegura a gestão democrática para que, baseada nos princípios de liberdade, democracia, participação, administre, lidere e corrobore para que os demais integrantes da escola se sintam mobilizados e desafiados a participar, colaborar e engajar-se nas atividades da escola.

A gestão democrática demanda diálogo, abertura, querer a participação, o trabalho coletivo e autonomia, reconhecida como a tomada de decisão, postura consciente e aceitação. Além de assegurada em lei necessita da prática, desta forma, os sistemas, as instituições, as equipes gestoras têm papel primordial ao realizarem seu trabalho. A função da gestão democrática fica evidenciada no artigo doze da Lei no9394/96 em que são estabelecidas as incumbências dos estabelecimentos do ensino. Estas demandam abertura para o diálogo e a construção coletiva, envolvendo todos os sujeitos no planejamento e execução das propostas, como é possível visualizar nos incisos do artigo citado:

I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;

II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;

IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;

VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola (BRASIL, 2017, p. 6).

Os papéis dos gestores democráticos perpassam questões técnicas, administrativas e organizacionais, e estão interligadas com os sujeitos da escola. Assim, na esfera estadual, em 1995 foi criada a primeira lei de gestão democrática de ensino do Rio Grande do Sul (Lei no10.576/95), a qual estabelece a autonomia financeira, administrativa e pedagógica da escola. A partir de princípios democráticos e autônomos a escola passa a ser administrada, segundo o artigo 4º, inciso I e II, pela Equipe Diretiva, integrada pelo diretor, vice-diretor e coordenador pedagógico e pelo conselho escolar, que é integrado pelo diretor, por membros do magistério, funcionários, pais e alunos da escola. Esta lei, prima pela organização coletiva e potencializa a participação de todos os segmentos da escola, corresponsabilizando-os pela gestão.

A responsabilização de representantes de distintos setores da escola corrobora para que aconteça diálogo, articulação e planejamento coletivo de diferentes olhares para que a gestão aconteça de forma compartilhada e plural. Nesta perspectiva, a gestão administra, coordena o trabalho, supõe que cada sujeito assinale suas indicações e do grupo que

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representa, possibilitando a construção coletiva de ações e possibilidade educativas. Em consoante com Lück (2015, p. 54), “a óptica da gestão educacional não prescinde nem elimina a óptica da administração, apenas a supera, dando a esta uma nova acepção, mais significativa e de caráter transformador, colocando-a como um substrato do trabalho de gestão.” Gestão escolar visa envolvimento, diálogo, possibilidade para a construção da mudança. Sob este viés democrático busca-se analisar a relação entre a gestão escolar, o planejamento e as ações efetivadas.

1.2 A gestão da escola e o planejamento

A gestão está implicada por muitas práticas, sendo o planejamento uma das que consideramos decisivas, pois é a partir do pensamento acerca da educação que se projetam, elaboram e se efetivam as ações tanto das equipes gestoras quanto dos sujeitos envolvidos no processo educativo da sala de aula. Uma das tarefas da gestão é assegurar a participação e o pensar coletivo, como já se destacou, afinando aos planos nacionais, estaduais e municipais, a equipe diretiva é responsável por direcionar este processo. O planejamento possibilita momentos para pensar, discutir e construir planos considerando os sujeitos envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem enunciados no projeto político pedagógico da escola, coerente com os planos de esferas externas7.

O planejamento é o pensamento dos sujeitos, do grupo, é organização das ideias, projeção. De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 470) “o planejamento consiste em ações e procedimento para a tomada de decisões a respeito de objetivo e atividades a serem realizadas em razão destes objetivos.” Compreender o planejamento como esta projeção que, possibilita através do ato de planejar, pensar, refletir, discutir e assim elaborar os planos, registrar as intenções para, posteriormente efetivar, torna-se imprescindível a clareza dos objetivos e bases que norteiam as ações pedagógicas, além de considerar que este é um processo sempre em construção. Em consoante com a afirmação de Libâneo (2001) planejamento é um processo contínuo, precisa ser reflexivo devido à dinâmica da sociedade, buscando alternativas, tomadas de decisões. Assim, constrói-se no fazer, na reflexão, na ação, ao longo do desenvolvimento com a participação do coletivo.

7 Compreendem-se como esferas externas: municipais, estaduais e federais, a partir de planos e estratégias de

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O planejamento e o trabalho coletivo podem ser suporte para refletir e instigar o pensamento, a transformação e a construção de um espaço mais democrático. Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2012) o trabalho em equipe é o oposto de cada um resolver tudo sozinho, supõe objetivos e metas coletivas e a responsabilidade individual de pôr as decisões em prática. Desta maneira, novas ações podem surgir, pois com o coletivo trabalhando com finalidades comuns que foram refletidas e construídas no grupo e assumidas por cada um, possibilitam-se as transformações.

O planejamento escolar perpassa a escola e não ocorre isoladamente. A escola é pensada na sociedade, implicada pelo planejamento federal, estadual, municipal, bem como pelos sujeitos que da escola participam. Na esfera federal, a Constituição de 1988 prevê no artigo 210 a fixação de conteúdos mínimos, respeitando a nacionalidade e as regiões e, no artigo 214 estabelece o Plano Nacional de Educação decenal para assegurar manutenção e desenvolvimento do ensino pensando metas para direcionar a educação no país. Além destes, em dezembro de 2017 foi aprovada a Base Nacional Comum Curricular – BNCC8

, com a finalidade de nortear os currículos com a organização de áreas de saberes, proposição de conteúdos que serão comuns na educação básica do país. Este documento permeará discussões e, também irá se incorporar nos planejamentos.

O último PNE (Plano Nacional da Educação) foi aprovado em 2014. A Lei nº 13.005/2014 regulamenta o plano e dispõem de vinte metas normatizadoras às ações e planos desenvolvidos pelos estados e municípios. O PNE é um planejamento de nível nacional e abrange todas as esferas da educação, inclusive, cada uma das esferas, com suas equipes são incumbidas de elaborar planos que contemplam estratégias para atingir o que é proposto no documento nacional. As metas versam sobre todos os níveis da educação escolar, que compreende a educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação superior, bem como a meta dezenove que prevê a efetivação da gestão democrática dos estabelecimentos de ensino (SAVIANI, 2014). São oito estratégias para alcançar a meta relacionada diretamente com a gestão democrática, indicando o estímulo à participação da comunidade, a constituição de grêmios estudantis, associação de pais, fortalecimento de conselhos escolares e elaboração do projeto político pedagógico, além da formação e avaliação dos gestores das instituições educativas. Em todos os aspectos da meta dezenove

8 A Base Nacional Comum Curricular é um documento normativo com finalidade norteadora dos currículos

escolares em que são previstos competências e habilidades a serem desenvolvidos nos sistemas e redes de ensino no Brasil. Aprovada na Lei nº 13.415/17, e orientada pela RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 2, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2017, disponível em: http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/base-nacional-comum-curricular-bncc Acesso em: 28 de dezembro de 2017.

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fica evidente os princípios da participação, autonomia, diálogo, mobilizados por meio de conselhos, reuniões, planejamentos e representações que envolvem todos os segmentos da escola.

A meta cinco do PNE/2014, visa alfabetização de todas as crianças na idade certa (SAVIANI, 2014). A partir desta meta se estabelece que a idade certa para alfabetização é até os oito anos de idade e, progressivamente, ao final deste PNE, em 2024 aos 6 anos de idade. São sete estratégias que discorrem sobre a viabilização de materiais didáticos, acompanhamento e avaliação das crianças e a formação dos professores alfabetizadores para que desenvolvam o ensino de qualidade, alcançando a meta. Relacionado à pesquisa, tanto os sujeitos quanto as experiências são desenvolvidas com a alfabetização. Além disso, as professoras envolvidas nesta pesquisa fazem parte do PNAIC9 (Pacto de Alfabetização na Idade Certa), que é proposto nas estratégias. Esta formação profissional além da viabilização à discussão acerca da alfabetização em nível federal, pensa e estabelece planos a serem efetivados nas escolas do município lócus do estudo.

O PNAIC decorre do Decreto nº 6.094/2007, no inciso II do art. 2º, que normatiza a responsabilidade dos entes governamentais de alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos de idade, previsto no Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE - Escola) que também é um mecanismo de planejamento estratégico federal. O PDE - Escola surge a partir da Portaria Normativa n.º 27, de 21 de junho de 2007 e estabelece planos estratégicos para a educação, mas, segundo Oliveira, Toschi e Libâneo (2012, p. 257), “o PDE - Escola é um instrumento de planejamento estratégico-gerencial e, por essa razão não dá conta de pensar a escola numa perspectiva mais ampla, crítica, democrática e cidadã, nem promove a participação efetiva dos agentes escolares”. Desta forma, este plano pode ser considerado mais gerencial, administrativo, financeiro, necessitando de outras propostas e planos que deem conta da escola no sentido complexo que é.

Estes planos são formas de planejar a educação em âmbito nacional, tanto de forma mais pedagógica quanto administrativa, uma vez que é proposto na CF/88 o estabelecimento de objetivos e ações para a educação, bem como a Lei nº 9394/96 que enfatiza diretrizes nacionais para a educação com princípios, objetivos, autonomia e incumbências de ensino. Nesta Lei, nº 9394/96, também prevê em seu artigo 9o que a União se incumbe de elaborar um plano nacional de educação, estabelecer regime de

9 O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) é efetivada através da medida provisória de

LEI nº 12.801/2013. No texto, a partir de agora ao utilizar a sigla PNAIC refiro-me ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.

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colaboração entre Estados, municípios e o Distrito Federal, nortear os currículos, assegurar formação básica comum. Para a esfera estadual a Lei nº 9394/96 no artigo 10, trata das incumbências respectivas ao Estado e, em seus incisos expressa o regime de colaboração dos estados e municípios, a fim de elaborar e efetivar o Plano Nacional de Educação, além de políticas públicas que elevem a melhoria do ensino público. Os documentos legais são enfáticos ao propor os planos e estabelecer incumbências, porém, o que faz a diferença é como cada município ou instituição compreende e executa a lei, articula o plano nacional com os estaduais, regionais, municipais.

As instituições de ensino integram-se ao planejamento das esferas superiores, tendo suas funções também estabelecidas para que organizem o seu planejamento e propostas aliados ao que se propõem nacionalmente. Segundo a Lei no9394/96,

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:

I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;

II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;

IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;

V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;

VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;

VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009)

VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei (Incluído pela Lei nº 10.287, de 2001). (Grifo da autora).

Os incisos destacados remetem à gestão e ao planejamento, indispensáveis a efetivação da democracia e da concretização do que se planeja na escola. O inciso I, artigo 12, da Lei no9394/96, expressa o planejamento da escola, pois reconhece a autonomia para estabelecer sua organização pedagógica, relacionada a sua identidade e construída no projeto político pedagógico, que se vincula ao que se pretende na escola. Para Marques (1996, p. 65) “não é uma terceira pessoa, um planejador externo, mas são os próprios agentes que estabelecem seus planos/compromissos de ação”, desta forma, são os sujeitos que participam os responsáveis por articular princípios e desejos da comunidade pertence a

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tal instituição com as metas de outras esferas. O inciso VI, artigo 12, (BRASIL, 9394/96), segue este viés de participação para alinhamento de planos comuns em que, considera todos fundamentais no processo de estabelecimento de metas e efetivação destas, trabalho de coordenação e busca democrática incumbido à gestão democrática da escola.

O inciso IV, do artigo 12, da Lei no9394/96, vincula-se ao plano do professor que, articulando, implicado no planejamento de cada esfera de sua instituição, necessita pensar e organizar o plano que interfere diretamente os principais sujeitos do ensino, os alunos. O plano de trabalho do professor é responsabilidade tanto dele quanto do estabelecimento de ensino, pois, este não é construído isoladamente, mas mediatizado pelo grupo que pensa a escola. Neste sentido, é possível perceber que existem tipos e níveis diferentes do planejamento, em consoante com Gandin (2013, p. 70) “o planejamento é ferramenta. Como na maioria das ações humanas, as ferramentas utilizadas são de vários tipos”, assim, ao planejar, considera-se o contexto, fazem-se escolhas e pensa de acordo com as necessidades e possibilidades. No entanto, não basta pensar, escolher, pois é fundamental executar. Neste sentido, os planos são concretude.

O plano, na perspectiva pedagógica, pode ser definido como o registro de planejar. Quando elegemos, escolhemos e/ou decidimos por uma possibilidade de ação, é muito importante escrevê-la. Quando se trata do plano de aula, o esquema registrado serve como orientação para que possamos articular nossas ações de modo mais significativo (LUFT; SEGER, 2013, p. 22).

Importa reconhecer que planejamento é desenvolvido a partir de características, dimensões, enfoques, níveis e tipos, segundo objetivos e finalidades, sendo que Gandin (2013) faz estas diferenciações, a seguir sintetizadas no quadro:

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Fonte: Elaborado pela pesquisadora baseada em GANDIN (2013, p. 69-87).

Neste quadro é possível observar que o planejamento perpassa correntes, níveis, estratégias, enfoques que, à medida em que é usado, planejado, visando uma finalidade é gerenciado de uma ou de outra forma, possibilitando, ao planejar, enfatizar diferentes aspectos considerados essenciais para que um planejamento realmente dê resultados. Para a gestão, observar estes aspectos possibilita oportunizar e planejar de forma efetiva, contemplando o conjunto e partindo desta para a proposição de ações didático-pedagógicas coerentes e, que, de fato, possibilitem avanços. A escola, que é um espaço social, público, múltiplo e democrático pensado e organizado, com finalidades definidas, a partir de metas e planos estabelecidos em âmbitos nacionais, estaduais, municipais, escolares, da sala de aula compreende assim, relacionar a sua função o planejamento que contribua para seu trabalho, sua finalidade.

1.3 A gestão participativa e o projeto político pedagógico

A gestão escolar responsabiliza-se pelo direcionamento da escola, observa aspectos administrativos, pedagógicos, políticos, afinamento dos planos nacionais, estaduais, municipais, escolares, planeja, envolve os segmentos da escola. Considerando as ênfases da gestão, o planejamento destaca-se no sentido de reunir o grupo para pensar finalidades

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comuns e afinar com as esferas superiores, bem como reconhecer o grupo, a identidade e os objetivos que norteiam o ensino. Planejar é uma possibilidade de participar, dialogar, atuar de forma democrática.

O planejamento escolar relaciona-se, especificamente, com a proposta da escola, ela interliga-se às esferas superiores fazendo uma mediação entre o pensamento, finalidades externas e internas. Para Menegolla e Sant’Anna (2014, p. 39) “o planejamento deve atender a problemática em nível nacional, regional, comunitário escolar.” Desta maneira, contempla o todo buscando estreitar a relação com os sujeitos que estão mais diretamente relacionados a estes planos. Saviani (2014, p. 82) afirma que “o plano educacional é exatamente o instrumento que visa introduzir racionalidade na prática educativa como condição para superar o espontaneísmo e as improvisações que são o oposto da educação sistematizada e da sua organização.” Assim, há uma organização sistemática do que se almeja, do que se busca com a educação, desta forma, as intencionalidades perpassam esferas e potencializam finalidades educativas.

Nesta perspectiva, os planos estão contextualizados em âmbitos, perpassando cada uma das esferas e desencadeando no planejamento escolar papel primordial ao pensar o conjunto e elaborar seus planos, que deem conta do todo, mas empenha-se na sua função, no que lhes compete. O quadro a seguir ilustra, segundo Menegolla e Sant’Anna (2014), três níveis do planejamento que organizam a educação:

QUADRO 5 – NÍVEIS DO PLANEJAMENTO

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Percebe-se que cada nível, esfera está relacionada ao ensino, planeja e contempla seus âmbitos. Como já destacado anteriormente, o plano nacional de educação, pensa a educação do Brasil como um todo, elencando metas, estratégias que perpassam Estados, Municípios, escolas e implicam no que se pensa e desenvolve nela, bem como a Base Nacional Comum Curricular que engendra a concepção, a formulação, implementação, avaliação e das propostas pedagógicas escolares. Além disso, prevê a revisão dos currículos e as aprendizagens essenciais aos alunos em cada nível de ensino, que infere nos planos regionais, escolares. No nível escolar, o projeto político pedagógico revela-se como possibilidade de pensar a escola, pois, a partir da elaboração é possível engendrar o pensamento dos sujeitos, relacionar as metas e planos de outras esferas, potencializando uma proposta que considere tanto o externo quanto e, essencialmente, o que se pensa na comunidade, na escola, especificando finalidades e objetivos.

A elaboração, execução e avaliação do projeto político pedagógico é uma das atribuições da gestão. Requer olhar as vivências sociais, as crenças de cada sujeito, dialogar e proporcionar a participação para pensar coletivamente a escola que se quer. A elaboração do projeto político pedagógico une cada sujeito e possibilita expressar desejos, anseios e considerações com relação à escola, ao ensino. Pode ser usado como uma das estratégias da gestão escolar democrática e participava, uma vez que, esta requer participação e envolvimento para atribuir sentido e clarear a marca, a identidade da escola. De acordo com Marques (2006, p. 146) “a ação educativa constitui-se prática social, porque distinta do comportamento natural, constrói-se e orienta-se com intencionalidade manifesta. Essa tomada de consciência e esse direcionamento explícito é o que denominamos projeto pedagógico.” O foco, os objetivos e intenções da escola constituem-se no coletivo, de modo que, cada sujeito, constituem-segmento, expresconstituem-se o que pensa, e, contribua para construir um projeto político pedagógico que representa a escola, em que se explicite metas, estratégias e caracterizações da escola, pois isto não é algo natural, pronto, finalizado, faz parte de uma construção que requer planejamento.

O projeto político ao ser um documento pensado e construído pelo coletivo define os referenciais básicos indicando os rumos da escola. Ele tem a intencionalidade de envolver a todos os sujeitos da comunidade escolar para pensar suas metas, estratégias e construir a identidade da escola. Assim, não se direciona a uma pessoa, a um grupo, mas é elaborado pelo grupo, para o grupo, caracterizando-o, dando direção, expressando posicionamentos, desejos, utopias do coletivo escolar. Segundo a Leino9394/96:

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