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A escolha da escola

No documento joselyribeiroribeiro (páginas 86-89)

3 OS RESULTADOS DA PESQUISA

3.1 A escolha da escola

A pesquisa apresentada pretendia ser realizada em uma Escola Municipal a ser escolhida a partir de uma lista fornecida pela SME (Secretaria Municipal de Educação). Ao solicitar à SME a indicação de escolas que desenvolvessem projetos sobre Orientação Sexual e de Educação Sexual constatou-se que este era um grande obstáculo à pesquisa. A grande dificuldade foi encontrar uma escola que declarasse trabalhar com a sexualidade em documentos, como o Projeto Político Pedagógico. Percebi que os trabalhos com essa temática ocorriam, na maioria das vezes, por iniciativa do próprio professor. Segundo o DEAP (Departamento de Ações Pedagógicas da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, em 2008) não havia em Juiz de Fora, nenhum registro nos Projetos Políticos Pedagógicos das escolas que

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Veja roteiro no Anexo B, na página 142.

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constasse algum trabalho envolvendo questões sobre a sexualidade. O retorno que obtive desse departamento foi que alguns professores trabalham com esta temática de maneira isolada e sem registros documentais.

Essa realidade me trouxe uma grande inquietação: as escolas municipais de Juiz de Fora não abordam a temática da sexualidade? Se abordam, porquê não há relevância em registrar as atuações dos professores no Projeto Político Pedagógico? A situação com a qual se deparou fez com que buscasse outros caminhos e reconstruísse o campo da pesquisa.

Surgiu a alternativa de pesquisar o trabalho de um professor da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais. Buscou-se, junto à Superintendência Regional de Ensino, localizada em Juiz de Fora, registros de projetos que abordassem à sexualidade. Prontamente colocaram à minha disposição dois nomes de professores e suas respectivas escolas de atuação. O primeiro professor estava de licença médica. Já o segundo professor, me refiro a ela como Professora H, me atendeu prontamente.

Após um primeiro encontro informal com a professora H e inteirá-la da pesquisa, iniciou-se a pesquisa de campo e as sequentes entrevistas iniciais. Os encontros estavam planejados para acontecerem semanalmente, aos sábados, fora da carga horária dos alunos e dos professores envolvidos. Mas a Professora H acordou com a pesquisadora que os encontros aconteceriam quinzenalmente, pois seria mais prático estender um pouco o tempo para diminuir a quantidade de encontros. A pesquisadora se limitou a observar, não opinando nessa decisão, embora a Professora H tivesse solicitado minha sugestão. Nos encontros, tudo era bem registrado pela professora com fotografias: as dinâmicas, as ações dos alunos, o lanche e etc. A Professora H afirmava que estes registros fotográficos iam para o blog do PEAS (Programa Afetivo Sexual – Existente no Estado de Minas Gerais) como forma de prestar contas do desenvolvimento do programa pela professora na escola.

Toda a dificuldade parecia estar resolvida com a aceitação desta professora ao receber a pesquisadora em suas aulas, até quando algumas escolas da Rede Estadual, de Juiz de Fora, entraram em greve. A escola H, por sua vez, também aderiu à paralisação. Após quase dois meses de greve, a escola retornou, mas a Professora H encontrou dificuldades em dar prosseguimento aos encontros. A

pesquisadora precisou buscar outra escola para desenvolver a pesquisa e, consequentemente, rever os propósitos para o campo a ser investigado.

Durante uma conversa com um professor do Programa de Pós–Graduação em Educação, surgiu à possibilidade de realizar minha pesquisa em uma escola que pertence à Rede Federal de Ensino. A proposta se torna um caminho viável ao desenvolvimento da pesquisa sem modificar os objetivos e a metodologia proposta inicialmente no anteprojeto, necessitando apenas de algumas adequações ao novo campo.

A proposta inicial era investigar como o Tema Transversal Orientação Sexual, presente nos PCN de Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries), é trabalhado em escolas públicas municipais, de Juiz de Fora. Devido à dificuldade apresentada, a questão inicial sofreu algumas modificações. Primeiramente, não havia uma escola Municipal para ser pesquisada, logo, o campo de investigação encontrado desta escola é o ano final do Ensino Fundamental (8ª série/9º ano) e o 1º ano do Ensino Médio. Modifica-se também a realidade pretendida, pois estava definido, para a pesquisa, alguns critérios como: à localização da escola e seus indicadores de desempenho. Neste sentido, seria escolhida a escola que se encontrasse em uma região mais periférica, em relação ao centro, e também com menor rendimento em relação às avaliações realizadas pelo IDEB. A nova realidade para o campo é bem distante da definida: A escola J é central e possui bons indicadores de desempenho. A demanda atendida pela escola é bem diversificada, tanto em relação à classe econômica quanto a localização de residências dos alunos (centrais ou periféricas).

Dessa forma, muitos pontos foram ajustados para adequar o projeto inicial ao campo que se dispunha. A escola J possui uma estrutura diferenciada das escolas convencionais. As disciplinas são apresentadas em forma de ementas, o calendário curricular é disposto em forma de três períodos, cada um trimestral, diferentemente da maioria das escolas que possuem um ano letivo constituído por quatro bimestres.

A pesquisa foi realizada durante um trimestre. O acompanhamento foi realizado em uma turma composta de alunos de várias turmas do 9º ano, do Ensino Fundamental, e do 1º ano, do Nível Médio, durante o desenvolvimento da Disciplina intitulada Sexualidade Humana. Durante a pesquisa buscou-se conhecer o Projeto político Pedagógico da Escola, mas a escola não dispunha deste documento. Dessa forma, a intenção de investigar como ocorreu a participação do professor investigado

na construção do Projeto Político Pedagógico e questionar a opinião do professor sobre este documento não foi possível. No entanto, pode-se investigar a inserção dessa disciplina na grade curricular e sua relevância para a escola e para os alunos.

Durante uma entrevista, a professora relatou que após a reestrututração curricular da Escola J (esta mudança ocorreu em 2005), as disciplinas passaram a ser trimestrais e não mais oferecidas em períodos de quatro bimestres. Cada departamento desenvolveu ementas para oferecer as disciplinas obrigatórias e outras opcionais, a fim de possibilitar ao aluno construir sua grade a partir de seus interesses. Desta forma, a Professora J, por possuir grande interesse na discussão sobre sexualidade, apresentou ao seu departamento uma proposta para oferecer a disciplina em questão. Uma vez aprovada, a disciplina Sexualidade Humana passou a fazer parte das disciplinas opcionais oferecidas trimestralmente.

Enfim, todos esses obstáculos conduziram à professora J que recebeu a pesquisadora durante todos os encontros semanais de sua disciplina.

No documento joselyribeiroribeiro (páginas 86-89)