• Nenhum resultado encontrado

Capítulo IX – A Turma do 4.º ano

9.3. Intervenção Pedagógica na Turma do 4.º ano

9.3.2. A escrita criativa

Dediquei uma semana de estágio à exploração da história A maior flor do mundo, de José Saramago. Essa exploração teve como atividade de desfecho uma compilação de todos os trabalhos executados, ao longo da semana, relativos à história.

Antes de se iniciar a leitura e interpretação da obra, fez-se a exploração dos seus elementos paratextuais. Inicialmente, os alunos fizeram uma ficha de leitura da obra, registando os elementos paratextuais e informação do autor. Depois, cada aluno inventou uma história, com base no título e na ilustração da capa, e escreveu-a.

No dia seguinte, relembrou-se os elementos paratextuais da obra e o texto elaborado pelas crianças. Seguidamente, foi entregue um guião de leitura para que fosse, primeiramente, lido, e completado após a leitura do 1.º excerto da obra. Pedi a dois alunos que distribuíssem o 1.º excerto da obra e fiz a leitura modelo do texto, esclarecendo dúvidas de vocabulário. Os alunos fizeram a leitura silenciosa, antes da leitura oral, o que facilita a apropriação do texto. A leitura silenciosa proporciona maior interiorização, compreensão e rapidez de leitura, possibilitando um maior aperfeiçoamento ortográfico e preparando para uma leitura oral expressiva. A leitura oral, por sua vez, desenvolve a compreensão do aluno, melhorando a sua articulação, entoação e pronúncia (Figueiredo, n.d.a).

Só depois é que foram colocadas questões quanto ao excerto lido. Apesar de ter programado esclarecer as dúvidas de vocabulário só depois das leituras, achei por bem efetuá- lo antes, para que a compreensão e a interpretação do texto fosse mais significativa. No final deste momento, os alunos responderam às perguntas do guião de leitura, que foram, posteriormente, corrigidas oralmente e, algumas, no quadro.

Além disso, foram distribuídos os cadernos de Português e a turma foi dividida em pares (faltava um aluno) para que preparassem duas questões referentes ao excerto lido, a ser respondidas pelos colegas. A colaboração entre pares é uma estratégia na qual existe um nível de igualdade e reciprocidade, sendo que fomenta interações entre os discentes. Eles apresentam as suas opiniões e constroem estratégias para atingir um objetivo comum (Bessa & Fontaine, 2002). Nesse momento, alguns pares criaram questões acerca de a flor estar murcha, porque o tinham visto na ilustração. Todavia, no excerto, não havia informação quanto a isso e tive de pedir que o consultassem para verificar. Acho que, devido a isso, os alunos referiram que era difícil elaborar as perguntas. Quando as finalizaram, cada par se dirigiu à frente e colocou as questões, as quais foram respondidas pelos colegas acertadamente. De ressaltar que, quando as perguntas se repetiam, ou eram muito parecidas, já não eram respondidas. Estas questões

estimulam os alunos a recordar o que ouviram e seguiram na leitura, estando associadas à sua memorização (Lopes & Silva, 2010).

Nesta ordem de ideias, e de modo a relacionar o Português e a Expressão e Educação Plástica, pedi que imaginassem como seria esta flor e escrevi no quadro “Flor tu és…”. Os alunos registaram no caderno e escreveram um poema a partir da palavra flor, atribuindo-lhe adjetivos com cada uma das letras do abecedário, excetuando as letras H, K, W, Y, X e Z. Para não suscitar dúvidas, escrevi no quadro as letras que seriam utilizadas para realizar o ABC da palavra flor. Posteriormente, perguntei se algum aluno sabia construir uma flor em origami para que pudesse demonstrar aos colegas. Como tal não se verificou, foram distribuídas folhas de cor verde e demonstrei o modo de produzir a 1.ª parte do origami de uma flor. Os alunos acompanharam o processo, construindo o seu origami. O mesmo aconteceu para a 2.ª parte do origami, mas, desta vez, construindo-o em folhas cor rosa. Enquanto terminavam o origami, distribuí palitos para poderem finalizá-lo. Optei por trocar a ordem de realização das tarefas da planificação, dado que me pareceu mais fácil. O origami é usado como uma ferramenta ou estratégia educacional que contribui para o desenvolvimento de habilidades manuais e criativas no indivíduo, aprimorando a sua coordenação psicomotora e melhorando o raciocínio, bem como a noção de espaços bi e tridimensionais. Além disso, desperta o interesse e a curiosidade dos discentes e proporciona o desenvolvimento pessoal, social e profissional (Cruz & Gonschorowsk, 2006; Menezes, 2018; Souza, 2005).

De seguida, cada discente registou o seu abecedário e colou o origami criado (Figura 68) numa folha colorida. A cor da folha e a orientação da mesma foram decididas pelos alunos, dando importância, assim, às suas preferências pessoais.

No final, os trabalhos foram corrigidos e expostos no placar da sala (Figura 69). A verdade é que esta atividade despertou um pouco de burburinho, mas foi bem-sucedida e notei que os alunos gostaram de realizá-la.

Figura 69. Trabalhos expostos no placar

No terceiro dia de abordagem à obra, os alunos recontaram o 1.º excerto da história e leram o 2.º excerto, respondendo, seguidamente, a perguntas de interpretação. Foi feita a comparação entre aquilo que tinham escrito e as antecipações feitas acerca da história. Os alunos disseram qual a colega que tinha o texto mais parecido ao da história, dado que os textos tinham sido lidos na segunda-feira, após a sua correção. Além disso, cada aluno numerou frases para ordenar a sequência da história, reescrevendo-a com elementos de ligação entre as frases. A turma concretizou a crítica literária da história e elaborou um texto, referindo o que aconteceria se fossem uma flor.

Com todos os trabalhos escritos terminados, criou-se uma compilação dos mesmos (Figura 70), de modo a valorizar as aquisições e produções dos alunos (Morgado, 2001). A turma intitulou a compilação: “Os nossos trabalhos sobre a história: A maior flor do mundo, de José Saramago”, que foi dividida por separadores (Figura 71).

Figura 71. Separadores

Deste modo, orientei os alunos, durante essa semana, a redigir vários tipos de texto com temáticas diversificadas, exprimindo as suas ideias, perguntas, opiniões e pensamentos, o que é fundamental para que desenvolvam a sua escrita (Figueiredo, n.d.b).