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2.2 Educação

2.2.8 Extensão Rural

2.2.8.2 A Extensão Rural em Santa Catarina

A extensão rural surgiu, em Santa Catarina, através de debates sobre a agricultura e economia realizada na cidade de Lages em 1949, onde foram surgindo idéias sobre a implantação de um serviço de assistência técnica no Estado, no sentido de melhorar o nível de vida dos agricultores e aumentar a produtividade: porém todas essas idéias defendiam com ênfase a necessidade de adoção de métodos modernos que viriam a desenvolver a agricultura como um todo.

A consolidação da Extensão Rural em Santa Catarina deu-se em março de 1956, quando através de convênios entre a secretaria da Agricultura, Associações Rurais e o Escritório Técnico da Agricultura criou-se o ETA - projeto 17. A sua implantação foi antecedida por uma experiência de oito anos de extensão rural no Brasil, ocorrendo quase que simultaneamente a criação da ABCAR. Em conseqüência da criação desta, transformou-se em 21 de julho de 1957, na Associação de Crédito e Assistência Rural do Estado de Santa Catarina - ACARESC.

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Naquela mesma reunião, ressaltou-se a necessidade de uma investigação das condições sócio-econômicas dos agricultores e da reorganização do ensino vocacional agrícola. O ponto de partida foi a criação do ETA - projeto 17, entidade que deu origem aos trabalhos de extensão rural em Santa Catarina.

Da sua implantação até 1960, a extensão rural catarinense estava ligada ideológica, financeira e administrativamente aos Estados Unidos, comportando-se como um serviço paraestatal. A unidade de planejamento era a família, justificando assim os trabalhos desenvolvidos em relação à esposa e aos filhos dos agricultores.

Entretanto, alguns documentos confirmam que nesse período a extensão deixava de lado a ideologia da família rural, procurando atender as demandas dos setores urbanos e industriais.

Basicamente, a extensão rural, em Santa Catarina, originou-se sob o processo educativo, diferente da forma clássica, que tinha um enfoque mais fomentista desenvolvido pelo sen/iço federal. Os princípios da extensão rural americana englobavam quatro pontos fundamentais: o conhecimento da realidade; ensinar a fazer fazendo; a decisão da participação pelo próprio agricultor; a identificação com a comunidade trabalhada, colocando os interesses pessoais do extensionista em segundo plano. (Simon, 1996).

Participar no desenvolvimento do país, por meio da continua elevação da produtividade do trabalho do homem do campo, é considerado como um dos mais fortes objetivos da extensão rural de Santa Catarina.

Segundo Olinger, (1996), em seu livro. Ascensão e Decadência da Extensão Rural no Brasil, o desenvolvimento é entendido como um estado de espírito resultante de fatos concretos. É a sensação de bem-estar de cada pessoa, manifestada pela certeza de que é capaz de satisfazer determinadas

aspirações por meio da ação individual ou coletiva. O fator humano é a limitante número um do processo de desenvolvimento socio-econômico, e o progresso tecnológico é o fator mais importante no aumento da produtividade no trabalho humano. Entende-se a produtividade sob o conceito de que, além dos fatores técnicos e econômicos que influenciam no seu maior ou menor índice, é considerado, também, o fator social. Sendo assim, a ação do homem , visando ao aumento de sua capacidade produtiva , da renda e do seu bem-estar.

O serviço de extensão não é capaz de solucionar todos os problemas que atrasam ou impedem o desenvolvimento rural. Porém um bom serviço de extensão é o instrumento mais eficaz, no conjunto de instrumentos necessários ao desenvolvimento rural. Pois, segundo o provérbio chinês, “A extensão rural

nâo dá o peixe, ensina a pescar^’. (Baretta, 2000).

Para que este processo seja eficaz, ele depende do tempo que o agente permanece junto ao agricultor ou às comunidades e, também, da capacitação desse agente.

“Um bom agente de extensão não só difunde inovações úteis colhidas nos centros de pesquisa, nas universidades, nas literaturas, mas, também, aquelas obtidas dos próprios agricultores, tratando-se portanto de um processo interativo e participativo entre extensionista e produtor”. (Autor desconhecido).

Em 1980, a Embrapa publicou que estudos sobre políticas científicas demonstraram que o setor agrícola dos países subdesenvolvidos estavam atrasados em relação aos países ricos devido à escassez de produção de tecnologia, ao desperdício do pouco conhecimento produzido e à falta de políticas bem definidas. É uma verdade, à qual acrescentaríamos: no que tange às responsabilidades da pesquisa, contata-se, realmente muita tecnologia nos estabelecimentos oficiais de Pesquisa, mas pouca produção de técnicas ou conhecimentos utilizáveis, na prática, pelos agricultores; quanto à transfer6encia de técnicas, de responsabilidade da extensão, as maiores deficiências ainda se

concentram na falta ou no mau emprego de métodos educativos e na precariedade dos conhecimentos técnicos dos extensionistas, decorrentes da qualificação do ensino que receberam nos centros de ensino profissionais e da escassa disponibilidade de técnicas que propiciem resultados econômicos seguros para os agricultores.

Hoje, fala-se muito que a extensão rural, principalmente no setor público, enfrenta várias dificuldades, tanto na área de recursos, como na eficiência dos profissionais que atuam e desenvolvem as atividades, principalmente na área rural. Sabe-se no entanto que as dificuldades no setor financeiro é real, pois hoje não existe ainda uma política que incentive o desenvolvimento desse setor que para a agricultura é de fundamental importância, por isso profissionais competentes que atuam nesta área muitas vezes são barrados por estes problemas. (Baretta, 2000).

Grande parte dos problemas da extensão rural podem ser solucionados com o aumento de profissionais, porém profissionais altamente qualificados e que estejam ao par da situação e dos problemas encontrados em suas regiões. Uma das formas encontradas para solucionar estes problemas foi a descentralização das empresas de extensão, criando-se os escritórios municipais da EPAGRI (Empresa responsável pela pesquisa e assistência técnica em Santa Catarina). Pois, o melhoramento do setor publico de extensão rural poderá proporcionar uma melhoria significativa não só para o homem do campo, pois as pessoas que vivem nos grandes centros urbanos também dependem da qualidade dos produtos produzidos pelo setor agropecuário, proporcionando também o desenvolvimento científico, tecnológico, e econômico do pais.