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A fase direcionada aos camarões aristeídeos

3. MATERIAIS E MÉTODOS 1 Área de estudo 1 Área de estudo

3.3 Análise de dados

4.1.3 A fase direcionada aos camarões aristeídeos

As capturas incidentais de camarões aristeídeos descritas acima, efetuadas a mais de 500 metros em frente ao estado de São Paulo e Rio de Janeiro indicaram a presença de grandes concentrações desses recursos e chamaram a atenção para a potencialidade de exploração comercial.

Costa Grande retornou ao talude inferior somente em outubro de 2002, seis meses após sua primeira captura desses camarões, seguido por Mar Maria em maio de 2003 dando início a fase direcionada aos camarões aristeídeos (Figura 4). Em julho de 2003, Costa Grande abandonou a pescaria restando somente Mar Maria, operando até agosto de 2004. A partir dali, cinco diferentes embarcações iniciaram suas operações em águas nacionais atuando sobre os camarões aristeídeos e durante um ano, até o quarto trimestre de 2005, seis embarcações operaram simultaneamente, caracterizando o período de maior esforço concentrado nessa pescaria (Figura 4). Entre setembro e novembro de 2005 as embarcações TB1, Kayar e Lago Castiñeras deixaram as águas brasileiras, restando outras três e mais uma embarcação nacional (Noé) em operação. Favaios operou por mais um ano, até setembro de 2006, Albamar até maio de 2007, restando somente em operação Mar Maria e Noé (Figura 4).

4.1.3.1 A ocupação do talude: setores de operação

A primeira área ocupada por essas embarcações situou-se entre 22 e 26º S no setor central, quando a embarcação Costa Grande permaneceu por aproximadamente sete meses nessa área. Ao longo do período analisado, o setor central foi o mais explorado pela frota.

As operações no setor norte, ao norte de 22º S iniciaram-se efetivamente em outubro de 2004 com a chegada de Favaios, Albamar, Lago Castiñeras e Kayar (Figura 4). Essas duas últimas embarcações se concentraram principalmente nesse setor durante seu período na pescaria. O setor sul, ao sul de 26º S, foi visitado durante o ano de 2003 pela embarcação

Mar Maria que realizou algumas dezenas de lançamentos buscando encontrar novas concentrações das espécies e expandir sua área de operação. No entanto, somente em 2005 com as incursões de Lago Castiñeras e Favaios, o setor sul voltou a ser explorado, passando a ser continuamente visitado por todas as embarcações com exceção de TB1 que concentrou suas duas únicas viagens e 195 lances no setor central com algumas passagens no setor norte (Figura 4).

Figura 4: Lances de pesca diários para a captura de camarões aristeídeos no sudeste-sul do Brasil, considerando o primeiro dia de pescaria em 30/10/2002 e o último dia (1.673) em 29/05/2007. Os 56 meses decorridos bem como os anos dessa atividade estão representados na barra adicional acima do eixo x. A ordem de chegada na pescaria segue por: Costa Grande (CGR), Mar Maria (MMA), Favaios (FAV), Albamar (ALB), Lago Castiñeras (LCAST), Kayar (KAY), TB1 (TB1) e NOÉ (NOE). A última figura (TOTAL) refere-se ao somatório de todos os lances diários independente da embarcação. As linhas horizontais definem os setores de operação, Norte (18º a 22º S), Central (22º a 26º S) e Sul (26º a 34º S).

Pode-se dizer que a ocupação total do talude inferior no sudeste-sul do Brasil aconteceu a partir do início de 2005, período de exploração plena quando pelo menos seis embarcações operavam juntas para a captura dos camarões aristeídeos. Essa ocupação, desigual em termos temporais, fez necessária a análise separada de cada setor em termos de produção e esforço de pesca aplicado (Tabela 5). A produção no setor sul foi composta por camarão-carabineiro que, de maneira geral, predominou nas capturas em todos os setores de operação. O camarão-moruno, foi a segunda espécie em termos de importância nas capturas, e apareceu com o maior volume no setor central embora no ano de 2005 as capturas no setor norte tenham sido superiores. O camarão-alistado aparece com maiores volumes no setor norte, em todos os anos de pescaria (Tabela 5). O maior esforço foi aplicado no setor central com um pico no ano de 2005, quando 2.901 lances de pesca e 11.844 horas de arrasto foram aplicados nessa região. No ano de 2007 ocorreu um equilíbrio na distribuição do esforço de pesca quando os três setores foram equiparadamente ocupados.

Tabela 5: Espacialização dos dados de esforço de pesca (número de lances e horas de arrasto) e capturas (kg) das três espécies de camarões aristeídeos nos setores utilizados pela frota entre os anos de 2002 e o primeiro trimestre de 2007. Somente constam dados referentes a viagens direcionadas aos camarões-de-profundidade.

Informações adicionais sobre as operações ao norte de 18º 20’S também são apresentadas.

SETOR 2002 2003 2004 2005 2006 2007 TOTAL Legenda: lances= número de lances; h.arrasto = horas de arrasto; cara=camarão-carabineiro; alis=camarão-alistado; moru=camarão-moruno.

4.1.3.2 Os fundos de pesca

As profundidades dos lances de pesca efetuados pela frota revelaram uma faixa estreita de operação, entre 700 e 750 m que se repetiu para todos os setores de operação.

Observou-se no setor central e norte um numero significativo de lances em profundidades menores que 400 m. No setor sul esse padrão é praticamente ausente (Figura 5).

Figura 5: Profundidades dos lances de pesca, efetuados entre novembro de 2002 e maio de 2007, em cada setor de operação. A linha escura central define a mediana da distribuição enquanto as caixas delimitam os valores dentro do 2º e 3º quartil. As linhas verticais pontilhadas acima e abaixo das caixas avançam até os dados extremos localizados dentro da distância acima/abaixo do limite superior/inferior das caixas mais/menos 1,75 vezes a amplitude vertical das caixas.

A concentração do esforço de pesca em um estrato batimétrico estreito e o padrão de ocupação do talude descrito na Figura 4 levantaram suspeitas sobre a ocorrência, dentro de cada setor, de fundos de pesca localizados. Através de um exame da ocupação anual de cada setor da área de estudo foi possível perceber e delimitar esses fundos de pesca utilizados pela frota. No setor central a pescaria iniciou no ano de 2002 em um único desses fundos (Figura 6a) expandindo-se no ano de 2003 para dois outros após a entrada da embarcação Mar Maria que intensificou as operações. (Figura 6b). No ano de 2004 a entrada das cinco novas embarcações concentra ainda mais as operações nesses três fundos. (Figura 6c). Em 2005, uma nova pequena área ao norte passa a ser explorada em conjunto com as outras três (Figura 6d). Em 2006 e 2007 os fundos do setor central estão completamente ocupados e nenhum novo foi explorado nesse período (Figura 6e e 6f).

Note que os 4 fundos de pesca do setor central foram denominados C1, C2, C3 e C4 obedecendo a posição geográfica, de sul para norte, sem levar em conta a ordem de ocupação da frota (Figura 6f).

Longitude (o S)

Latitude (oO)

Figura 6: Ocupação anual do talude do setor central da área de estudo e a definição dos quatro fundos de pesca utilizados pela frota para a captura dos camarões aristeídeos e denominados de C1, C2, C3 e C4.

Constam os anos de 2002 (A) até 2007 (F).

No ano de 2004 após a entrada das cinco embarcações comentadas acima, além da intensificação das operações no setor central, a pescaria se expandiu para áreas ao norte de 22º S, já no denominado setor norte, onde dois novos fundos foram descobertos nesse mesmo ano (Figura 7a). No ano seguinte três novos fundos passam a ser explorados, sendo que um deles localiza-se no talude do Banco Besnard, o maior monte submarino da Cadeia de bancos submarinos de Vitória-Trindade (Figura 7b). Em 2006 e 2007 as operações se intensificam nas duas pequenas áreas mais ao sul desse setor formando um único fundo de pesca (Figura 7c, 7d). Assim como no setor central, os fundos do setor norte foram nomeados por N1, N2, N3 e N4 independente da ordem de ocupação da frota (Figura 7d).

Longitude (o S)

Latitude (oO)

Figura 7: Ocupação anual do talude do setor norte da área de estudo e a definição dos quatro fundos de pesca utilizados pela frota para a captura dos camarões aristeídeos e denominados de N1, N2, N3 (no monte submarino) e N4. Constam os anos 2004 (A) a 2007 (D).

No setor sul, a pescaria teve inicio efetivo no ano de 2005 sobre os três fundos de pesca descobertos pela embarcação Mar Maria no ano de 2003 (Figura 8a). Em 2006 e 2007 as operações continuaram nesse setor sem a descoberta de nenhum outro fundo de pesca. É interessante notar que apesar da proximidade entre os fundos S1 e S2 eles foram tratados diferentemente por estarem separados por um canyon submarino de grandes proporções.

Longitude (o S)

Latitude (oO)

Figura 8: Ocupação anual do talude do setor sul da área de estudo e a definição dos três fundos de pesca utilizados pela frota para a captura dos camarões aristeídeos e denominados de S1, S2 e S3. Constam os anos de 2005 (A) a 2007 (C).

Todos os fundos de pesca apresentaram tamanhos bem restritos variando entre 125 km² a 1.225 km² (Tabela 6). São pequenas áreas extremamente localizadas onde um esforço de pesca concentrado foi aplicado pela frota. A produção das três espécies e o esforço em cada fundo de pesca podem ser identificados na Tabela 6. Os fundos mais intensamente explorados foram o C2 e C3 que, se somados, atingem quase 30 mil horas de arrasto o que corresponde a quase 45% de todo o esforço dirigido a esses camarões. Esses dois fundos são os maiores em termos de área. No setor sul, os fundos S1 e S3 foram os mais utilizados enquanto no norte N2 e N3 foram o mais arrastados.

Nos fundos do setor sul o camarão-carabineiro dominou nas capturas da mesma forma que nos fundos C1, C2 e C3 do setor central e N2 e N3 do setor norte. O camarão-moruno foi mais capturado que as demais espécies nos fundos C4 e N1 enquanto que o camarão-alistado superou as outras duas espécies no fundo N4 e teve destaque no fundo N2 onde igualou-se em termos de volume capturado ao camarão-moruno.

Tabela 6: Produção, esforço de pesca e área superficial dos fundos de pesca utilizados pela frota para a captura dos camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. NA contabiliza os lances de pesca efetuados ao norte de 18º 20’S e aqueles efetuados em áreas diferentes dos fundos de pesca utilizados pela frota.

Total geral 15601 63.367,06 455.357,87 121.497,35 27.919,78

Nos setores central e norte onde também ocorrem capturas dos camarões-moruno e alistado, é interessante investigar a variação das proporções das três espécies nas capturas anuais. No setor central as capturas foram dominadas pelo camarão-carabineiro, com exceção ao fundo C4 onde o camarão-moruno foi o principal recurso capturado (Figura 9).

As proporções do camarão-alistado nas capturas são desprezíveis mas, no entanto, chama a atenção o aumento da proporção dessa espécie no ano de 2006, percebida nos fundos C1,

C2 e C3, e a maior participação no fundo C4 (Figura 9). Um fato importante que deve ser notado é a tendência de queda contínua da proporção do camarão-carabineiro percebida claramente nos fundos C1, C2 e C3 e o aumento expressivo da participação do camarão-moruno nas capturas anuais nesses mesmos fundos.

Figura 9: Participação relativa das três espécies dos camarões aristeídeos nas capturas anuais desembarcadas obtidas nos fundos de pesca do setor central (C1,C2, C3 e C4). As informações do ano de 2007 são referentes aos dois primeiros trimestres do ano.

Nos fundos do setor norte a dominância nas capturas é alternada entre as três espécies (Figura 10). No fundo N1 o camarão-moruno predomina nas capturas todos os anos e sofre uma leve queda em 2007 quando sobe a participação do camarão-carabineiro (Figura 10). No fundo N2 o camarão-carabineiro domina e apresenta uma queda ao longo dos anos com uma leve recuperação em 2007. Nesse fundo o camarão-alistado aparece com destaque e nos dois primeiros anos teve maior participação na captura que o camarão-moruno. Essa última espécie nesse mesmo fundo apresenta uma tendência de aumento da participação nas capturas, ultrapassando o camarão-alistado em 2006 e 2007 (Figura 10).

No fundo N3 a participação do camarão-alistado é desprezível e o camarão-carabineiro, que dominou no ano de 2005, dividiu meio a meio as capturas com o camarão-moruno em 2006 e voltou a predominar nas capturas de 2007 (Figura 10). No fundo N4 o camarão-alistado aparece dividindo a participação nas capturas com o camarão-carabineiro em 2004, passando a predominar em 2005 e sofrendo uma queda significativa no ano seguinte quando foi ultrapassado também pelo moruno. Nesse ano de 2006 o camarão-moruno igualou a participação na captura com o camarão-carabineiro que em 2007 dominou nos dois primeiros dois trimestres do ano (Figura 10).

Figura 10: Participação relativa das três espécies dos camarões aristeídeos nas capturas anuais desembarcadas obtidas nos fundos de pesca do setor norte (N1, N2, N3 e N4). As informações do ano de 2007 são referentes aos dois primeiros trimestres do ano.

Se analisarmos o acúmulo de cada área varrida por lance de pesca em cada fundo e compararmos a evolução desse acúmulo ao longo dos dias de exploração estaremos observando a taxa de ocupação da área dos fundos, ponderando o esforço de pesca pelo tamanho efetivo de cada fundo de pesca. A Figura 11 apresenta as curvas acumuladas

diárias da área varrida de cada lance de pesca e revela que o setor norte foi o mais intensamente explorado pelas embarcações apesar de não ter sofrido a maior concentração de esforço de pesca em termos de horas de arrasto. Os fundos N2, N3 e N4 foram completamente arrastados por pelo menos 2,5 vezes enquanto o fundo N1 por 1,5 vezes.

Ao final do segundo ano de exploração (2005) esses fundos já tinham sua área varrida por duas vezes. Para o caso do fundo N3, que passou a ser explorado na metade de 2005, a taxa de ocupação foi muito superior aos demais, uma vez que em cerca de seis meses sua área já tinha sido completamente varrida duas vezes (Figura 11a). No setor central, que sofreu a maior concentração de esforço em termos de horas de arrasto, os fundos C1, C2 e C3 foram completamente varridos por aproximadamente duas vezes. O fundo C4, que foi o último desse setor a ser ocupado teve sua área arrastada por completo 1,5 vezes em cerca de um ano de exploração (Figura 11b). No setor sul as taxas foram mais suaves e somente nos fundos S1 e S3 o acumulo das áreas varridas igualou o tamanho dos fundos de pesca (Figura 11c).

Figura 11: Curvas acumuladas de área varrida diária, ponderadas pelo tamanho de cada fundo de pesca ao longo dos dias de exploração no setor norte (A), central (B) e sul (C). As linhas verticais tracejadas mais claras definem os anos de exploração.

4.1.3.3 As estratégias de pesca

A análise individual, para cada barco, das profundidades de operação confirmou o padrão observado na Figura 5 com uma concentração de lançamentos entre 700 e 800 m de profundidade e moda centrada em torno dos 750 m. Para o caso da embarcação Costa Grande, mesmo na fase direcionada aos camarões aristeídeos, lances de pesca foram eventualmente executados no talude superior, entre 200 e 400 m, para a captura de peixes demersais (Figura 12). Isso foi observado também para a embarcação Kayar, que efetuou lançamentos em torno dos 400 metros de profundidade no setor central, onde operou de maneira predominante.

Figura 12: Distribuição de freqüência das profundidades utilizadas pelas embarcações durante a pescaria de camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. As embarcações podem ser reconhecidas pelas siglas ALB (Albamar), CGR (Costa Grande), FAV (Favaios), KAY (Kayar), LCAST (Lago Castiñeras), MMA (Mar Maria), NOE (Noé) e TB1.

A velocidade de arrasto empregada também foi uniforme entre as embarcações durante os lances de pesca, geralmente com um valor central muito próximo a 3,0 mn.hora

-1. Alguns valores extremos positivos de 4,0 a 4,5 mn.hora-1 foram observados nas operações das embarcações Kayar e com menor freqüência nas operações das embarcações Mar Maria e Albamar (Figura 13). Valores menores que 2,0 mn.hora-1 também puderam ser observados para Costa Grande e TB1 e eventualmente em Albamar, Lago Castiñeras e Mar Maria.

Figura 13: Distribuição de freqüência das velocidades de arrasto aplicadas pelas embarcações durante a pescaria de camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. As embarcações podem ser reconhecidas pelas siglas ALB (Albamar), CGR (Costa Grande), FAV (Favaios), KAY (Kayar), LCAST (Lago Castiñeras), MMA (Mar Maria), NOE (Noé) e TB1.

O tempo gasto arrastando a rede em cada lance de pesca foi muito semelhante entre as embarcações (Figura 14). Em sua grande maioria, arrastou-se em média por 4,06 h (±0,007 EP) e a variação das freqüências em torno dessa média apresentou uma tendência extremamente parecida com uma distribuição normal. No caso da embarcação Noé alguns valores maiores que 10 horas de arrasto foram registrados nos mapas de bordo pelo mestre da embarcação embora não houvesse observadores de bordo para corroborar tal declaração.

Por outro lado, a embarcação Mar Maria em alguns poucos casos também apresentou valores altos de tempo de arrasto, próximos a 10 horas.

Figura 14: Distribuição de freqüência da duração dos lances efetuados pelas embarcações durante a pescaria de camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. As embarcações podem ser reconhecidas pelas siglas ALB (Albamar), CGR (Costa Grande), FAV (Favaios), KAY (Kayar), LCAST (Lago Castiñeras), MMA (Mar Maria), NOE (Noé) e TB1.

As embarcações envolvidas nessa pescaria operaram com redes de pesca de tamanhos variáveis no que diz respeito ao comprimento da tralha superior e tamanho da malha nos ensacadores (Figura 15). A primeira variável é um componente importante na definição da abertura horizontal da ‘boca’ das redes enquanto a segunda é fundamental para se definir o tamanho dos indivíduos que serão capturados. No caso da pescaria em discussão, as embarcações operaram com redes munidas de tralhas superiores que variaram de tamanho entre 45m a 95m de comprimento sem um valor médio significativo (Figura 15a). Da mesma forma o tamanho das malhas do ensacador, medidas entre nós opostos com a malha esticada, variou entre 40 e 80 mm (Figura 15b).

Figura 15: Distribuição de freqüência das classes de tralha superior (A) e malha do ensacador (B) utilizadas nas redes de pesca para a captura dos camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. As embarcações podem ser reconhecidas pelas siglas ALB (Albamar), CGR (Costa Grande), FAV (Favaios), KAY (Kayar), LCAST (Lago Castiñeras), MMA (Mar Maria), NOE (Noé) e TB1. A linha escura central define a mediana da distribuição enquanto as caixas delimitam os valores dentro do 2º e 3º quartil. As linhas verticais pontilhadas acima e abaixo das caixas avançam até os dados extremos localizados dentro da distância acima/abaixo do limite superior/inferior das caixas mais/menos 1,75 vezes a amplitude vertical das caixas.

Como resultado da velocidade e tempo de arrasto, cada lance de pesca teve em média um comprimento, ou extensão, de cerca de 21 km, chegando a um máximo de 73 km (Kayar) (Figura 16).

Figura 16: Distribuição de freqüência das distâncias arrastadas por lance efetuado pelas embarcações durante a pescaria de camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. As embarcações podem ser reconhecidas pelas siglas ALB (Albamar), CGR (Costa Grande), FAV (Favaios), KAY (Kayar), LCAST (Lago Castiñeras), MMA (Mar Maria), NOE (Noé) e TB1.

Quando as tralhas superiores das redes de arrasto são multiplicadas pelo coeficiente de entralhamento sugerido pela FAO (X1=0,5) (SPARRE e VENEMA, 1997) essas sofrem uma redução de 50% em seu comprimento. Esse tamanho multiplicado pelo comprimento dos lances apresentados acima resulta em uma estimativa da área varrida por cada lance de pesca (Figura 17). A cada lance, em média 0,73 km² de área dos taludes era varrido pela rede. Essa média atingiu em um caso extremo 2,3 km² (Kayar) e freqüentemente ultrapassava 1 km².

Figura 17: Distribuição de freqüência da área varrida em cada lance efetuado pelas embarcações durante a pescaria de camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. As embarcações podem ser reconhecidas pelas siglas ALB (Albamar), CGR (Costa Grande), FAV (Favaios), KAY (Kayar), LCAST (Lago Castiñeras), MMA (Mar Maria), NOE (Noé) e TB1.

Sem grandes perdas de detalhamento é possível utilizar valores médios das variáveis apresentadas acima para definir a estratégia de pesca empregada pela frota arrendada de arrasto de fundo direcionada aos camarões aristeídeos. Arrastando por cerca de 4 horas, com velocidades em torno de 2,8 mn, em profundidades médias próximas a 750 m, munidas de redes com 45 a 95 m de tralha superior e malhas de 60 mm no ensacador, essas embarcações percorriam cerca de 21km arrastando uma área de 0,73 km² do talude.

4.1.3.4 As taxas de captura

Para o camarão-carabineiro os setores de operação apresentaram rendimentos similares embora o início da exploração não tenha ocorrido de maneira simultânea. A cada ano inicial de exploração, o novo setor apresentou os maiores rendimentos (Tabela 7). Em 2006 os setores norte e sul apresentaram rendimentos levemente superiores ao central, e essa tendência se manteve para o ano de 2007. A variação anual do rendimento médio (kg.hora-1) do camarão-carabineiro revelou uma queda contínua em todos os setores de operação (Tabela 7). No setor central uma variação de aproximadamente -61% ocorreu entre o ano de 2002 e 2007. Se compararmos essa variação em relação a 2006 a queda foi de aproximadamente -66%. No setor norte, explorado a partir de 2004, a variação negativa do rendimento ocorreu até 2006 (-36%) e em 2007 um pequeno incremento de 13% em relação a 2006 ocorreu. No setor sul, explorado a partir de 2005, uma queda de 26% foi observada em 2006 mantendo um patamar estável em 2007.

Tabela 7: Variação anual do rendimento médio (kg.hora-1) do camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) em cada setor de operação, obtidos a partir das capturas realizadas pela frota arrendada de arrasto-de-fundo. Entre parênteses estão os valores de erro padrão da média (±).

Ano Central rendimentos de camarão-carabineiro ocorrendo durante o quarto trimestre em todos os anos no setor central (Figura 18a). Uma queda de 54% do rendimento no quarto trimestre

Ano Central rendimentos de camarão-carabineiro ocorrendo durante o quarto trimestre em todos os anos no setor central (Figura 18a). Uma queda de 54% do rendimento no quarto trimestre

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