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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ RODRIGO DALLAGNOLO

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

RODRIGO DALLAGNOLO

A PESCA DE CAMARÕES-DE-PROFUNDIDADE (ARISTEIDAE) NA REGIÃO SUDESTE-SUL DO BRASIL: AVALIAÇÃO DA DINÂMICA DE BIOMASSA

COMO FERRAMENTA PARA GESTÃO

ITAJAÍ, SC

Março de 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

RODRIGO DALLAGNOLO

A PESCA DE CAMARÕES-DE-PROFUNDIDADE (ARISTEIDAE) NA REGIÃO SUDESTE-SUL DO BRASIL: AVALIAÇÃO DA DINÂMICA DE BIOMASSA

COMO FERRAMENTA PARA GESTÃO

Dissertação apresentada como requisito final à obtenção do título de Mestre em Ciências e Tecnologia Ambiental, Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência e Tecnologia Ambiental, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar, Universidade do Vale do Itajaí.

Orientador: Dr. José Angel Alvarez Perez

ITAJAÍ, SC

Março de 2008

(3)
(4)

À Priscila, por permanecer ao meu lado nos momentos difíceis que passamos durante essa etapa.

Pela paciência, por acreditar nos meus sonhos e me

ajudar a não desitir. Por entender a minha ausência

e minha perda de memória nos últimos meses. Você

é co-autora desse trabalho.

(5)

Agradecimentos

Agradeço a oportunidade e a confiança dos professores Dr. José Angel Alvarez Perez e Dr.

Paulo Ricardo Pezzuto ao me concederam a tarefa e a chance especial de lidar com esse tema de mestrado. A essas pessoas agradeço também os ensinamentos e exemplo profissional ao lidar com a pesca no Brasil, pela chance de assistir e participar das reuniões do subcomitê científico e por demonstrarem através de ações e comportamentos que é preciso fazer acontecer. Políticos e administradores não lêem artigos científicos.

Agradeço aos colegas Richard Schwarz, Rafael Schroeder, Luis Augusto Ebert, Rodrigo Sant’ana, Martin Coachman Dias, Ludmilla Veado e Francisco Wambar (futuro ministro da pesca da Guiné Bissau). Agradecimentos também para Thais Rutkowsky promoter oficial do laboratório, pelo barulho imenso e agito que fez enquanto eu precisava de silêncio e concentração ... minha vingança será maligna. Também a Rodrigo Claudino dos Santos pela ajuda nas análises espaciais. Ao professor Humber Agrelli Andrade por ter me apresentado as primeiras noções de pesca, o programa R e pela disposição em sempre ajudar no que for preciso. Ao Fernando de Pol Mayer, ser do futuro, vivente da Galáxia Elíptica M32 e líder da revolução que está a caminho, que me ajudou imensamente com os mlg’s, duvidas no R, estatística e tudo mais. Aos professores Roberto Wahrlich, André Barreto, Paulo Ricardo Schwingel e também a Patrício Arana pelos comentários a respeito da área varrida e modelos de depleção.

Agradeço também a todos os observadores de bordo que bravamente embarcaram nesses barcos estrangeiros e realizaram um trabalho merecedor de todo respeito, coletando os dados utilizados nessa dissertação. À toda equipe do GEP, em especial ao Fábio “Sumô” e a Gislei Bail na padronização das planilhas dos observadores.

Novamente agradeço ao meu mentor Angel pelas orientações, desorientações e reorientações ao longo desses anos, pelas aulas de biopesca, pelas conversas, a paciência em explicar várias vezes a mesma coisa e depois explicar novamente.

Agradeço a minha família e do lugar de onde vim. Aos meus pais queridos que me apóiam

incondicionalmente, fica registrada toda minha gratidão pelos exemplos que são. Agradeço

à Priscila por tudo que faz e agradecerei novamente, pessoalmente, a cada dia por toda a

vida.

(6)

SUMÁRIO

SUMÁRIO... VI LISTA DE TABELAS ...VIII LISTA DE FIGURAS... XI RESUMO... XVI ABSTRACT... XVII

1. INTRODUÇÃO...1

2. OBJETIVOS ...12

2.1 Geral...12

2.2 Específicos ...12

3. MATERIAIS E MÉTODOS ...13

3.1 Área de estudo...13

3.2 Fonte de dados ...14

3.3 Análise de dados ...16

3.3.1 Descrição da Pescaria ...16

3.3.1.1 Produção e taxas de captura ...17

3.3.1.2 Dinâmica da frota e definição dos fundos de pesca ...17

3.3.1.3 Estratégias de pesca ...18

3.3.2 Avaliação de Estoque ...19

3.3.2.1 Estimativa da biomassa explotável...19

3.3.2.2 Dinâmica de biomassa...25

3.3.3 Estimativas de Rendimentos Sustentáveis ...27

3.3.3.1 Rendimentos potenciais a partir de parâmetros do ciclo de vida...27

3.3.3.2 Parâmetros do ciclo de vida dos camarões aristeídeos...29

3.3.3.3 Estimativas do tamanho de primeira captura (l

c

)...30

3.3.4 Manejo e Gestão da Pescaria ...32

3.3.4.1 Definição dos Pontos de Referência...32

3.3.4.2 Diagnóstico da Pescaria ...36

4. RESULTADOS ...37

4.1 Descrição da Pescaria ...37

4.1.1 Frota atuante e produção total desembarcada...37

4.1.2 Desenvolvimento da pescaria: capturas incidentais ...39

4.1.3 A fase direcionada aos camarões aristeídeos...43

4.1.3.1 A ocupação do talude: setores de operação ...43

4.1.3.2 Os fundos de pesca ...47

4.1.3.3 As estratégias de pesca ...57

4.1.3.4 As taxas de captura...63

4.2 Avaliação de Estoque ...68

4.2.1 Estimativas da Biomassa Explotável ...68

4.2.1.1 Experimentos de depleção e eficiência das redes de arrasto...68

4.2.1.2 Área varrida e as estimativas de biomassa...76

4.2.2 Dinâmica de Biomassa ...97

4.2.2.1 Análise exploratória dos dados ...97

4.2.2.2 Transformação das covariáveis contínuas em categóricas ...100

4.2.2.3 A distribuição apropriada da variável resposta ...102

4.2.2.4 Avaliação dos resíduos dos modelos finais...103

4.2.2.5 Seleção das covariáveis e análises de variância ...105

4.2.2.6 Estimativa dos coeficientes dos fatores ...107

4.3 Estimativas de Rendimentos Sustentáveis ...116

4.3.1 Tamanho de primeira captura (lc) ...116

4.3.2 Parâmetros do ciclo de vida ...124

4.3.3 Potenciais de rendimento sustentável...125

4.4 Manejo e Gestão da Pescaria ...130

4.4.1 Pontos de Referência ...130

4.4.2 Diagnóstico da Pescaria ...132

4.4.2.1 Frota e esforço de pesca ...132

(7)

4.4.2.1 Estado do Estoque ...133

4.4.2.2 Aspectos biológicos...136

4.4.2.2 Aspectos ecológicos ...136

4.4.3 Proposta de Gestão ...139

4.4.3.1 Unidade de manejo e temporada de pesca ...139

4.4.3.2 Pontos de referência ...140

4.4.3.3 Captura e esforço de pesca...142

4.4.3.4 Aspectos tecnológicos ...143

5. DISCUSSÃO ...144

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...154

REFERÊNCIAS...156

ANEXOS...168

(8)

Lista de Tabelas

Tabela 1: Constantes de proporcionalidade da relação entre RMS/ExB

0

, RMS/B

0

e M quando o recrutamento é constante para diferentes valores de lc e M/K. Reproduzido de Kirkwood et al. (1994). ... 29 Tabela 2: Sumário contendo a descrição física e operacional das embarcações que capturaram camarões aristeídeos entre outubro de 2000 e o primeiro trimestre de 2007. O total de número de viagens, lances e horas de arrasto só incluem as viagens direcionadas aos camarões aristeídeos, excluindo do somatório as operações das embarcações Joana e Nuevo Apenino. As viagens das embarcações Mar Maria (1 a 4) e Costa Grande (1 a 5) direcionada a peixes demersais no talude superior também não foram contabilizadas. ... 38 Tabela 3: Capturas (kg) e esforço de pesca anual, em horas de arrasto e número de lances, dos camarões aristeídeos durante a pescaria direcionada e a fase de capturas incidentais (*). As informações referentes ao ano de 2007 são parciais, somente referentes até o segundo trimestre daquele ano. ... 39 Tabela 4: Sumário das capturas incidentais de camarões aristeídeos realizadas entre o ano 2000 e 2002 que motivaram o início efetivo da pescaria direcionada. A captura da embarcação Mar Maria foi feita na região norte do Brasil... 39 Tabela 5: Espacialização dos dados de esforço de pesca (número de lances e horas de arrasto) e capturas (kg) das três espécies de camarões aristeídeos nos setores utilizados pela frota entre os anos de 2002 e o primeiro trimestre de 2007. Somente constam dados referentes a viagens direcionadas aos camarões-de-profundidade.

Informações adicionais sobre as operações ao norte de 18º 20’S também são apresentadas... 46 Tabela 6: Produção, esforço de pesca e área superficial dos fundos de pesca utilizados pela frota para a captura dos camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. NA contabiliza os lances de pesca efetuados ao norte de 18º 20’S e aqueles efetuados em áreas diferentes dos fundos de pesca utilizados pela frota... 52 Tabela 7: Variação anual do rendimento médio (kg.hora

-1

) do camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) em cada setor de operação, obtidos a partir das capturas realizadas pela frota arrendada de arrasto-de-fundo. Entre parênteses estão os valores de erro padrão da média ( ± ). ... 63 Tabela 8: Variação anual do rendimento médio (kg.hora

-1

) do camarão-moruno (Aristaeomorpha foliacea) em cada setor de operação, obtidos a partir das capturas realizadas pela frota arrendada de arrasto-de-fundo.

Entre parênteses estão os valores de erro padrão da média ( ± )... 65 Tabela 9: Variação anual do rendimento médio (kg.hora

-1

) do camarão-alistado (Aristeus antillensis) em cada setor de operação, obtidos a partir das capturas realizadas pela frota arrendada de arrasto-de-fundo. Entre parênteses estão os valores do erro padrão da média ( ± )... 67 Tabela 10: Sumário dos cenários de depleção de camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) no talude do sudeste-sul do Brasil identificados entre 2002 e 2007 nos três setores de exploração. São apresentados os números mínimo e máximo de dias e lances observados nos n cenários dentro dos setores. a= valor médio do parâmetro que define a elevação do modelo; b= valor médio do parâmetro que define a declividade do modelo. Entre parênteses é apresentado o erro padrão da média ( ± )... 69 Tabela 11: Estatísticas sobre a eficiência das redes utilizadas para a captura dos camarões aristeídeos em cada setor de operação. Em negrito são apresentados os valores considerados para as estimativas de biomassa total pelo método de área varrida... 75 Tabela 12: Sumário com informações sobre as densidades médias, intervalos de confiança e estimativas de biomassa de camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) nos fundos de pesca utilizados pela frota de arrasto-de-fundo. Dens.med= densidade média; Valor t.= valor de t de student para 95% de confiança;

Dens.sup= Intervalo superior da densidade média; Dens.inf= Intervalo inferior da densidade média; Bio.inf=

(9)

Intervalo inferior da biomassa média; Bio.med= biomassa média; Bio.sup= Intervalo superior da biomassa média; Cap. Total= captura total; n=número de lances que compuseram os cálculos. ... 80 Tabela 13: Estimativas de biomassa absoluta de carmarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) a cada ano de pesca e em cada setor de operação. Adicionalmente a captura total observada em cada caso é apresentada e entre parênteses a taxa de remoção de biomassa. Bio.sup= Intervalo superior da biomassa média; Bio.med=

biomassa média; Bio.inf = Intervalo inferior da biomassa média; Cap.tot. = captura total. ... 83 Tabela 14: Sumário das densidades e estimativas de biomassa de camarão-moruno (Aristaeomorpha foliacea) nos fundos de pesca utilizados pela frota de arrasto-de-fundo. Dens.mín = densidade mínima observada;

Dens.max= densidade máxima observada; Dens.ref= densidade referencia; Desvio iqr= desvio interquantil;

Dens.sup= Intervalo superior da densidade de referência; Dens.inf= Intervalo inferior da densidade de referência; Bio.inf= Intervalo inferior da biomassa de referência; Bio.ref= biomassa referência; Bio.sup=

Intervalo superior da biomassa de referência; Cap. total= captura total. ... 88 Tabela 15: Estimativas de biomassa absoluta de camarão-moruno (Aristaeomorpha foliacea) a cada ano de pesca e em cada setor de operação. Adicionalmente a captura total observada em cada caso é apresentada e entre parênteses a taxa de remoção de biomassa. Bio.sup= Intervalo superior da biomassa média; Bio.med=

biomassa média; Bio.inf = Intervalo inferior da biomassa média; Cap.tot. = captura total. ... 90 Tabela 16: Sumário das densidades e estimativas de biomassa de camarão-alistado (Aristeus antillensis) nos fundos de pesca utilizados pela frota de arrasto-de-fundo. Dens.mín = densidade mínima observada;

Dens.max= densidade máxima observada; Dens.ref= densidade referencia; Desvio iqr= desvio interquantil;

Dens.sup= Intervalo superior da densidade de referência; Dens.inf= Intervalo inferior da densidade de referência; Bio.inf= Intervalo inferior da biomassa de referência; Bio.ref= biomassa referência; Bio.sup=

Intervalo superior da biomassa de referência; Cap. total= captura total. ... 94

Tabela 17: Estimativa de biomassa absoluta de camarão-alistado (Aristeus antillensis) a cada ano de pesca no

setor norte. Adicionalmente a captura total observada em cada caso é apresentada e entre parênteses a taxa de

remoção de biomassa. Bio.sup= Intervalo superior da biomassa média; Bio.med= biomassa média; Bio.inf =

Intervalo inferior da biomassa média; Cap.tot. = captura total ... 95

Tabela 18: Definição dos níveis das covariáveis contínuas quando transformadas em categóricas, ressaltando

em negrito os níveis de referência. ... 102

Tabela 19: Sumário da análise de variância (ANOVA) realizada com as estimativas dos fatores considerados

no Modelo Linear Generalizado aplicado a variável transformada (logaritmo natural da CPUE) para o setor

central incluindo as interações. GL= Graus de Liberdade; GL Resid=Graus de Liberdade Residual; Dev,

Resid.=Deviância Residual; F= estatística F de Fisher; Pr(>F)= probabilidade; Red. Dev.=Redução

percentual da Deviância... 106

Tabela 20: Sumário da análise de variância (ANOVA) realizada com as estimativas dos fatores considerados

no Modelo Linear Generalizado aplicado a variável transformada (logaritmo natural da CPUE) para o setor

norte incluindo as interações. GL= Graus de Liberdade; GL Resid=Graus de Liberdade Residual; Dev,

Resid.=Deviância Residual; F= estatística F de Fisher; Pr(>F)= probabilidade; Red. Dev.=Redução

percentual da Deviância... 107

Tabela 21: Sumário da análise de variância (ANOVA) realizada com as estimativas dos fatores considerados

no Modelo Linear Generalizado aplicado a variável transformada (logaritmo natural da CPUE) para o setor

sul incluindo as interações. GL= Graus de Liberdade; GL Resid.=Graus de Liberdade Residual; Dev,

Resid.=Deviância Residual; F= estatística F de Fisher; Pr(>F)= probabilidade; Red. Dev.=Redução

percentual da Deviância... 107

Tabela 22: Resultado do Modelo Linear Generalizado para as covariáveis consideradas incluindo as

interações, aplicado na área central. t= t-student; Pr= probabilidade. ... 109

Tabela 23: Resultado do Modelo Linear Generalizado para as covariáveis consideradas incluindo as

interações, aplicado na área norte. t= t-student; Pr= probabilidade. ... 112

(10)

Tabela 24: Resultado do Modelo Linear Generalizado para as covariáveis consideradas incluindo as interações, aplicado na área sul. t= t-student; Pr= probabilidade... 114 Tabela 25: Sumário dos menores tamanhos de primeira captura (lc

min

) calculados e tamanhos máximos (l

máx

) observados nas capturas para o camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana), camarão-moruno (Aristaeomorpha foliacea) e camarão-alistado (Aristeus antillensis). ... 123 Tabela 26: Parâmetros de ciclo de vida estimados para o “gambero rosso” (Aristaeomorpha foliacea) e para

“gamba rosada” (Aristeus antennatus) obtidos a partir de Papaconstantinou e Kapiris (2003; 2001) e para fêmeas de camarão-rosa (Farfantepenaeus brasiliensis) obtidos a partir de Leite Jr. e Petrere Jr. (2006).

M=taxa de mortalidade natural por ano; K=parâmetro do modelo de crescimento de von Bertalanffi referente a velocidade de crescimento da espécie; Z=taxa de mortalidade total por ano; L

= tamanho assintótico do modelo de crescimento de von Bertalanffy. *parâmetros adotados para o camarão-alistado (Aristeus antillensis)... 124 Tabela 27: Estimativas dos potenciais de produção sustentável do camarão-moruno (Aristaeomorpha foliacea), camarão-alistado (Aristeus antillensis) e camarão-rosa (Fafantepenaeus brasiliensis) a partir dos parâmetros do ciclo de vida. ... 126 Tabela 28: Estimativas de biomassa (kg) do camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) a partir do método de área varrida para as parcelas do estoque distribuídas nos três setores de operação e para todo o Sudeste-Sul do Brasil. Essas estimativas corrigidas pelos coeficientes produzidos pelos MLGs de cada setor são apresentadas na segunda parte da tabela (8ª linha). Entre parênteses estão os valores de intervalo de confiança (95%)... 131 Tabela 29: Pontos Limite de Referência calculados para o diagnóstico do estado do estoque do camarão- carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana). Apresentam-se as estimativas para as parcela do estoque em cada setor de operação da frota (Central, Norte e Sul) e para todo o sudeste-sul do Brasil... 132 Tabela 30: Informações médias anuais das operações das embarcações de arrasto-de-fundo durante a pescaria dos camarões aristeídeos. As embarcações Mar Maria e Noé continuam a exploração desses camarões enquanto Albamar apresenta interesse em voltar a operar em águas brasileiras. A categoria

“Peixes” inclui o peixe-sapo (Lophius gastrophysus), a merluza (Merluccius hubbsi) e a abrótea-de-

profundidade (Urophycis cirrata)... 133

Tabela 31: Indicadores do estado do estoque do camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) em relação

a parcela do estoque em cada setor de operação da frota (Central, Norte e Sul) e para todo o sudeste-sul do

Brasil. Esse diagnóstico é apresentado para os anos de 2006 e 2007. Os indicadores são: B

t

= Biomassa total

no ano t ; MLG

t

= coeficiente de abundância estimado pelo Modelo Linear Generalizado; CPUE= Captura por

Unidade de Esforço; B

RMS

= Biomassa que gera o Rendimento Máximo Sustentável; MLG

RMS

= Coeficiente de

Abundância do Rendimento Máximo Sustentável; CPUE

RMS

= Captura por Unidade de Esforço do

Rendimento Máximo Sustentável;... 134

Tabela 32: Estimativas de biomassa (kg) do camarão-moruno (Aristaeomorpha foliacea) a partir do método

de área varrida para as parcelas do estoque distribuídas no setor central e norte e o somatório desses setores

(total). Entre parênteses estão os valores de intervalo de confiança (95%) ... 137

Tabela 33: Zonas de identificação do estado do estoque, critérios de diagnóstico, pontos de referência e ações

recomendadas para o ordenamento da pescaria dos camarões aristeídeos... 141

(11)

Lista de Figuras

Figura 1: Área de estudo na região Sudeste-Sul do Brasil, com destaque para o talude continental (linhas continuas) entre 200 m e 1000 m de profundidade (linhas espaçadas a cada 100 m) e os limites latitudinais dos setores de operação da pesca de arrasto de talude. Abreviados estão os nomes dos principais estados inseridos na região de estudo. ... 13 Figura 2: Representação esquemática da metodologia empregada para a determinação do tamanho de primeira captura (lc) dos camarões aristeídeos a partir da estrutura de comprimento de carapaça (A), com indicação do L’, e o ajuste das proporções a um modelo logístico (B) com indicação do ponto de inflexão que define o lc. ... 31 Figura 3: Posições de todos os lances de pesca (esquerda) e dos lances de pesca com capturas incidentais dos camarões aristeídeos (direita) efetuadas pelas embarcações Joana (A e B), Costa Grande (C e D) e Nuevo Apenino (E e F)... 42 Figura 4: Lances de pesca diários para a captura de camarões aristeídeos no sudeste-sul do Brasil, considerando o primeiro dia de pescaria em 30/10/2002 e o último dia (1.673) em 29/05/2007. Os 56 meses decorridos bem como os anos dessa atividade estão representados na barra adicional acima do eixo x. A ordem de chegada na pescaria segue por: Costa Grande (CGR), Mar Maria (MMA), Favaios (FAV), Albamar (ALB), Lago Castiñeras (LCAST), Kayar (KAY), TB1 (TB1) e NOÉ (NOE). A última figura (TOTAL) refere-se ao somatório de todos os lances diários independente da embarcação. As linhas horizontais definem os setores de operação, Norte (18º a 22º S), Central (22º a 26º S) e Sul (26º a 34º S). ... 45 Figura 5: Profundidades dos lances de pesca, efetuados entre novembro de 2002 e maio de 2007, em cada setor de operação. A linha escura central define a mediana da distribuição enquanto as caixas delimitam os valores dentro do 2º e 3º quartil. As linhas verticais pontilhadas acima e abaixo das caixas avançam até os dados extremos localizados dentro da distância acima/abaixo do limite superior/inferior das caixas mais/menos 1,75 vezes a amplitude vertical das caixas... 47 Figura 6: Ocupação anual do talude do setor central da área de estudo e a definição dos quatro fundos de pesca utilizados pela frota para a captura dos camarões aristeídeos e denominados de C1, C2, C3 e C4.

Constam os anos de 2002 (A) até 2007 (F)... 49

Figura 7: Ocupação anual do talude do setor norte da área de estudo e a definição dos quatro fundos de pesca

utilizados pela frota para a captura dos camarões aristeídeos e denominados de N1, N2, N3 (no monte

submarino) e N4. Constam os anos 2004 (A) a 2007 (D)... 50

Figura 8: Ocupação anual do talude do setor sul da área de estudo e a definição dos três fundos de pesca

utilizados pela frota para a captura dos camarões aristeídeos e denominados de S1, S2 e S3. Constam os anos

de 2005 (A) a 2007 (C). ... 51

Figura 9: Participação relativa das três espécies dos camarões aristeídeos nas capturas anuais desembarcadas

obtidas nos fundos de pesca do setor central (C1,C2, C3 e C4). As informações do ano de 2007 são

referentes aos dois primeiros trimestres do ano. ... 53

Figura 10: Participação relativa das três espécies dos camarões aristeídeos nas capturas anuais desembarcadas

obtidas nos fundos de pesca do setor norte (N1, N2, N3 e N4). As informações do ano de 2007 são referentes

aos dois primeiros trimestres do ano... 54

Figura 11: Curvas acumuladas de área varrida diária, ponderadas pelo tamanho de cada fundo de pesca ao

longo dos dias de exploração no setor norte (A), central (B) e sul (C). As linhas verticais tracejadas mais

claras definem os anos de exploração... 56

Figura 12: Distribuição de freqüência das profundidades utilizadas pelas embarcações durante a pescaria de

camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. As embarcações podem ser reconhecidas pelas

(12)

siglas ALB (Albamar), CGR (Costa Grande), FAV (Favaios), KAY (Kayar), LCAST (Lago Castiñeras), MMA

(Mar Maria), NOE (Noé) e TB1. ... 57

Figura 13: Distribuição de freqüência das velocidades de arrasto aplicadas pelas embarcações durante a

pescaria de camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. As embarcações podem ser

reconhecidas pelas siglas ALB (Albamar), CGR (Costa Grande), FAV (Favaios), KAY (Kayar), LCAST (Lago

Castiñeras), MMA (Mar Maria), NOE (Noé) e TB1. ... 58

Figura 14: Distribuição de freqüência da duração dos lances efetuados pelas embarcações durante a pescaria

de camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. As embarcações podem ser reconhecidas

pelas siglas ALB (Albamar), CGR (Costa Grande), FAV (Favaios), KAY (Kayar), LCAST (Lago Castiñeras),

MMA (Mar Maria), NOE (Noé) e TB1. ... 59

Figura 15: Distribuição de freqüência das classes de tralha superior (A) e malha do ensacador (B) utilizadas

nas redes de pesca para a captura dos camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. As

embarcações podem ser reconhecidas pelas siglas ALB (Albamar), CGR (Costa Grande), FAV (Favaios),

KAY (Kayar), LCAST (Lago Castiñeras), MMA (Mar Maria), NOE (Noé) e TB1. A linha escura central

define a mediana da distribuição enquanto as caixas delimitam os valores dentro do 2º e 3º quartil. As linhas

verticais pontilhadas acima e abaixo das caixas avançam até os dados extremos localizados dentro da

distância acima/abaixo do limite superior/inferior das caixas mais/menos 1,75 vezes a amplitude vertical das

caixas. ... 60

Figura 16: Distribuição de freqüência das distâncias arrastadas por lance efetuado pelas embarcações durante

a pescaria de camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. As embarcações podem ser

reconhecidas pelas siglas ALB (Albamar), CGR (Costa Grande), FAV (Favaios), KAY (Kayar), LCAST (Lago

Castiñeras), MMA (Mar Maria), NOE (Noé) e TB1. ... 61

Figura 17: Distribuição de freqüência da área varrida em cada lance efetuado pelas embarcações durante a

pescaria de camarões aristeídeos entre novembro de 2002 e maio de 2007. As embarcações podem ser

reconhecidas pelas siglas ALB (Albamar), CGR (Costa Grande), FAV (Favaios), KAY (Kayar), LCAST (Lago

Castiñeras), MMA (Mar Maria), NOE (Noé) e TB1. ... 62

Figura 18: Variação trimestral do rendimento médio (kg.hora

-1

) de camarão-carabineiro (Aristaeopsis

edwardsiana) ao longo dos anos de pescaria para o setor central (A), norte (B) e sul (C). As barras verticais

representam o erro padrão da média. ... 65

Figura 19: Variação trimestral do rendimento médio (kg.hora

-1

) de camarão-moruno (Aristaeomorpha

foliacea) ao longo dos anos de pescaria para o setor central (A) e norte (B). As barras verticais representam o

erro padrão da média... 66

Figura 20: Variação trimestral do rendimento médio (kg.hora

-1

) de camarão-alistado (Aristeus antillensis) ao

longo dos anos de pescaria para o setor central (A) e norte (B). As barras verticais representam o erro padrão

da média... 68

Figura 21: Exemplificação de cenários de depleção do camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana). A

linha tracejada representa uma das regressões aplicada em cada cenário e são apresentadas as equações

resultantes. ... 70

Figura 22: Distribuição de eficiências das redes de pesca utilizadas pela frota arrendada de arrasto de fundo

para a captura do camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) nos fundos de pesca do setor sul obtidas a

partir de experimentos de depleção... 72

Figura 23: Distribuição de eficiências das redes de pesca utilizadas pela frota arrendada de arrasto de fundo

para a captura do camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) nos fundos de pesca do setor central

obtidas a partir de experimentos de depleção. ... 73

(13)

Figura 24: Distribuição de eficiências das redes de pesca utilizadas pela frota arrendada de arrasto de fundo

para a captura do camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) nos fundos de pesca do setor norte obtidas

a partir de experimentos de depleção... 74

Figura 25: Eficiência das redes de pesca utilizadas na captura do camarão-carabineiro (Aristaeopsis

edwardsiana). A linha escura central define a mediana da distribuição enquanto as caixas delimitam os

valores dentro do 2º e 3º quartil. As linhas verticais pontilhadas acima e abaixo das caixas avançam até os

dados extremos localizados dentro da distância acima/abaixo do limite superior/inferior das caixas

mais/menos 1,75 vezes a amplitude vertical das caixas... 75

Figura 26: Distribuição de densidades (kg/km²) do camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) no fundo

de pesca C3 do setor central. As densidades estão corrigidas pela eficiência média das redes utilizadas nesse

setor (X

1

=0,47)... 77

Figura 27: Variação anual da biomassa absoluta do camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana)

disponível a pesca no setor central (A), norte (B) e sul (C). A linha continua entre as linhas tracejadas

representa a biomassa média enquanto as linhas tracejadas representam o intervalo de confiança (95%). A

linha contínua sozinha representa a taxa de remoção de biomassa e sua escala pode ser observada no eixo da

direita. ... 84

Figura 28: Distribuição de densidades (kg/km²) do camarão-moruno (Aristaeomorpha foliacea) no fundo de

pesca C3 do setor central. As densidades estão corrigidas pela eficiência média das redes utilizadas nesse

setor (X

1

=0,47). ... 86

Figura 29: Variação anual da biomassa absoluta do camarão-moruno (Aristaeomorpha foliacea) disponível a

pesca no setor central (A) e norte (B). A linha continua entre as linhas tracejadas representa a biomassa

média e as linhas tracejadas representam o intervalo interquantil. A linha contínua sozinha representa a taxa

de remoção de biomassa e sua escala pode ser observada no eixo da direita. ... 91

Figura 30: Distribuição de densidades (kg/km²) do camarão-alistado (Aristeus antillensis) no fundo de pesca

N4 do setor norte. As densidades estão corrigidas pela eficiência média das redes utilizadas nesse setor

(X

1

=0,49). ... 92

Figura 31: Variação anual da biomassa absoluta do camarão-alistado (Aristeus antillensis) disponível a pesca

no setor norte. A linha continua entre as linhas tracejadas representa a biomassa média e as linhas tracejadas

representam o intervalo de confiança (95%). A linha contínua sozinha representa a taxa de remoção de

biomassa e sua escala pode ser observada no eixo da direita... 95

Figura 32: Densidades (kg/km²) anuais das três espécies de camarões aristeídeos nos fundos do setor central

(C1, C2, C3 e C4) e norte (N1, N2, N3, N4). ... 97

Figura 33: Representação do logaritmo natural da CPUE (kg/hora) e dos dados fora do padrão (círculos

vazados) disconsiderados na aplicação dos GLMs. A linha escura central define a mediana da distribuição

enquanto as caixas delimitam os valores dentro do 2º e 3º quartil. As linhas verticais pontilhadas acima e

abaixo das caixas avançam até os dados extremos localizados dentro da distância acima/abaixo do limite

superior/inferior das caixas mais/menos 1,75 vezes a amplitude vertical das caixas... 98

Figura 34: Relações entre algumas variáveis explicativas do modelo com a variável resposta (logaritmo

natural da CPUE) para a identificação de dados discrepantes. ... 99

Figura 35: Relação entre as variáveis ‘horas de arrasto’ e ‘distância arrastada’ exemplificando o único caso

de redundância entre as variáveis explicativas do modelo lognormal. A variável ‘distância arrastada’ foi

excluída da análise. Um teste de correlação foi aplicado baseando-se na hipótese de igualdade 0 entre as

variáveis e foi rejeitada com 95% de confiança. A equação da reta e os valores de r de Spearman’s e de p são

apresentados... 100

Figura 36: Distribuição das variáveis contínuas incluídas no modelo lognormal apresentadas em forma de

histogramas e box-whisker... 101

(14)

Figura 37: Distribuição de freqüência da CPUE (kg.hora

-1

) (A) e do logaritmo natural da CPUE (B) do

camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) capturado pela frota arrendada de arrasto de fundo entre

novembro de 2002 e maio de 2007. ... 103

Figura 38: Relação entre os resíduos e os valores preditos dos Modelos Lineares Generalizados aplicados

para o setor central (A), norte (B) e sul (C)... 104

Figura 39: Distribuição de freqüência dos resíduos dos Modelos Lineares Generalizados aplicados para os

setores central (A), norte (B) e sul (C). ... 104

Figura 40: Relações entre quartis teóricos e amostrais dos Modelos Lineares Generalizados aplicados ao setor

central (A), norte (B) e sul (C). Os quartis teóricos são baseados em uma distribuição de probabilidade

normal padrão enquanto que os quartis amostrais representam a distribuição dos resíduos dos modelos... 105

Figura 41: Variação da CPUE bruta (linha contínua) e escalonada (linha pontilhada) do camarão-carabineiro

(Aristaeopsis edwardsiana) para cada covariável mantida no Modelo Linear Generalizado aplicado ao setor

central. A CPUE escalonada é definida através da divisão da estimativa de cada nível do fator pela estimativa

do primeiro nível... 110

Figura 42: Variação da CPUE bruta (linha contínua) e escalonada (linha pontilhada) do camarão-carabineiro

(Aristaeopsis edwardsiana) para cada covariável mantida no Modelo Linear Generalizado aplicado ao setor

norte. A CPUE escalonada é definida através da divisão da estimativa de cada nível do fator pela estimativa

do primeiro nível... 113

Figura 43: Variação da CPUE bruta (linha contínua) e escalonada (linha pontilhada) do camarão-carabineiro

(Aristaeopsis edwardsiana) para cada covariável mantida no Modelo Linear Generalizado aplicado ao setor

sul. A CPUE escalonada é definida através da divisão da estimativa de cada nível do fator pela estimativa do

primeiro nível... 115

Figura 44: Proporção entre o peso da amostra (kg) e o peso da captura (kg) em cada lance de pesca para o

camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) (A), o camarão-moruno (Aristaeomorpha foliacea) (B) e o

camarão-alistado (Aristeus antillensis) (C)... 116

Figura 45: Distribuição de freqüência de comprimento de carapaça (mm) de machos (primeira linha - A, B e

C) e fêmeas (segunda linha - D, E e F) do camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) (coluna direita -

A e D), do camarão-moruno (Aristaeomorpha foliacea) (coluna do meio - B e E) e do camarão-alistado

(Aristeus antillensis) (coluna da esquerda - C e F). ... 117

Figura 46: Estrutura de tamanho (barras verticais) de machos (A, B, C) e fêmas (D, E, F) do camarão-

carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) e curva de seletividade (linhas tracejadas) para as diferentes classes

de malhas utilizadas nos ensacadores das redes de arrasto. ... 118

Figura 47: Estrutura de tamanho (barras verticais) de machos (A, B, C) e fêmas (D, E, F) do camarão-moruno

(Aristaeomorpha foliacea) e curva de seletividade (linhas tracejadas) para as diferentes classes de malhas

utilizadas nos ensacadores das redes de arrasto. ... 119

Figura 48: Estrutura de tamanho (barras verticais) de machos (A, B, C) e fêmas (D, E, F) do camarão-alistado

(Aristeus antillensis) e curva de seletividade (linhas tracejadas) para as diferentes classes de malhas utilizadas

nos ensacadores das redes de arrasto. ... 120

Figura 49: Tamanho de primeira captura e amplitude de seleção (barras verticais) para as três classes de

malha do ensacador para o camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) (A), camarão-moruno

(Aristaeomorpha foliacea) (B) e camarão-alistado (Aristeus antillensis) (C)... 121

Figura 50: Tamanho de primeira captura e amplitude de seleção (barras verticais) em cada fundo de pesca

para o camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) (A), camarão-moruno (Aristaeomorpha foliacea) (B)

e camarão-alistado (Aristeus antillensis) (C), considerando as estrutura de tamanho a partir de capturas

realizadas com redes contendo malhas de 60 mm no ensacador... 122

(15)

Figura 51: Tamanho de primeira captura e amplitude de seleção (barras verticais) em cada mês do ano para o

camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana) (A), camarão-moruno (Aristaeomorpha foliacea) (B) e

camarão-alistado (Aristeus antillensis) (C), considerando a estrutura de tamanho a partir de capturas

realizadas com redes contendo malhas de 60 mm no ensacador... 123

Figura 52: Estimativas de Rendimento Máximo Sustentável (RMS) como proporção da (A, C) Biomassa

Virginal Explotável (ExB

0

) e (B, D) Biomassa Virginal (B

0

) para machos (A, B) e fêmeas (C, D) do camarão-

moruno (Aristaeomorpha foliacea) a partir das relações de proporcionalidade com a taxa instantânea de

mortalidade natural M. Os valores foram calculados para um valor fixo de K de 0,430 para machos e 0,390

para fêmeas. ... 127

Figura 53: Estimativas de Rendimento Máximo Sustentável (RMS) como proporção da (A, C) Biomassa

Virginal Explotável (ExB

0

) e (B, D) Biomassa Virginal (B

0

) para machos (A, B) e fêmeas (C, D) do camarão-

alistado (Aristeus antillensis) a partir das relações de proporcionalidade com a taxa instantânea de

mortalidade natural M. Os valores foram calculados para um valor fixo de K de 0,564 para machos e 0,460

para fêmeas. ... 128

Figura 54: Estimativas de Rendimento Máximo Sustentável (RMS) como proporção da (A) Biomassa

Virginal Explotável (ExB

0

) e (C) Biomassa Virginal (B

0

) do camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana)

para as difrentes possibilidades das proporções M/K e para os diferentes valores de K. Os intervalos entre

M/K e K foram definidos a partir das menores estimativas desses parâmetros para as outras duas espécies de

camarões aristeídeos, sendo o valor de K máximo igual a 0,39 ano

-1

e M/K máximo igual a 1; De maneira

complementar as distribuições de freqüência dos valores de potencial de rendimento, considerando o lc atual

(0,6) são apresentadas para (B) a Biomassa Virginal Explotável (ExB

0

) e (D) Biomassa Virginal (B

0

)... 129

Figura 55: Variação anual da biomassa total, e intervalo de confiança, do camarão-carabineiro (Aristaeopsis

edwardsiana) nos fundos de pesca do sudeste-sul do Brasil, estimada a partir do método de área varrida (A) e

com as estimativas corrigidas pelos coeficientes dos MLGs ajustados para cada setor (B). A linha horizontal

contínua define o Ponto Limite de Referência (B

RMS

)... 135

(16)

Resumo

A pesca de camarões aristeídeos teve inicio no Brasil em meados de 2002 a partir da descoberta de concentrações rentáveis desses recursos por embarcações estrangeiras de arrasto de fundo. A operação dessas embarcações foi viabilizada por contratos de arrendamentos estabelecidos como parte de um plano de ocupação e exploração da ZEE brasileira, intermediado pelo governo federal. O presente trabalho apresenta um estudo sobre a dinâmica dessa pescaria e avaliação da biomassa dos camarões aristeídeos visando a elaboração de recomendações para a construção de um plano de manejo dessa atividade.

Os dados analizados foram gerados a partir da atuação de observadores de bordo e a

utilização de rastreamento satelital em um total de 15.000 lances de pesca realizados

durante 79 viagens de pesca entre o quarto trimestre de 2002 e o segundo trimestre de

2007. A área de estudo foi dividida em três setores de operação devido às diferenças

temporais na ocupação dos fundos de pesca dentro desses setores. As estimativas de

biomassa foram feitas pelo método de área varrida enquando que para a padronização da

CPUE aplicaram-se Modelos Lineares Generalizados (MLG). Potenciais de produção

foram calculados através dos parâmetros de ciclo de vida das espécies obtidos na literatura

e do tamanho de primeira captura determinado a partir de um estudo sobre o padrão de

seletividade das redes de arrasto. Participaram dessa pescaria oito embarcações arrendadas

e uma embarcação nacionalizada que juntas aplicaram mais de 63.000 horas de arrasto

operando em 11 pequenos fundos de pesca entre 18º S e 33º S, entre 700 e 800 m de

profundidade. A principal espécie capturada foi o camarão-carabineiro Aristaeopsis

edwardsiana (456.710 kg), seguido pelo camarão-moruno Aristaeomorpha foliacea

(121.497 kg), e camarão-alistado Aristeus antillensis (27.919 kg). A biomassa virginal do

camarão-carabineiro no ano de 2002 foi estimada em 865.033,3 kg para os fundos de pesca

em todo o sudeste-sul do Brasil, reduzindo-se no ano de 2007 a 41% desse valor segundo

as estimativas brutas de área varrida e para 49% desse valor segundo os coeficientes de

abundância estimados pelo MLG. O plano de recuperação do estoque estabeleceu

recomedações que limitam a operação de duas embarcações em um sistema de

rotacionamento mensal, obedecendo a uma cota anual de captura de 60.000 kg,

considerando as três espécies, dividida em cotas mensais de 2.500 kg para cada

embarcação. A cota anual foi estabelecida seguindo os potencias de rendimento calulados

para essa espécie, que devem oscilar em torno de 6% da biomassa virginal.

(17)

Abstract

The aristeid shrimp fishery started in Brazil in the end of 2002 after the discovery of profitable concentrations of these resources by chartered foreign trawling vessels. The operation of these vessels was stimulated by the Federal Government as a part of a plan of ocupation and exploration of Brazilian EEZ. The current work presents a study about the dynamics of that fishery and an assessment of aristeid shrimps biomass aiming at the generation of relevant informations for the development of a management plan of that activity. The analyzed data were generated from observers and satellite vessel monitoring system resulting a total of 15.000 fishing hauls conducted during 79 fishing trips between the forth trimester of 2002 and the second trimester of 2007. Because the area was not occupied simultaneously by all the vessels but followed a spatial order, the study area was divided into three sectors according with periods of occupation by chatered trawlers.

Biomass estimates were made by the swept area method while CPUE standardization were conducted by General Linear Models (GLMs). Production potentials were calculated through life cicles parameters of the species obtained from the literature and the size at first capture determined from a selectivity pattern study of the trawling nets. Eight chartered vessels and one national vessel took part of that fishery and together they applied more than 63.000 trawling hours on 11 spatially limited fishing grounds between 18º S and 33º S, and between 700 and 800 m of depth. The main species caught was the “camarão- carabineiro”, Aristaeopsis edwardsiana (456.710 kg), followed by the “camarão-moruno”

Aristaeomorpha foliacea (121.497 kg), and “camarão-alistado” Aristeus antillensis

(27.919 kg). The estimated virginal biomass of “camarão-carabineiro” in 2002 for all

fishing grounds of southeasthern and southern Brazil was 865.033,3 kg. In 2007 it

decreased about 41% according to the gross estimatives of swept area method and about

49% according to the abundance coefficients estimated by the GLM. A stock recovery plan

was recomended limiting the fishery to the operation of not more than two vessels, an

annual quota of 60.000 kg (including catches of the three species combined) and monthly

quotas of 2.500 kg for each vessel. That annual quota was defined following the yield

potential as calculated for the “camarão-carabineiro”, that must oscilate around 6% of

virginal biomass.

(18)

1. INTRODUÇÃO

A pesca em grandes profundidades teve início na década de 1960, com o aumento no poder de pesca das frotas oceânicas advindo do salto tecnológico pós Segunda Guerra Mundial (GULLAND, 1971). Nessa mesma época tornava-se parte do senso comum a influência da ação humana na exaustão dos estoques pesqueiros, até então atribuída puramente a fatores ambientais. O oceano deixava de ser uma fonte inesgotável de recursos vivos.

A pesca profunda tem contribuído desde 1964 com um volume de cerca de 800.000 a 1.000.000 de toneladas na produção mundial da pesca marinha extrativa (KOSLOW et al., 2000). Essa atividade sofreu um rápido desenvolvimento nos últimos 25 anos como decorrência da depleção dos estoques costeiros, crescimento populacional e a conseqüente demanda pelo incremento da produção de proteína animal (KOSLOW, 1997). Hoje, estima-se que cerca de 40% dos fundos arrastáveis estão localizados em águas além da plataforma continental (MORATO et al., 2006; PAULY et al., 2005; ROBERTS, 2002;

KOSLOW e TUCK, 2001). No entanto, alguns autores e instituições ambientais defendem que as pescarias sobre fundos em grandes profundidades, especialmente aquelas que utilizam redes de arrasto, são desnecessárias e injustificáveis quando se comparam os benefícios econômicos e sociais com as perdas ambientais. Gianni (2005) analisando dados da FAO demonstrou que as capturas desembarcadas provenientes de operações de arrasto de profundidade no ano 2001 representaram somente 0,2% de toda a captura mundial e apenas 0,5% do valor econômico, algo em torno de US$ 300 a 400 milhões frente os US$

75 bilhões gerados pela pesca extrativa marinha global. Além disso, segundo esse mesmo autor, 80 a 90% dessas capturas são obtidas por embarcações pertencentes a não mais que doze nações.

Apesar das operações de pesca em áreas profundas serem observadas por décadas,

não existe ainda um consenso sobre a definição prática de pescarias de profundidade. Boa

parte das delimitações atuais foram estabelecidas seguindo características batimétricas dos

fundos marinhos e geralmente atribuem à quebra da plataforma continental ou o início do

talude médio como a referência espacial definitiva (KOSLOW et al., 2000; GORDON et

al., 2003; SHOTTON, 2005). No entanto o movimento de espécies entre essas

profundidades é frequentemente observado assim como das operações de pesca em si,

levando a entender que um limite geográfico fixo não é a melhor opção para a

determinação dessas pescarias. Alguns autores creditam as diferenças observadas nas

(19)

características do ciclo de vida, forma do corpo, estratégias reprodutivas e adaptações evolutivas entre os recursos de plataforma e talude continental, como a mais correta maneira de se definir uma pescaria em termos de zonas de profundidade (MERRETT e HAEDRICH, 1997). Organismos de mar profundo apresentam diferenças marcantes se comparados aos de áreas rasas. Apesar desse impasse relacionado às características fisiográficas dos fundos marinhos, demográficas das espécies e intrínsecas de cada pescaria, toda a bibliografia a respeito de pescas profundas é unânime quanto à complexidade dos ecossistemas profundos, a fragilidade dos recursos que os habitam, e a capacidade potencial de dano causado pela pesca demersal profunda (MORATO et al., 2006; 2004; CLARK, 2001).

Diversos trabalhos foram e continuam sendo desenvolvidos sobre os ecossistemas profundos (ALDER e WOOD, 2004; WILLIAN et al., 2004; MORATO et al., 2004;

WATSON e MORATO, 2004). Constituem ambientes de elevada diversidade (GAGE e TYLER, 1991) embora reduzida biomassa ou produtividade biológica, com exceção dos canyons e montes submarinos que devido a condições hidrológicas (i.e. correntes de fundo) e geomorfológicas particulares (ROBERTS, 2002), sustentam também uma grande biomassa de organismos (KOSLOW et al., 2001). Por esse motivo a grande maioria das pescarias de profundidade acontece nesses locais. Entretanto, quedas drásticas de produção logo nos anos iniciais de muitas pescarias promissoras sugerem a vulnerabilidade das espécies que habitam esses ambientes ao esforço pesqueiro excessivo (KOSLOW e TUCK, 2001).

Muitas das espécies de zonas profundas são pouco produtivas, crescem lentamente, são extremamente longevas, atingem maturidade sexual tardiamente, possuem baixa fecundidade e reproduzem-se muitas vezes, em eventos esporádicos (ALDER e WOOD, 2004; WILLIAN et al., 2004). Além disso, tendem a formar agregações reprodutivas e alimentares em fundos arrastáveis o que resulta em grande vulnerabilidade à pesca e possibilita grandes remoções de biomassa mesmo com um esforço relativamente baixo logo nas fases iniciais das pescarias. Assim como em pescarias costeiras, o alto percentual de by-catch, incluindo espécies de baixo ou nenhum interesse econômico e a mortalidade por pesca não reportada contribuem para o aumento da complexidade de manutenção desse tipo de sistema pesqueiro (PEREZ e WAHRLICH, 2005; MORATO et al., 2004;

WATSON e MORATO, 2004). Em uma visão generalista, somando todos os fatores

supracitados, o ecossistema profundo torna-se invariavelmente frágil, de recuperação lenta

e incerta, nos induzindo a eminente necessidade de gestão ainda mais eficiente, oportuna e

(20)

precautória dessas pescarias frente às rápidas alterações causadas pela pesca aos estoques e ao sistema como um todo.

No Brasil, o processo de desenvolvimento da pesca demersal profunda nas regiões Sudeste e Sul tomou impulso no final da década de 1990 a partir do deslocamento da frota de arrasteiros nacionais para profundidades superiores a 100 m. Essa frota passou a operar na plataforma externa e borda superior do talude continental buscando recursos valiosos emergentes tais como raias (Família Rajidae), linguados (Paralichthys spp.) e o calamar- argentino (Illex argentinus) (PEREZ et al., 2001). Paralelamente a esse processo, ocorreu a implantação do plano de ocupação da ZEE brasileira, lançado pelo então Departamento de Pesca e Aqüicultura (DPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Esse plano utilizou como principal instrumento para o desenvolvimento das pescarias de profundidades, o incentivo ao processo de arrendamento de embarcações estrangeiras por empresas nacionais para (i) aumentar o conhecimento sobre potenciais recursos demersais de grande profundidade; (ii) avaliar a rentabilidade de operações de pesca profunda e (iii) absorver tecnologia adequada à captura, manuseio e processamento a bordo (PEREZ et al., 2003). As primeiras espécies suficientemente abundantes que possibilitaram o desenvolvimento das pescarias de profundidade com rentabilidade em águas brasileiras foram o peixe-sapo Lophius gastrophysus (i.e. pesca de emalhe-de-fundo) (PEREZ et al., 2005a, 2005b, 2002) e os caranguejos-de-profundidade Chaceon notialis e C. ramosae (i.e. covos) (PEZZUTO et al., 2002).

A frota arrasteira arrendada começou a operar em águas brasileiras no ano de 2000 em fase exploratória e concentrou sua atividade até meados de 2003 sobre a merluza (Merluccius hubbsi), o galo-de-profundidade (Zenopsis conchifer), a abrótea-de- profundidade (Urophycis cirrata), o peixe-sapo e o calamar-argentino, operando entre 100 e 600 m de profundidade. Com o deslocamento desses barcos para maiores profundidades em busca de novos estoques, capturas incidentais de camarões aristeídeos foram realizadas.

A partir da identificação da presença de concentrações aparentemente rentáveis desses camarões, iniciou-se, efetivamente no quarto trimestre de 2002, uma nova fase da pesca profunda no Brasil, agindo em montes e nas bordas de canyons submarinos do talude inferior, nas maiores profundidades já registradas em pescarias comerciais no país (PEZZUTO et al., 2005; PEZZUTO et al., 2006b).

Conjuntamente ao processo de desenvolvimento da pesca demersal profunda,

lançado pelo Governo Federal, foi criado através da Instrução Normativa n°2, de 30 de

janeiro de 2002, o Comitê Permanente de Gestão de Recursos Demersais de Profundidade

(21)

(CPG/Demersais) e seu respectivo Subcomitê Científico. Este subcomitê, formado por pesquisadores, auxilia por meio de levantamentos e análises de informações biológicas e pesqueiras o comitê gestor quanto aos planos de manejo das pescarias sobre os recursos demersais de profundidade, como no caso do peixe-sapo e dos caranguejos-de- profundidade (PEREZ et al., 2002; PEZZUTO et al., 2006a). Para a exploração dos camarões aristeídeos, o Subcomitê Científico elaborou uma minuta de instrução normativa visando ordenar a pescaria já no ano de 2005 (ANÔNIMO, 2005). Apesar disso, nenhuma recomendação foi implementada e a pescaria desses camarões segue sem ordenamento efetivo, sendo necessário o aporte de novas informações pesqueiras e biológicas para a elaboração de um plano de ordenamento definitivo.

A família Aristeidae (Ordem Decapoda, Subordem Dendrobranchiata, Superfamília Penaeoidea) é composta por vinte e seis espécies em nove gêneros, dentre os quais pelo menos cinco espécies de três gêneros (Aristeus, Aristaeopsis e Aristaeomorpha) apresentam importância econômica e sustentam atualmente pescarias comerciais direcionadas. A pesca desses camarões é uma atividade tradicional no Mar Mediterrâneo, onde Aristaeomorpha foliacea, conhecido como “gambero rosso”, e Aristeus antennatus, conhecido como “gamba rosada”, sustentam historicamente pescarias de grande importância comercial e econômica (BELCARI et al., 2003; SARDÀ et al., 2003a). A atividade teve início na década de 1930 e hoje é reconhecida como uma das mais antigas pescarias profundas desenvolvidas no Mar Mediterrâneo (BERTRAND et al., 2002). No Atlântico leste, em Portugal, existe uma pescaria de arrasto no talude médio direcionada aos camarões-de-profundidade A. foliacea, A. antennatus e Aristaeopsis edwardsiana (FIGUEIREDO et al., 2001; MONTEIRO et al., 2001). Ainda no leste do Atlântico, na costa de Angola, A. edwardsiana e Aristeus varidens são capturados por arrasteiros espanhóis desde meados da década de 1960 (CAMPOS, 1974; FORMOSO et al., 1980).

No Atlântico oeste, na região central, A. edwardsiana é capturado tradicionalmente pela frota de arrasto que atua no talude continental da Guiana Francesa. Uma segunda espécie da família, Aristeus antillensis, é capturada em menor quantidade (GUÉGUEN, 2001).

Ainda nessa região, na costa noroeste de Aruba, registros de grandes concentrações de A.

edwardsiana na década de 1970 são descritas na literatura embora não se tenham

informações de pescarias comerciais sobre esse estoque (THOMPSON et al., 1977). Mais

ao norte, entre os Estados Unidos e Canadá, A. edwardsiana foi apontado como um recurso

pesqueiro potencial em termos de biomassa após prospecções científicas com barcos

pesqueiros (MARKLE et al., 1988). No Oceano Pacífico oeste, A. foliacea é capturado

(22)

comercialmente nas costas sudoeste e nordeste de Taiwan, onde tem segundo Kao et al.

(1999), moderada importância econômica. No Japão foram identificadas cinco espécies da família entre 500 e 700 m, incluindo A. edwardsiana, A. foliacea, Aristeus virillis, Aristeus mabahissae e Aristeus pallidicauda embora registros de capturas comercias não tenham sido encontrados na literatura (KOMAI, 1993). No oceano Índico, na parte noroeste da Austrália, entre as espécies de camarões que compõem as capturas do arrasto-de-fundo no talude continental, estão A. edwardsiana e A. virilis (RAINER, 1992). Essas mesmas espécies são descritas como potenciais recursos no talude continental da ilha de Sumatra na ZEE da Indonésia (SUMAN, 2006).

No Brasil a distribuição e taxonomia da família Aristeidae foram estudadas por D’Incao (1995, 1998), Tavares e Serejo (2007) e Serejo et al. (2007). Ao total nove espécies da família foram descritas incluindo as de maior potencial pesqueiro em outras regiões do mundo como A. edwardsiana, A.antillensis, A. foliacea e A. antennatus. Essa última, tradicionalmente explorada no Mar Mediterrâneo, foi coletada em águas muito profundas no Brasil, entre 1.400 e 1.800 m, e até o momento não foi identificada em capturas comerciais.

O potencial pesqueiro dos camarões aristeídeos foi avaliado na costa norte do Brasil, entre os estados do Pará e Amapá a partir de prospecções sistematizadas com embarcações arrasteiras comerciais, e na costa central, entre os estados da Bahia, Espírito Santo e norte do Rio de Janeiro, através de prospecções científicas executadas no âmbito do Programa REVIZEE (COSTA et al., 2005; FILHO et al., 2005). Para o primeiro caso grandes concentrações de A. edwardsiana e A. antillensis foram identificadas entre 573 m e 1.246 m de profundidade. No total de 592 lances realizados os rendimentos conjuntos dessas duas espécies variaram entre 3,21 e 15,99 kg.hora

-1

culminando em uma captura total que representou 12% dos 106.973 kg de pescados capturados. Para o segundo caso, na costa central, as prospecções científicas realizadas com um navio oceanográfico resultaram em rendimentos baixos de cerca de 1,3 kg.hora

-1

para A. foliacea e 0,1 kg.hora

-1

para A.

edwardsiana, entre 500 e 1000 m de profundidade.

Paralelamente a essas avaliações, a pescaria comercial direcionada aos camarões aristeídeos tomou impulso a partir de 2002 através da operação dos arrasteiros arrendados.

Pezzuto et al. (2006b) analisaram o período inicial de desenvolvimento dessa pescaria,

entre 2002 e 2004, e apontaram o camarão-carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana), como

principal componente das capturas, alcançando 75% da produção total de camarões

seguida pelo camarão-moruno (Aristeomorpha foliacea) com 20% e o camarão-alistado

(23)

(Aristeus antillensis) com 4,6%. As taxas médias de captura do camarão-carabineiro flutuaram entre 6,5 e 9,7 kg.hora

-1

enquanto o camarão-moruno e o camarão-alistado foram capturados em taxas consideravelmente menores de, respectivamente, 0,1 - 0,6 kg.hora

-1

e 0,1 - 1,3 kg.hora

-1

. As capturas estiveram concentradas entre as isóbatas de 700 e 750 m e foram observadas evidências de sazonalidade nas capturas do camarão-carabineiro, com valores máximos entre julho e dezembro. As áreas principais de pesca estavam localizadas nas regiões sudeste do Brasil (19º - 25º S), sul (26°S e o limite extremo sul da ZEE brasileira) e limite setentrional da ZEE do país (4º - 5º N).

Recentemente resultados preliminares de um estudo sobre a biologia reprodutiva das três espécies capturadas no Brasil foram apresentados por Pezzuto e Dias (2007). Esses autores obervaram a existência de um ciclo reprodutivo anual marcado para o camarão- carabineiro, com uma maior atividade durante o segundo semestre do ano, em especial, durante os três últimos meses. As fêmeas dessa espécie atingem a maturação por volta dos 57 mm de comprimento de carapaça e machos por volta de 47 mm. Para o camarão- moruno, os tamanhos de maturação reduzem-se para 46 mm, no caso das fêmeas e 29 mm no caso dos machos. Existem indícios de que os indivíduos dessa espécie estejam aptos a reproduzir durante todo o ano. Da mesma forma, para o camarão-alistado atividade reprodutiva foi observada ao longo de todo o ano, fêmeas atingem a maturidade sexual por volta dos 41 mm e machos com cerca de 26 mm de comprimento de carapaça.

Não existem muitas informações disponíveis sobre o camarão-carabineiro e o camarão-alistado, exceto algumas descrições gerais das capturas na Guiana Francesa, Austrália e Portugal (RAINER, 1992; GUÉGUEN, 1997; GUÉGUEN, 1998; GUÉGUEN, 2000; GUÉGUEN, 2001; FIGUEIREDO et al., 2001; MONTEIRO et al., 2001). No entanto, para as duas espécies capturadas no Mediterrâneo, a “gamba rosada” (A.

antennatus) e o “gambero rosso” (A. foliacea), uma grande quantidade de informação pode ser encontrada na bibliografia especializada, tendo em vista o histórico dessa pescaria (SARDÀ e CARTES, 1989; RAGONESE e BIANCHINI, 1995; SARDÀ et al., 2003b).

Essas espécies distribuem-se no mar Mediterrâneo obedecendo a um aparente gradiente espacial. Na porção leste do Mediterrâneo e em menores profundidades encontram-se as maiores abundância de “gambero rosso”, enquanto a “gamba rosada”

distribui-se preferencialmente ao oeste e em regiões mais profundas

(PAPACONSTANTINOU e KAPIRIS, 2001; POLITOU et al., 2004; SARDÀ et al.,

2004a). Em uma escala batimétrica, a “gamba rosada” apresenta a maior amplitude de

distribuição, sendo encontrado entre 80 e mais de 3300 metros de profundidade, enquanto

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o “gambero rosso” têm distribuição freqüente mais restrita, entre 500 e 1100 m (SARDÀ et al., 2004a; POLITOU et al., 2004; SARDÀ et al., 2004b; SARDÀ et al., 2003a).

Ambas as espécies fazem migrações de pequena e larga escala que vão desde movimentações sazonais a variações diárias na distribuição de suas agregações. Bianchini et al. (1998) determinaram capturas, em peso e número de indivíduos, significativamente maiores durante o dia em relação a noite. Rainer (1992) atribuiu essas diferenças a um possível comportamento de natação noturna relacionado a busca por presas na coluna d’água. Sardà e Maynou (1998) sugeriram que, indiretamente, os padrões de movimentação dos estoques desses camarões podem ser observados através da variação temporal na ocupação das áreas de pesca pelas embarcações arrasteiras, que sempre direcionam e redirecionam o esforço sobre as maiores abundâncias. Tudela et al. (2003) demonstraram que as feições geomorfológicas do talude, principalmente os canyons submarinos, influenciam em tais movimentações e na distribuição das espécies capturadas no Mediterrâneo. Durante o inverno até o início do verão a espécie forma grandes agregações no talude médio aberto, entre os 400 e 900 m (SARDÀ et al., 2003b) tomando forma alongada paralela a costa coincidindo com o máximo esforço pesqueiro e resultando nos maiores picos de captura (SARDÀ et al., 2004a). Em um estudo de 10 anos de acompanhamento do padrão de movimentação dessa espécie, Sardà et al. (1997), observaram que, ao final do verão e início do outono, a agregação se dispersa e grande parte da população se move para o interior dos canyons submarinos em direção a águas rasas. Esse padrão geral de migração é acompanhado por uma importante segregação de sexos e tamanhos. Nos períodos de pico de capturas no talude médio, são as fêmeas, de maior porte, que se distribuem preferencialmente nessas profundidades (e.g. fundos de pesca) (Sardà et al., 2003a). Durante o outono as capturas nas margens dos canyons submarinos acontecem sobre indivíduos de pequeno tamanho. Dentro dos canyons essa segregação de tamanhos é relacionada à maior disponibilidade de alimentos nas margens da feição, que por sua vez, parece ser reflexo do bloom de produtividade no plâncton durante o início do outono (TUDELA et al., 2003). Esses padrões podem ser indicativos de um ajuste do ciclo de vida da espécie a essas feições geomorfológicas, que como citado anteriormente, são as mais produtivas dentre os diferentes ambientes do oceano profundo.

Aspectos tróficos e reprodutivos são as causas mais importantes que definem o padrão de

distribuição dos crustáceos decápodes encontrados nessa área do Mediterrâneo (SARDÀ e

CARTES,1993; CARTES e SARDÀ, 1993).

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A distribuição e os padrões de movimentação/migração de pequena e larga escala da população podem condicionar a manutenção do estoque frente ao esforço pesqueiro (HILBORN e WALTERS, 1992). Os camarões aristeídeos capturados no Mediterrâneo parecem corroborar tal hipótese. Sabe-se que existe uma diferença marcante na estrutura da população de “gamba rosada” distribuída nos fundos de pesca (500 a 900m) e nos fundos

“virgens” a profundidades superiores a 1000 e 1200 m (SARDÀ et al., 2004a, 2004b, 2003a, 2003b, 1997; SARDÀ e CARTES, 1993; SARDÀ e CARTES, 1989). A parte da população distribuída nos fundos de pesca é composta por indivíduos maturos sexualmente, principalmente fêmeas de grande porte. Nos fundos virgens, são encontrados os indivíduos jovens, e proporcionalmente em relação as fêmeas, grande maioria dos machos. O fluxo de troca de indivíduos (i.e. recrutamento) entre os fundos “virgens” e os fundos de arrasto parece suportar a pressão pesqueira sobre a população vulnerável ao arrasto (SARDÀ et al., 2003a). Um padrão inverso ocorre para o “gambero rosso” que tem sua distribuição restrita às profundidades onde a frota opera, e não foi observada segregação tão pronunciada de tamanho nas agregações dessa espécie, tornando a população mais vulnerável ao estado de sobreexplotação causado pelo esforço pesqueiro concentrado e excessivo (SARDÀ et al., 2004a). É importante ressaltar nesse ponto que o estudo publicado por Serejo et al. (2007) sobre a distribuição profunda de crustáceos na costa central do Brasil, apresentou a ocorrência das três espécies de camarões aristeídeos capturadas no Brasil em profundidades superiores a 1.000 m. Dessa forma, o padrão de recrutamento observado no Mar Mediterrâneo pode também ocorrer no Brasil apesar de não existirem, até o momento, evidências que confirmem essa hipótese.

Em algumas áreas de pesca no Mediterrâneo são observadas quedas inter e intra- anuais de produção dessa espécie apontando para um estado de sobreexplotação não observado no cenário acima. Sardà et al. (2004a) sugeriram que a vulnerabilidade da espécie ao estado de sobreexplotação pode ser reflexo de eventos reprodutivos esporádicos, típico de organismos de profundidade, tornando o recrutamento às áreas de pesca não constante. Company et al. (2008) demonstraram que o colapso da pesca de “gamba rosada”

em alguns fundos de pesca da porção nordeste do Mediterrâneo estava associado ao

desaparecimento do estoque causado por eventos climáticos de larga escala. Segundo esses

autores a subsidência de águas de plataforma ricas em partículas suspensas, ao longo dos

canyons, causaria uma migração do estoque adulto para maiores profundidades e a queda

brusca dos volumes desembarcados durante esses eventos. A retomada dos fundos de pesca

pelos indivíduos aconteceria cerca de 2 a 3 meses depois refletindo no aumento dos

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