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1- INTRODUÇÃO

3.6 A Formação Continuada de Professores: ações realizadas pela UFPB-

Antes de direcionarmos nosso enfoque para o processo de formação continuada no campo de estudo em questão e para as concepções docentes sobre esse processo, faz-se indispensável conhecer como está estruturada, no que concerna à modalidade de Educação a Distância, a instituição em destaque.

Por meio da observação, da leitura e da análise de alguns documentos que abordavam ou citavam a formação continuada de professores para atuação na modalidade EaD, da instituição em questão, constatamos que essa formação é nomeada muitas vezes pelos responsáveis de capacitação continuada.

Essa capacitação visa propiciar aos seus integrantes, que inclui professores, coordenadores, tutores e técnicos, criar condições de atuação para o fortalecimento e implantação de uma modalidade de ensino de qualidade, mediante o apoio tecnológico e didático-pedagógico para tal efeito.

A capacitação continuada constatada no campo da pesquisa foi formulada e organizada no formato de cursos semipresenciais e versa a questão da organização e formatação dos componentes curriculares dos diversos cursos de graduação existente para modalidade EaD e o uso do ambiente virtual de aprendizagem Moodle para as estratégias de comunicação e avaliação.

Depois da formatação ou “adaptação” dos componentes curriculares para modalidade EaD, os professores das disciplinas foram convidados a participarem como alunos de alguns cursos semipresenciais. Nos momentos presenciais, eram oferecidas algumas orientações gerais da modalidade EaD e outros momentos “práticos” por meio da manipulação da plataforma Moodle, ou seja, os professores de alguma eram “treinados” para o uso das ferramentas da plataforma moodle.

Porém, Liden (2010), como figura à frente da coordenação de capacitação continuada na época de sua implantação, assegura que essa formação objetivava propiciar aos participantes um aprofundamento teórico, metodológico e prático no que concerne à construção e o acompanhamento dos cursos e disciplinas na modalidade a distância, por meio, neste caso, do uso de diversas tecnologias digitais.

Ainda de acordo com a autora em questão, a UFPB iniciou, no ano de 2008, essa capacitação continuada, a qual denominou de Programa de capacitação continuada em EAD: e-tutor. O seu financiamento se deu pela Secretaria de Ensino a Distância do MEC e, no primeiro ano de implantação, o programa teve como foco a capacitação de professores no que tangenciava os aspectos relacionados ao uso do ambiente virtual de aprendizagem Moodle.

Esta ação permitiu que os professores e tutores tivessem um contato mais amplo com as ferramentas do Moodle, e, ao mesmo tempo, tentou despertar a necessidade de uma futura formação teórica e metodológica para atuação em EAD.

Esse processo de capacitação continuada de professores foi estruturado na ideia de ciclos de capacitação permanente, forma de oficinas e minicursos de aperfeiçoamento. Os minicursos eram organizados para um público específico e tinham, no máximo, 60 horas de atividades, com encontros presenciais e uma continuação online na plataforma Moodle.

No segundo semestre de 2008, um ano após o início dos primeiros cursos de graduação a distância, o projeto de capacitação já estava na sua segunda versão. Nesse momento foram adicionados os seguintes cursos e/ou oficinas para atender as demandas da modalidade EaD recentemente implantada.

Quadro 06- Cursos oferecidos em 2008 na Capacitação Continuada da UFPB- VIRTUAL

CURSOS/OFICINAS PUBLICO ALVO

Mini curso de capacitação para os sobre o ambiente virtual de aprendizagem Moodle

Professores Oficina preparatória de iniciação ao

Moodle

Professores dos novos cursos implantados em 2008

Fonte: Adaptado de Liden (2010)

Nos anos seguintes, diante desse quadro, constataram-se certas mudanças significativas com o objetivo de atender às demandas surgidas e os problemas enfrentados nesse começo de implantação. Portanto, surgiu uma nova versão incorporando dessa vez cursos com formação mais teórica e metodológica voltados para atuação na modalidade de educação a distância, adicionou-se, então, os cursos sobre as estratégias de comunicação e avaliação e, de maneira especial, cursos de formação teórica em EAD.

De acordo com Liden (2010), autora e coordenadora que estava à frente do processo de formação continuada nesta época, a capacitação passou a contemplar, nesse momento, como foi dito anteriormente, os aspectos teórico-

metodológicos e práticos voltados para uma ação educativa no ambiente online e apoiada pelo uso das tecnologias digitais. A autora ainda declara que o projeto estava montado com base em três dimensões:

Quadro 07 - Dimensões do projeto de capacitação continuada da UFPB-Virtual

DIMENSÕES CARACTERISTICAS

1ª. Dimensão

Minicursos e oficinas voltadas para o uso do ambiente virtual de aprendizagem e para formatação de disciplinas no ambiente Moodle. É abordada a questão da ambientação dos participantes na plataforma e a construção dos cursos e disciplinas e a orientação de procedimentos e metodologias de uso de AVAS-Ambientes Virtuais de Aprendizagem pelos professores

2ª. Dimensão

Cursos de formação teórica e orientação pedagógica em educação virtual para professores e tutores e coordenadores de Polos. Os cursos são ministrados na Plataforma Moodle, com dois momentos presenciais, e possibilitam a professore se coloquem como na plataforma, antes de atuarem em suas respectivas funções.

3ª. Dimensão

Os cursos contemplam o planejamento e a elaboração de materiais didáticos no formato impresso e multimídia. São focados os temas relacionados aos direitos autorais, as novas práticas pedagógicas de condução, gestão e avaliação dos cursos na modalidade a distância e web design.

Fonte: Adaptado de Liden (2010).

Porém, ao se fazer uma análise mais abrangente das concepções de formação continuada adotada por essas formações, notamos que surge uma fenda ou um afastamento na compreensão trazida por essas propostas, ou seja, compreendemos mais uma vez que essas formações ainda continuam restritas aos cursos de capacitação de caráter puramente técnico e prático.

A formação continuada novamente é vista como sinônimo de cursos e capacitação. Esse viés, de acordo com Araújo e Silva (2009), segue uma tendência liberal-conservadora, pois se relaciona aos processos de atualização que se dão através da obtenção de informações ou competências expressadas

em cursos, palestras, treinamento, seminários, encontros, oficinas e conferências.

Ademais, nota-se ainda que essa “capacitação” gira em torno de uma formação que visa operar a tecnologia. Deste modo, podemos identificar, por sua vez, que suas características se traduzem em uma visão neotecnicista da educação, na qual os recursos e as técnicas se sobrepõem à dimensão teórico- reflexiva da formação de professores.

Essas características neotecnicistas são evidenciadas a partir das seguintes questões: centralidade nas ferramentas e recursos, centralidade nos métodos de ensino e na externalidade. A externalidade, neste caso, estaria relacionada ao fato de que os cursos ofertados se baseiam em uma política já pré-determinada e imposta pelo sistema, como a obrigatoriedade de elaborar, desenvolver e implantar o PCC (Plano anual de capacitação continuada) e não por uma necessidade expressada ou demandada pelos professores.

Quando levamos em conta o paradigma reflexivo, podemos também destacar nessas informações um tipo de racionalidade prática nos processos de formação continuada, isto é, pela análise desse modelo de formação continuada docente mesmo que ocorresse um processo de reflexão, o mesmo poderia estar limitado a uma reflexão referente apenas às questões imediatas dos recursos e da operacionalização das ferramentas tecnológicas, ignorando, portanto, o contexto pedagógico institucional que, por vezes, pode gerar uma prática reflexiva de modo individual.

Podemos também fazer uma ponte entre esse modelo apresentado na proposta em questão e o modelo instrumentalista estudado por Silva (2001), pois o que evidenciamos é a formação continuada vista como um momento para lidar com os problemas concretos e práticos, um processo de instrumentalizar onde se predomina um formar para ‘o que fazer’ e ‘como fazer’. Esse tipo de modelo mostra uma concepção de formação continuada na qual não conseguimos perceber a existência de um momento onde se trabalhe a construção da autonomia, a reflexão dos processos envolvidos na modalidade de ensino, a criticidade desses mesmos processos e a mobilização dos saberes docente. Essa perspectiva de formação está voltada para os interesses externos e legais os quais não colaboram para um projeto mais societário de formação.

Nessa mesma ideia, Giroux (1997) aponta que esse tipo de proposta pode ser tido com sinônimo de treinamento de professores, os quais enfatizam somente o conhecimento técnico e os professores aprendem apenas metodologias que parecem negar a própria necessidade do pensamento crítico

4 - PERCURSO METODOLÓGICO

Neste capítulo, apresentamos os objetivos estabelecidos, que responderam aos questionamentos do presente estudo, e logo desenvolvemos a trajetória metodológica adotada. Para tanto, buscamos uma abordagem que favorecesse a compreensão de alguns fenômenos a partir das relações entre os sujeitos e o objeto de estudo. Nesse sentido, compreendemos a pesquisa no âmbito da formação continuada como um processo que tem a dialogicidade como uma ponte que conduz a relação entre o sujeito e o objeto.

Neste texto, a metodologia será apresentada na seguinte ordem: contextualização e delineamento da pesquisa, campo da pesquisa, participantes da pesquisa, percurso da pesquisa, instrumento, categorização dos dados e análise de dados.

Portanto, neste capítulo, propomo-nos expor a trajetória metodológica percorrida para o desenvolvimento desta pesquisa, bem como caracterizar a abordagem metodológica, o sujeito participante, as variáveis envolvidas e o contexto onde se desenvolveu a coleta dos dados, uma vez que este contexto influencia diretamente a ação exploratória.