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5- TECENDO OS RESULTADOS E AS RELAÇÕES A PARTIR DA ANÁLISE

5.1 A seleção e o ingresso dos docentes na modalidade EaD da UFPB-Virtual

Sabe-se que atualmente o ingresso do docente na carreira do magistério superior ocorre de diferentes maneiras nas instituições públicas e privadas. Porém, seja qual for o meio de entrada, o que deve ocorrer é uma promessa de qualidade nos processos seletivos, os quais devem ser pautados nos critérios e exigências estabelecidos pela Constituição Federal de 1988, pela LDB de 1996 e pelo Plano Nacional de Educação do ano vigente, além das resoluções internas de cada instituição e de outras legislações que regem a contratação de professores para o serviço educacional brasileiro.

Nas Instituições Federais de Ensino Superior – IFES, o ingresso dos docentes ocorre como está estabelecido na Constituição Federal, no seu Capítulo VII, que aborda a investidura em cargo ou emprego público, a qual depende de aprovação em concurso público. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no seu art. 67, no item I, afirma-se que o ingresso do profissional da educação deve ser feito, exclusivamente por concurso público de provas e títulos.

Desde modo, pela legislação vigente não há ingresso de docentes para o quadro efetivo, sem a passagem pelo concurso público. Entretanto, quando levamos para questão da modalidade EaD não se verifica um total cumprimento da legislação. Esse acontecimento se dá pelo fato da modalidade EaD não estar muitas vezes institucionalizada, assim o ingresso do docente na

modalidade se dará de acordo com outros critérios que são estabelecidos pelos programas regentes, neste caso, o da UAB.

No nosso campo de pesquisa encontramos várias situações. De tal modo, achamos interessante analisá-las, pois também nos ofereceram um olhar sobre como a formação continuada estaria pensada nesse contexto, já que toda ação parte do quadro atual de formação dos docentes. Assim, saber que esse docente, por exemplo, ingressa na modalidade EaD sem algum critério específico que se exige para a sua atuação implica em adotar uma política de formação continuada que parta desse ponto norteador.

Os docentes da modalidade EaD participantes da pesquisa pertencem ao quadro efetivo do ensino presencial no qual o ingresso foi feito pelo concurso público e especificamente para essa modalidade. Entretanto, alguns docentes relataram que houve um momento em que a universidade convidou outros docentes que não possuíam vínculo com a instituição para prestar serviços educacionais à unidade de educação a distância da UFPB.

De acordo com o Guia de orientações básicas sobre o Sistema Universidade Aberta do Brasil (2013), os docentes que irão atuar na modalidade EaD são professores pertencentes à mesma instituição que ofertará a EaD. A coordenação UAB da instituição precisaria apenas, então, cadastrar todos os professores que atuam nos seus cursos nos dois sistemas (SGB5 e SISUAB6). O que é importante de se observar no mesmo documento é que, se as IES não possuírem números de professores suficientes, poderiam convidar professores de outras IES para atuar como colaboradores.

Ao perguntarmos sobre o processo de ingresso na modalidade EaD e sobre a formação inicial que tiveram para atuação no ambiente online, os professores deram as mais diversas respostas. Assim, sistematizamos as suas falas no seguinte quadro-síntese, por meio das estruturas que necessitamos para fazer uma análise de seu conteúdo.

5 Sistema de Gestão de Bolsas utilizado para gerir bolsas-auxílio fornecidas pelos programas que participam da política de incentivo à educação do governo federal.

6 Plataforma de suporte, acompanhamento e gestão de processos da UAB. Nela, os coordenadores UAB, o titular e o adjunto da IES, são autorizados a editar as informações referentes à IES e aos seus cursos

Quadro 14 - Mapeamento Temático por meio da analise de conteúdo do processo de ingresso e formação inicial na modalidade de Educação a Distância.

C

atego

ri

a

Ingresso docente na modalidade EAD e a formação para atuar no ambiente online S ub ca teg ori

as Processo de ingresso/entrada na modalidade EaD,

formação/capacitação inicial para o primeiro contato com o ambiente online U nida de s de regist ro

Convite Necessidade Cursos

Não fiz Formação Plataforma

U nidad es de co n tex to

Como foi o seu ingresso como docente da modalidade EAD. Você fez algum curso de formação para atuar no ambiente online?

P1 [...] Recebi um convite para colaborar com o curso, tendo em vista, a experiência docente acumulada no ensino presencial. [...] fiz cursos voltados para operacionalização dos conteúdos na plataforma [...]. P2 [...] Fui convidado(a) pela Coordenação do Curso [...] a gente fez algumas oficinas e um planejamento pedagógico [...]

P3 [...] Precisei substituir uma professora [...] foi ofertado um curso sobre o conhecimento do ambiente moodle [...]

P4 [...] Se deu pela necessidade do departamento [...] não fiz nenhum curso preparatório.

P5 [...] o coordenador me convidou para ser professor(a) [...] Eu fiz um curso que foi ministrado pelos professores da UAB.

P6 [...] aqui entrei por indicação do Coordenador [...] teve um curso, mas era uma formação voltada para a parte tecnológica.

P7 [...] devido à necessidade [...] fiz uma capacitação. P8 [...] Convite da coordenação do curso [...] não fiz.

P9 [...] Através de convite, feito pela coordenação [...] cursos de curta duração.

P10 [...] Recebi um convite. Teve uma formação com cursos para

aprender a manusear o moodle, “O Uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem na Educação: Planejamento e implementação de uma Sala de Aula no Moodle para Professores da UFPB Virtual.

Pelas análises das unidades de registros podemos destacar que a palavra “convite” e os seus derivados como “convidou” e “convidado”, apareceram dez vezes nos discursos dos professores, mostrando que o ingresso dos docentes na modalidade EaD da instituição em destaque se dá por meio de um convite, que é feito através de algum responsável, neste caso, os coordenadores dos cursos. Esse fato pode ser confirmado nas seguintes falas:

P1 [...] Recebi um convite para colaborar com o curso, tendo em vista, a experiência docente acumulada no ensino presencial

P2 [...] Fui convidado (a) pela Coordenação do Curso P5 [...] o coordenador me convidou para ser professor(a) P6 [...] aqui entrei por indicação do coordenador

P8 Convite da coordenação do curso

P9 Através de convite, feito pela coordenação P10 Recebi um convite

Ainda em relação ao contexto de ingresso do docente na modalidade EaD, a palavra “necessidade” apareceu duas vezes nas falas dos professores retratando que, além de um convite, a entrada do docente na modalidade EaD se dava por meio de uma necessidade dos departamentos os quais necessitam de professores nas disciplinas da EaD.

P4 [...] Se deu pela necessidade do departamento P7 [...] Devido à necessidade.

Assim, verificamos que maioria dos sujeitos afirmou que a entrada do docente ora acontece pela necessidade dos departamentos que, uma vez constatada a necessidade, realiza, através de seu coordenador ou de algum responsável pelo departamento, um convite para a complementação da equipe de docentes dos cursos da EaD

Quando analisamos o processo de formação inicial, isto é, aquele que acontece durante o primeiro contado com as turmas da EaD, constatamos nas falas dos sujeitos que a unidade de registro “curso” ganhou destaque nas inferências realizadas na análise de conteúdo. Nas falas dos professores buscamos identificar indicativos de como foi o seu primeiro contato com a

modalidade e se nesse momento fizeram alguma formação, antes de dar início à sua atuação.

P1 [...] fiz cursos voltados para operacionalização dos conteúdos na plataforma [...].

P 3 [...] foi ofertado um curso sobre o conhecimento do ambiente moodle [...]

P 5 [...] Eu fiz um curso que foi ministrado pelos professores da UAB.

P 6 [...] teve um curso, mas era uma formação voltada para a parte tecnológica.

P 9 [...] cursos de curta duração.

P 10 [...] teve uma formação com cursos para aprender a manusear o Moodle,

Outras unidades, também com um número considerável de ocorrências que apareceram nas falas, foram “plataforma”, “não fiz” e “formação”. Essas palavras estão relacionadas ao fato de que muitos dos professores não fizeram nenhum de tipo de formação para atuação no ambiente online e, quando a equipe a oferecia, eram cursos para operar na plataforma Moodle.

Assim, confirmamos a hipótese de que muitos docentes, ao serem inseridos na modalidade EaD, não passam por um processo de formação de aquisição de competências e habilidades para a atuação na EaD. Isso deve-se à ausência de um programa de formação continuada que prepare o professor para essa nova etapa da docência. Quando passavam por um processo de “formação”, essa era dotada de características específicas e técnicas para o uso da plataforma Moodle. Os professores relataram que, às vezes, eram oferecidos cursos e/ou oficinas que trabalhavam apenas as ferramentas do ambiente online, deixando de lado a discussão teórico-metodológica da modalidade de ensino.

P1 [...] Eram cursos voltados para operacionalização dos conteúdos na plataforma, eram básicos como abrir, colocar vídeos, como fazer a interação com os alunos, quadro de notas, videoconferência;

P2 [...] A gente fez alguns treinamentos sobre a plataforma, como montar atividades, organizar a disciplina;

P6 [...] teve um curso, mas era uma formação voltada para a parte tecnológica, mexer na plataforma, mas de uma forma bem superficial;

P7 [...] fiz uma capacitação, noções gerais da plataforma, como utilizar as ferramentas.

É interessante perceber que, mesmo respondendo a uma questão que indagava sobre uma possível formação recebida, os professores conseguem fazer uma ponte desse processo de formação com a realização dos cursos iniciais. Deste modo, ganha destaque a concepção de uma formação para operacionalização, treinamento e capacitação.

Ao colocar a formação continuada como um curso ou um conjunto de cursos, podemos fazer uma acepção à racionalidade técnica proposta pelo modelo estruturante estudado por Nóvoa (1997). Para o autor, nesse tipo de concepção, a participação do professor, muitas vezes, não é ativa, pois eles acabam recebendo as ações estruturadas e organizadas por outros profissionais considerados especialistas, além da proposta ser previamente organizada e estruturada e estar centrada na transmissão de conhecimentos e nas informações de caráter instrutivo.

5.2 Concepções de formação continuada encontradas nos documentos