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A formação do pessoal de vigilância e do director de segurança

No documento A LTERAÇÕES E OC ONTROLO NON OVO (páginas 123-125)

Capítulo 5. O controlo da segurança privada

5.1. Os principais mecanismos de controlo da segurança privada: algumas das alterações operadas pela Lei n.º 34/2013, de 16 de Maio

5.1.4. A formação do pessoal de vigilância e do director de segurança

Com a L34, o legislador teve a clara intenção de incrementar o nível de exigência da formação profissional ministrada ao pessoal de vigilância e aos directores de segurança a qual é condição, sine qua non, para se aceder àquelas profissões, ganhando-se, com opções tomadas, mais qualidade no serviço prestado pelas entidades titulares de alvará ou licença, o que, tendencialmente, também se irá repercutir na diminuição das infracções contra- ordenacionais detectadas e, a par disso, nas reclamações de clientes e cidadãos. Note-se que, ao invés do que acontecia com o anterior RJSP, a formação de segurança privada deixou de estar em auto-regulação, voltando, como já havia sucedido, a ser controlada pelo Estado, e, tal como referido anteriormente, passou a ser considerada actividade de segurança privada. Mais do que qualquer outra, esta medida pretende credibilizar um sector que nos últimos anos era alvo de inúmeras críticas dos mais variados quadrantes, a começar pelas manifestadas pelos próprios vigilantes e candidatos a vigilantes, o que levou a que fossem realizadas, nos últimos anos, várias acções de auditoria e fiscalização a entidades formadoras, sendo detectadas diversas inconformidades445.

442 Se nos lembrarmos que o trabalho é, hoje, um bem imprescindível, não compreendemos como é que se

pode permitir que um cidadão fique sem poder trabalhar porque a Administração não lhe devolve, em tempo útil, o cartão profissional sem o qual não poderá desempenhar a sua profissão.

443 Por exemplo, a expedição por correio, etc.

444 Com excepção da actividade de protecção pessoal (leitura, a contrario, da mesma disposição legal). 445 Segundo o RASP de 2012, pp. 23 e 25, foram realizadas 37 fiscalizações a entidades ou centros de

formação, sendo registadas como principais infracções o ―incumprimento dos planos de formação, no que concerne às cargas horárias mínimas dos cursos, requisitos dos locais e a existência de protocolos com entidades formadoras não autorizadas‖, sendo ―detetadas também entidades formadoras indiciadas de burla relativa aos serviços de formação prestados‖.

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Para concretizar este objectivo, o n.º 1 do artigo 25.º da L34 especifica (ainda que sem as definir446), desde logo, três tipos de formação profissional: formação inicial de qualificação [alínea a)]; formação de actualização [alínea b)]; formação complementar [alínea a)]. Em qualquer uma delas, deverão obrigatoriamente existir componentes teóricas e práticas, ―sem prejuízo de uma componente complementar em contexto real de trabalho‖447.

A Portaria n.º 148/2014, de 18 de Julho veio regulamentar os cursos, definir as qualificações mínimas profissionais do corpo docente (cfr. n.º 3 do artigo 25.º da L34), bem como regular ―a emissão de certificados de aptidão e qualificação profissional do pessoal de segurança privada e a aprovação, certificação e homologação dos respetivos cursos de formação profissional‖448, substituindo o regime que vigorava desde 2001, uma vez que

nunca foram implementadas medidas que adaptassem o sector aos desígnios do DL35. Desde logo se verifica que o controlo e a exigência na formação de segurança privada são tónica geral do diploma, destacando-se, à partida, nas alíneas a) e b) do artigo 2.º da Portaria, dois objectivos do apelidado ―sistema de formação profissional do pessoal de segurança privada‖449, que passam por ―promover a qualidade e a credibilização da atividade

das entidades formadoras que operam no âmbito da atividade de segurança privada‖ e ainda por ―promover a qualificação e as competências necessárias ao exercício das funções do pessoal de segurança privada‖. Estes dois desígnios, como verificamos, vão de encontro àquilo que eram os anseios de grande parte dos intervenientes no sector.

O novo regime prevê a existência de cursos de formação inicial de qualificação (artigo 6.º), cursos de formação e actualização (artigo 7.º) e uma formação complementar para transporte transfronteiriço de valores (artigo 8.º), estabelecendo-se, entre os artigos 9.º e 19.º, o módulo de formação base comum (com duração mínima de 60 horas) e os diversos módulos específicos a cada uma das especialidades previstas no n.º 3 do artigo 17.º da L34 (cuja duração varia entre as 30 horas, para o módulo de operador de central de alarmes, e as 190 horas para o vigilante de protecção e acompanhamento pessoal). A título de exemplo, para se ter uma ideia da exigência de qualificação que foi implementada com este novo regime, veja-se que a anterior carga horária de formação prevista para os vigilantes de

446 Estas definições vêm consagradas nos n.ºs 2, 3 e 4 do artigo 5.º da Portaria 148/2014, de 18/07. 447 Cfr. n.º 2 do artigo 25.º da L34.

448 Cfr. n.º 2 do artigo 1.º da Portaria 148/2014, de 18/07.

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acompanhamento, defesa e protecção de pessoas450 era de 72 horas, já se incluindo o módulo específico que habilitava, nos termos do regime geral, o porte de arma de defesa451.

Para além da carga horária de cada uma das matérias a ser ministrada, a portaria define, para cada um dos módulos, os objectivos que deverão ser atingidos e alvo de avaliação, segundo o sistema previsto no artigo 20.º, sendo a DN/PSP a entidade competente pela elaboração e fiscalização da aplicação das provas de avaliação452. Paralelamente é também a ―entidade com competência exclusiva para o reconhecimento de qualificações, avaliação e certificação da formação profissional prevista‖ neste diploma453.

Para finalizar, três últimas notas. No artigo 22.º, referente à formação de directores de segurança, definem-se, para além das entidades que poderão ministrar esta formação (que serão os ―estabelecimentos de ensino superior oficialmente reconhecidos, cujo curso de diretor de segurança tenha sido aprovado por despacho do membro do Governo responsável pela área da administração interna‖ ou o ―estabelecimento de ensino superior oficialmente reconhecido, em curso superior ou de pós-graduação na área da segurança, desde que inclua as matérias e as mesmas tenham a duração mínima previstas‖ neste artigo454), os conteúdos e

a carga horária mínima das formações, que não poderá ser inferior a 200 horas455. No artigo 23.º estabelecem-se os deveres das entidades formadoras, enquanto que no artigo 24.º se enunciam as qualificações mínimas do corpo docente.

No documento A LTERAÇÕES E OC ONTROLO NON OVO (páginas 123-125)