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Viana (2002) define material como todas as coisas contabilizáveis que entram como elementos constituídos ou constituintes na linha de atividade de uma empresa. Em uma empresa, o universo de materiais a serem administrados é bastante amplo, cada material possui características próprias e aplicações que definem os critérios que devem ser considerados no processo de aquisição, manuseio, transporte e armazenagem.

A classificação de materiais é o processo de agrupar materiais por características similares. A classificação é necessária no gerenciamento de estoques de uma empresa e também é utilizada para identificar e decidir prioridades (VIANA, 2002). A figura 1.18 apresenta um modelo de classificação por tipo de demanda:

Figura 1.18 – Classificação por tipo de demanda. Fonte: (VIANA, 2002) Tipo de demanda Materiais não de estoque Materiais de estoque Valor do consumo anual Importância operacional

A

B

C

X

Y

Z

Segundo Viana (2002), os materiais podem ser classificados como materiais não de estoque - aqueles de demanda imprevisível, cuja irregularidade de consumo faz com que sejam adquiridos somente mediante solicitação do usuário – e materiais de estoque – aqueles com consumo previsível e constante.

Os materiais de estoque, por sua vez, são classificados quanto à aplicação:

- Materiais produtivos: ligados direta ou indiretamente ao processo de fabricação; podem ser matérias-primas, produtos em processo ou produtos acabados;

- Materiais de manutenção: materiais de consumo regular, aplicados em manutenção de instalações e equipamentos;

- Materiais improdutivos: aqueles não incorporados ao produto acabado; podem ser classificados como materiais de consumo geral ou materiais de manutenção quando são aplicados em manutenção de instalações e equipamentos.

Quanto ao valor de consumo anual, recebem a seguinte classificação: - Materiais classe A: materiais com grande valor de consumo; - Materiais classe B: materiais com médio valor de consumo; - Materiais classe C: materiais com baixo valor de consumo;

A classificação por importância operacional visa identificar aqueles que são imprescindíveis para o funcionamento da empresa. Recebem a seguinte classificação:

- Materiais classe X: materiais com aplicação não importante, com possibilidade de uso de similar existente na empresa.

- Materiais classe Y: materiais de importância média, com ou sem similar na empresa;

- Materiais classe Z: materiais de importância vital, sem similar na empresa, cuja falta acarreta a paralisação de uma ou mais fases operativas.

Na Fiat Automóveis, os materiais de estoque são classificados somente quanto à aplicação, em materiais produtivos - denominados materiais diretos, e materiais improdutivos - denominados materiais indiretos. A classificação por importância operacional não é aplicada de forma sistêmica, embora haja um conhecimento tácito sobre a relevância do item em função de sua aplicabilidade e seqüência de uso na montagem do veículo – quanto mais à montante do processo de montagem um item é utilizado, maior sua importância operacional porque significa na maioria das vezes que não é possível a montagem posterior deste item em função de sua dependência com os demais processos sucessivos de montagem. Por exemplo, o

carpete que cobre o assoalho do veículo possui maior importância operacional do que o para- choque porque este último pode ser montado a qualquer tempo, sem impactar no processo de produção, enquanto a falta do primeiro impede a continuidade do processo.

Quanto à classificação por valor de consumo anual, esta não é realizada pelo sistema corporativo de gestão de materiais, mas é eventualmente utilizada quando é necessário realizar alguma análise financeira na gestão de materiais para a tomada de decisões, e sempre neste caso implica em grande trabalho manual na coleta de informações e cálculo da classificação.

São 3 as modalidades de abastecimento de materiais (fluxo inbound):

- Abastecimento tradicional: Os fornecedores entregam a quantidade programada e esta é recebida e armazenada até seu uso. Os itens de estoque são recebidos nesta modalidade.

- Abastecimento Just in Time: Os fornecedores entregam a quantidade programada, conforme ordem de abastecimento. Os materiais são recebidos e não são armazenados, sendo direcionados para a produção. Os itens não de estoque são recebidos nesta modalidade.

- Abastecimento Shopping: Esta modalidade é uma adaptação do modelo VMI – Vendor Management Inventory, aplicada ao suprimento e não à distribuição. Neste modelo, os fornecedores possuem uma área dentro da planta da Fiat Automóveis, com perímetro fiscal demarcado e uma autorização da Receita Estadual para manter neste espaço um estoque de materiais de sua propriedade. A gestão de estoque destes materiais e sua armazenagem são inteira responsabilidade do fornecedor. A Fiat requisita materiais destes fornecedores para abastecimento das linhas de montagem. Os fornecedores fazem o faturamento e a disponibilização dos materiais para abastecimento do processo produtivo. Simplificando, é como um Just in time onde o fornecedor se encontra dentro da planta da montadora. Os itens abastecidos nesta modalidade são considerados itens não de estoque.

Todos os fornecedores recebem as previsões de programação de materiais, que contém as informações de necessidade de materiais para um horizonte de tempo de S+1 (semana seguinte à atual) até M+6 (seis meses futuros), considerando tanto materiais de estoque quanto materiais não de estoque.

O sistema MRP adotado na Fiat não é infalível. Como ocorre em toda a relação entre empresa e fornecedores de uma cadeia logística, a gestão de estoque está sujeita às variações

de tempo de ressuprimento e da demanda. Entretanto não existe um percentual de nível de serviço conhecido para o fornecimento de cada item de estoque. Na prática, sempre que é identificada uma possibilidade de ruptura de estoque, a organização reage adaptando o programa de produção de forma a eliminar ou reduzir a demanda pelo componente que está em risco de faltar. Por este motivo, ainda que não seja totalmente verdade, os administradores de materiais da Fiat afirmam que não existem rupturas de estoque no sistema MRP.