• Nenhum resultado encontrado

PARTE 1 – ECONOMIA EMPRESARIAL E GESTÃO ESTRATÉGICA DE BALANÇO

3.2 O COMPORTAMENTO DOS BANCOS NUMA ECONOMIA EMPRESARIAL 60 

3.2.1 A gestão estratégica de balanço dos bancos 60 

Conforme discutido no capítulo anterior, por trabalharem com o sistema de “reservas fracionárias”, os bancos são capazes de expandir a quantidade de meios de pagamentos na economia, pois podem emprestar “mais do que possuem”. Contudo, como uma parte dos depósitos de um banco resulta da emissão de outro banco contra si próprio, um banco individual, em geral, tende a não criar depósito de forma persistente em ritmo superior àquele correspondente à sua participação média no sistema bancário, posto que uma parcela dos depósitos criados tende a ser drenado para os demais bancos. Ou seja, como um banco está permanentemente recebendo direitos contra outros bancos e assumindo obrigações frente a outros bancos, ele deve conduzir seu negócio de modo a fazer com que estes movimentos opostos possam ser aproximadamente compensados. Uma postura muito ousada assumida por um banco individual em relação à concessão de crédito implica fortalecimento dos demais bancos em detrimento de si próprio (KEYNES, 1930a). Por esta razão, conforme já salientado, os bancos geralmente agem em conjunto, condição que tende a aprofundar as fases de expansão e contração dos negócios.

Nesta perspectiva que Alves Jr., Dymski e Paula (2008) sustentam, à luz de Keynes (1930a, p.23), que a composição de balanço de um banco individual se mostra apenas parcialmente determinada por suas próprias decisões, posto que influenciada pelas decisões de balanço dos demais bancos. A partir da desagregação do multiplicador bancário, os autores mostram que a expansão do crédito por um banco individual em ritmo superior ao do sistema

como um todo implica perda de reservas, uma vez que parte dos empréstimos do banco será drenada para os demais bancos, conduzindo-o a um processo de fragilização.

Embora normalmente o comportamento de um banco individual se mostra influenciado pelo comportamento dos demais bancos, deve ser destacado que isto não significa que um banco individual não possa, em determinadas circunstâncias e durante certo interregno, assumir uma postura mais arrojada do que as outras instituições, ante a possibilidade administração dinâmica das obrigações. Os bancos têm diante de si uma multiplicidade de possibilidades de captação de recursos, ao invés de apenas depósitos. A perda de reservas de um banco, decorrente de sua postura audaciosa na gestão de seus ativos, pode ser por ele compensada, por exemplo, mediante a utilização de instrumentos que busquem influenciar a escala de preferências dos depositantes e viabilizar a captação de recursos a partir de outras fontes, como no mercado interbancário ou internacional.

Isto significa que estas instituições não precisam manter fundos ociosos para poder atribuir viabilidade às suas operações ativas. Se assim fosse, os banqueiros seriam pobres, conforme assinala Minsky (1986, p.229). E isto porque os bancos têm acesso a fundos em diferentes mercados, incluindo o interbancário, de modo a amparar suas operações ativas e/ou zerar posição de reservas junto ao banco central. Não menos importante, podem suportar necessidades de liquidez mediante a venda de ativos altamente líquidos, optando pela alternativa de menor custo, conforme registra Saunders (2000, p.351-352). Os bancos podem, inclusive, realizar operações de arbitragem entre as taxas de redesconto e de mercado, a depender do arcabouço regulatório e dos mecanismos de supervisão prevalecentes. Tratam-se, pois, de atores ativos no que compreende à administração de seus passivos, posto que estão no mercado para maximizar lucros. Nas palavras de Minsky (1986, p.229-30):

When a banker vouches for creditworthiness or authorizes the drawing of checks, he need not have uncommitted funds on hand. He would be a poor banker if had idle funds on hand for any substantial time. In lieu of holding non-income-earning funds, a banker has access to funds. Banks make financing commitments because they can operate in financial markets to acquire funds as needed; to so operate the hold assets that are negotiable in markets and have credit lines at other banks. […]

O conceito de multiplicador monetário71, embora possa cumprir a finalidade de mostrar como o banco central pode influenciar a política bancária, apresenta-se insuficiente para captar a

71 O multiplicador monetário é dado por α = 1 / 1-d (1-e), sendo “d” a relação entre depósitos à vista dos bancos

dinamicidade da gestão de balanço de um banco numa economia empresarial tal como definida no capítulo anterior. Logo, embora normalmente o comportamento de cada banco seja influenciado pelo comportamento do sistema como um todo, ou seja, por “forças exógenas” sobre as quais um banco individual não exerce controle, tais forças podem decorrer dos próprios desejos dos banqueiros, ao invés dos depositantes e, porque não, da autoridade monetária e dos demais bancos. Nos termos de Keynes (1930a, p.23):

Thus the behaviour of each bank, though it cannot afford to move more than a step in advance of the others, will be governed by the average behaviour of the banks as a whole – to which average, however, it is able to contribute its quota small or large. Each bank chairman sitting in his parlour may regard himself as the passive instrument of outside forces over which he has no control; yet the ‘outside forces’ may be nothing but himself and his fellow-chairmen, and certainly not his depositors. [grifo nosso]

Com efeito, afirmar que os bancos normalmente atuam juntos não implica assumir a impossibilidade de um banco individual não agir em linha com o comportamento médio do sistema durante certo período e em determinados contextos. Um banco poderá assumir postura operacional diferenciada caso as suas expectativas divirjam da percepção prevalecente da maioria, antecipando comportamentos que imaginam se tornar comuns ao sistema para, mais adiante, apropriar-se de lucros extraordinários por um determinado período ou se proteger de movimentos adversos provocados pela reversão dos negócios, mesmo que esta estratégia implique uma maior dependência do interbancário. A assunção de uma postura mais prudente por um banco nas fases de expansão, por outro lado, pode significar perdas de fatias de mercado irrecuperáveis diante de alterações do estado geral de expectativas.

Os bancos não são agentes passivos. São instituições capazes de influenciar seus depositantes e, sob determinados contextos, contrariar as determinações das autoridades

(Et/DVbc). Logo, quanto maior for “e”, ceteris paribus, menor será o multiplicador monetário (α), e quanto maior for “d”, maior será “α”. Isto induz a supor que a autoridade monetária, ao poder impor níveis mínimos de reservas aos bancos (recolhimento compulsório) e praticar taxas punitivas nas operações de redesconto, ou seja, ao poder afetar “e” e “d”, exerce controle absoluto do multiplicador monetário (α), ou seja, sobre a capacidade de empréstimos dos bancos e, por conseguinte, sobre a quantidade de moeda na economia. Trata-se, contudo, de um entendimento estático do comportamento dos bancos, insuficiente para captar a dinamicidade destas instituições. Conforme será discutido, os bancos administram dinamicamente os dois lados do balanço, sendo capazes de driblar as restrições impostas pela autoridade monetária. Supor que um banco que aumenta seus empréstimos em ritmo superior à sua quota no sistema não irá buscar incessante e ativamente recursos no mercado para dar suporte às suas aplicações, bem como optar por formas de captação menos sujeitas à incidência de recolhimentos compulsórios, constitui uma abstração que, a despeito de cumprir sua função, não acomoda a realidade destas instituições numa economia empresarial.

monetárias72. Não constituem simples criadoras quase-técnicas de moeda, intermediárias neutras entre poupadores e agentes deficitários, incapazes de afetar as variáveis-chave do sistema. Ao invés disto, a postura operacional dos bancos será fortemente influenciada pela percepção do banqueiro em relação ao cenário econômico futuro, percepção esta que é fruto de um conjunto de expectativas sensível a fatores objetivos e subjetivos, ainda que normalmente em linha com as posturas dos demais bancos.

A abordagem de balanço permite captar, em boa medida, a gestão estratégica de ativos e passivos implementada por estas instituições. Com o termo “gestão estratégica de balanço” se quer afirmar que os bancos administram simultaneamente os dois lados de seus balanços, de forma interdependente. Isto porque, conforme destacou Minsky (1975, p.70), uma decisão de portfólio envolve dois movimentos inter-relacionados, a saber: de um lado, envolve a decisão de quais ativos serão comprados; e, de outro, a decisão de como esta posição será financiada, ou seja, quais obrigações serão emitidas. Tem-se, então, a configuração de uma estrutura financeira interconectada, envolvendo uma enorme variedade de fluxos de recebimentos e pagamentos denominados em moeda.

Enquanto a administração do ativo corresponde à alocação de recursos entre diferentes alternativas de investimento, a administração do passivo diz respeito à captação de recursos a partir de fontes alternativas disponíveis, incluindo a participação do capital próprio no total do passivo destas instituições, ou seja, o grau de alavancagem assumido por elas. Donde a composição do ativo entre aplicações mais e menos líquidas, bem como do passivo entre obrigações mais ou menos custosas e mais ou menos curtas, irá depender do grau de preferência pela liquidez dos bancos em dado momento, que, por seu turno, irá determinar a gestão estratégica de balanço destas instituições. Nos termos de Bezerra (1995, p.146):

Enquanto a administração de ativos é utilizada para determinar de que forma o banco vai emprestar, é no âmbito da administração do passivo que o banco vai tomar as decisões visando modificar o montante total de recursos disponíveis para empréstimos. As decisões envolvendo a administração do passivo visam, também, determinar as

72 Diferentemente do admitido pelas abordagens tradicionais sobre o comportamento dos bancos. Sobre as

abordagens convencionais que assumem os bancos como meros intermediários neutros, ver Gurley e Shaw (1955) e Fama (1980). Sobre a “visão nova” de Tobin (1971), pautada na condição de que os bancos acomodam as demandas do público até o ponto em que a receita marginal é igual ao custo marginal, mas que não admitem a possibilidade de os bancos afetarem a escala de preferências dos depositantes e que supõem as reservas enquanto a forma de satisfação da liquidez por estas instituições, ver também Klein (1971). Para um resumo dos modelos neoclássicos de firma bancária, ver Baltensperger (1980) e Santomero (1984). Para uma abordagem geral e crítica, ver Paula (1997) e Bezerra (1995).

participações que cada obrigação deve ter no total [do ativo/passivo], incluindo a proporção do patrimônio líquido, ou o que significa o mesmo, o seu grau de alavancagem. [grifo do autor; incorporação nossa]

Para além de uma abordagem estritamente contábil, a composição do balanço de um banco expressa sua escala de preferência por liquidez em dado momento, circunscrita a um contexto onde previsões baseadas em cálculos de probabilidades não são suficientes para garantir que o cenário esperado seja aquele efetivamente verificado, ante a possibilidade de reversões súbitas do estado geral de expectativas. O portfólio dos bancos, bem como sua estrutura de obrigações, reflete a percepção destas instituições em relação ao cenário prospectivo de unidades particulares e da economia, formada a partir de suas visões presentes e passadas (MINSKY, 1975, p.69). Nos termos de Freitas (1997, p.76):

[…] Os bancos, como todos os outros agentes, possuem preferência pela liquidez e expectativas em relação ao futuro, que norteiam as estratégias que traçam em sua busca incessante de valorização. Nesse sentido, eles administram ativamente os dois lados do balanço e utilizam igualmente de expedientes, como as transações fora do balanço. Como o desejo dos bancos em se manterem líquidos depende de suas considerações otimistas ou pessimistas sobre o estado dos negócios ao longo do ciclo econômico, é possível que, em certas circunstâncias, eles decidam racionar o crédito, refreando o crescimento econômico ou mesmo conduzindo à regressão da produção e dos investimentos. [...] [grifo nosso]

No que se refere ao lado esquerdo do balanço, os bancos podem combinar diversos ativos com diferentes graus de liquidez e rentabilidade, ao sabor de suas expectativas. A participação de cada uma destes ativos na composição de suas aplicações se mostra sujeita a amplas flutuações, posto que dependente do estado geral de expectativas prevalecente: do grau de preferência pela liquidez dos banqueiros e demais atores econômicos. A oferta de crédito não será determinada passivamente pela demanda por recursos por parte dos mutuários. A demanda por crédito será apenas satisfeita se o banqueiro assim desejar, caso suas expectativas em relação à capacidade de repagamento futuro do empréstimo pelo mutuário e à manutenção do valor do colateral forem otimistas, bem como se a natureza das suas obrigações emitidas assim permitir (CARDIM DE CARVALHO, 1999a). Por este motivo, inclusive, as proporções nas quais os recursos são alocados pelos bancos entre ativos mais ou menos líquidos se acham sujeitas a amplas oscilações. Não por outra razão, afirmou Keynes (1930b, p.59):

[...] what bankers are ordinarily deciding is, not how much they will lend in the aggregate – this is mainly settled for them by the state of their reserves – but in what

forms they will divide their resources between the different kinds of investment which

are open to them. Broadly there are three categories to choose from – (i) bills of exchange and call loans to the money market, (ii) investments, (iii) advances to customers. As a rule, advances to customers are more profitable than investments, and

investments are more profitable than bills and call loans; but this order not invariable. On the other hand, bills and call loans are more ‘liquid’ than investments, i.e. more certainly realizable at short notice without loss, and investments are more ‘liquid’ than advances [...] the proportions in which their resources are divided between these three categories suffer wide fluctuations [...] [grifo nosso]

Nesta passagem, ademais, Keynes (1930b, p.59) estabelece uma relação entre retorno e grau de liquidez no que tange às três categorias de ativos mencionadas, a saber: 1) títulos de curtíssimo prazo; 2) títulos de médio e longo prazos; e 3) operações de crédito. Os primeiros apresentam alto prêmio de liquidez, mas em detrimento do retorno monetário. Os segundos, por sua vez, apresentam um grau de liquidez inferior aos títulos de curtíssimo prazo, mas em contrapartida oferecem um rendimento mais elevado. Finalmente, os empréstimos são mais lucrativos do que os dois anteriores, mas apresentam um grau de liquidez bem menor. Em realidade, os atores econômicos, e os bancos em particular, se deparam com uma enorme variedade e complexidade de ativos passíveis de serem adquiridos.

Neste mesmo trecho de seu Treatise, contudo, Keynes (1930b) sugere que as reservas agregadas de recursos ditam o compasso que é comum ao sistema bancário. Por isso, inclusive, sua ênfase nas formas pelas quais os bancos alocam seus ativos, mais do que na quantidade emprestada, posto que restringida pela posição de reservas determinada institucionalmente (HAWKINS, 2002, p.111). Não obstante,o desenvolvimento do sistema bancário fez com que a quantidade de reservas deixasse de constituir o principal determinante do volume de suas operações de crédito no agregado (CHICK, 1994). Com efeito, essas instituições passam a decidir não apenas a alocação de seus recursos entre as diferentes classes de ativos disponíveis em dado instante e contexto de expectativas, mas também a dispor de grande flexibilidade em relação à quantidade de recursos que irão emprestar no agregado. Os bancos, então, decidem quanto e como alocar seus recursos simultaneamente.

Para reduzir os riscos envolvidos nas operações de crédito, os bancos normalmente exigem garantias para caucionar os empréstimos. Por estas e outras razões, o contrato exerce papel muito importante para a decisão de emprestar do banco, constituindo um mecanismo de defesa do credor frente à possibilidade de inadimplência por parte do mutuário, pois nele irão constar as cláusulas que irão garantir ao credor o direito sobre os colaterais dados em garantia. Nas palavras de Minsky (1986, p.228), “Money contracts used to finance asset holding and

investment contain clauses that protect financing units against the moral hazard of borrowers conveying assets.”. Conforme registra Davidson (2002, p.147), moeda e contratos são

intimamente relacionados. Os contratos funcionam como uma garantia da continuidade entre o presente e o futuro, condição necessária para que o dinheiro cumpra suas funções básicas (meio de pagamento, unidade de conta e reserva de valor)73. A existência de fatores que impeçam o cumprimento rápido e eficaz dos termos contratuais tende a fazer com que os bancos sejam ainda mais seletivos em suas operações de crédito e estabeleçam margens de segurança mais dilatadas quando da realização de tais operações.

Para subverter o baixo grau de liquidez dos adiantamentos a clientes, os bancos podem securitizar suas carteiras de empréstimos, cujos títulos passam a ser negociados nos mercados secundários. Opera-se, assim, a transformação de ativos não-negociáveis em ativos negociáveis no mercado (FERREIRA e FREITAS, 1990). Este constitui, pois, o estágio VI de desenvolvimento do sistema bancário, à luz de Chick (1994). Com isso, os bancos passam a atuar como brokers, obtendo seus ganhos a partir de comissões e tarifas de serviços prestados. E além de as carteiras de crédito dos bancos serem transformadas em valores mobiliários negociáveis, elas são retiradas de seus respectivos balanços patrimoniais, transformadas em ativos líquidos. Por isso, afirma Cardim de Carvalho (2007, p.17):

[...] a securitização muda a natureza da operação desempenhada pelo banco. Suas obrigações são reduzidas, de modo que os riscos a que o banco estão sujeitos são diminuídos. Tudo é tornado possível porque o empréstimo que é securitizado se torna muito líquido; de fato, ele se torna tão líquido que o banco pode simplesmente vendê-lo. [...]

Com a securitização de sua carteira de empréstimos, o banco transfere o risco de juros para terceiros e viabiliza a retirada de tais operações de seu balanço. O banco agrupa certa quantidade de novos empréstimos e constitui um fundo, que passa a ser gerenciado por um agente fiduciário. Os títulos emitidos pelo fundo, que têm como lastro a carteira de empréstimos do banco, são repassados para um subscritor, que viabiliza o escoamento dos papéis para o público interessado. Os tomadores do empréstimo pagam normalmente os encargos para o banco. Este, por seu turno, repassa o fluxo de rendas para o agente fiduciário, que depois de abater a parcela referente às suas próprias despesas, bem como as do banco, o transfere para os quotistas do fundo. Para tornar os títulos de dívida atrativos aos investidores, os bancos podem assumir a condição de avalista do fundo (HOWELLS E BAIN, 2001, p.281). A securitização de suas

73 Por isso, afirma Davidson (1972, p.149): “It is synchronous existence of money as a unit of account and the

presence of ‘offer contracts’ and ‘debt contracts’ which are denominated in money units which forms the core of a modern monetary production economy.”

carteiras de empréstimos lhes permite transformar empréstimos de longo prazo em disponibilidades (caixa), com seus ganhos passando a decorrer da corretagem de valores (broker), ao invés da transformação de ativos (SAUNDERS 2000, p.593).

Inovação da década de 1980, a securitização das carteiras de crédito permitiu aos bancos de diversos países driblarem as regras impostas pelo Acordo de Basiléia de 198874, viabilizando o processo de “arbitragem regulatória”. Comparando a ponderação estabelecida pelo Acordo com a determinada por seus controles internos de risco, sucuritizaram as carteiras menos arriscadas e se enveredaram em direção às operações mais arriscadas registradas em balanço, pois como o Acordo impunha sobre os empréstimos coorporativos, indistintamente, um ponderação máxima de risco e, portanto, de necessidade de capital próprio, os bancos se tornaram mais apetitosos por risco, condição que potenciou a utilização de uma outra inovação do período, os derivativos de crédito75 (GUTTMANN, 2006).

Com esses processos, além minimizarem as exigências de capital mínimo impostas pelas autoridades monetárias, os bancos conseguem aumentar o grau de liquidez de seus ativos mesmo realizando operações de crédito, reduzindo o nível necessário de reservas para fazer frente ao risco de liquidez. Nos termos de Saunders (2000, p.362), tomando-se por base a realidade norte- americana:

[...] os empréstimos bancários estão sendo cada vez mais securitizados e/ou vendidos em mercados secundários. Isso tem alterado de maneira fundamental a iliquidez das

Documentos relacionados