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Algumas considerações sobre identidade

2.1 A identidade brasileira

Palmeira dos índios, AL – 1947/1951

Ver ger ex plora seu olhar de est r angeiro par a buscar o que há de m ais aut ênt ico em nós. Par ece som ent e se im por t ar com a essência. Busca no fundo dos olhar es a br asilidade que t ent am os or a descobrir ora ocultar.

As r eflexões sobr e a br asilidade t êm início ainda no Br asil- colônia. Cont udo, a nossa at ual concepção de ident idade nacional com eça a ser const r uída na segunda m et ade do século XI X e início do século XX, fort em ent e influenciada pelas t eorias r aciais defendidas pelos pensador es posit ivist as europeus. Aut or es com o Sílvio Rom er o,

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Nina Rodr igues, Oliveir a Viana e Euclides da Cunha oper am sob est a óptica.

“ Todos eles t inham em com um a consider ação da m est içagem

( t ant o das raças com o das cult ur as) com o car act er íst ica ( difer ença) que definir ia a ident idade br asileir a. Mas a m est içagem basicam ent e não er a um dado posit ivo. Se por um lado a m est içagem ser via com o pedr a de t oque da originalidade nacional, por out r o, denot av a um defeit o na fundação dessa originalidade (as raças inferiores que compunham o mestiço)”24. A figur a do m est iço só com eça a ser v alorizada na década de 30 quando t r ês cient ist as sociais redim ensionar am o pensam ent o br asileir o com suas obr as sobr e a const it uição da ident idade nacional. Gilber t o Fr eyr e, Sér gio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior t or nar am vigent e, ent r e os int elect uais br asileir os inseridos no cont ext o da m odernidade, a concepção sociológica clássica de que a identidade é tão somente fruto do meio social e cultural. Ainda que sob consider ações elit ist as e pat riarcais, eles deixam de lado as im plicações biológicas e concent r am - se nas cont r ibuições sócio- cult ur ais que as t r ês raças for necem par a a const r ução da ident idade brasileira.

Ângela Prysthon, em seu artigo “Pensando o Brasil: percursos da identidade nacional”, argumenta que

“ Casa Gr ande e Senzala e os subseqüent es livr os de Gilber t o

Fr eyr e for am post er iorm ent e acusados de t er em criado o m it o da dem ocr acia r acial br asileir a e da br andura das r elações ent r e senhor es e escr avos e encober t o a v iolência das est r ut ur as econôm icas e sociais at r av és do elogio ao pat r iarcalism o. ( .. .) Tais acusações pr ocedem na m edida em que desv elam não os pr oblem as iner ent es à obr a de Fr eyr e, m as a influência de cer t o m odo det urpador a que est a obr a t ev e na cult ur a e sociedade

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PRYSTHON, Ângela. Pensando o Brasil: percursos da identidade nacional. Recife, PE: Edições Bagaço, 2001. Pág 50.

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br asileir as com o um t odo ( principalm ent e est a cr ença na convivência harm oniosa ent r e as r aças e as classes sociais, m as também a exacerbação do regionalismo)” 25.

De acordo com Gilberto Freyre,

“ o hom em viv ent e e convivent e não pode ser definido apenas

em t erm os abst r at os, m at em át icos, est at íst icos. Precisam os de nos defr ont ar com o que nele sej a o que Unam uno cham av a de ‘car ne e osso’. Precisam os de consider á- lo, o m ais possível, na sua t ot alidade biossocial, não só o ser que pensa, sent e, sonha, fala, ri, r eza, dança, fabrica, pint a, t oca viola, fum a, distinguindo- se, por essas apt idões hum anas, dos dem ais anim ais com o o que copula, com e, defeca, sua, cor re, gr it a, sobe às ár vor es, desce às águas, nada, sendo, nessas expr essões de vida, ao m esm o t em po que univ ersal com o indivíduo biológico. Par t icular , diverso, regional, pr é- nacional, com o pessoa, ist o é, com o indivíduo socializado e acult urado de acordo com um a ecologia, um a cult ur a, um grupo a que pert ença, ou dent ro do qual nasceu ou cr esceu; e, de acor do com esses condicionam ent os, pr at icando at os anim ais – com endo, copulando, nadando – de difer ent es m aneir as biossociocult ur ais. É em vir t ude dessas par t icularizações de com por t am ent o, decorrent es de sit uações ecológicas e cult urais particular izador as da condição hum ana, que se pode falar de um hom em br asileiro com o de um hom em fr ancês, de um hom em port uguês, de um hom em espanhol, de um hom em r usso, de um hom em m exicano, de um hom em par aguaio, de vários out ros hom ens nacionais; de vários out ros t ipos nacionais ou r egionais de Hom em . Par a esse t ipo nacional de Hom em brasileiro – ainda em form ação m as j á bast ant e definido, ant ropológica e socialm ent e – sabem os que t êm concorr ido, e cont inuam a concorr er , v ár ios subt ipos r egionais, alguns

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dinam izados e t r ansr egionais: o caso clássico do Bandeir ant e. O do nor dest ino. O do pr óprio gaúcho que se t em pr oj et ado pelo Brasil Central.” 26

Ver ger com unga dessa idéia at é m esm o por ilust r ar os t ext os escr it os por Fr eyr e par a a r evist a em que t r abalhava nos anos 40. O fr ancês fot ogr afa sem pr e nos inserindo num cenár io próprio de cada t ipo hum ano br asileir o. Suas fot ogr afias m ost r am um Br asil marcadamente regional, quase folclórico.

Par a alguns int elect uais, a discussão sobr e a ident idade nacional br asileir a deve com eçar a ser abordada a par t ir da per spect iva das sociedades indígenas que aqui est avam quando da chegada do colonizador por t uguês. Se for consenso que nossa ident idade é fr ut o da miscigenação que se deu no processo formador de nossa sociedade, fat o é que o ser br asileiro par t e das pr im eiras com binações feit as pelo encont r o de r aças. Sendo o por t uguês o colonizador, im pôs, a prior i, seus cost um es e v alor es sociais às com unidades nat ivas. Nest e aspect o t om ar em os as considerações de alguns pensador es de nossa sociedade par a esclarecer alguns pont os sobre o assunt o. Vale salient ar aqui que cada um sit ua sua perspect iva num cont ex t o específico.

Sér gio Buar que de Holanda, em seu “ Raízes do Br asil” ( 1936) , afirm a que nosso car át er m iscigenado e nossa condição de “ hom em cordial” t iver am a m esm a r aiz: o personalismo por t uguês. Ent enda- se o conceit o “ personalism o” usado por Buar que com o a “ cult ur a da personalidade” . No sent ido usado por ele, o t er m o é vinculado à responsabilidade individual e r espeit o ao m ér it o pessoal enquant o aspect os subor dinados à própria personalidade. Est a car act eríst ica social deu perm eabilidade à nobr eza lusit ana, que apesar de fidalga e arist ocr át ica per m it ia que pessoas da plebe pudessem alm ej ar um a m udança de classe social por m eio do m érit o. Esses valor es chegando

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FREYRE, Gilberto. O brasileiro como tipo nacional de homem situado no trópico e, na sua maioria, moreno: Comentários em torno de um tema complexo. Rio de Janeiro: Conselho federal de Cultura, 1970. p. 41-57. Versão on line http://prossiga.bvgf.fgf.org.br/português/obra/index.htm

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aqui r esult ar am , segundo Buar que, em m ando e obediência irr est r it a por m eios vert icais de hier ar quia, pois t oda pessoa que chefiav a t inha em si um hist ór ico, um a r azão par a est ar ali. Gilbert o Fr eyr e, em seu “Casa- gr ande e Senzala” ( 1933) , t am bém com unga dessa opinião. Par a ele, na sociedade port uguesa, não se havia est r at ificado as classes sociais nem exclusivismos intransponíveis.

“ O que vem a reforçar a nossa convicção de ter sido a sociedade

port uguesa m óv el e flut uant e com o nenhum a out ra, constituindo- se e desenvolv endo- se por um a int ensa cir culação t ant o v er t ical com o horizont al de elem ent os os m ais diversos na procedência” 27.

Par a Buar que, o per sonalism o por t uguês t am bém dá v azão para que a ét ica avent ur eir a se sobr eponha a um a ét ica do t r abalho. A lógica é a de que m andar e t er em m ãos é m uit o m ais fácil que pr oduzir. Est a ser ia a or igem de algum as de nossas car act er íst icas com o a pr eguiça ou a subordinação do elem ent o cooper at ivo e r acional ao pessoal e afet ivo, por ex em plo. Par a o sociólogo, o ideal t r azido pelo português é colher o fruto sem plantar a árvore.

Pierre Verger, Mercado de S. José (esq) e Cais de Stª Rita (dir), Recife, 1947

“Esse tipo humano ignora as fronteiras. No mundo tudo se apr esent a a ele com generosa am plit ude e, onde quer que se

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FREYRE, Gilberto. Casa-grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. Rio de Janeiro: Record, 1999. 35ª ed. pág 217

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er ij a um obst áculo a seus pr opósit os am biciosos, sabe t r ansform ar esse obst áculo em t r am polim . Viv e dos espaços ilimitados, dos projetos vastos, dos horizontes distantes.

O t r abalhador, ao cont rár io, é aquele que enxerga pr im eiro a dificuldade a v encer , não o t r iunfo a alcançar . O esforço lent o, pouco com pensador e persist ent e, que, no ent ant o, m ede t odas as possibilidades de esper dício ( sic) e sabe t ir ar o m áxim o de proveit o do insignificant e, t em sent ido bem nít ido par a ele. Seu cam po visual é nat ur alm ent e r est rit o. A parte maior que o todo.

Exist e um a ét ica do t r abalho, com o ex ist e um a ét ica da avent ur a. Assim , o indivíduo do t ipo t r abalhador só at ribuir á valor m or al posit ivo às ações que sent e ânim o de pr at icar e, inv ersam ent e, t er á por im or ais e det est áveis as qualidades pr óprias do avent ur eir o audácia, im pr ev idência, ir r esponsabilidade, inst abilidade, v agabundagem – t udo, enfim , quant o se r elacione com a concepção de espaçosa do m undo, característica desse tipo”28.

O personalism o at relado à ét ica av ent ur eir a levaria os port ugueses a nos t r azer em que o aut or cham a de plast icidade, que nada m ais é do que um a pr edisposição par a o aj ust e her dada do pr ocesso hist ór ico de cont at o do lusit ano ( e da Península I bér ica com o um t odo) com out r as cult ur as. Est aria nest a plast icidade, m ais t arde incrust r ada no br asileir o, a r aiz ou a explicação par a o pr ocesso de miscigenação que se deu no Brasil desde os primeiros contatos.

“ E, no ent ant o, o gost o da av ent ur a, r esponsáv el por t odas est as fr aquezas, t eve influência decisiva ( não a única decisiv a, é pr eciso por ém , dizer - se) em nossa vida nacional. Num conj unt o de fat or es t ão div er sos, com o as r aças que ali se chocar am , os cost um es e padr ões de exist ência que ali nos t r oux er am , as

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HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 26ª ed. pág 44

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condições m esológicas e clim at ér icas que exigiam longo pr ocesso de adapt ação, foi o elem ent o or quest r ador por excelência. Favor ecendo a m obilidade social, est im ulou os hom ens, além disso, a enfr ent ar com denodo as asper ezas ou r esist ências da nat ur eza e criou- lhes as condições adequadas a tal empresa.

Nesse pont o, pr ecisam ent e, os port ugueses e seus descendent es im ediat os for am inexcedív eis. Pr ocurando r ecr iar aqui o m eio de sua origem , fizeram - no com um a felicidade que ainda não encont rou, segundo exem plo na hist ór ia. Onde lhes falt asse o pão de t rigo, apr endiam a com er o da t er r a, e com t al r equint e, que a gent e de t r at am ent o só consum ia farinha de m andioca fr esca, feit a no dia. Habit uar am - se t am bém a dor m ir em redes, á maneira dos índios. Alguns, como Vasco Coutinho, o donat ário do Espírit o Sant o, iam ao pont o de beber e m ascar fum o, segundo nos r efer em t est em unhos do t em po. Aos índios t om ar am ainda inst r um ent os de caça e pesca, em bar cações de casca ou t ronco escav ado, que singr avam os rios e águas do lit or al, o m odo de cult iv ar a t er r a at eando pr im eir am ent e fogo aos m at os. A casa peninsular, sever a e som bria, v olt ada para dent ro, ficou m enos cir cunspect a sob o novo clim a, per deu um pouco de sua asper eza, ganhando a var anda ext erna; um acesso para o m undo de for a. Com essa nov a disposição, im por t ada por sua vez da Ásia orient al e que subst it uía com vant agem , em nosso m eio, o t r adicional pát io m our isco, form ar am um padr ão prim it ivo e ainda hoj e v álido par a as habit ações européias nos t r ópicos. Nas suas plant ações de cana, bast ou que desenvolv essem em gr ande escala o pr ocesso j á inst it uído, segundo t odas as probabilidades, na Madeir a e em out r as ilhas do At lânt ico. Onde o negr o da Guiné er a ut ilizado nas fainas rurais”29.

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De acor do com Buar que, a plast icidade e subser viência ger ada pelo personalism o im post o no processo de colonização é a origem do “homem cordial” que se tornou o brasileiro.

“ Já se disse, num a expr essão feliz ( de Ribeiro Cout o) que a

contribuição br asileir a par a a civilização ser á de cordialidade – dar em os ao m undo o ‘hom em cordial’. A lhaneza no t r at o, a hospit alidade, a generosidade, vir t udes t ão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do car át er br asileir o, na m edida, ao m enos, em que perm anece at iv a e fecunda a influência ancest r al dos padr ões de convívio hum ano, inform ados no m eio r ural e pat riar cal. Seria engano supor que est as vir t udes possam significar ‘boas m aneir as’, civilidade. São ant es de t udo expr essões legít im as de um fundo em ot ivo ext r em am ent e r ico e t r ansbordant e. Na civilidade, há qualquer coisa de coer cit ivo – ela pode exprim ir - se em mandamentos e sentenças”30.

I m port ant e r eforçar o m odo elit ist a de consider ar a form ação da sociedade br asileira pr opost o t ant o por Buarque quant o por Fr ey r e. São pont os de vist a or a bur gueses or a da Casa Gr ande. Todavia, desde o seu lançam ent o, am bas as obr as for am m uit o bem r ecebidas pela com unidade acadêm ica nacional e int ernacional. Verger cir culav a nest e m eio, fazia par ceria com Gilber t o Fr eyr e nas páginas de “ O Cruzeiro” . Não é de se adm ir ar que ele t enha sido influenciado diretamente por estas idéias.

Est as visões da for m ação do pov o br asileiro é confront ada dir et am ent e pelo ant r opólogo Darcy Ribeir o, em seu livr o “ O povo brasileiro”. Segundo Darcy,

“ às v ezes se diz que nossa car act er íst ica essencial é a

cordialidade, que far ia de nós um povo por excelência gent il e pacífico. Ser á assim ? A feia v er dade é que conflit os de t oda ordem dilacer am a hist ór ia br asileira, ét nicos, sociais,

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econôm icos, religiosos, r aciais, et c. o m ais assinaláv el é que nunca são conflit os puros. Cada um se pint a com as cores dos out ros. ( ...) O processo de for m ação do povo br asileir o se fez pelo ent r echoque de seus cont ingent es índios, negr os e br ancos, foi, por conseguint e, alt am ent e conflit ivo. Pode- se afir m ar , mesmo, que vivemos praticamente em estado de guerra latente, que, por v ezes, e com freqüência, se t orna cr uent o, sangrento”31.

Ele defende que o início de nossa for m ação cult ural foi m arcado pelo desej o de hegem onia r acial que se deu logo nos pr im eiros cont at os ent r e br ancos e índios. Darcy desconsidera a quest ão da plast icidade port uguesa e nos diz que o cunhadism o foi a pr incipal estratégia de dominação étnica do colonizador.

“ A inst it uição social que possibilit ou a form ação do povo

br asileir o foi o cunhadism o, v elho uso indígena de incorpor ar est r anhos à sua com unidade. Consist ia em lhes dar um a m oça índia com o esposa. Assim que ele a assum isse, est abelecia, automat icam ent e, m il laços que o aparent avam com t odos os membros do grupo”32.

Os frut os dest e pr ocesso for am os prim eir os m est iços que eram r echaçados pelos dom inador es port ugueses e não quer iam ser iguais aos dom inados am er índios. Sem um lugar definido nest a est rut ur a social, est ranhos em sua própria t er r a, serviam de algozes dos co- nativos e subservientes dos estrangeiros.

A bem da verdade, é pr eciso chegar a um m eio t erm o, pois t em os sim um alt o gr au de passividade fr ent e aos problem as cot idianos e sociais. Est am os sem pr e a esper a do Est ado ou das pessoas que ocupam lugar es de dest aque par a r esolver em nossos pr oblem as pessoais e colet ivos. Ao est ar m os em sit uação de dest aque

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RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: evolução e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 2ª ed. pág 167/ 168

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ou pr ivilégio, agim os com o m andat ários. Cont udo, som os t am bém r esult ado de um pr ocesso de dom inação ét nica, que por for ça das cir cunst âncias se deu por m eio da m iscigenação. Em suas fot os no Brasil, Verger explora essa mistura. Gilberto Freyre defende que

“ t odo br asileir o, m esm o o alvo, de cabelo louro, t r az na alm a,

quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou m ancha m ongólica pelo Br asil – a som bra, ou pelo m enos a pint a, do indígena ou do negr o. No lit or al, do Mar anhão ao Rio Gr ande do Sul, e em Minas Gerais, pr incipalm ent e do negr o. A

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