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Capítulo 2: Técnicas e conceitos reducionistas para o planeamento e gestão de

2.5.2 A Implementação

Para QUELHAS e BARCAUI (2004), a CCPM sugere uma diminuição agressiva na estimativa de tempo para cada tarefa individual até ao ponto em que as pessoas responsáveis acreditam que seja possível tal redução, porém não comprometendo a

62 realização da tarefa. Em geral, resulta numa estimativa baseada na média da duração, em vez de uma estimativa com grandes margens de segurança, o que na maioria dos casos significa uma redução de mais de 50% na estimativa originalmente obtida.

Contudo, essa diminuição da duração de cada tarefa fragiliza a certeza do prazo do projeto. No sentido de gerenciar essas incertezas, a CCPM coloca parte daquelas seguranças removidas em “plumões” (buffers) no final de cada caminho da rede, nomeadamente, o Pulmão de Projeto, o Pulmão de Convergência, o Pulmão de Recurso e o Pulmão de Capacidade, que são clarificados com base num pequeno exemplo apresentado por QUELHAS e BARCAUI (2004).

Para um determinado planeamento, são apresentados, na Figura 15, os caminhos possíveis para o encadeamento das suas atividades (barras). Tendo sido indexado para cada uma delas um número que corresponde à duração estimada e uma letra que representa o recurso necessário para a sua realização.

5:A 2:D 2:T 2:A 3:P 4:D 4:T 10:A 4:D 4:A 6:P 8:D

Figura 15 - Criação da rede com base nos tempos médios por atividade, adaptado de QUELHAS e BARCAUI (2004)

O primeiro passo para a criação do diagrama de rede com base em CCPM é usar os

tempos médios por atividade e considerar os tempos mais tarde de início para os

caminhos não críticos.

Outro paradigma que é quebrado pela CCPM é a redução significativa da multitarefa através da eliminação da contenção dos recursos durante o desenvolvimento do diagrama de rede, proporcionando que a maior restrição do projeto, a Corrente Crítica, seja definida como sendo o maior caminho através da rede, considerando quer as dependências de atividades, quer as dependências de recursos.

63 Após este procedimento de corte nas estimativas das durações, segue-se a identificação da Corrente Crítica, e para isso, toda a contenção de recursos deve ser eliminada, evidenciando-se assim a sua forma. Conforme Figura 16, o recurso “A” e “D” teriam que realizar duas atividades em simultâneo, o que na prática não é viável. Sendo, portanto, a Corrente Crítica definida pelo caminho mais longo da rede. Como já foi referido, as dependências quer das atividades, quer dos recursos, resultam, assim, da eliminação da contenção daqueles dois recursos e consequente identificação da Corrente Crítica pretendida.

5:A 2:D

2:A 3:P 4:D 2:T

Figura 16 - Identificação da Corrente Crítica, adaptado de QUELHAS e BARCAUI (2004)

A fim de eliminar a fragilidade do tempo de duração do projeto, segue-se o último passo desta abordagem, que consiste em proteger a Corrente Crítica, e para esse efeito são inseridos buffers de proteção. Um no final do projeto, designado de Pulmão de Projeto ou

Project Buffer, PB, e eventualmente outros tipos de buffers, ou melhor buffer de

convergência, aqui designado de Pulmão de Convergência ou Feeding Buffer, FB, inseridos no final dos caminhos, onde o projeto poderá ficar vulnerável, isto é, no encontro das tarefas não críticas com o caminho classicamente definido como crítico. Na Figura 17, é feita, no exemplo corrente, a inserção daqueles pulmões, cujo cálculo das suas amplitudes é usualmente feito na base dos 50% da segurança retida.

2:T PB = 6,5

FB = 2

5:A 2:D

2:A 3:P 4:D

Figura 17 - Proteção da CCPM através da inserção de buffers de proteção, FB e PB, adaptado de QUELHAS e BARCAUI (2004)

64 Para CALIA (2004), ao invés de se administrar, individualmente, grandes quantidades de atividades, o projeto passa a ser administrado como um todo através da administração dos pulmões de tempo.

Estes buffers são, portanto, necessários para dar sustentação governativa ao gestor do projeto, procurando respeitar a medição do progresso dos trabalhos em relação à sua data esperada de fim. É comum que este gerenciamento seja feito, dividindo cada buffer em três níveis, conforme apresentado na Figura 18.

0 1

0 1/3 >1/3 2/3 >2/3 1

Buffer

Ok Observar e planear Agir com urgência

Consumido:

Figura 18 - Divisão de buffer em gerenciamento, adaptado de QUELHAS e BARCAUI (2004) Aqui o controlo recai sobre o consumo dos Pulmões, em que é admitido existir proporcionalidade de consumo para com as atividades que se encontram no caminho a montante. Pelo que, quando se verifica que este rácio se encontra no primeiro terço, isso significa que o projeto segue num ritmo satisfatório, quando se encontra no terço central, dever-se-á observar o sistema e executar o planeamento corretivo e, por fim, quando aquela razão se situar no último terço, a atuação se torna urgente sob pena de comprometer o prazo do projeto.

A maioria das empresas de construção civil não observa minuciosamente a sua efetiva capacidade interna para a condução de vários projetos em simultâneo. Neste contexto, ainda é de se referir, de forma geral, a existência de mais dois tipos de buffers, designadamente, o Pulmão de Recurso e o Pulmão de Capacidade, que não serão desenvolvidos, porque não é objeto essencial de tratamento neste trabalho.

Para PIGNATARI (2006), o Pulmão de Recurso tem a função de garantir que o recurso correspondente estará disponível para ser utlizado no momento programado, quando for solicitado pela atividade da Corrente Crítica.

Segundo QUELHAS e BARCAUI (2004), em ambientes de projetos múltiplos, a forma encontrada para evitar possíveis atrasos causados por flutuações entre projetos, foi a criação do Pulmão de Capacidade com tamanho proporcional ao tamanho da atividade do

65 recurso restritivo, e sendo o seu objetivo o escalonamento com a devida proteção entre o fim do projeto anterior e o início do próximo.

2.6 – Integração do planeamento e gestão de projetos em BIM