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3 ANÁLISE DO SÍTIO

3.2 A IMPORTÂNCIA DE ESPAÇOS VERDES

Duarte cita que os parques urbanos tiveram sua origem durante a revolução industrial inglesa, nessa época os parques já eram utilizados para o controle da urbanização desenfreada:

Naquele contexto, os parques urbanos tinham como função primordial a recreação e o lazer, pois a estrutura urbana, que crescia rapidamente, clamava por espaços que atenuassem os problemas urbanos, funcionando como verdadeiros “pulmões verdes” para o contexto da cidade. (BOVO;

CONRADO, 2012, p. 53).

Segundo Daniel Bus, as áreas verdes promovem saúde, e segundo consta na constituição da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 1946, saúde é considerado um direito humano, mas se o acesso aos parques não é universal, então estão falhando em entregar saúde para todos.

As árvores urbanas conseguem reduzir problemas como obesidade e a depressão, aumentam a produtividade, diminuem a incidência de doenças cardíacas e asma na população, ajudam a eliminar pequenas partículas de poluição filtrando o ar, retém a água da chuva diminuindo os alagamentos nas cidades e ainda contribuem contra o aquecimento (MCDONALD, 2017).

Figura 13: Vegetação urbana no Parque da Criança, Campina Grande

Fonte: Flickr, Chico Figueiredo (2017).

O autor cita que todos os anos entre três e quatro milhões de pessoas morrem no mundo, em decorrência de doenças ligadas a poluição atmosférica e a ondas de calor, mesmo assim muitas cidades não enxergam a ligação entre as árvores urbanas e a saúde da população. Ele ainda cita que estudos mostram o valor de árvores urbanas. Segundo um estudo do Serviço Florestal Americano, o setor público tem um retorno de $ 5,82 dólares para cada $ 1 dólar gasto com árvores plantadas (MCDONALD, 2017).

O autor ainda defende que os parques contribuem para a prática de atividades físicas, combatendo a obesidade, doenças cardiovasculares e respiratórias, promovendo interações sociais e agindo contra o sentimento de isolamento das grandes cidades contribuindo com a luta contra a depressão (MCDONALD, 2017).

Figura 14: Benefícios da arborização urbana

Fonte: McDounald, adaptado (2017).

É notável que o poder público e a população não se interessam pelos benefícios da arborização urbana, acreditando que elas nos trazem “apenas sombra”, é imprescindível que seja divulgado os benefícios biológicos e climáticos da vegetação no meio urbano

[...] nas cidades, especialmente no centro, a vegetação constitui apenas um elemento decorativo. Se as plantas fossem de plástico, não faria diferença nenhuma, já que não têm nenhuma função específica (...) A árvore representa um indicador da saúde urbana, porque é mais sensível e vulnerável que as pessoas. Quando as árvores não estiverem se dando bem numa cidade, com certeza as pessoas não estarão melhores. Uma forma humana e sensata de planejamento urbano deveria considerar as árvores como parâmetro da vida das pessoas na cidade. Varrer as folhas não constitui um problema sério de limpeza pública, como tantas vezes se tem alegado. (ECKBO, 1977, p. 5-6).

Gomes (2001) e Soares (1998) dizem que existe uma necessidade de distribuição igualitária de áreas verdes, visto que, tais áreas estão associadas à valorização imobiliária, eles ainda falam que espaços verdes bem equipados destinados ao lazer agregam valor as regiões do entorno, sendo assim mais

procuradas, pois geram uma melhor qualidade de vida e uma maior valorização das edificações. O quadro (01) abaixo mostra as contribuições da arborização urbana.

Quadro 1: Funções da arborização urbana

Fonte: Guzzo (1999).

Sons naturais como som de água, canto dos pássaros somados a presença de vegetação promovem relaxamento, ambientes tranquilos e a redução do stress estão diretamente ligados, em contrapartida a poluição sonora e visual das cidades vai no caminho contrário (WATTS, 2017).

Muitas cidades continuam a ver as árvores apenas como decoração. Mas elas realmente fazem muito mais do que isso. E os indícios sugerem que deveríamos começar a pensar nas árvores como uma parte decisiva da nossa infraestrutura de saúde pública. (MCDONALD, 2017).

Um lugar tranquilo é beneficiado com muita vegetação, possui uma fonte ou tem vista para um edifício religioso ou histórico, reduzir os ruídos não naturais, criados pelo homem, é o primeiro passo para aumentar o nível de tranquilidade de um bairro, e isso pode ser feito com barreiras naturais, desvios de tráfegos, mas também pode-se usar vegetação, utilizando árvores e arbustos para ocultar o concreto das edificações (WATTS, 2017), corredores verdes tornam as pessoas mais relaxadas segundo um estudo da Universidade de Standford 50 minutos de

caminhada em meio a natureza, podem ajudar a memória, a saúde mental e a reduzir o risco de depressão (BRATMAN, 2015 apud REYNOLDS, 2015).

Figura 15: Biodiversidade urbana

Fonte: Acervo do autor (2017).

A maior parte da população das cidades não vê a importância das árvores no meio urbano, mas assim como nas florestas elas desempenham um papel importante no ambiente, além de todas as qualidades já citadas, elas ainda reduzem a emissão de carbono, chegam a reduzir a temperatura entre 0,5º e 1,5º Cº nos bairros onde estão plantadas e ajudam a biodiversidade urbana.

Entretanto a arborização tem que ser bem planejada, temos que ficar atentos a condições como as características de cada espécie, espaçamento entre árvores, tamanho de suas raízes e copas, disponibilidade de água, entre outros. Devemos sempre atentar de plantar um grupo variado de espécies, para não ocorrer que todas submetam-se à uma mesma enfermidade, sendo assim se utilizaremos de árvores nativas já adaptadas ao nosso clima, menos exigente ao que se refere a água e mais resistentes a pragas locais, muitas são procuradas por pássaros para fazerem seus ninhos e em busca de alimento.

A prefeitura municipal de Campina Grande em parceria com a UEPB criou um sistema de distribuição de mudas para a população, a listagem com árvores nativas pode-se observar na tabela (02) abaixo.

Tabela 2: Relação de mudas recomendadas para plantio na cidade de Campina Grande REALAÇÃO DE MUDAS

ESPÉCIE PORTE ALTURA LOCAL DE PLANTIO

CRAIBEIRA Grande 5,0 a 20,0m CT-PQ

PALMEIRA IMPERIAL Grande 30,0 a 40,0m CT-AL-PQ

PALMEIRA LEQUE Pequeno até 4,0m CT-JD-AL-PQ

PALMEIRA RABO DE PEIXE Médio 10,0 a 18,0m JD-CT-AL-PQ

ALMEIRA MEXICANA Médio 3,0 a 5,0m CÇ-CT-AL-PQ

ALGODÃO DO PARÁ Pequeno até8,0m CÇ-CT-PQ-AL

AROEIRA Grande 6,0 a 12,0m CÇ-CT

OLIVEIRA-AZEITONA Médio 6,0 a 9,0m PQ

OITI Grande 8,0 a 15,0m CÇ-CT-PQ

JUÁ Grande 6,0 a 12,0m CÇ-CT

JASMIN LARANJA Pequeno 4,0 a 6,0m JD-CÇ-CT-PQ

FLAMBOYANT MIRIM Pequeno 4,0 a 7,0m JD-CÇ-CT-PQ

BUQUÊ DE NOIVA Pequeno 1,0 a 3,0m JD-CÇ-CT-PQ

Poderíamos afirmar que apenas o fato de sepultar já resolveria o problema das covas rotativas, mas podemos ir além e nos utilizar dos espaços públicos ociosos e praças para contribuir com a saúde pública. Assim, a proposta da Eco Necrópole vem a criar bolsões verdes na cidade, perseguindo a ideia de criar lugares de socialização, pulverizando o verde contribuindo com a saúde e o bem-estar e segurança da população.

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