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ESTUDO PRELIMINAR DE UMA ECO-NECRÓPOLE PARA A CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PB

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Gutemberg Andrade

Academic year: 2022

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CURSO DE BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

GUTEMBERG ALVES DE ANDRADE

ESTUDO PRELIMINAR DE UMA ECO-NECRÓPOLE PARA A CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PB

CAMPINA GRANDE - PB 2019

(2)

ESTUDO PRELIMINAR DE UMA ECO-NECRÓPOLE PARA A CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PB

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário- UNIFACISA.

Área de Concentração: Urbanismo.

Orientador: Prof Giovanni Soares de Alencar, Ms.

Campina Grande – PB 2017

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (Biblioteca da UniFacisa)

XXX

Andrade, Gutemberg Alves de.

Estudo preliminar de uma eco-necrópole para a cidade de Campina Grande - PB / Gutemberg Alves de Andrade. – Campina Grande, 2017.

Originalmente apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso de bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do autor Gutemberg Alves de Andrade – UniFacisa – Centro Universitário, 2019.

Referências.

1. Arquitetura fúnebre. 2. Estudo preliminar. 3. Ecopark. 4. Cemitério. 5. Eco amigável.

CDU XXXX (XXX) (XXX)

(4)

Trabalho de Conclusão de Curso, Estudo Preliminar de uma Eco-Necrópole para a cidade de Campina Grande - PB, apresentado por Gutemberg Alves de Andrade como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo outorgado pelo Centro Universitário - Unifacisa.

APROVADO EM: ______/______/______

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________

Prof. da UniFacisa, Giovanni Soares de Alencar, Ms

Orientador

_________________________________

Prof. da UniFacisa, Ricardo Araújo Membro

_________________________________

Arquiteto Aderaldo Ferreira.

Membro

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Para Ian.

Grandes poderes, grandes responsabilidades.

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A Zeca por ficar deitado ao meu lado nas madrugadas, Ian por vez por outra vir me dar um abraço e me mostrar que nem tudo é desespero, as duas mulheres da casa Débora e Arya por todo carinho e por me ajudarem com os percalços do caminho. A Celênia Macedo, por ter abraçado a ideia sem ela nada teria acontecido.

A Yuri Silva, pelo que tem me ensinado e me ajudado. A André Agra que acreditou no trabalho e me incentivou a seguir em frente. A Ana Flávia, sem aquele papo que tive com você eu não estaria me formando agora, e pelas conversas de madrugada.

Os meus professores Danilo Abreu, Erika Cabral, Aida Pontes, Zezé Gomes, Jean Fechine, Daniel Celegatti, Eduardo Dantas, Raglan Rodrigues, Giovanni Alencar, que tanto me ensinaram esses anos, a Socorro Alencar que me devolveu o amor ao paisagismo, e em especial a Manoel Farias que me falou no primeiro dia de aula, na primeira aula que jamais me tornaria Arquiteto, bom em especial esse TCC é para você.

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Os cães triunfam

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“É melhor não olhar, meu amigo: certas coisas, quando vistas, põem um fim em nossas ilusões. Quanto você pagaria para que elas sumissem?”.

“Mote dos Uktena”

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Introdução A falta de covas rotativas para sepultamentos e a não conformidade dos cemitérios com as normas estabelecidas pelo CONAMA afeta a cidade de Campina Grande-PB, assim como também o déficit de espaços públicos para o lazer, de arborização e Segurança Pública na cidade, existem várias praças e terrenos abandonados que a Prefeitura Municipal constantemente falha em fiscalizar e dar uso a todos esses espaços. Desse modo, através de um Estudo Arquitetônico Preliminar, o presente trabalho apresenta uma visão (aqui chamada de EcoPark) que une as características de um local de lazer voltado para atividades mais calmas e a necessidade cultural de Saúde Pública de sepultar os mortos, propondo um espaço desenhado para honrar as memórias dos mortos sem a atmosfera opressiva e fúnebre dos cemitérios desde seu início até os dias atuais, propondo ainda um modelo alternativo de sepultamento, eco amigável, que pode ser usada como estratégia para os problemas de déficit nos números de covas nos cemitérios nacionais. Objetivo Propor uma necrópole eco amigável que se apoia em modos alternativos de sepultamento, de modo a tentar minimizar os impactos da morte humana no meio-ambiente, sociedade e cultura. Metodologia Através de pesquisas sobre métodos de sepultamentos que não fossem danosos ao solo nem aos visitantes, foram apresentadas diretrizes que unem métodos de sepultamentos ecológicos e planejamento de espaços de lazer públicos para a cidade. A pesquisa resulta no planejamento em etapa preliminar de um espaço de sepultamento eco amigável onde aspectos como qualidade de vida, desmistificação de crendices populares e a visão aparentemente limitada dos nossos métodos de sepultamento foram considerados. Conclusão O trabalho mostra que existem outros métodos de sepultamentos que podem contribuir com a cidade de forma a usar espaços que não estão sendo utilizados no seu total potencial, e também para locais mais seguros e mais verdes, se preocupando claro com o meio ambiente e protegendo a população de agentes contaminantes, ao utilizar os avanços da tecnologia ao nosso favor, o que nos permite contar com estratégias como a Capsula Mundi para nos ajudar a batalhar em outro front pela saúde tanto do nosso meio-ambiente quanto das nossas vidas.

PALAVRAS-CHAVE: Arquitetura fúnebre. Estudo preliminar. Ecopark. Cemitério.

Eco amigável.

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Introduction The lack of rotary graves to burials and the non-obedience to the standards set by CONAMA affect the city of Campina Grande - PB, such as the deficit in public recreation sites, arborization and public safety, there are several squares and wastelands that the City hall constantly fails in inspect and give them all use. Therefore, through an Architectural Preliminary Study, the present paper presents a vision nowadays (here called EcoPark) that put together the qualities of a calm-activity oriented recreation place and the cultural and public health related necessity of burial the dead, proposing a space designed to honor the best memories without the oppressive grieving atmosphere of the cemeteries from the beginning to nowadays, also proposing an alternate model of burial, eco-friendly, that might be used as strategy to the problems of deficit in the number of graves in the country’s cemeteries. Objective To propose an eco-friendly necropolis that relies on alternative ways of burial, in order to try to minimize the impacts of the human death in our environment, society and culture. Methodology Through research about burial methods that were not harmful neither to the soil either visitors, were presented guidelines that put together eco-friendly burial places and the planning of public spaces designed to recreations in the city. Results The research results in the preliminary planning of a eco-friendly burial site were aspects such as life quality, demystification of popular beliefs and the so seemed limited vision of our burial methods were considered. Conclusion The paper shows that there are other burial methods that are able to contribute to the city in order to use sites that are not being used in its full potential, and also to safer and greener places, having the environment in mind, of course, and protecting the population from the damage of pollutants by using the advances in technology in our favor, allowing us to count on strategies like the Capsula Mundi to help us to battle in another front for both the health of our environment and our lives.

KEYWORDS: Funeral Architecture, Preliminary Study, Ecopark, Cemetery, Eco- friendly.

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Figura 1: Cortejo fúnebre de escravos na Bahia no início do século XIV ... 17

Figura 2: Covas rotativas, cemitério de Bodocongó ... 19

Figura 3: Esquema de contaminação do solo por necrochorume ... 20

Figura 4: Cemitério de Montparnasse na França... 21

Figura 5: Representação de Médicos na idade média, durante a Peste Negra ... 22

Figura 6: Sepultamento dentro da igreja. Atente a sepultura sendo cavada próximo ao altar ... 23

Figura 7: A esquerda Campo Santo em Campina Grande, a direita passeio no Parque das Cerejeiras em SP – quadras e alamedas... 25

Figura 8: Cemitério alagado em cidade do estado de Sergipe ... 26

Figura 9: Mapa de localização Campina Grande ... 27

Figura 10: Cemitério velho ... 28

Figura 11: Galpões na Rua Félix Araújo, Boninas ... 29

Figura 12: Cemitério do Monte SantoFigura 13: Vegetação urbana no Parque da Criança, Campina Grande ... 29

Figura 13: Vegetação urbana no Parque da Criança, Campina Grande ... 32

Figura 14: Benefícios da arborização urbana ... 33

Figura 15: Biodiversidade urbana ... 35

Figura 16: Cemitério Highgate ... 37

Figura 17: Os vivos passeiam sobre os mortos nas igrejas ... 37

Figura 18: Modelo de cemitério horizontal ... 38

Figura 19: Memorial Necrópole Ecumênica, Santos – SP ... 39

Figura 20: Memorial Parque das Cerejeiras ... 40

Figura 21: Sepultura no cemitério Ramsey Creek ... 41

Figura 22: Esquema da manta usado em carnário ... 42

Figura 23: Exemplificação de funeral com cápsulas orgânicas ... 42

Figura 24: Família contemplando arbusto ... 43

Figura 25: Câmara de cremação... 44

Figura 26: Camâra de resomação... 45

Figura 27: Coveiro tibetano preparando o corpo para o “sepultamento” ... 46

Figura 28: Torre do Silêncio, local de depósito de corpos em Mombaim ... 46

Figura 29: Abutres se desfazendo de cadáver ... 47

Figura 30: Cemitério do Monte Santo ... 47

Figura 31: Mapa do Parque Cemitério ... 49

Figura 32: Layout de diretrizes do Cemitério Parque das Cerejeiras ... 50

Figura 33: Espaço para crianças ... 51

Figura 34: Animais que integram o cemitério ... 52

Figura 35: Uma das 22 esculturas do artista Hugo França ... 52

Figura 36: Vista do cemitério Parque para o parque Guarapiranga ... 53

(12)

Figura 40: Procedimentos de sepultamentos com a cápsula ... 57

Figura 41: Procedimento de posicionamento na cápsula ... 58

Figura 42: Modelo da cápsula convencional e para cinzas ... 59

Figura 43: Localização da proposta no bairro do Catolé ... 65

Figura 44: Área de intervenção ... 66

Figura 45: Mapa de usos e ocupação da área de estudo ... 67

Figura 46: Mapa de cheios e vazios ... 68

Figura 47: Mapa de atributos ambientais ... 69

Figura 48: Mapa delimitação da área de estudo ... 70

Figura 49: Mapa de vias ... 71

Figura 50: Esquema de estudo de mancha ... 72

Figura 51: Praça memorial ... 73

Figura 52: Alameda de entrada, com vista ao memorial ... 74

Figura 53: Proposta da vegetação ... 75

Figura 54: Render da proposta cemitério ... 76

Figura 55: Proposta de paginação inicial ... 77

Figura 56: Idealização da proposta já arborizada ... 77

Figura 57: Vista do Centro Ecumênico livre de vegetação ... 78

Figura 58: Vista do Centro Ecumênico arborizado ... 78

Figura 59: Disponibilização inicial ... 79

Figura 60: O que propõe o sepultamento sustentável ... 80

Figura 61: Vista interna, com a proposta do parquinho ... 81

Figura 62: Espaços potenciais na cidade ... 82

(13)

Tabela 1: Dados dos cemitérios públicos da cidade ... 30 Tabela 2: Relação de mudas recomendadas para plantio na cidade de Campina Grande ... 38

(14)

Quadro 1: Funções da arborização urbana ... 34

(15)

1 INTRODUÇÃO ... 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 17

2.1 COVA RASA: O INICIO DO PROBLEMA ... 17

2.2 FONTE CONTAMINAÇÃO ... 20

2.3 O MEDO DOS MORTOS ... 22

2.4 A SAÚDE PÚBLÍCA ... 24

2.4.1 O problema do modelo brasileiro ... 25

3 ANÁLISE DO SÍTIO ... 27

3.1 PANORAMA DA CIDADE ... 27

3.1.1 Breve histórico dos cemitérios em Campina Grande ... 28

3.1.2 Problemática local ... 30

3.2 A IMPORTÂNCIA DE ESPAÇOS VERDES ... 31

3.3 SEPULTURA X CONVIVÊNCIA ... 36

3.4 MODELOS DE CEMITÉRIOS ... 38

3.4.1 Cemitério horizontal ... 38

3.4.2 Cemitério vertical ... 39

3.4.3 Cemitério jardim/parque ... 40

3.4.4 Sepultamentos ecológicos... 40

3.5 MÉTODOS SUSTENTÁVEIS ... 43

3.5.1 Cremação ... 43

3.5.2 Resomação ... 44

3.5.3 Sepultamento celestial (destruição de corpos) ... 45

3.5.4 Sepultamento simples ... 47

4 CORRELATOS ... 49

4.1 MEMORIAL PARQUE DAS CEREJEIRAS ... 49

4.1.1 Considerações pertinentes ao correlato ... 53

4.2 CEMITÉRIO HIGHGATE ... 53

4.2.1 Disposições gerais ... 54

4.2.2 Localização ... 55

4.2.3 Considerações pertinentes ao correlato ... 56

4.3 CAPSULA MUNDI (ANNA CITELLI E RAOUL BRETZEL) ... 56

4.3.1 Considerações pertinentes ao correlato ... 59

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5.2 PÚBLICO ALVO ... 61

5.3 TIPOS, FONTES E FORMAS DE COLETAS DE DADOS ... 62

5.4 DESCRIÇÃO GERAL DAS ETAPAS DO PROJETO ARQUITETÔNICO ... 62

5.5 LEGISLAÇÕES UTILIZADAS5.6 ESTUDO PRELIMINAR ... 63

... 63

5.7 DIRETRIZES DO ESTUDO ... 63

5.8 LOCALIZAÇÃO ... 64

5.9 DELIMITAÇÃO DO TERRENO ... 69

5.10 HIERARQUIA VIÁRIA ... 70

6 ANTEPROJETO ... 72

6.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES ... 72

6.2 ORGANIZAÇÃO GERAL ... 73

6.3 DA VEGETAÇÃO ... 74

6.4 DIRETRIZES DO ESTUDO PRELIMINAR ... 75

6.5 OUTROS ESPAÇOS ... 81

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 83

REFERÊNCIAS ... 84

ANEXOS ... 90

ANEXO A – CÓDIGO DE POSTURA MUNICIPAL DE CAMPINA GRANDE PB ... 91

ANEXO B – RESOLUÇÃO 335 – CONAMA ... 92

(17)

1 INTRODUÇÃO

A morte é um fenômeno inevitável da biologia, e todos os seres vivos passam pelo mesmo processo, mas só o homem tem o hábito de sepultar e visitar seus mortos.

Antonius Robben antropologista diz que é um consenso universal “nenhuma cultura no planeta deixa o corpo sem um ritual”. Existem inúmeros métodos de inumação desde as primeiras civilizações registradas, a maneira de descartar o cadáver sempre é usualmente de forma cuidadosa e detalhada, mas nem sempre o homem se preocupou com o meio ambiente. Nos primórdios da humanidade, o homem, que sempre estava em movimento despojava seus mortos em covas rasas, pelos lugares onde passava (DILLEHAY, 2015).

Os Egípcios foram uma das primeiras civilizações catalogadas preocupadas a realmente criar um lugar para os mortos, mas não as conhecidas pirâmides dos faraós. Segundo Montet (1989), os mortos comuns eram enterrados em túmulos abandonados no deserto, semelhantes aos ossuários da atualidade. Já os mais abastados, tinham condições de construir seus sarcófagos1 adornados, mas todos eram sepultados junto a utensílios para serem usados na vida após a morte. Já segundo Fargette-Vissière (2009), no império Romano os mortos eram sepultados fora das cidades próximo às estradas ou, com menos frequência, cremados. Apenas com a disseminação do cristianismo a cremação passou a ser proibida.

O termo "cemitério" começou a ser mais usado pelo cristianismo, (grego koimetérion, local de repouso), tem como sinônimos campo santo, última morada, carneiro, necrópole, sepulcrário. E os cemitérios, da maneira como são utilizados hoje, só apareceram em plena Idade Média, daí em diante surgiu a tendência de aglomerar os sepultamentos em lugares sagrados, na expectativa do Juízo Final e ressureição dos corpos Fargette-Vissière (2009).

Reis (1991) contam que as necrópoles eram anexadas e totalmente ambientadas à vida das cidades, que, embora contra as leis municipais e a decência religiosa, reiteradamente serviam de locais de pastagem, jogos, atalhos, depósito de lixo, banheiro público, bailes, moradas de mendigos, locais de namoro e feiras livres.

1 Em grego – sarx = carne, phagos = comer) significa literalmente “comedor de carne”. É um tipo de túmulo de pedra onde se deposita um cadáver, geralmente mumificado, para sepultamento usado no antigo Egito (DICIONARIOINFORMAL, 2012).

(18)

Jaques Heers faz uma associação direta entre as igrejas e os cemitérios paroquiais, que eram locais de integração entre o sagrado e o profano lugares que celebravam carnavais e festas populares. “Uma sociedade em que coabitavam os vivos e os mortos, em que o cemitério se confunde com a igreja no coração da cidade”

(VOVELLE, 1976 apud AÍRES, 1977, p. 126).

Era comum nas sociedades do século XVIII, a convivência entre vivos e mortos, a morte não inspirava medo, não existia o pavor espiritual nem físico. Essa

“versatilidade” dos cemitérios europeus continuou como prática comum até o século XIX, quando foram deslocados para longe dos centros das cidades.

O Brasil do final do século XVIII não dava muita atenção aos sepultamentos, conforme relata Faria (1999). Por exemplo, os mortos eram transportados em esquifes de suas confrarias e sepultados vestidos com mantos (já que na época, não existiam ainda os caixões atuais)2. Caso cristão, o morto seria sepultado na igreja;

se escravo e cristão, no cemitério ao lado da igreja, em caso de outra religião, era sepultado em covas rasas ou teria o corpo doado para dissecação, o que era o mais comum, já que os cadáveres eram bastante disputados por médicos e acadêmicos para fins de estudo (ROACH, 2015).

Mas, em todos os casos, sem nenhuma preocupação ambiental:

Na França, uma nova atitude diante da morte e dos mortos se delineou ao longo do século XVIII no rastro do iluminismo, do avanço do pensamento racional, da laicização das relações sociais, da secularização da vida cotidiana. (REIS, 1991, p. 74).

Por aqui só no início do século XIX, é que o Brasil começa a tirar os cemitérios das igrejas e consequentemente dos grandes centros, copiando os modelos europeus. Estes, por sua vez, já começavam a se preocupar com as razões sanitárias (REIS, 1991).

Segundo Kemerich et al, (2014), é possível observar que o modelo aplicado no Brasil (amplamente copiado do modelo europeu) é, em si, uma fonte de problemas de ordem ambiental e que terminam por colaborar para impactos negativos e sociais. Isto porque, conforme a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 2007) muitos dos moradores próximos aos cemitérios fazem uso de águas que muito possivelmente estão contaminadas com resíduos causados pelos processos de

2 Os caixões, ao contrário que muitos pensam, foram criados não para proteger o meio ambiente, mas por conta da disputa entre escravos e libertos. Os libertos do século XIX no Brasil não queriam ser sepultados da mesma maneira que os escravos, já que estes tinham solicitado a coroa, a

produção de esquifes próprios e assim, os libertos começaram a construir seus caixões (REIS, 1991).

(19)

decomposição dos corpos, materiais usados no embalsamento, resíduos dos caixões, roupas, medicamentos e até radiação podem ser agentes de contaminação.

O modelo europeu em geral é pouco arborizado, e a nossa região com sol praticamente o ano todo requer um modelo diferente de cemitérios:

Campina Grande localizada a 130 Km do litoral paraibano, com 96 Km de área urbana, cuja temperatura média anual oscila em torno dos 22 graus centígrados, podendo atingir 30ºC nos dias mais quentes 15ºC nas noites mais frias do ano, a umidade relativa do ar, varia entre 75 a 83%.

(COELHO, 2004).

Os cemitérios são fontes potenciais de impactos ambientais, principalmente quanto ao risco de contaminação das águas subterrâneas e superficiais por bactérias e vírus que se proliferam durante os processos de decomposição dos corpos, além das substâncias químicas liberadas. Com base nessas informações sabemos que: quando esses cemitérios foram idealizados não existiam normas especificando a construção, nenhum estudo de solo e tão poucos serviços de saneamento, embora eles constituam um grande potencial para contaminação (FUNASA, 2007).

As necrópoles mais antigas foram construídas fora das cidades, mas nos grandes centros urbanos já integram as regiões centrais, O trabalho visa buscar métodos ecológicos de sepultamentos na cidade de Campina Grande, contribuindo para reduzir o déficit de covas rotativas e propiciar áreas verdes e de socialização:

a) confrontar os métodos de sepultamentos aplicados na cidade e propor uma solução que cause menos impacto ambiental;

b) contribuir para a redução da escassez de árvores em campina grande, priorizando árvores nativas;

c) estimular o convívio social com a criação de um espaço público e seguro, que busca desmistificar o fúnebre, de modo a amenizar os impactos sociais, psicológicos e ambientais.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste tópico, serão abordadas questões referentes a como nossos métodos atuais de sepultamentos são danosos, maléficos e tóxicos, tanto no que se refere ao meio ambiente quanto à população. Explorando dados, analisando métodos que comprovam a existência de maneiras ecológicas de sepultamento.

2.1 COVA RASA: O INICIO DO PROBLEMA

Segundo Reis (1991, p 247), para os médicos na década de 1830, os cadáveres produziam gases que poluíam o ar, contaminavam os vivos, causando todo tipo de males e epidemias. Os mortos configuravam um sério distúrbio para a saúde pública. Tudo que estava diretamente ligado a morte como, velórios e cortejos fúnebres, seriam focos de doenças, só mantidos pela resistência de uma mentalidade atrasada e supersticiosa.

Figura 1: Cortejo fúnebre de escravos na Bahia no início do século XIV

Fonte: Reis (1991).

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Mas Reis (1991, p. 193) ainda cita que na cidade de Salvador do século XVIII o destino dos suicidas, criminosos, indigentes, hereges e escravos era o Campo da Pólvora, os encarregados de transportar e sepultar esses mortos, eram os trabalhadores da limpeza pública municipal, esses corpos eram frequentemente encontrados abandonados nas ruas, e para evitar a poluição dos ares, ou o despedaçamento por cães e aves de rapina, tinham o lixão como destino, em outras palavras, sepultamentos que não proviam verba para a igreja eram tratados como remoção de lixo, e a máxima preocupação era de impedir a propagação de doenças.

O autor ainda cita que a mudança dos enterros de dentro das igrejas para cemitérios extramuros além de mudanças de crenças teria consequências parcimoniosas para a população. Um grande número de profissionais atuava na venda de bens funerários, mas as missas constituíam a porção mais onerosa do mercado funerário, somavam 70% das despesas fúnebres, fica aparente que o modelo atual de sepultamento que se segue desde os primórdios, não tem relação com saúde pública ou cuidado e respeito com os que partiram.

Como agravante da situação nos dias atuais, a grande maioria dos cemitérios públicos do país (incluindo os cemitérios da cidade de Campina Grande-PB, para a qual se destina o presente estudo), não se adéquam à Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente nº 335 de 2003, que dispõe sobre o licenciamento ambiental de cemitérios (BRASIL, 2003).

Em reportagem vinculada ao jornal da TV Borborema (2017), existem oito cemitérios públicos na cidade que possuem covas rotativas. Estas são sepulturas de chão batido, que passam por um revezamento de ciclos que duram em média três anos, tempo suficiente para o corpo se decompor, depois desse período os restos mortais são exumados, etiquetados e separados em ossários, ao menos é o que dita a lei, mas, segundo o secretário Geraldo Nobre, responsável pela Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (SESUMA), em todos eles existem superlotação no que se diz respeito a esse tipo de sepultura, esses espaços são destinados a famílias que não tem condições de arcar com a compra de um terreno para o sepultamento, entretanto ainda segundo a reportagem existe uma “máfia” que cobra valores mensais às famílias para manter os corpos ali inumados, e não havendo o pagamento, os cadáveres são retirados de suas sepulturas ainda sem estarem totalmente decompostos.

Esse é apenas um exemplo, e ilustra que o modelo usado para sepultamentos

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está ultrapassado, e que a forma de sepultar os mortos afeta o meio em que vivemos, na reportagem não existem informações sobre o destino destes corpos exumados de forma tão precoce.

Esse é apenas um exemplo que ilustra que o modelo usado para sepultamentos está ultrapassado, e que a forma de sepultar os mortos afeta o meio em que vivemos.

Figura 2: Covas rotativas, cemitério de Bodocongó

Fonte: Alexandrino (2017).

Conforme mencionado anteriormente, em Campina Grande-PB, podemos perceber que os cemitérios não se diferenciaram dos padrões que já vinham sendo praticados no Brasil do século XVIII. Padrões esses que copiavam os modelos europeus desde que os sepultamentos se tornaram prioridades do pensamento higienista do século XVIII, como conta Elpídio de Almeida em seu livro História de Campina Grande. Espaços concebidos, que apenas se preocupavam em despojar seus mortos, reforçam inclusive, a crendice que o cemitério é um lugar de grande contaminação. E isto se torna outro agravante por induzir desde então a população a temer3 contrair alguma enfermidade quando a visitar uma necrópole. Porém não se encontra nenhum relato de pessoas que vieram a falecer ou sofreram de quaisquer

3 #foratemer

(23)

males por contaminação de gás sulfídrico proveniente de uma visita ao cemitério, para citar um exemplo.

2.2 FONTE CONTAMINAÇÃO

Cemitérios são classificados como atividade com risco de contaminação ambiental, uma vez que a decomposição cadavérica e os diversos materiais que acompanham o caixão e os corpos liberam diversos metais no solo (como o mercúrio encontrado nas obturações), outros metais também podem ser encontrados nas roupas e nos caixões, como o cromo, chumbo e até mesmo a prata, utilizada em algumas peças que acabam sendo liberadas no ambiente, além de metais, outro importante contaminante é a radiação, corpos que passaram por aparelhos que emitam radioatividade podem liberar esse material no solo.

Figura 3: Esquema de contaminação do solo por necrochorume

Fonte: A ameaça dos mortos (FELICIONE et al, 2012).

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O principal contaminante na decomposição é o necrochorume, substância viscosa de tonalidade castanho-acinzentada, de cheiro forte, constituído de 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas, sendo a cadaverina4 e a putrescina5 as mais tóxicas, produzem íon amônio e também podem conter micro- organismos patogênicos (KEMERICH et al., 2014).

Kemerich et al, (2014) citam que as áreas escolhidas para cemitérios normalmente, são as de menor valor financeiro, em regiões afastadas e de pouca ou nenhuma infraestrutura, e na maioria das vezes sem estudos geológicos e hidro geológicos, o que podem acarretar diversos problemas sanitários e ambientais.

Segundo O’Brien e Newman (1997) citados por WHO (1998), as plantas podem remover os vírus e bactérias do solo, além de consumir parte da carga orgânica proveniente do necrochorume. As árvores também retêm a água da chuva que carrega consigo os contaminantes para o aquífero. O nível da água do lençol freático é reduzido em locais com grandes árvores já que estas conseguem retirar a água do solo. Este fenômeno aumenta a capacidade de biodegradação do necrochorume na terra.

Figura 4: Cemitério de Montparnasse na França

Fonte: Cargol (2016).

4 A cadaverina é uma molécula produzida pela hidrólise proteica durante a putrefação de tecidos orgânicos de corpos em decomposição. É um dos principais elementos responsáveis pelo odor nauseabundo dos cadáveres (TECNOLOGIA, 2013).

5 A putrecina é uma molécula orgânica não está somente associada ao processo de putrefação, podendo também ser produzida nos organismos vivos. Ela é responsável, em parte pelo odor forte de fluidos corporais (TECNOLOGIA 2013).

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2.3 O MEDO DOS MORTOS

Segundo mencionam Bauab e Leme (2013) foi na Idade Média que se iniciou a prática do sepultamento dos mortos nas igrejas ou em suas imediações, criando uma nova relação entre os vivos e os mortos. Esse costume aumentou a incidência de epidemias como o tifo6 e a peste negra7, o que levou a população das localidades a desenvolverem uma atitude hostil à proximidade com os mortos.

Figura 5: Representação de Médicos na idade média, durante a Peste Negra

Fonte: Ncultura (2017).

Após esses fatos, a higiene passa a ser observada como elemento principal para a saúde pública. Se antes os odores e cheiros expelidos pelos cadáveres eram facilmente suportados nos interiores dos templos e suas imediações durante as orações, agora, passam a ser considerados nocivos para os vivos, necessitando serem afastados das cidades (LIMA, 2013, p. 5).

6 As bactérias causadoras do Tifo são Rickettsia typhi ou a Rickettsia mooseri. São transmitidas para os humanos pelas pulgas do rato (Xenopsylla cheopis) e, provavelmente, pelas do gato (Clenocephalides felis), apenas quando cresce muito o número de animais contaminados, o que as obriga a procurar novos hospedeiros e facilita a disseminação da enfermidade.

7 Peste Negra causado pelo agente Yersinia pestis, doença zoonótica de roedores, transmitida aos seres humanos principalmente por picadas de pulgas infectadas.

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Figura 6: Sepultamento dentro da igreja. Atente a sepultura sendo cavada próximo ao altar

Fonte: Jean Baptiste Debret, Rio de Janeiro (REIS, 1834).

No século XVIII, a tese miasmática se consolidou, Lilienfeld citado por Reis (1991, p. 247) diz “essa ideia estava baseada na noção de que, quando o ar fosse de ‘qualidade má’ (um estado que não era precisamente definido, mas supostamente devido a matéria orgânica em decomposição), as pessoas que respirassem este ar se tornariam doentes”. Na teoria, o ar estava infectado com gases ou vapores fétidos (Miasmas), depois disso surgiu a inquietude dos médicos em limpar o ar, assepsiar as ruas e fazer o ar circular nos ambientes.

Seguindo esse novo pensamento, os cemitérios foram afastados das cidades, e se foi criado um lugar para os mortos, fora dos muros. Para Lima (2013) um dos motivos que levaram as pessoas a se distanciarem dos mortos foi exatamente o que diz Moraes (2009) “os discursos da literatura médica da segunda metade do século XVIII que divulgavam que os enterros nas igrejas ofereciam riscos de infecções e doenças contagiosas”.

Até o final do século XVIII a teoria miasmática era muito debatida entre os profissionais, acreditavam serem os cheiros, responsáveis por todas as emanações nocivas invisíveis que corrompiam o corpo humano, acreditavam que os miasmas eram formados pela sujeira das cidades, putrefação dos cadáveres, ar insalubre, decomposição de matérias, tudo que não se tinha compreensão era definido como miasmas mortíferos (MASTROMAURO, 2011).

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Segundo a teoria miasmática o espaço urbano tinha que ser desinfetado, as emanações das doenças eram provenientes dos fedores das coisas, e estavam presentes basicamente em tudo malcheiroso.

Seguindo essa linha de pensamento, eliminar a sujeira e garantir a ventilação, controlar o fluxo de ar e principalmente afastar os cemitérios das cidades era de suma importância para a saúde pública.

Foucault (1998, p. 90) fala de “medicina urbana”, que diz: “os cemitérios são locais de formação de fenômenos epidêmicos ou endêmicos”, esses são um dos motivos dos protestos em meados de 1740, contra o amontoamento dos cemitérios, e por volta de 1780 as primeiras emigrações de cemitérios para as periferias:

Até o final do século XIX, ignoraram-se as causas da peste que a ciência de outrora atribuía à poluição do ar, ela própria ocasionada seja por funestas conjunções astrais, seja por emanações pútridas vindas do solo ou do subsolo. Daí as precauções, aos nossos olhos inúteis, quando se aspergia com vinagre cartas e moedas, quando se acendiam fogueiras purificadoras nas encruzilhadas de uma cidade contaminada, quando se desinfetavam indivíduos, roupas velhas e casas por meio de perfumes violentos e de enxofre, quando se saía para a rua em período de contágio com uma máscara em forma de cabeça de pássaro cujo bico era cheio com substâncias odoríferas. (DELUMEAU, 1989, p. 110).

A teoria miasmática defendia o afastamento de tudo que se considerava insalubre, para evitar as doenças, os cemitérios foram vilões desde o século XVIII até hoje, mesmo depois do aprimoramento do estudo das bactérias em meados do século XIX por Pasteur (LIMA, 1934).

Com a chegada do pensamento higienista e a preocupação que os resíduos prejudicassem a saúde dos vivos os cemitérios foram afastados dos grandes centros, com o tempo, foi observado que também poluíam os solos e as águas, mas até hoje são lugares de visitação, homenagem e princípios culturais e históricos, mesmo com todo esse uso a população ainda tem receio dos cemitérios (CRUZ, 2001).

2.4 A SAÚDE PÚBLÍCA

Ao observar a imagem abaixo, em qual ambiente você se sente mais confortável para caminhar, refletir e visitar? Imagine esse lugar com um passeio agradável com bancos para descanso, e cada árvore dessa minifloresta estando identificada com o nome de alguém que está sepultado logo abaixo, uma árvore é o mais próximo da ressureição ou continuação da vida que temos hoje em dia, um

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sepultamento um tanto diferente, mas observe, ao invés de poluir o planeta, desmatando para construção de caixões por exemplo, estamos ajudando a salvá-lo e a melhorar a qualidade de vida da cidade.

Figura 7: A esquerda Campo Santo em Campina Grande, a direita passeio no Parque das Cerejeiras em SP – quadras e alamedas

Fonte: Acervo do autor (2017); Parque das Cerejeiras (2017).

Ele ainda defende que os parques contribuem para a prática de atividades físicas, combatendo a obesidade e doenças cardiovasculares, promovem interações sociais agindo contra ao sentimento de isolamento das grandes cidades.

O intuito deste trabalho visa justamente essa interação de parque e cemitério, oferecendo a população acesso a áreas verdes pulverizadas em toda a cidade, evitando a centralização que existe nos dias atuais.

2.4.1 O problema do modelo brasileiro

Como já dito anteriormente nossos cemitérios têm como base os modelos europeus, pouco arborizados.

Esses modelos se encontram obsoletos, já existem outras opções de sepultamentos que poluem menos, nosso modelo tradicional pode se mostrar um problema de saúde como já se foi observado, pelo CONAMA, que criou leis especificas para os cemitérios, mas que poucos se adequaram as normas.

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Figura 8: Cemitério alagado em cidade do estado de Sergipe

Fonte Itnet (2017).

O material decomposto do corpo humano pode conter vários elementos de contaminação, numa situação como da foto acima, esse material pode contaminar os lençóis o solo e a população que entrar em contato direto com essa água.

Como citado, os cemitérios públicos da cidade de Campina Grande, não possuem mais vagas em covas rotativas, são espaços pouco revitalizados, de pouca visitação (Exceto em dia de finados), se encontrando em sua maioria em área urbana, e tendo dois deles próximos a fontes de água, que é o caso do Araxá que fica próximo ao trecho do riacho de Bodocongó e o de Catolé de Boa Vista que fica a menos de 1 km de um rio (ALEXANDRINO, 2017).

Segundo Reis, em 1801 os projetistas da Academia de Arquitetura francesa, já imaginavam cemitérios gramados e arborizados, cemitérios jardins para serem visitados, lugares de meditação.

Se essa linha de pensamento já existia lá do século XVIII, porque não voltarmos as origens e pensarmos em sepultar nossos mortos próximo de nossas casas? criando cemitérios jardins, tornando nossas praças lugares de meditação e contemplação levando novamente as pessoas a cuidarem desses lugares, tornando as ruas mais arborizadas, movimentadas e seguras, criando uma cidade muito mais saudável?

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3 ANÁLISE DO SÍTIO

Neste capitulo iremos abordar dados e informações referentes a cidade do trabalho.

3.1 PANORAMA DA CIDADE

Fundada em 1 de dezembro de 1697, Campina Grande, município brasileiro situado no estado da Paraíba. Considerada um dos principais polos industriais da Região Nordeste e o maior polo tecnológico da América Latina, segundo a revista Newsweek, de acordo com o censo de 2010 sua população é de 385.213 habitantes, sendo a segunda cidade mais populosa do estado depois da capital João Pessoa (IBGE, 2010).

Figura 9: Mapa de localização Campina Grande

Fonte: IBGE, adaptado (2017).

Conhecida por ser uma cidade universitária, ainda possui uma agenda cultural variada, destacando-se os festejos juninos, o Encontro Para Nova Consciência realizado durante o período de carnaval e ainda o Festival de Inverno.

Oliveira (2017) cita que a cidade de Campina Grande é formada por quarenta e nove bairros, mas existem apenas vinte espaços públicos de uso livre a população.

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3.1.1 Breve histórico dos cemitérios em Campina Grande

O primeiro cemitério da cidade de Campina Grande ficava localizado na região que é conhecido na cidade como Boninas, situada na Rua Félix Araújo, Centro da cidade, conforme Elpídio de Almeida relata em seu livro História de Campina Grande. Ainda segundo o mesmo o cemitério velho foi construído depois que uma lei de 1857 entrou em vigor proibindo “o enterramento nas igrejas, devendo ser em cemitério, ou campo para esse fim destinado, que seja fora dos povoados e em sepulturas bastante fundas”. Construído para atender uma população de 20.000 (Vinte mil) habitantes livres, em meados de 1850 a população já beirava os 18.000 (Dezoito mil) habitantes (ALMEIDA, 1962).

Figura 10: Cemitério velho

Fonte: Retratos de Campina Grande (2015).

Fundado em um terreno que na época ficava fora da cidade, logo foi abarcado pelas edificações. O mesmo ocorreu com os outros cemitérios da cidade que hoje já não se encontram nas periferias do município, construídos sem nenhuma preocupação com o solo e a saúde pública.

Em 1931 o então prefeito Lafaiete Cavalcante pôs a área em hasta pública (quando ocorre uma alienação forçada de bens penhorados, realizada pelo poder

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público), sendo arrematado por uma empresa da cidade e construindo ali galpões, que são encontrados até hoje, como podemos ver na figura 10.

Figura 11: Galpões na Rua Félix Araújo, Boninas

Fonte: Retratos de Campina Grande (2015).

Ainda segundo Elpídio de Almeida o cemitério mais antigo em atividade na cidade de Campina Grande é o Nossa Senhora do Carmo, popularmente chamado de Monte Santo. Inaugurado em 1900, com uma área de 88.437m² tem cerca de 49.620 pessoas sepultadas e uma média de 45 sepultamentos por mês (SESUMA, 2014).

Figura 12: Cemitério do Monte Santo

Fonte: Retratos de Campina Grande (2015).

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Os restos mortais dos fundadores da cidade que se encontravam enterrados ali, no cemitério velho e foram transportados e enterrados em uma vala comum no recém-construído cemitério do Monte Santo (ALMEIDA, 1962).

Devido ao Cemitério Velho (situado onde hoje se encontra o Colégio Alfredo Dantas) ter esgotado sua capacidade devido a um surto de cólera morbo que infligiu a cidade na época, o cemitério do Monte Santo foi inaugurado às pressas por volta do ano de 1900. Não havendo tempo para murar o terreno, muito menos prepara-lo para o recebimento dos mortos, o resultado se reflete hoje em sua inadequação às normas estabelecidas pelo CONAMA.

3.1.2 Problemática local

A cidade de Campina Grande possui num total de nove cemitérios sendo sete públicos, um “privado-público” que reserva 15% de suas covas rotativas para a prefeitura (Cemitério do Araxá) e um privado, o Campo Santo Parque da Paz, único que possui licença ambiental e está em conformidade com as normas e diretrizes do CONAMA, abaixo segue a tabela (01) com algumas informações sobre os cemitérios da cidade.

Tabela 1: Dados dos cemitérios públicos da cidade

Cemitérios Fundação Área Total S. Jazigos parti

Covas Rotativas

Média S. Ano

Média S. Mês Monte

Santo 1900 88.437m² 49,620 4,200 XXX 540 45

Cruzeiro 1964 14,505m² 26,460 558 2,800 480 40

Bodocongó 1976 10,735m² 10,464 442 976 288 24

Araxá 1989 73,139m² 8,720 XXX 2,529 300 25

Vila Cabral 1993 2,770m² 980 XXX 310 60 05

José

Pinheiro 1951 11,750m² 17,112 874 446 276 23

Catolé de

Boa Vista 1978 1,200m² 1,008 62 80 36 03

Galante 1936 2,910m² 4.216 136 180 72 06

São José

da Mata 1954 4,215m² 5.660 219 215 120 10

Fonte: SESUMA (2017).

Segundo Alexandrino (2017) mesmo com a criação da resolução 335/2003 pelo CONAMA, os cemitérios que foram criados antes da resolução tem um prazo de cinco anos para se adequarem, poucos estão de acordo com as leis ambientais.

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A maioria dos cemitérios da cidade se encontra em ambiente urbano, e especificamente dois deles (Araxá e Catolé de Boa Vista), se encontram próximos a APP’s (Área de preservação Permanente) (ALEXANDRINO, 2017).

Tendo em conta que apenas um dos cemitérios da cidade possui licenciamento ambiental, todo o restante é uma potencial fonte de contaminação para a cidade pois não existe nenhum trabalho que viabilize suas adequações, os cemitérios públicos não contam com um tratamento para a destinação dos resíduos sólidos e líquidos, a autora cita que alguns cemitérios queimam seus despojos sólidos e alguns enviam para o lixo comum sendo recolhidos pela prefeitura e enviados para o “aterro municipal”, tudo isso implica para a real possibilidade de contaminação da população que entra em contato com esse material, e aqui voltamos para o final do século XVIII início do XIX, onde conta que os cemitérios atuais não foram criados com o pensamento de respeito aos mortos e no que diz respeito a higienização e sim apenas para gerar renda.

3.2 A IMPORTÂNCIA DE ESPAÇOS VERDES

Duarte cita que os parques urbanos tiveram sua origem durante a revolução industrial inglesa, nessa época os parques já eram utilizados para o controle da urbanização desenfreada:

Naquele contexto, os parques urbanos tinham como função primordial a recreação e o lazer, pois a estrutura urbana, que crescia rapidamente, clamava por espaços que atenuassem os problemas urbanos, funcionando como verdadeiros “pulmões verdes” para o contexto da cidade. (BOVO;

CONRADO, 2012, p. 53).

Segundo Daniel Bus, as áreas verdes promovem saúde, e segundo consta na constituição da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 1946, saúde é considerado um direito humano, mas se o acesso aos parques não é universal, então estão falhando em entregar saúde para todos.

As árvores urbanas conseguem reduzir problemas como obesidade e a depressão, aumentam a produtividade, diminuem a incidência de doenças cardíacas e asma na população, ajudam a eliminar pequenas partículas de poluição filtrando o ar, retém a água da chuva diminuindo os alagamentos nas cidades e ainda contribuem contra o aquecimento (MCDONALD, 2017).

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Figura 13: Vegetação urbana no Parque da Criança, Campina Grande

Fonte: Flickr, Chico Figueiredo (2017).

O autor cita que todos os anos entre três e quatro milhões de pessoas morrem no mundo, em decorrência de doenças ligadas a poluição atmosférica e a ondas de calor, mesmo assim muitas cidades não enxergam a ligação entre as árvores urbanas e a saúde da população. Ele ainda cita que estudos mostram o valor de árvores urbanas. Segundo um estudo do Serviço Florestal Americano, o setor público tem um retorno de $ 5,82 dólares para cada $ 1 dólar gasto com árvores plantadas (MCDONALD, 2017).

O autor ainda defende que os parques contribuem para a prática de atividades físicas, combatendo a obesidade, doenças cardiovasculares e respiratórias, promovendo interações sociais e agindo contra o sentimento de isolamento das grandes cidades contribuindo com a luta contra a depressão (MCDONALD, 2017).

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Figura 14: Benefícios da arborização urbana

Fonte: McDounald, adaptado (2017).

É notável que o poder público e a população não se interessam pelos benefícios da arborização urbana, acreditando que elas nos trazem “apenas sombra”, é imprescindível que seja divulgado os benefícios biológicos e climáticos da vegetação no meio urbano

[...] nas cidades, especialmente no centro, a vegetação constitui apenas um elemento decorativo. Se as plantas fossem de plástico, não faria diferença nenhuma, já que não têm nenhuma função específica (...) A árvore representa um indicador da saúde urbana, porque é mais sensível e vulnerável que as pessoas. Quando as árvores não estiverem se dando bem numa cidade, com certeza as pessoas não estarão melhores. Uma forma humana e sensata de planejamento urbano deveria considerar as árvores como parâmetro da vida das pessoas na cidade. Varrer as folhas não constitui um problema sério de limpeza pública, como tantas vezes se tem alegado. (ECKBO, 1977, p. 5-6).

Gomes (2001) e Soares (1998) dizem que existe uma necessidade de distribuição igualitária de áreas verdes, visto que, tais áreas estão associadas à valorização imobiliária, eles ainda falam que espaços verdes bem equipados destinados ao lazer agregam valor as regiões do entorno, sendo assim mais

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procuradas, pois geram uma melhor qualidade de vida e uma maior valorização das edificações. O quadro (01) abaixo mostra as contribuições da arborização urbana.

Quadro 1: Funções da arborização urbana

Fonte: Guzzo (1999).

Sons naturais como som de água, canto dos pássaros somados a presença de vegetação promovem relaxamento, ambientes tranquilos e a redução do stress estão diretamente ligados, em contrapartida a poluição sonora e visual das cidades vai no caminho contrário (WATTS, 2017).

Muitas cidades continuam a ver as árvores apenas como decoração. Mas elas realmente fazem muito mais do que isso. E os indícios sugerem que deveríamos começar a pensar nas árvores como uma parte decisiva da nossa infraestrutura de saúde pública. (MCDONALD, 2017).

Um lugar tranquilo é beneficiado com muita vegetação, possui uma fonte ou tem vista para um edifício religioso ou histórico, reduzir os ruídos não naturais, criados pelo homem, é o primeiro passo para aumentar o nível de tranquilidade de um bairro, e isso pode ser feito com barreiras naturais, desvios de tráfegos, mas também pode-se usar vegetação, utilizando árvores e arbustos para ocultar o concreto das edificações (WATTS, 2017), corredores verdes tornam as pessoas mais relaxadas segundo um estudo da Universidade de Standford 50 minutos de

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caminhada em meio a natureza, podem ajudar a memória, a saúde mental e a reduzir o risco de depressão (BRATMAN, 2015 apud REYNOLDS, 2015).

Figura 15: Biodiversidade urbana

Fonte: Acervo do autor (2017).

A maior parte da população das cidades não vê a importância das árvores no meio urbano, mas assim como nas florestas elas desempenham um papel importante no ambiente, além de todas as qualidades já citadas, elas ainda reduzem a emissão de carbono, chegam a reduzir a temperatura entre 0,5º e 1,5º Cº nos bairros onde estão plantadas e ajudam a biodiversidade urbana.

Entretanto a arborização tem que ser bem planejada, temos que ficar atentos a condições como as características de cada espécie, espaçamento entre árvores, tamanho de suas raízes e copas, disponibilidade de água, entre outros. Devemos sempre atentar de plantar um grupo variado de espécies, para não ocorrer que todas submetam-se à uma mesma enfermidade, sendo assim se utilizaremos de árvores nativas já adaptadas ao nosso clima, menos exigente ao que se refere a água e mais resistentes a pragas locais, muitas são procuradas por pássaros para fazerem seus ninhos e em busca de alimento.

A prefeitura municipal de Campina Grande em parceria com a UEPB criou um sistema de distribuição de mudas para a população, a listagem com árvores nativas pode-se observar na tabela (02) abaixo.

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Tabela 2: Relação de mudas recomendadas para plantio na cidade de Campina Grande REALAÇÃO DE MUDAS

ESPÉCIE PORTE ALTURA LOCAL DE PLANTIO

CRAIBEIRA Grande 5,0 a 20,0m CT-PQ

CACAU BRAVO Médio ate 6m CT-PQ

CATINGUEIRA Médio 4,0 a 8,0m CÇ-CT

CEDRO Grande 10,0 a 25,0m CT-PQ

IPE AMARELO Grande 8,0 a 20,0m CÇ-CT-PQ

IPE ROXO Médio 6,0 a 9,0m CÇ-CT-PQ

IPE ROSA Grande até 35,0m CÇ-CT-PQ-JD

IPE BRANCO Grande 7,0 a 16,0m CÇ-CT

PALMEIRA IMPERIAL Grande 30,0 a 40,0m CT-AL-PQ

PALMEIRA LEQUE Pequeno até 4,0m CT-JD-AL-PQ

PALMEIRA RABO DE PEIXE Médio 10,0 a 18,0m JD-CT-AL-PQ

ALMEIRA MEXICANA Médio 3,0 a 5,0m CÇ-CT-AL-PQ

PAU BRASIL Grande 8,0 a 12,0m CÇ-PQ-CT

PAU FERRO Grande 20,0 a 30,0m PQ-CT

PAINEIRA Grande 15,0 a 30,0m PQ-CT

MORORÓ Pequeno 6,0 a 12,0m JD-PQ-CT-CÇ

MADEIRA NOVA Médio até 12,0m CÇ-CT

MURINGA Grande 6,0 a 12,0m CÇ-CT-PQ

SABONETE Pequeno até 12,0m CÇ-CT-PQ

ALGODÃO DO PARÁ Pequeno até8,0m CÇ-CT-PQ-AL

AROEIRA Grande 6,0 a 12,0m CÇ-CT

OLIVEIRA-AZEITONA Médio 6,0 a 9,0m PQ

OITI Grande 8,0 a 15,0m CÇ-CT-PQ

JUÁ Grande 6,0 a 12,0m CÇ-CT

JASMIN LARANJA Pequeno 4,0 a 6,0m JD-CÇ-CT-PQ

FLAMBOYANT MIRIM Pequeno 4,0 a 7,0m JD-CÇ-CT-PQ

BUQUÊ DE NOIVA Pequeno 1,0 a 3,0m JD-CÇ-CT-PQ

GLIRICÍDIA Médio 10,0 a 12,0m JD-CT-CÇ

PAPOULA Pequeno até 2,0m JD-QT

IPE DE JARDIM Pequeno 3,0 a 5,0m JD-CÇ-CT-PQ

LEGENDA

ALAMEDA AL

CANTEIRO CT

CALÇADA

JARDIM JD

QUINTAL QT

PARQUE PQ

Fonte: SESUMA (2017).

3.3 SEPULTURA X CONVIVÊNCIA

Poderíamos afirmar que apenas o fato de sepultar já resolveria o problema das covas rotativas, mas podemos ir além e nos utilizar dos espaços públicos ociosos e praças para contribuir com a saúde pública. Assim, a proposta da Eco Necrópole vem a criar bolsões verdes na cidade, perseguindo a ideia de criar lugares de socialização, pulverizando o verde contribuindo com a saúde e o bem- estar e segurança da população.

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Reis (1991, p. 186) cita “As pessoas queriam ser enterradas em território conhecido, no ambiente em que viveram, próximas daqueles com quem compartilharam a vida”.

Figura 16: Cemitério Highgate

Reis (1991) conta que o sepultamento na igreja significava não romper totalmente o contato com os vivos, já que as igrejas brasileiras serviam como tribunais, salas de aula, recinto eleitoral e discussões políticas, que se celebravam os momentos maiores do ciclo da vida, batismo, casamento e morte, ou seja: o homem do dia a dia convivia diretamente com os mortos, e a aversão de estar com os mortos só foi instaurado, ao menos no Brasil, pela igreja depois do movimento conhecido como cemiterada.

Figura 17: Os vivos passeiam sobre os mortos nas igrejas

Fonte: A morte é uma festa (João José Reis)

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Esse movimento se caracterizou por ser uma revolta popular ocorrida em 25 de outubro de 1836 na cidade de Salvador – BA, pluriclassista e multirracial que era contra a revogação de leis que exigiam o fim dos sepultamentos dentro das cidades ou igrejas. Até então, a população brasileira (que em sua grande maioria era cristã) era sepultado nas igrejas.Escolher apenas um local para sepultamentos não bastou, tanto que surgiram no passar dos anos diversos modelos de sepultar e formas diferentes, de acordo com a localidade e costume dos povos, a seguir explanaremos melhor o assunto (REIS, 1991).

3.4 MODELOS DE CEMITÉRIOS

Existem diversos tipos de sepultamentos, o trabalho pretende mostrar os mais tradicionais e uns nem tanto assim, mas no geral, para entender melhor os métodos de inumação adotados.

3.4.1 Cemitério horizontal

São os modelos tradicionais, surgiram no Brasil em meados do século XIX, devido aos sepultamentos serem proibidos nas igrejas segundo o pensamento higienista, os corpos são depositados em túmulos ou jazigos, possuem locais próprios para velórios e centros ecumênicos, os mais modernos também possuem crematórios, compostos por grandes avenidas e quadras, semelhantes a nossos bairros, com pouca ou nenhuma arborização (NOGUEIRA et al., 2012).

Figura 6: Modelo de cemitério horizontal

Fonte: Blogspot (2013).

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De longe é o modelo de sepultamento mais comuns no país, normalmente se encontram na irregularidade, já que apenas no ano de 2003 foi criada uma legislação especifica para cemitérios no país, tendo os mais antigos um prazo de cinco anos para se regularizarem (ALEXANDRINO, 2016).

3.4.2 Cemitério vertical

Surgiram como uma solução para falta de espaço nas grandes cidades, eram vistos com resistência no início, por ser um edifício para os mortos, considerados como saída ambiental por conter sistema de inativação dos gases criados pela decomposição natural do corpo humano, o maior cemitério vertical do mundo é o Memorial Necrópole Ecumênica, na cidade de Santos, litoral de São Paulo (PACHECO, 1986).

Figura 7: Memorial Necrópole Ecumênica, Santos - SP

Fonte: Memorial (2017).

Segundo quem defende a ideia, os cemitérios verticais surgem como soluções, pois minimizam os impactos no solo permitindo que sigam a legislação vigente, capacitados para receberem as urnas funerárias sem precisar enterra-las no solo, por contar com tubulações especificas a destinar de forma correta os resíduos líquidos e gasosos, levando em consideração o aspecto ambiental é considerado por alguns o modelo de sepultamento do futuro (PENSAMENTO VERDE, 2014).

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3.4.3 Cemitério jardim/parque

Esses modelos buscam fugir um pouco da morbidade e do concreto dos outros modelos citados acima, prezam pelo verde, procuram manter bosques, um lugar que traga mais serenidade para os dias de luto, caracteristicamente são lugares com amplos gramados, não possuindo túmulos convencionais acima da terra, e sim jazigos subterrâneos com identificações com placas de cimento no chão (KEMERICH et al., 2014).

Figura 8: Memorial Parque das Cerejeiras

Fonte: Arantes (2007).

Esses cemitérios dizem promover a igualdade, sem distinção econômica, com a ausência de monumentos e as lápides existentes nos cemitérios horizontais, porém apenas quem tem um certo poder aquisitivo pode comprar uma propriedade para ser ali sepultado, sendo assim, essa “igualdade”, somente ocorre para alguns.

3.4.4 Sepultamentos ecológicos

Para o biólogo Billy Campbell, fundador do primeiro cemitério verde dos EUA, o cemitério Ramsey Creek, em funcionamento desde 1996, “o enterro mais natural”

é o que evita desperdício de recursos, não utiliza substâncias tóxicas e opta por materiais biodegradáveis, sem risco de extinção, e protege áreas ameaçadas (CHAYAMITI, 2016).

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O processo de embalsamento é baseado em um componente que segundo a Agencia de proteção do Meio Ambiente dos EUA qualifica como “provável agente cancerígeno”, as obturações dentais de amalgama metálica contem mercúrio, marca passos contem pilhas e outros serviços funerários como a tanatopraxia (processo de maquinar os mortos) que utilizam pequenas porções de formol, produto altamente tóxico, todos esses resíduos trazem problemas ambientais ao entrar em contato com o solo, por não usar tais componentes para enterrar os mortos os sepultamentos naturais estão ficando famosos no mundo, principalmente nos Estados Unidos (Agencia EFE).

Figura 9: Sepultura no cemitério Ramsey Creek

Fonte: Memorial ecosystems (2017).

Nem todos os tipos de mortes podem ser sepultadas em cemitérios ecológicos, casos de doenças infecto-contagiosas (para os quais o CONAMA sugere a cremação), casos de doenças em que os corpos foram submetidos a altas cargas de radiação, (tais cargas podem passar para os lençóis freáticos), apenas mortes naturais em que o corpo não tenha contato direto com químicos podem ser submetidos a sepultamentos ecológicos.

O sepultamento ecológico é uma opção que não prejudica o meio ambiente, ou afeta o mínimo possível, a cidade de Rio Branco do Sul, a 30 km ao norte de Curitiba, se tornou o primeiro município a adotar o sepultamento ecológico no Brasil, na cidade, os corpos são acomodados sobre um sistema chamado INVOL (Involucro Protetor Impermeável). Por parte da comunidade não houve nenhum tipo de resistência.

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Foi realizado um programa de educação ambiental nas escolas, que ajudou no processo de conscientização (BAUAB; LEME, 2013).

Figura 10: Esquema da manta usado em carnário

Fonte: Google (2017).

Já existem outros métodos de caixões ecológicos, além da Capsula Mundi, a empresa espanhola Limbo, oferece capsulas elaboradas com derivados da madeira ou aglomerados, Jordi Siqueira, responsável pela Limbo fala “quando há um casamento se aluga um carro lindo, mas não se compra. O mesmo pode ser feito com o caixão, desta forma estaríamos evitando a contaminação e o desmatamento”.

Figura 11: Exemplificação de funeral com cápsulas orgânicas

Fonte: Limbo (2017).

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3.5 MÉTODOS SUSTENTÁVEIS

Entendemos que o sepultamento convencional é um sistema que ao longo de toda a sua existência, não apresentou sinais de mudanças significativas em termos de qualidade do meio ambiente e em consequência, de vida. E em frente aos problemas descritos por autores como Faria et al, (2014) e que se verificam presentes em sua estrutura, é perfeitamente plausível concluir que o sistema brasileiro de sepultamentos é obsoleto e não respeita as normas estabelecidas pelo Ministério do Meio Ambiente. Existem inúmeros métodos mais eficazes para sepultamentos que não são tão prejudiciais ao meio ambiente, estas questões são melhores exploradas a seguir. Na construção de um caixão convencional de madeira maciça, é preciso uma árvore.

Figura 12: Família contemplando arbusto

Fonte: Noctula channel, editado (2017).

3.5.1 Cremação

Processo em que o corpo é exposto a temperaturas de 1400 a 2000 °C em fornos específicos.

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Figura 13: Câmara de cremação

Fonte: Acervo do autor (2017).

Onde o corpo é reduzido a cinzas e pequenas partes de ossos, sendo depois triturados, e entregue aos familiares, mas durante o processo o corpo exala uma grande quantidade de gases que são enviados por tubulação para um descarte adequado, o CONAMA em sua resolução 316/2002 cita todas as normas que um crematório deve seguir para não poluir o meio ambiente, qualquer pessoa que deseja ser cremada deve ter seu direito assegurado, a única restrição para cremação é em caso de morte violenta, quando a cremação só pode ser feita com autorização judicial, além disso, a vontade precisa ser expressa à família ainda em vida, pois, mesmo que o falecido tenha deixado documentada a vontade de ser cremado, se a família se opuser, a cremação não é realizada. Além disso, restos mortais de pessoas sepultadas também podem ser cremados (GRUPO VSI, 2014):

De acordo com o autor:

Em meados do século XIX, acreditava-se erroneamente que os corpos sepultados e decompostos emitiam gases nocivos à saúde que poluíam os lençóis freáticos e abriam caminho através do solo para formar “miasmas”

mortíferos que ficavam flutuando nos cemitérios, infectavam o ar e causavam doenças aos que por ali passavam. A cremação foi apresentada como alternativa saudável e higiênica e poderia ter se firmado desde então se a primeira cremação americana não tivesse sido um fiasco de mídia.

(ROACH, 2015, p. 231).

3.5.2 Resomação

Método de cremação que por meio de hidrólise alcalina, acelera o processo de decomposição natural.

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Figura 14: Camâra de resomação

Fonte: Resomation (2016).

Parecido com o método de cremação, mas ao contrário de madeira ou gás se utiliza água com sais específicos (soda cáustica), e ao final do processo resta apenas 2% ou 3% do peso original e ossos sem colágeno, o que difere da cremação convencional é que destrói agentes patogênicos, e utiliza 80% menos de energia (ROACH, 2015, p. 23), mas assim como na cremação, nem todos os corpos podem passar por este processo. Uma análise ambiental independente (Sustain) mostrou que a substituição da resomação para a cremação irá reduzir as emissões de gases de efeito estufa em aproximadamente 35% (RESOMATION, 2016).

3.5.3 Sepultamento celestial (destruição de corpos)

Em algumas culturas, como o Tibetano (Budismo) e em Bombaim (Zoroastrianos), o método de sepultamento é bem semelhante, eles acreditam que o cadáver é impuro e não se deve contaminar a criação divina (o solo), então são levados para um lugar nas montanhas para serem destruídos por abutres.

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Figura 27: Coveiro tibetano preparando o corpo para o “sepultamento”

Fonte: Mundi (2016).

É um ritual em uma comunidade tibetana localizada a 4 mil metros de altitude no Nepal, onde população local vive praticamente isolada do resto do mundo.

Figura 28: Torre do Silêncio, local de depósito de corpos em Mombaim

Fonte: Mundi (2016).

A grande quantidade de abutres torna o local indicado para o procedimento.

Os animais são capazes de comer o corpo inteiro antes que o processo de decomposição comece a favorecer a disseminação das doenças.

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Figura 29: Abutres se desfazendo de cadáver

Fonte: Mundi (2016).

De certa forma essas duas civilizações também pensaram no meio ambiente, esse método milenar, foi banido pelos governos chineses e indianos respectivamente por algumas décadas, mas nos dias atuais podem ser praticadas em locais apropriados (SCOFIELD, 2007; MÉNDEZ, 2002).

3.5.4 Sepultamento simples

É o modelo mais utilizado para inumação de cadáveres, em caixões o corpo é sepultado em cova comum, túmulos ou jazigos seguindo as orientações da legislação de 2003 do CONAMA, em cemitérios públicos ou privados (ALENCAR, 1999).

Figura 30: Cemitério do Monte Santo

Fonte: Retalhos (2016).

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Entretanto apenas o cemitério Campo Santo Parque da Paz, que é particular segue a legislação do CONAMA na cidade de Campina Grande, nenhum outro cemitério da cidade público ou privado está em conformidade com a resolução nº 335, de 3 de abril de 2003.

Referências

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