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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A temática da Gestão do Conhecimento

2.1.3 A importância do conhecimento nas organizações contemporâneas

Após a revolução industrial, as organizações passaram, gradativamente, a lidarem com uma quantidade maior de conhecimentos técnicos, administrativos, sociais e políticos, incorporando-os aos seus processos e práticas. Stewart (1998) lembra que esses conhecimentos agregaram às organizações novos modelos de atuação, bem como, novos valores organizacionais.

Stewart (1998) afirma que o período compreendido entre as últimas fases da revolução industrial e o surgimento da informática nas organizações pode ser caracterizado por grandes inovações guiadas pelo avanço do conhecimento organizacional e dos meios de comunicação. Para o autor, a conjugação entre as transformações sociais, o aumento do conhecimento humano e o surgimento de inovações nas organizações deram origem a uma nova era: a era da informação; e a uma nova sociedade: a sociedade da informação.

As transformações sociais e econômicas, sobretudo da segunda metade do século XX em diante, vieram confirmar as mudanças em direção a uma sociedade altamente dependente de conhecimento. Para Stewart (1998), cada vez mais as organizações e a sociedade tomam consciência do papel que o conhecimento possui para o seu desenvolvimento. Cavalcanti, Gomes e Pereira (2001), vão além, ao afirmarem que o conhecimento, e não somente o acesso à informação, tem permitido o distanciamento das organizações e países líderes em relação aos seus concorrentes.

Na década de 60, pesquisadores como Berger e Luckmann (2010) já associavam a necessidade de criação do conhecimento ao aumento da complexidade do trabalho humano. Para eles, o homem constrói socialmente o conhecimento a partir da necessidade de solução de problemas que lhe aparecem cotidianamente. Com o aumento da complexidade da sociedade e, particularmente, do mundo do trabalho, este se tornou ambiente propício para os

processos de criação e valorização do conhecimento.

Mas foi a partir dos anos 90, que pesquisadores como Drucker (1997), Sveiby (1998) e Toffler (2010) demonstraram um maior interesse pela temática do conhecimento organizacional. Eles anunciaram o advento de uma nova economia e de uma nova organização social, fortemente dependente do conhecimento; e que logo passou a ser referenciada como a “sociedade do conhecimento”.

Para Drucker (1997), a grande mudança de paradigma na sociedade do conhecimento (em relação à sociedade industrial) é a substituição do trabalho pelo conhecimento. Para ele, o conhecimento, e não mais os fatores tradicionais de produção (trabalho, capital e terra) é o recurso mais significativo para o desenvolvimento das organizações e, consequentemente, da nova sociedade. Sveiby (1998) chega a afirmar que o conhecimento é a nova riqueza das organizações.

Com efeito, nos anos seguintes à década de 90, houve uma crescente valorização dos recursos intangíveis das organizações em detrimento dos já bem conhecidos recursos tangíveis. A informação e o conhecimento organizacional, como recursos intangíveis, passam a ser o foco de pesquisas, no sentido de revelar suas particularidades e formas de criação. Nonaka e Takeuchi (1997) e Sveiby (1998) reforçam a valorização dos ativos intangíveis das organizações como componentes da cadeia de agregação de valor mercantil na produção de bens e serviços.

Para que as organizações se desenvolvam de forma sustentável, elas precisam de recursos que lhes proporcionem o aumento de suas competências essenciais. Principalmente daquelas que, segundo Prahalad e Hamel (1990), são difíceis de imitar, transferir ou comprar por outras organizações inseridas no mesmo ambiente. Nesse sentido, o conhecimento acumulado na organização lhe permite aumentar a produtividade e evidenciar suas competências essenciais. Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) quando se utilizam de

suas competências essenciais, as organizações desenvolvem suas atividades de forma melhor que os seus concorrentes.

Como afirmam Brown e Duguid (2001), ao contribuir para a melhora da competitividade organizacional, o conhecimento torna-se um recurso que deve ser valorizado pela organização. Nesse novo contexto de organizações e de sociedade, o gerenciamento efetivo dos ativos de conhecimento torna-se imperativo para o desenvolvimento organizacional. Conforme alertam Davenport e Prusak (1998), é necessário criar, cultivar e gerenciar de forma eficiente o conhecimento organizacional, pois este consiste numa fonte disponível de agregação de valor aos processos de tomada de decisão.

Dessa forma, na sociedade contemporânea, o conhecimento tem sido fator essencial para a sobrevivência das organizações em um contexto de globalização e competitividade. O conhecimento passou, nos últimos tempos, de mais um componente das organizações para elemento primordial na moldagem das mesmas. Conforme alegam Rossetti et al. (2008), as mudanças recentes da sociedade do conhecimento estão levando as organizações a repensarem suas estratégias de sobrevivência em um ambiente no qual o conhecimento é um dos bens de maior valor.

A sociedade do conhecimento contemporânea tem levado a uma transformação das relações sociais e de trabalho das pessoas, e da própria estrutura organizacional. Para Tapscott e Williams (2007), as relações de emprego na sociedade do conhecimento estão se tornando mais fluidas, menos longas e mais horizontais; enquanto que as organizações, conforme lembram Rossetti et al. (2008), estão em busca de inovações organizacionais e de nova formas de gestão que privilegiem o conhecimento. Para os autores, para se tornarem eficazes no novo ambiente, as organizações da sociedade do conhecimento buscam pela formação de redes informais e de negócios, pelo investimento em inovações, pelo redesenho organizacional e pela reformulação das estratégias, práticas e tecnologias organizacionais.

Conforme afirmam Mülbert, Mussi e Angeloni (2002), para sobreviverem na sociedade do conhecimento, as organizações deverão reforçar suas capacidades de flexibilização e de ação proativa, desenvolvendo estruturas organizacionais apropriadas ao novo contexto, que fomentem a descentralização, a participação, a criatividade e a inovação. A realidade atual da sociedade impõe formas organizacionais que privilegiam a comunicação e a integração entre os diversos subsistemas organizacionais (social, técnico, de informação e conhecimento, pesquisa e desenvolvimento, controle e tomada de decisão, dentre outros).

Rossetti et al. (2008) lembram que a valorização do conhecimento na sociedade contemporânea, além de levar as organizações a buscarem diferentes arranjos organizacionais mais eficazes, impõe mudanças na forma de relacionamento das organizações, principalmente, por meio da formação de redes.

Ante o exposto, firma-se o argumento de que o conhecimento é um elemento chave para a sobrevivência e o desenvolvimento das organizações e da própria sociedade, cabendo a próxima seção a tarefa de delimitar conceitualmente o que vem a ser a GC, como peça imprescindível da temática desta tese.