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A importância do estudo para a Enfermagem

Ao realizar pesquisa na rede internacional de computadores (internet), utilizando os bancos de dados LILACS, MEDLINE, SciELO, BDENF e o banco de teses e dissertações e periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (CAPES/MEC), foi possível estabelecer um banco de palavras-chave voltadas para confirmar as lacunas existentes relacionadas ao aprofundamento da problemática a ser estudada.

Diversos trabalhos foram encontrados, usando as palavras-chave abaixo: • Obesidade infantil: 169 LILACS, 972 MEDLINE, 51 SciELO, 1 BDENF e 8 BDTD; • Cuidado: 7.875 LILACS, 22.465 MEDLINE, 545 SciELO, 1.650 BDENF e 536

BDTD;

• Família: 10.194 LILACS, 329.684 MEDLINE, 1590 SciELO, 983 BDENF e 2194 BDTD.

As pesquisas realizadas com crianças e/ou adolescentes com sobrepeso ou obesos tratavam-se, na sua maioria, de estudos quantitativos com ênfase nos aspectos estatísticos e descritivos, relacionados à prevalência da doença por faixa etária, aos fatores de risco e aos critérios de medição e diagnóstico.

Buscando refinar as palavras-chave obesidade infantil e família, os temas mais relacionados foram prevalência e Programa de Saúde da Família,

respectivamente. Assim, há um espaço existente para ser aprofundado sobre a obesidade infantil e a família da criança, enfatizando as particularidades que cercam o contexto familiar relacionadas ao aumento de peso excessivo na criança.

Em seguida, uma nova busca pelas palavras-chave Teoria do Cuidado Cultural, obesidade e enfermagem, cuidado cultural e enfermagem e cuidado cultural e criança foi realizada, a fim de conhecer os estudos existentes sobre o referencial teórico que irá nortear a pesquisa:

• Teoria do Cuidado Cultural: 28 LILACS, 0 MEDLINE, 4 SciELO, 19 BDENF e 7 BDTD;

• Obesidade e enfermagem: 28 LILACS, 432 MEDLINE, 21 SciELO, 14 BDENF e 24 BDTD;

• Cuidado cultural e enfermagem: 82 LILACS, 189 MEDLINE, 14 SciELO, 52 BDENF e 17 BDTD;

• Cuidado cultural e criança: 33 LILACS, 68 MEDLINE, 8 SciELO, 15 BDENF e 0 BDTD.

Os estudos desenvolvidos fundamentados na Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural de Leininger foram catalogados e apresentados de acordo com alguns Estados do Brasil. O Estado de Santa Catarina obteve o maior número de dissertações (12) e o Ceará, de teses (4), enquanto São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro não ultrapassaram três dissertações, cada. Em relação ao local dos estudos, a comunidade foi a mais citada, enquanto que a escola ou a residência não obteve nenhuma citação (ORIÁ; XIMENES; ALVES, 2006).

Faz-se necessário investigar sobre a obesidade infantil, focalizando os aspectos culturais associados à família e que permeiam todo o processo de viver. A família esteve presente no estudo de forma ativa e criativa, apresentando-se como a responsável maior pelas influências recebidas pela criança pré-escolar no que tange à alimentação e todas as nuanças do processo saúde-doença-cuidado, pois é a família a primeira instituição de cuidado da criança.

Em qualquer período da história encontramos grupos de pessoas que se envolviam no cuidado, principalmente os membros da família, mulheres ou outros que se dividiam entre os trabalhos domésticos e o cuidado a um doente. Dessa

forma, a família é considerada o grupo que mais dá assistência à saúde e no qual há mais envolvimento de uns com outros membros. É pela família que o recém-nascido, a criança, o adolescente, o adulto e o idoso recebem assistência, sendo que alguns destes são dependentes da atenção direta devido à etapa de vida em que se encontram, enquanto outros vão depender de estar ou não vivenciando uma doença.

Boyd (1990) considera a família a primeira unidade de cuidado. É aquela que primeiro identifica uma anormalidade e que, geralmente, tomará providências para solucionar o problema. Possui características que favorecem o vínculo entre os membros, refletindo-se em afetividade e desvelo. Deve ser conhecida pela Enfermagem em toda a sua dimensão e com todas as suas particularidades, identificando possíveis necessidades a serem atendidas.

Conhecer a família e atuar com ela (não sobre ela) tem sido um dos desafios para a Enfermagem que, como qualquer outra ciência e profissão, esteve enraizada no modelo biomédico, centrado na doença e completamente avesso ao que se propõe atualmente quanto à promoção da saúde da população, incluindo a família. No entanto, a Enfermagem vem se destacando nessa nova perspectiva de ver a saúde como resultado de vários aspectos envolvidos, assim como de favorecer a participação direta da família no processo de saúde-doença e na promoção da saúde de seus membros, ressaltado, aqui, a criança pré-escolar.

Apesar de não ser um campo completamente desconhecido pela enfermagem, pois felizmente já se tem notícia de enfermeiras adentrando nesse espaço, a escola se torna, então, um campo extenso e rico para a sua atuação, em que o cuidado se pautará na promoção da saúde e na prevenção de doenças das crianças, seja qual for a fase em que estas se encontram.

Buscou-se, nesse estudo, promover a saúde “com” a participação ativa da família, e não “sobre” a família (CAMPOS, 2003). Fez-se necessário, e porque não dizer imprescindível, o envolvimento da família na promoção da saúde da criança com risco para obesidade, pois é a entidade maior com a qual a criança pode contar, seguida da escola. Logo, a pesquisa teve como pontos de apoio duas escolas comprometidas em participar do desenvolvimento saudável da criança.

Vale ressaltar que a Enfermagem não tem sido associada apenas à doença ou pessoas doentes, mas a pessoas que desejam manter-se num bom nível

de saúde. Assim, a Enfermagem deve se inserir na área escolar (ROPER; LOGAN; TIERNEY, 1995) para desempenhar um cuidado à criança baseado nas premissas que a PNAN (BRASIL, 2003) tem preconizado, como o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis nas escolas.

O conceito de Escola Promotora de Saúde, defendido pela OPAS, vem reforçar essa concepção, pois se refere ao estímulo da adoção de estilos de vida saudáveis em toda a comunidade escolar, desenvolvendo um ambiente saudável, condizente com a proposta de promoção da saúde da população. A escola deve atuar concomitantemente em três grandes áreas (ambiente saudável, oferta de serviços de saúde e educação em saúde), que devem ser incorporadas ao cotidiano escolar e servir como laboratório onde as crianças e os adolescentes possam ter oportunidade para vivenciar questões consideradas como temas transversais (ética, pluralidade cultural, trabalho e consumo, orientação sexual, meio ambiente e saúde) (SILVEIRA; PEREIRA, 2004).

Destarte, os resultados desta pesquisa contribuíram para o acréscimo de conhecimentos sobre o cotidiano da família na promoção da saúde da criança pré- escolar com risco para obesidade, focalizando a cultura, as crenças, os hábitos que fazem parte do contexto familiar e da criança, segundo salienta Leininger (1991, 2002) na sua Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural. Permitiram, ainda, uma maior reflexão dos enfermeiros de como deve inserir o plano de cuidados da criança com risco para obesidade, considerando sua individualidade, para facilitar, assim, um aperfeiçoamento da sua práxis. Sendo o enfermeiro um agente de transformação da realidade através da investigação científica e do aperfeiçoamento da prática assistencial, a contribuição deste estudo visualizou o bem-estar e o desenvolvimento feliz da criança junto à sua família.

Cabe ao enfermeiro a missão de fomentar o cuidado na família transversalmente ao conhecimento do cotidiano desta, avaliando suas condutas diárias quanto ao seu modo de viver. Assim, deve buscar compreender a família a partir de sua constituição, contexto cultural, afetividade, aspectos socioeconômicos e políticos, crenças, valores, comportamentos, relação entre os membros e como estes vêem a promoção da saúde da criança, de maneira que possam agir efetivamente sobre situações contrárias à saúde e que possam favorecer a perspectiva de termos uma criança saudável.

2 OBJETIVO

Compreender o modo de vida das famílias de crianças pré-escolares com risco para obesidade.

3 REFERENCIAL TEÓRICO- METODOLÓGICO

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