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A inserção no campo: dificuldades, contratempos e êxito

No documento helenacardosoribeiro (páginas 65-68)

Esta pesquisa tem como um de seus eixos principais o trabalho de campo através da observação participante. Esta técnica envolve outras pessoas e contextos diferentes da

realidade do pesquisador, de maneira que ele está sujeito a transformações da estrutura de pesquisa que idealizou e, portanto, deve estar aberto a mudanças. Devido a isso, nesta seção deste Capítulo apontaremos as dificuldades de inserção no campo, que levaram à mudança na escolha das escolas, os contratempos ocorridos nas visitas e, enfim, o êxito na conclusão desta etapa da pesquisa.

Como já exposto, a metodologia deste trabalho sofreu algumas mudanças na forma como foi pensada. Em um primeiro momento, as escolas escolhidas seriam as de maior e menor valor agregado de acordo com os resultados da Provinha Brasil 2009 (TEIXEIRA, 2010). Com as duas escolas definidas – seus telefones e endereços em mãos – foi feito o primeiro contato com cada uma delas. No primeiro telefonema, feito para a escola de maior valor agregado, a diretora se dispôs a me atender pessoalmente e marcamos uma data, de acordo com a agenda da diretora, dez dias depois. Fui bem recebida pela diretora, que aceitou participar da pesquisa, e no dia seguinte já estava na escola para participar da primeira reunião de pais do ano. Como esta foi a primeira escola com a qual entrei em contato e à qual consegui acesso, chamei-a de Escola 1 (E1).

O contato com a segunda escola, a de menor valor agregado, não se deu com a mesma facilidade. Na primeira tentativa de telefonema, fui informada que a diretora não estava na escola e instruída a ligar em outro horário. Assim se sucederam vários telefonemas sem sucesso. Diante disso e do tempo que estava passando sem que eu pudesse realizar a pesquisa, parti para tentar contato com a segunda escola de menor valor agregado na Provinha. Por telefone, fui atendida pela diretora, que agendou um horário para conversarmos pessoalmente. Fui até a escola, porém, apesar de estar com horário marcado, a diretora não estava e fui informada que ela não voltaria à escola naquele dia. No dia seguinte, liguei novamente e marcamos outra data. Contudo, ao chegar à escola, a diretora novamente não se encontrava. Mais uma vez voltei a ligar, porém novamente não consegui contato com a diretora. Perante esta dificuldade e, mais uma vez, pelo tempo que já havia passado, resolvi, em parceria com minha orientadora, partir para outra escola. Dessa vez, devido às dificuldades de aceitação da pesquisa em escolas com menor valor agregado, decidimos realizar a pesquisa com as duas escolas com maior valor agregado na Provinha Brasil 2009. Esta decisão pôde ser tomada porque a mudança não implicaria perda para a pesquisa, mas apenas uma mudança no foco de análise. Assim, passamos a buscar, na comparação entre as duas escolas com maior valor agregado, pontos em comum que possam ter contribuído para que elas tenham atingido tal resultado.

O contato com a segunda escola de maior valor agregado na Provinha se deu da mesma forma que os outros, através de telefonema e posteriormente um encontro com a diretora para explicar a pesquisa e saber, assim, se haveria aceitação ou não em participar. Obtive êxito nesta escola e, por fim, iniciei a pesquisa na escola que denominei Escola 2 (E2), seguindo a lógica de ser esta a segunda a participar da pesquisa.

A demora no início da observação na E2 remete a uma segunda dificuldade e mudança no formato pensado para o trabalho de campo. A metodologia inicialmente formulada contemplava, para a realização dos três ciclos de observação, o início, o meio e o final do período letivo. Porém, devido a adversidades, como a não aceitação da pesquisa em escolas com baixo valor agregado e a greve de professores municipais durante os meses de agosto e setembro, os ciclos não puderam ser realizados nos períodos antes determinados, além de acontecerem em épocas diferentes nas Escolas 1 e 2.

O primeiro ciclo de observação da diretora da E1 (D1) se deu logo no início do ano letivo, como programado. Já a observação da diretora da E2 (D2), em razão das dificuldades enfrentadas para encontrar a segunda escola participante, apenas se iniciou no segundo bimestre do ano letivo. Em agosto, após as férias de julho, iniciou-se a observação do segundo ciclo em ambas as escolas. Porém, após o primeiro dia/semana de observação da D1, a escola aderiu à greve, suspendendo suas atividades, de maneira que a pesquisa também foi suspensa. Na E2, não foram todos os docentes que aderiram à greve, a escola continuou suas atividades permitindo a continuação do segundo ciclo de observação da pesquisa. Assim, mais uma vez os ciclos de observação das duas escolas se deram em épocas diferentes. Finalizada a greve em setembro, continuei o segundo ciclo de pesquisa na E1, enquanto na E2 ele já tinha sido finalizado. Apenas o terceiro e último ciclo se deu de forma conjunta nas duas escolas e, como previsto, no final do ano letivo.

O primeiro ciclo da E1 moldou, através da experiência, os demais ciclos. Em um primeiro momento, a observação se daria durante todo o dia de trabalho da diretora. No entanto, após o primeiro dia de pesquisa nesses moldes, a D1 me propôs que diminuíssemos o horário. Em acordo, estabelecemos o tempo de meio período em cada dia de trabalho. Ainda no primeiro ciclo, a D1 marcava antecipadamente as datas de visita e, muitas vezes, acabava desmarcando em cima da hora, o que fez o ciclo se estender além do previsto. Perante isso, a sequência dos dias observados não seguiu a ordem dos dias da semana (segunda-feira, terça- feira etc.). Exemplo: se na segunda-feira a D1 determinava que não poderia ser feita a visita, ao invés de esperar a próxima segunda-feira, a visita era feita na quarta-feira, de acordo com a disponibilidade da diretora. Assim, as visitas na escola aconteceram uma vez por semana,

contemplando todos os dias, porém sem seguir a ordem preestabelecida. Já na E2, foi mais simples seguir essa ordem dos dias da semana, já que a D2 autorizou minha entrada na escola e, apenas para assegurar, eu sempre avisava sobre a visita no dia anterior.

Os ciclos de observação, apesar da dificuldade inicial de aceitação de uma segunda escola e do contratempo da greve que ocorreu no município, foram realizados com êxito, sendo encerrados em dezembro de 2011. O período em que estive na escola foi de grande importância para esta pesquisa e para o meu crescimento profissional como pesquisadora. A decisão de inserir o trabalho de campo na metodologia foi um acerto que proporcionou o conhecimento prático do dia a dia de um diretor de escola. A afirmação do êxito da pesquisa se baseia nisso.

O acompanhamento do trabalho das diretoras foi feito com o mesmo foco, porém de diferentes formas, como visto. Isso se deve às diferenças existentes entre os contextos, ao modo como as escolas se organizam e também às especificidades de cada diretora. A seguir, descreveremos cada escola com o intuito de se fazer conhecer cada contexto, buscando propiciar um melhor entendimento da forma de gestão de cada diretora e suas particularidades.

No documento helenacardosoribeiro (páginas 65-68)