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As Escolas Municipais “E1” e “E2”: suas características e o perfil de suas diretoras

No documento helenacardosoribeiro (páginas 68-72)

A Escola 1 iniciou suas atividades em 1998 e está situada em um bairro de classe média alta. A escola surgiu com as obras sociais de uma entidade e sua finalidade era atender os filhos de mães trabalhadoras do bairro. Em dezembro de 1999, através de uma Lei26 sancionada, a E1 foi incorporada à Rede Pública Municipal de Ensino, funcionando no mesmo prédio da entidade em regime de comodato. Em 2006 a E1, que até 2005 funcionava em tempo parcial, foi inserida no Programa Escola de Educação em Tempo Integral e, desde então, atende alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental até o 5º ano.

De acordo com o PPP (2011), baseado nos dados coletados na matrícula dos alunos, a E1 atende 42 bairros diferentes. Os alunos e seus responsáveis pertencem à classe baixa, muitas vezes vivendo em situação precária, sem moradia adequada e recebendo assistência

através de programas como o Bolsa Família. Desta forma, a realidade dos alunos atendidos não condiz com a realidade do bairro onde a escola está inserida.

Ao contrário da E1, a Escola 2 atende majoritariamente o bairro onde está inserida, porém há alunos de quatro outros bairros próximos. A maior parte dos alunos e seus responsáveis pertencem à classe média, de acordo com os dados do PPP (2010) da escola.

A E2 foi criada em 1966 e funcionou até 1968 em uma sala na residência de um morador do bairro. Em 1968, foi transferida para o salão da Paróquia cedido pelo Padre. Da sua criação até o ano de 1971 a escola era chamada de “Escola Infantil”. No mês de outubro de 1971 foi inaugurada a E2, situada no mesmo local onde se encontra atualmente. A escola funciona em tempo parcial e em três turnos: no período da manhã e da tarde atende aos alunos do Ensino Fundamental até o 5º ano e à noite trabalha com a Educação de Jovens e Adultos.

No ano de 2011, ano da pesquisa de campo, a E1 atendeu 158 alunos, sendo 48 da Educação Infantil e 110 do Ensino Fundamental. Para isso, contava com 28 professores (13 contratados e 15 efetivos), seis funcionários terceirizados (três auxiliares operacionais, duas cozinheiras e uma auxiliar de cozinha), uma secretária, três coordenadoras (sendo uma efetiva com redução de carga horária e duas contratadas), uma vice-diretora e uma diretora. A grande maioria dos profissionais da escola possui ensino superior completo e pós-graduação (sendo 24 especialistas, quatro mestres e duas em fase de doutoramento).

Já a E2 atendeu 346 alunos, sendo 266 do Ensino Fundamental – 142 no turno da manhã e 123 no turno da tarde – e 80 alunos do EJA. Dentre os profissionais desta escola havia 33 professores (21 do EF e 12 do EJA), quatro funcionários (um efetivo e três terceirizados), duas secretárias, duas coordenadoras (uma do EF e uma do EJA), uma vice- diretora e uma diretora. Todo o corpo docente da escola possui ensino superior completo, alguns com pós-graduação, sendo a grande maioria composta por profissionais concursados.

Quanto à estrutura física, a Escola 1 conta com um prédio precário para receber seus alunos, considerado não adequado, principalmente para a proposta de Educação em Tempo Integral. Esse prédio tem dois andares além do térreo (primeiro andar do prédio) onde funciona uma creche que pertence às obras sociais da entidade. Como descrito no PPP da escola e verificado através da vivência na mesma, o excesso de escadas dificulta o acesso à escola. Essa dificuldade foi presenciada muitas vezes no decorrer da pesquisa. Por exemplo, quando a escola recebeu material para o conserto do forro, foi preciso deixá-lo na entrada da escola até que os operários responsáveis chegassem e cortassem o material para poder levá-lo para o terceiro andar, já que ele não passava inteiro pelas escadas estreitas. Da mesma forma, na negociação da diretora com a SE para o recebimento de mesas, a discussão residia no fato

de elas não poderem ser de “tal” formato, pois não passariam pela escada até chegar ao refeitório, que fica no terceiro andar. Além de todos esses entraves, devemos ressaltar que não há acessibilidade para a Educação inclusiva.

Ainda sobre a parte física, a escola conta com oito salas de aula, sendo três delas adaptadas com a colocação de divisórias. Duas dessas salas estão no segundo andar da escola (terceiro do prédio). A biblioteca, também adaptada através de divisórias, foi inaugurada em 2011, depois de uma reorganização do espaço do segundo andar, que foi dividido entre as salas, a biblioteca, o refeitório e a “cozinha”. O que justifica as aspas no termo “cozinha” é o fato de não existir uma cozinha na escola. A “cozinha” funciona em um espaço improvisado: o fogão, a geladeira, as estantes e a pia estão separados da área onde as crianças fazem a refeição através de balcões de madeira, cobertos por toalhas de material plástico que também servem como mesa para a preparação dos alimentos e apoio para servi-los. A “cozinha” improvisada, apesar da condição descrita, é bem organizada, buscando atender aos alunos da melhor forma possível. Há sempre profissionais neste ambiente para garantir que as crianças não se aproximem dos equipamentos e utensílios, mantendo a segurança delas. No segundo andar há, ainda, mais uma sala de aula e a sala dos professores, que é pequena diante do número de docentes da escola. É neste andar que existe uma rampa de metal que liga o prédio da escola à quadra coberta, ao parquinho infantil e à área de recreação chamada “poeirão”. Esta rampa está a, aproximadamente, seis metros do chão e parece ser vulnerável, apesar de ter passado por reparos há pouco tempo.

No primeiro andar da escola (segundo andar do prédio) há cinco salas de aula (uma delas feita por divisórias), quatro banheiros (masculino e feminino para os alunos; masculino e feminino para professores), uma pequena sala organizada como dispensa, uma sala de informática, secretaria e uma sala dividida pela coordenação (três coordenadoras) e direção (diretora e vice). Além disso, existem dois ambientes neste andar aos quais a escola não tem acesso e que são mantidos trancados pela entidade à qual o prédio pertence: uma cozinha e uma sala. A diretora já tentou negociar com a entidade a utilização dessa cozinha – já que a que utilizam é improvisada –, mas não obteve sucesso. Em relação à autorização para o uso da sala, que almejavam para poder transferir a despensa, transformando a atual despensa em uma sala para a coordenação pedagógica, estava em processo de discussão no encerramento do ano letivo. Em contato recente com a escola, fui informada de que esta negociação deu certo. Assim, a escola ganhou mais uma sala para o ano letivo de 2012, e agora tem uma sala só para a coordenação, podendo atender melhor a alunos e professores.

Para receber seus alunos, a Escola 2 conta com um prédio próprio, com dois andares (térreo e mais um), construído especificamente para atender à escola. No primeiro andar da escola estão instaladas a secretaria e a direção, que dividem uma sala, uma sala de professores, uma sala para a coordenação – que funcionava como “arquivo” e foi reorganizada durante o ano – uma biblioteca, dois banheiros (um feminino e um masculino para professores), uma sala pequena onde são atendidos alunos com dificuldades (reforço escolar), área de recreação (espaço para o recreio e para a Educação Física), refeitório, cozinha e despensa. O segundo andar da escola é destinado exclusivamente às salas de aula, que são seis, abrigando ainda dois banheiros para os alunos (um feminino e um masculino).

A escola, apesar de o prédio ser antigo, encontra-se em bom estado de conservação e o interior de seus espaços é muito bem organizado.

Os perfis da diretora da E1 (D1) e da E2 (D2) correspondem às características encontradas entre os gestores do país (SOUZA, 2006a) e também entre os diretores de escolas das redes municipais de Minas Gerais de cidades de porte médio (CAED, 2009). A D1 e a D2 são mulheres e têm mais de 40 anos.

A D1 possui graduação em Pedagogia, ou seja, ensino superior completo, porém sem formação específica em gestão escolar – apesar de ter habilitação para o cargo, adquirida através da graduação em Pedagogia. Além disso, sua formação inclui outros cursos como: Normal (Magistério), de Contabilidade e Especialização em Metodologia do Ensino Superior. Sua experiência profissional é superior a dez anos de trabalho na Educação, outra característica apontada nas pesquisas. Seu cargo oficial é de secretária e é este cargo que ocupava na escola antes de ser diretora. A D1 também já lecionou e, antes de ser diretora da E1, já havia sido diretora em outra escola. Sua carga horária é de 40 horas semanais, mas a diretora extrapola esse tempo quando necessário e também realiza atividades em casa. Não reside no mesmo bairro da escola, mas em um bairro próximo.

A trajetória de formação da D2 parte do curso de Magistério, passando pelo ensino superior, com graduação em Pedagogia; seu último título é o do curso de Especialização em Psicopedagogia. Não possui formação específica em gestão escolar, apenas o curso oferecido pela SE após ter assumido a direção da escola. A D2 tem experiência em sala de aula, tendo lecionado na Educação Infantil, Ensino Fundamental e EJA. Seu cargo oficial é de Coordenadora Pedagógica, função que exercia antes de se tornar diretora. Além de diretora de escola, a D2 possui outro cargo. Assim, sua carga horária de trabalho é de 40 horas semanais na E1, como diretora, e mais 20 horas em outra escola como bibliotecária. A diretora mora

nas proximidades do bairro onde a escola está situada e convive com a comunidade que a cerca.

As duas diretoras acompanhadas pela pesquisa, como estabelecido pelo SME, assumiram o cargo por meio de eleição.

A pesquisa foi realizada no último ano do primeiro mandato da D1 e do segundo mandato da D2.

No documento helenacardosoribeiro (páginas 68-72)