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A Integração das TIC no Contexto Educativo Português

Capítulo 2. Fundamentação Teórica

2.1. A Integração das TIC no Contexto Educativo Português

As tecnologias da informação e da comunicação entraram nas nossas vidas com extrema rapidez tendo assumido um papel de reconhecida relevância. Um dos autores que descreve a importância das tecnologias da informação na Educação é Adell (1997), que se

refere às TIC como sendo uma ferramenta didática ao serviço dos alunos e professores, pois elas estão e são o mundo onde os jovens vivem. Nas escolas devemos tentar incutir a utilização das novas tecnologias de forma a habilitar os jovens para uma sociedade altamente competitiva. Outro indicador de importância para a utilização das novas tecnologias é o estudo de PISA 20094 que visa as aprendizagens dos alunos no âmbito da sua utilização e desempenho educacional em ciências. Uma das pré-conclusões do referido estudo é a grande variabilidade de perfis de estudantes a utilizar as tecnologias, outra é a ideia que se deve abordar as TIC na educação de um modo holístico.

As mudanças operadas nos currículos dos alunos, na década de 90, permitiram o aparecimento de novas áreas curriculares, como as TIC, Área de Projecto e Formação Cívica. Estas áreas surgiram por variadíssimas razões nomeadamente pela importância da socialização e da formação do cidadão, e pelo facto de serem potenciadoras da interdisciplinaridade. Contudo face às novas contingências que o país atravessa, para o ano letivo 2012/2013, a Área de Projecto e Estudo Acompanhado serão extintos e a Formação Cívica, verá a sua componente letiva reduzida a 45 minutos. Porém o seu papel na formação dos alunos estava associado à relevância atribuída à relação entre o trabalho individual e o conhecimento social. Esta relação, entre o individual e o conhecimento social está explicada no esquema da Figura 3, adaptado de Richards (2005).

Figura 3. Relação entre o conhecimento individual e social (adaptado de Richards, 2005) 4 www.nmi-conference.be/wp-content/uploads/2009/09/Technology-Use-and-Educational-Performance.pdf (consultado a 4/ fevereiro/ 2010) CONHECIMENTO SOCIAL CONHECIMENTO INDIVIDUAL Saber fazer (doing) Conteúdos Processo Reflexão

Da análise da Figura 3 percebemos a importância da relação entre conteúdos lecionados, o modo de pensar, o processo e fazer (o doing). Esta interação conduz à integração dos saberes, segundo Richard (2005) em concreto, quando se faz a interligação das aprendizagens dos diferentes conteúdos programáticos, recorrendo a interdisciplinaridade potenciando o sucesso das aprendizagens. Na nossa opinião a existência da Área de Projecto era ideal para a realização de um aprendizagem onde o conhecimento individual e o conhecimento social se interligam e se traduziam num maior sucesso das aprendizagens dos alunos, pela interdisciplinaridade existente nesta área curricular não disciplinar. O conjunto de metas de aprendizagem5 a serem atingidas ao longo do Ensino Básico, salientam a constante necessidade de fazer essa interligação de saberes, ou seja, considerar nas estratégias a transversalidade dos conteúdos programáticos. Consideramos que o atingir das metas é essencial para o prosseguimento de estudos no Ensino Secundário e, em última instância, para a integração ativa na sociedade.

(…) Mesmo princípio da gestão horizontal das aprendizagens curriculares das diferentes disciplinas permanece pertinente nos níveis de ensino subsequentes, mas no 3 º Ciclo reforça-se a abordagem disciplinar especializada, de modo a garantir o aprofundamento e o rigor das diferentes aquisições do conhecimento científico e cultural, sem prejuízo da necessidade de as equipas de professores trabalharem a especificidade dos saberes, a par do seu caráter complementar, face ao conhecimento e à cultura, e desenvolverem em conjunto a capacidade de interpretação da realidade em que os alunos vivem e agem como cidadãos, (Nota introdutória das Metas de Aprendizagem - coord. Afonso, 2010).

Apresentamos duas metas finais de aprendizagem para as TIC6que consideramos que são uma evidência da transversalidade de conhecimentos, e da relevância das tecnologias em contexto educacional.

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http://www.metasdeaprendizagem.min-edu.pt/ensino-basico/metas-de-aprendizagem/ (consultado a 28/junho/2010) A acompanhar este documento faculta-se um auxiliar de consulta das Metas de Aprendizagem transcritas deste link.

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http://www.metasdeaprendizagem.min-edu.pt/ensino-basico/metas-de-aprendizagem/metas/?area=44&level=6 (consultado a 15/setembbro/ 2010). A acompanhar este documento faculta-se um auxiliar de consulta das Metas de

Meta Final 2) O aluno comunica, interage e colabora usando ferramentas e ambientes de comunicação em rede, selecionados de acordo com as respetivas potencialidades e constrangimentos, como estratégia de aprendizagem individual e coletiva.

Meta Final 4) O aluno adota comportamentos seguros, respeita direitos de autor e de propriedade intelectual, e observa normas de conduta na utilização de ambientes digitais on-line.

Neste âmbito os blogues serão excelentes instrumentos tecnológicos e educacionais para utilizar dentro e fora da sala de aula, permitindo uma estratégia eficaz para a construção de conhecimento, isto porque, são semelhantes a um diário, onde os alunos se podem expressar livremente e a sua criatividade é estimulada, para além de permitirem o estabelecimento de interações.

Para consubstanciar essas ideias enunciamos autores como Belarmino (2006) e Lacerda e Sampaio (2004) que realizaram investigações sobre a importância do trabalho colaborativo associado à utilização de novas tecnologias. Consideramos desta forma, que se utilizarmos como recursos educativo as tecnologias, neste caso os blogues, iremos também analisar o trabalho colaborativo. Ressalta a importância social nas aprendizagens defendida por Vygotsky (1985) e será expectável que estratégias onde o trabalho colaborativo é estimulado em associação com a utilização de blogues, sejam potenciadoras dessas aprendizagens.

As aulas não-formais, como as existentes em Área de Projecto proporcionam um ensino menos fragmentado e mais focalizado no aluno, onde a autonomia é estimulada. Devemos nesta perspetiva fomentar habilidades e competências digitais aos alunos. No entanto, não devemos cair no erro de considerarmos as TIC como um substituto do papel do professor, estas devem sim servir de ferramenta para um melhor ambiente de aprendizagem (Gil, 2009). Para este autor a mudança de atitude do professor permite uma maior flexibilidade e valorização do papel dos alunos no seu processo de ensino e de aprendizagem, reforçando a ideia do professor mediador. Ainda segundo Gil (2009), devemos capacitar os alunos com instrumentos que lhes proporcionem uma aprendizagem ao longo da vida como cidadãos independentes e interventivos. A emergência da cidadania digital é o futuro hoje e tal como refere Patrocínio (2008) a

interação digital inicia-se com uma interação connosco próprios. Por outro lado, a importância do ciberespaço como estímulo para a inteligência coletiva é uma das principais condições da sua existência (Lévy, 2000). É como um processo de ação – reação que permite a obtenção de informação, exploração, e a sua divulgação.

Com a crescente utilização dos computadores em contexto escolar, pode abrir-se um leque de oportunidades de aprendizagens, nomeadamente o recurso à Internet e mais especificamente com o recurso a blogues. É fundamental que a Escola acompanhe a evolução da sociedade em que está inserida, pois tem a responsabilidade de formar cidadãos que estejam preparados para os novos desafios do século, como é proposto nos saberes básicos para o séc. XXI (Cachapuz et al., 2004). Loureiro, Pombo, Barbosa e Brito (2010) defendem tal como nós, a crescente utilização das TIC como recurso para as aprendizagens e desenvolvimento de competências.