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TÓPICO 3 — AS FUNÇÕES PSÍQUICAS E SUAS ALTERAÇÕES

3.3 A INTELIGÊNCIA

É possível que a inteligência não seja propriamente uma função psíquica

específica, e sim uma medida de rendimento do pensamento, particularmente do

raciocínio. Ainda que seja um conceito fundamental da psicologia moderna, não

há uma definição de inteligência que seja categórica ou amplamente convincente.

A Figura 20 representa as múltiplas definições e formas de entendimento do

conceito de inteligência.

FIGURA 20 – A INTELIGÊNCIA

FONTE: <https://shutr.bz/3nUKrwi>. Acesso em: 12 jul. 2021.

Vamos tentar esclarecer essa confusão: alguns autores definem a inteli

-gência como a capacidade de compreender e de elaborar conteúdos intelectuais

que facilitem a realização de novas adaptações, para a obtenção de um objetivo

apetecido ou ainda a definem como a capacidade para aprender a partir da ex

-periência, usando processos metacognitivos para melhorar a aprendizagem, e a

capacidade para adaptar-se ao ambiente circundante. Para Dalgalarrondo (2019),

a inteligência é o conjunto das habilidades cognitivas da pessoa, a resultante, o

vetor final dos diferentes processos intelectivos.

TÓPICO 3 — AS FUNÇÕES PSÍQUICAS E SUAS ALTERAÇÕES

Acadêmico, assista ao vídeo: COMO NASCE A INTELIGÊNCIA, de Luís Mauro

Sá Martino, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fLO2Z5BwHVE.

UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSICOPATOLOGIA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: AS FUNÇÕES PSÍQUICAS E SUAS ALTERAÇÕES

LEITURA COMPLEMENTAR

MEDICALIZAR PROBLEMAS COTIDIANOS FAZ MAIS MAL A SAÚDE

DO QUE A DEPRESSÃO

Paulo Amarante

Entrevista concedida à Eliane Bardanachvili, do Blog Centro de Estudos

Estratégicos da Fiocruz.

Não se pode medir depressão como se mede glicemia, anemia ou hiperten

-são. Por se tratar de problema para o qual não há um índice padrão de detecção,

a depressão tornou-se um conceito maleável, posto a serviço dos interesses da in

-dústria farmacêutica, para incrementar a venda de medicamentos. “Elegeu-se a de

-pressão como doença a ser cada vez mais alargada, para abarcar situações da vida,

como conflitos, desgosto, desemprego, separação, luto, e formatar como doença”,

analisa nesta entrevista ao blog do CEE-Fiocruz o sanitarista Paulo Amarante.

O que é depressão, afinal? Ela existe como doença?

Não temos um critério definitivo. Não se pode medir depressão como se

mede glicemia, anemia ou hipertensão, não há um índice padrão ou um índice

médio permanente. Trata-se de um conceito, e, exatamente por ser tão maleável,

tão subjetivo, tornou-se propício a que se elegesse a depressão como a doença a

ser cada vez mais alargada. Pânico, obsessão-compulsão, transtorno do déficit

de atenção e hiperatividade (TDAH)... Problemas cotidianos, escola fracassada –

não apenas a escola pública brasileira, mas o modelo de ensino, sua proposta já

superada –, pobreza, falta de recursos, baixos salários, tudo contribui para uma

piora do quadro. Há também as situações de crise evolutivas, como entrada na

terceira idade, iniciação na vida sexual, incapacidade de realização de ato sexual,

saída da primeira infância para a puberdade, entrada na vida adulta, crises de

identidade que podem vir acompanhadas de uma certa situação depressiva. E o

comportamento das pessoas diante das dificuldades acaba sendo patologizado.

TÓPICO 3 — AS FUNÇÕES PSÍQUICAS E SUAS ALTERAÇÕES

Nesse embate entre saúde e mercado, como desmedicalizar sintomas, sem,

no entanto, minimizar o sofrimento das pessoas? Afinal, a depressão é tida como

doença silenciosa, em que as pessoas que sofrem não são ouvidas ou acolhidas.

Somos criados na relação com o outro; nossa identidade está nessa relação.

A necessidade de reflexão, introspecção, escuta é imanente, constituinte do sujeito.

Essa, no entanto, não é uma questão exclusivamente médico-sanitária, somente do

âmbito da saúde. As comunidades ditas primitivas são muito mais sábias nisso,

com seus métodos de relações de vizinhança, de cooperação, para fazer frente a

essa necessidade. Nós temos essas redes, mas não valorizamos! Na comunidade

aqui do lado vemos uma mãe que perdeu um filho contar com uma rede de apoio,

de solidariedade das vizinhas que vão dormir com ela, que levam um bolinho...

Mas isso não é valorizado. A primeira coisa que se faz quando se perde alguém é

tomar um antidepressivo para suportar a crise. O que é preciso, no entanto, é viver

aquela crise, e as redes são importantes para isso. Mas como não se dá valor a elas,

e o Estado não sabe como propiciar esse acolhimento por meio de uma política

pública, e, ainda, como há uma quebra de relações de comunidade promovida pela

televisão, pelo medo e pela insegurança, a Igreja acaba ocupando esse espaço. No

meu bairro as pessoas sequer se cumprimentam dentro do elevador. Elas não se

abrem em sua comunidade, vão para a Igreja fazer uma catarse espiritual ou vão

procurar um médico. A questão da depressão é paradigmática, aponta para a au

-sência do outro, da rede de solidariedade nas grandes cidades. Com as perdas de

vínculo, as pessoas ficam sós. O importante seria podermos restabelecer vínculos.

FONTE: Adaptado de <https://cee.fiocruz.br/?q=node/584>. Acesso em: 4 jul. 2021.

RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Não existem funções psíquicas isoladas ou doenças que acometem exclusiva

-mente uma função, é preciso considerar que as pessoas adoecem na sua tota

-lidade. A Psicopatologia é definida a partir de um fundo mental e das relações

inter-humanas, mais do que pelos sinais e sintomas apresentados pelo sujeito.

• A consciência constitui uma síntese ou integração de todos os processos men

-tais em determinado momento. Na definição neuropsicológica, a consciência

está ligada ao estado de vigilância, de clareza. Para a psicologia, a consciência

representa a soma total das experiências conscientes em determinado mo

-mento, ou seja, trata-se de um campo.

• A memória pode ser definida como a capacidade de codificar, armazenar e

evocar as experiências, impressões e fatos que ocorrem em nossas vidas. Por

-tanto, tudo o que aprendemos depende intimamente da memória. Pesquisa

-dores das neurociências têm atribuído papel central à memória e à identidade

do ser humano, perder a memória, nessa perspectiva, significaria perder a si

mesmo e a história de uma vida.

• Diferentemente das funções psíquicas elementares, as funções psíquicas com

-postas resultam de agrupamentos de funções, trata-se de uma somatória de

atividades e capacidades mentais e comportamentais. As principais funções

psíquicas compostas apresentadas foram: o Eu e o Self, a Personalidade e a

Inteligência.

1 O tempo e o espaço são, ambos, condicionantes fundamentais do universo

humano e estruturantes básicos da nossa experiência. Quanto às alterações

nas vivências do tempo, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Nas intoxicações por alucinógenos ou psicoestimulantes não há uma

deformações quanto a percepção da duração temporal.

b) ( ) Pacientes com esquizofrenia percebem a passagem do tempo de forma

rápida e acelerada.

c) ( ) Em quadros depressivos graves a passagem do tempo é percebida como

lenta e vagarosa.

d) ( ) Nos estados maníacos, há certa passividade em relação ao fluir do tempo.

2 A linguagem é o principal instrumento de comunicação dos seres humanos.

Trata-se de um sistema relativamente arbitrário de signos (fonéticos e gráfi

-cos), responsável pela intermediação das funções do pensamento e do mun

-do externo. Quanto às alterações da linguagem, analise as sentenças a seguir:

I- Afasias: perda da linguagem falada e ouvida, por incapacidade de com

-preender e utilizar os símbolos verbais, decorrente de lesão neuronal.

II- Agrafia: incapacidade da expressão através da linguagem escrita, sem que

haja qualquer déficit motor ou perda cognitiva global.

III- Alexia: perda da voz sem danos neurológicos os musculares. Geralmente

ocorre após um evento de vida estressante no qual o indivíduo fica total

-mente sem voz.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.

b) ( ) Somente a sentença II está correta.

c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.

d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 A vontade, ou volição, pode ser definida como uma elaboração cognitiva

realizada a partir dos impulsos, influenciada por fatores intelectivos e so

-cioculturais. A vontade constitui um processo psíquico de escolha de uma

entre várias possibilidades de ação, uma atividade consciente de direciona

-mento da ação. Considerando as definições e alterações da volição, classifi

-que V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O ato volitivo dá-se, de forma geral, como um processo composto por

quatro etapas: intenção, deliberação, decisão e execução.

( ) A hiperbulia caracteriza-se pelo aumento da vontade e da iniciativa.

( ) Dentre as alterações qualitativas da volição, podemos citar os atos com

-pulsivos, os atos impulsivos e a hipobulia.

AUTOATIVIDADE

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.

b) ( ) V – F – V.

c) ( ) F – V – F.

d) ( ) V – V – F.

4 Os afetos podem ser considerados uma consequência das nossas ações que

buscam satisfazer certas necessidades, resultando em experiências agradá

-veis ou desagradá-veis. Segundo Dalgalarrondo (2019), os afetos são dividi

-dos em cinco tipos. Disserte sobre três tipos -dos afetos apresenta-dos.

5 Os conceitos de “Eu” e de “Self” são amplos e variam de acordo com o perío

-do e a linha teórica. A partir de uma das linhas teóricas apresentadas (Psica

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UNIDADE 2 —

No documento Psicopatologia: Infância e Adolescência (páginas 54-63)

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