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Capítulo IV. Análise dos Dados e Discussão dos Resultados

4.2. Análise da coleção Keep in Mind

4.2.4. A língua geograficamente

Atualmente, diante da grande expansão da língua inglesa, tal língua é referenciada como franca, global e internacional. O manual Keep in Mind oferece a oportunidade de o estudante utilizar o inglês como instrumento para a discussão de temas que ele reconhece. Essa perspetiva se aproxima da proposta intercultural, levando o aluno a refletir acerca da sociedade e da cultura em que vive.

Predominantemente o livro deixa à margem as demais culturas, proporcionado aos alunos um não (re)conhecimento de outros povos, costumes, características do modo de viver de diferentes pessoas. Em relação a noção geográfica não são mencionados os países falantes dessa língua, ou seja, a língua em si apresenta-se sem território específico, mas ao mesmo tempo como uma língua universal.

No que se concerne a pluralidade cultural se faz necessário que os livros abarquem os mais diversos países falantes de inglês, não posicionando o foco nos Estados Unidos, pois não faz sentido considerar a língua inglesa como as únicas faladas nessas duas nações, é preciso chamar a atenção para a grande complexidade cultural vigente, pois o Canadá, Austrália, Jamaica, Bahamas, Reino Unido e outros, são componentes histórico-culturais e países falantes

da LI. Para assim, quebrar preconceito e (re)construir paradigmas. Nesse contexto os PCNs abordam:

“Trata-se de algo extremamente enriquecedor para o aluno, que constrói uma compreensão mais real do que é a complexidade cultural de um país e também uma perceção crítica das tradicionais visões pasteurizadas e unilaterais de uma cultura (por exemplo, as visões tradicionais de que os ingleses tomam chá às cinco horas da tarde ou de que são todos extremamente polidos)” (PCNs, 1998, p.48).

Em suma, a pluralidade cultural vem ser uma ferramenta que vem desmistificar conceitos preestabelecidos enraizados hegemonicamente, para assim, construir um “conceito” mais real da comunicação e perceções críticas acerca de culturas. O livro Keep in Mind no que se refere à língua hegemônica apresenta-se de maneira neutra, sem predileções acerca de uma superioridade inglesa ou americana. O seu foco é redirecionado para a produção escrita e oral do idioma.

Recorrendo ao pensamento Freiriano no que se concerne a educação como chave motriz para a libertação, aplicamos essa perspetiva para o processo de ensino de língua inglesa, pois acreditamos que o ensino de língua inglesa pode ser democratizante. E para ser democratizante é necessário que os alunos-leitores se encontrem presentes nos textos, diálogos e fotografias tenham o sentimento de pertença do contexto em que se encontram inseridos.

A existência de aspetos culturais do Brasil auxilia na relação entre o aluno e o material didático, visando à diversidade que existe no processo de globalização. Embora, o livro Keep in

Mind vem retratar de maneira superficial a questão do sentimento de brasilidade, como mola

propulsora para promoção da reflexão entre o uso da linguagem, do exercício da cidadania, como também da formação da identidade do estudante.

Com relação a essa perspetiva, os PCNs (1998) para língua estrangeira em ênfase a língua inglesa propõem que os alunos tenham a capacidade de conhecer e valorizar o nosso e os demais patrimônios socioculturais, evitando qualquer tipo discriminação oriundas em diferenças culturais, de crença, gênero, classe, entre outros.

Adotar um livro em um país de grandes dimensões geográficas nas quais apenas fotos de celebridades e mapas são apresentados faz com que o diálogo intercultural apresente-se comprometido, pois aprender uma LE significa um confronto entre culturas, possibilitando assim, a construção da identidade. Sendo assim, os PCNs (1998) indicam como objetivos do ensino fundamental que os alunos sejam capazes de:

“*conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país;

*conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspetos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais esociais” (PCNs, 1998, p.7).

Existem outras maneiras para que se atinja a compreensão intercultural. Por exemplo, o livro não contempla a variedade linguística, ou seja, fenômeno em que as variações se manifestam nas mais diversas culturas, regiões... tal conduta proporcionaria ao estudante uma visão mais ampla das características socioculturais e uma compreensão acerca da globalização. Essa coleção traz o inglês americano como língua padrão. O espaço geográfico é um dos itens que corroboram para a construção das identidades, diante disso analisaremos o seguinte espaço: New York.

Figura 6. Keep in Mind 8°ano, língua estrangeira moderna: inglês, 2011

Fonte: CHIN, Elizabeth Young; ZAOROB, Maria Lúcia. Keep in Mind 8°ano: língua estrangeira moderna: inglês. São Paulo: Scipione, 2011. p. 82.

Figura 7. Keep in Mind, 8°ano, língua estrangeira moderna: inglês, 2011

Fonte: CHIN, Elizabeth Young; ZAOROB, Maria Lúcia. Keep in Mind 8°ano: língua estrangeira moderna: inglês. São Paulo: Scipione, 2011. p. 83.

De acordo com os fragmentos acima a cidade de Nova York, uma das maiores dos EUA, é considerada um centro econômico e cultural muito importante, visto que, circundam a esse meio não só os nova-iorquinos, mas também a diversidade de estrangeiros. Por meio das imagens que se referem a Nova York, podemos notar as características físicas do espaço, no entanto, o professor também pode direcionar aula para um fator relevante: a miscigenação... que muito se assemelha com a formação do nosso país.

As imagens utilizadas no exercício acima são utilizadas com o caráter descritivo e comparativo entre os espaços físicos. Tal fator é importante para a construção do conhecimento, nesse aspeto o professor pode explorar as diversidades, discutir o conteúdo com a realidade dos estudantes.

Os espaços físicos relativos as cidades apresentam diferenças e similitudes e que podem manter relações com a realidade dos nossos alunos. No entanto, como manter relações com espaços de que muitos dos alunos nunca ouviram falar? Neste caso, como mencionado anteriormente, remete-nos acerca do distanciamento. Por exemplo, abarcar sobre parques temáticos e de diversões podem ser relevante e até mesmo divertido, mas também pode ser considerado, se não trabalhado de maneira correta, um instrumento segregador e de distanciamento acerca das realidades.

No que concerne a utilização de símbolos, visto que, os mesmos podem colaborar na construção das identidades, o fragmento acima pode proporcionar um conhecimento histórico, cultural e também econômico e político. A Estátua da Liberdade é um dos mais importantes símbolos dos EUA, a imagem utilizada representa além do símbolo com espaço.

A interculturalidade poderia emergir por meio de aulas transdisciplinares, envolvendo disciplinas como geografia e história. Poderíamos pesquisar sobre os símbolos do nosso país, suas origens, significados, sua importância na nossa cultura... A heterogeneidade presente na sala de aula reflete a diversidade de um país, com indivíduos acarretados de diferentes experiências de faixa etária, de classe sociais... que buscam adquirir um conhecimento compartilhado prioritariamente pelo professor. No entanto, quando esse conhecimento é o de língua estrangeira, a situação tende a ser acentuado, visto que os alunos são expostos a uma outra cultura, a uma outra identidade.