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Capítulo II. O Ensino de Línguas e o Livro Didático de Língua Inglesa

2.2. O que diz os PCNs acerca da língua inglesa

No que concerne ao ensino de uma língua alvo, os PCNs acreditam na aprendizagem como uma possibilidade de ampliar a auto-perceção do estudante como um indivíduo e como cidadão, proporcionando um ponto de vista crítico em relação ao global, compreendendo melhor o outro e a si, como vemos: “ao entender o outro sua alteridade, pela aprendizagem de uma língua estrangeira, ele aprende mais sobre si mesmo e sobre um mundo plural, marcado por valores culturais diferentes e maneiras diversas de organização política e social” (PCNs, 1998, p. 19).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira também recomendam uma interação entre os sujeitos e a enunciação, onde a conceção de língua transcende a ideia de língua como uma ferramenta comum para a comunicação:

“A aprendizagem de língua estrangeira contribui para o processo educacional como um todo, indo muito além da aquisição de um conjunto de habilidades linguísticas. Leva a uma nova perceção da linguagem, aumenta a compreensão de como a linguagem funciona e desenvolve maior consciência do funcionamento da própria língua materna. Ao mesmo tempo, ao promover uma apreciação dos costumes e valores de outras culturas, contribui para desenvolver a perceção da própria cultura por meio da compreensão da(s) cultura(s) estrangeira (s)” (Brasil, 1998, p.37).

Deste modo, os conteúdos sugeridos para o ensino de língua estrangeira estão especificados em eixos: nos conhecimentos de mundo e sistêmico, na tipologia textual e nas atitudes. Os conteúdos que estão relacionados ao conhecimento de mundo englobam assuntos de caráter social, local, global, do respeito à diversidade

Por sua vez, os conteúdos sistêmicos devem considerar a atribuição de sentido nos elementos morfológicos, sintático e fonológico. Já os tipos de textos, devem ser integrados a gêneros relacionados à familiaridade dos estudantes.

Por fim, segundo os PCNs, em relação aos conteúdos atitudinais devem compreender, entre outros aspetos:

 A preocupação em ser compreendido e compreender os outros

 A valorização do conhecimento de outras culturas como forma de compreensão do mundo em que vive;

 O reconhecimento de que as línguas estrangeiras aumentam as possibilidades de compreensão dos valores e interesses de outras culturas;

 O reconhecimento de que as línguas estrangeiras possibilitam compreender-se melhor;

 O interesse por apreciar produções escritas e orais em outras línguas; (PCNs, 1998, p.71)

Em relação aos temas transversais os PCNs acreditam que os livros didáticos precisam abordar conceitos e valores essenciais a uma sociedade globalizada. Ao abarcar tais temas, é preciso que os assuntos sejam trabalhados de forma contextualizada e permeiem as diversas áreas do conhecimento, dando significado ao que se vivencia no âmbito escolar.

“Assim, os temas transversais, que têm foco claro em questões de interesse social, podem ser facilmente trazidos para a sala de aula via Língua Estrangeira. A análise das interações orais e escritas em sala de aula é um meio privilegiado para tratar dos temas transversais ao se enfocar as escolhas linguísticas que as pessoas fazem para agir no mundo social” (Brasil, 1998, p. 24).

O ensino de língua estrangeira conforme os PCNs deve está direcionado aos interesses dos alunos, bem como a expansão das habilidades de comunicação e a amplitude do contexto cultural, levando em consideração diferentes formas dialetais e adequação linguística na qual o aluno está inserido. Pois como afirma Paulino:

“A ênfase no ensino de língua inglesa deve ser na adequação de saberes para promover o interculturalismo e desenvolver nos alunos uma consciência cultural, possibilitando as observações críticas e o aprendizado. O conhecimento de mundo, experiências partilhadas do indivíduo com o grupo, são responsáveis pelas diferentes perceções da realidade, categorizações. É através dessas particularidades que cada comunidade assegura sua unidade linguístico cultural” (Paulino, 2009, p.60).

Sendo assim, o livro didático de língua inglesa precisa propiciar mais do que um encontro gramatical, pois conforme Dias e Souza (2010) os alunos precisam se sentir sujeitos sociais e perceber sua importância como cidadão, e para que isto ocorra o ensino de outro idioma precisa perpassar as estruturas gramaticais e ir para as práticas sociais e costumes de outros povos, para assim, construir sua própria identidade.

Outro ponto elencando pelos PCNs (1998) e que precisa está intrínseco nos livros didáticos de língua inglesa é a diversidade e a pluralidade, dessa forma os PCNs afirmam:

“Que é preciso conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspetos socioculturais de outros povos e nações, posicionando- se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais” (PCNs, 1998, p.7).

A citação acima nos remonta a uma valorização da cultura nacional e que o foco principal não esteja direcionado somente nos atributos americanos ou ingleses, é preciso que os alunos se identifiquem nos livros propostos, para que assim os mesmos conheçam as dimensões sociais do Brasil, construindo assim uma identidade cultural e pessoal, livre de qualquer preconceito, valorizando as diferentes formas de manifestações culturais, tanto de forma global quanto local.

Dessa forma Paulino afirma:

“…que a escola deve privilegiar esta abordagem para favorecera formação cidadã adequada a um contexto “glocalizado” e os LDs, enquanto ferramentas importantes no processo de ensino- aprendizagem, podem contribuir para a construção dessa consciência intercultural” (Paulino, 2009, p.61).

É notório que o livro didático segue, por meio dos PCNs, uma sequência de conhecimentos culturais, no entanto, é importante observar como isso é trabalhado. Mencionar costumes, hábitos, entre outros elementos, não é tratar autenticamente a interculturalidade. Apenas abarcar determinados assuntos pode perpetuar preconceitos e estereótipos. Neste caso, aumentando a distância entre a língua alvo e a realidade do estudante.