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Escrita de Artigo Científico

7.3 A Lei Brasileira

É interessante saber o que diz a lei brasileira. A principal referência, no caso de plágio, é a Lei número 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Essa lei altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais.

Uma pergunta frequente na área de Computação é se o governo, ao subvencionar um projeto, torna-se detentor do direito autoral sobre este. Por exemplo, se o aluno recebe uma bolsa da CAPES ou CNPq para fazer sua monografia, esses órgãos têm algum direito sobre a monografia e seus produtos? A lei é clara em seu artigo 6ª: “ Não serão de domínio da União, dos estados, do Distrito Federal ou dos municípios as obras por eles simplesmente subvencionadas.”

Já o artigo 7ª estipula quais são as obras protegidas pela lei (literalmente): a) Os textos de obras literárias, artísticas ou científicas.

b) As conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza. c) As obras dramáticas e dramático-musicais.

d) As obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixa por escrito ou por outra qualquer forma.

e) As composições musicais, tenham ou não letra.

g) As obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia.

h) As obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética. i) As ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza.

j) Os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à Geografia, Engenharia, Topografia, Arquitetura, Paisagismo, Cenografia e Ciência.

k) As adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como criação intelectual nova.

l) Os programas de computador.

m) As coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual.

No caso de programas de computador, especificamente, o § 1ª desse artigo estabelece que eles ainda são objeto de uma lei específica.

Por outro lado, o artigo 8ª estabelece quais as obras que não são protegidas por essa lei:

a) As ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos matemáticos como tais.

b) Os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios. c) Os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de

informação, científica ou não, e suas instruções.

d) Os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais.

e) As informações de uso comum tais como calendários, agendas, cadastros ou legendas.

f) Os nomes e títulos isolados.

g) O aproveitamento industrial ou comercial das ideias contidas nas obras.

Segundo a lei, o autor de uma obra será sempre a pessoa física que a gerou, não a pessoa jurídica. A proteção à pessoa jurídica poderá, porém, também ser concedida em casos previstos em lei.

A duração da proteção ao direito autoral perdura por 70 anos, a contar do dia primeiro de janeiro do ano subsequente à morte do autor. Os direitos patrimoniais sobre a obra são herdados pelos legítimos herdeiros, obedecida a ordem estabelecida pela Lei Civil.

Segundo o artigo 46 da mesma lei, não constitui ofensa aos direitos autorais a reprodução:

a) Na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação da qual foram transcritos.

b) Em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas de qualquer natureza.

encomenda, quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado, não havendo a oposição da pessoa nele representada ou de seus herdeiros.

d) De obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução, sem fins comercias, seja feita mediante o sistema Braile ou outro procedimento em qualquer suporte para esses

destinatários.

e) De um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro.

f) Da citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra.

g) Do apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aquelas a quem se dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização prévia e expressa de quem as ministrou.

h) De obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas e transmissão de rádio e televisão em estabelecimentos comerciais, exclusivamente para demonstração à clientela, desde que esses estabelecimentos comercializem os suportes ou equipamentos que permitam a sua utilização.

i) Da representação teatral e execução musical, quando realizadas no recesso

familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em qualquer caso intuito de lucro.

j) De obras literárias, artísticas ou científicas para reproduzir prova judiciária ou administrativa.

k) De pequenos trechos, em quaisquer obras, de obras preexistentes, de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a

reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não

prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores.

Portanto, a regra é copiar apenas o essencial de outros trabalhos, desde que seja realmente necessário para colocar uma informação sobre esses trabalhos ou traçar um comparativo, lembrando sempre que o trecho copiado deve constar entre aspas e com citação da fonte para que nunca haja dúvida sobre se tratar ou não de plágio.

O plágio no Brasil é considerado crime, e a Lei prevê pena de multa e prisão. Portanto, não vale a pena transgredir essa lei. Também não existe plágio mais sério ou menos sério. Plágio é crime perante a Lei e academicamente é uma falta ética gravíssima. Houve um caso em que um estudante plagiou apenas o capítulo de método (metodologia) de sua monografia, copiando-o de outra monografia. Ele realmente fez o trabalho, realizou a pesquisa, obteve os dados e gerou as conclusões. Mas pela falta ética de ter copiado parte do trabalho, esse estudante teve seu diploma cassado, independentemente de outros fatores.

são pérolas que evidenciam o tipo de raciocínio ou ignorância que muitas vezes está por trás desse tipo de atitude. Algumas dessas pérolas são transcritas a seguir para exemplificar:

a) “(…) você deveria esta orgulhoso de ver sue trabalho em um grade sucesso que não é

ocasso da sua pagina” (sic). O plagiador sequer consegue escrever corretamente…

b) “(…) o que de maneira nenhuma constitui-se na ação citada em no assunto (subject) de

seu e-mail, o qual refere-se a crime de coação sob utilização de arma branca ou de fogo para obtenção de propriedade alheia. Acusação, aliás, que pode perfeitamente ser objeto de processo judicial por calúnia e difamação (considerando que várias pessoas possuem cópia testemunhal do seu delito criminal)” (sic). Aqui o plagiador acusa o autor de

difamação…

c) “Pensei que você fosse ficar orgulhoso”.

d) “se voce nao quiser que ninguem copie, nao ponha na Internet. E’ bobagem achar que

vai ter exclusividade sobre o conteudo na Internet. Besteira pura (…) isso e’ a Internet, cara. O jeito correto de lidar com a situacao nao e’ falar de (…) de lei de direito

autoral, e sim relaxar e aproveitar enquanto a internet ainda e’ nossa” (sic).

e) “Achei super interessante sua abortagem sobre plagio na rede, porem, constatei que na

sua pagina existe alguns gifs (imagens) que acho que nao sao de sua autoria. Seria melhor que os mesmo fossem retirados, pois, e contraditorio falar de plagio e fazer o mesmo, mesmo sendo gifs de dominio publico” (sic). Bem, se é de domínio público

pode usar, não?

Em relação a usar materiais de domínio público ou com autorização do autor, apenas deve-se tomar certo cuidado em verificar se a pessoa que autoriza o uso é realmente o autor. Há casos de sites que se apropriam de materiais de terceiros e autorizam seu uso por outras pessoas, mas não teriam autoridade para isso.

C A P Í T U L O 8

Níveis de Exigência do Trabalho de