• Nenhum resultado encontrado

Escrita de Artigo Científico

6.7 Ética no Envio de Artigos

6.8.3 Eventos Nacionais

A avaliação dos eventos nacionais é feita de forma mais subjetiva. Em primeiro lugar, porque estes não aparecem, normalmente, nos indexadores internacionais. Em segundo lugar, porque a maioria dos eventos nacionais considerados são aqueles que ocorrem no Brasil, sendo, portanto, conhecidos, e seu número não é tão grande.

Ao contrário dos eventos internacionais, espera-se que todos os eventos brasileiros de bom nível já estejam no Qualis-CC, justamente pela proximidade e pelo pequeno número destes.

Os eventos nacionais são classificados de acordo com os seguintes critérios (do documento de área):

a) Características do evento. b) Comitê de programa. c) Número de envios.

d) Percentual de aceitação.

e) Apoio de entidades científicas. f) Tradição do evento.

Em relação às características do evento, espera-se que este seja representativo de uma subárea da Computação. Eventos com abrangência temática genérica e abrangência geográfica limitada dificilmente terão uma boa avaliação. Espera-se que o evento seja realizado no âmbito de uma sociedade científica, como, por exemplo, a Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Eventos ligados a empresas nem sempre têm caráter científico. De preferência, eventos de nível A devem ter abrangência internacional, com comitê de programa sem predominância de brasileiros, página na Internet em inglês e anais publicados por uma editora internacional.

Em relação ao comitê de programa, espera-se que seja constituído de pesquisadores reconhecidos na área do evento e que se distribuam em vários países.

Em relação ao número de envios, espera-se que seja compatível com o tamanho da área de pesquisa. Um evento com poucos envios indica pouca procura e pouco

interesse por parte da academia, o que não é um bom indicativo de qualidade.

O percentual de aceitação é a razão entre o número de artigos aceitos para publicação e o número de artigos enviados ao evento. Espera-se que eventos de nível A tenham menos de 35% de aceitação, e que eventos de nível B tenham entre 35% e 55% de aceitação.

O apoio de sociedades científicas internacionais como ACM e IEEE deve ser uma constante para eventos de nível A.

Finalmente, um evento novo, mesmo que bem organizado, dificilmente terá conceito máximo. Para que um evento obtenha nível A, em geral, deve ter tido pelo menos três edições anteriores organizadas regularmente e com boa qualidade. Por esse motivo também, eventos pontuais, ou seja, que não acontecem regularmente, dificilmente serão classificados.

São examinados caso a caso os workshops ligados a eventos nacionais de nível A, podendo receber nível C ou até superior, dependendo do caso.

1Tradução: “Envios simultâneos sem aviso são considerados altamente antiéticos.”

2No momento em que este livro estava sendo escrito, a CAPES estava realizando uma revisão do sistema Qualis.

Possivelmente algumas das regras aqui mostradas já tenham mudado. Recomenda-se consultar www.capes.gov.br

para obter uma versão atualizada dessas regras.

C A P Í T U L O 7

Plágio

Plágio é a apropriação indevida de ideias ou textos de outras pessoas. A prática da cópia do trabalho alheio era comum e aceita entre os escribas antigos e os músicos da renascença e do barroco, mas, com o passar do tempo e com a consolidação do direito à propriedade e sua exploração, o plágio adquiriu status de procedimento antiético. Porém, sempre continuou acontecendo. Na era da Internet, nunca foi tão fácil copiar o trabalho alheio, porém, também nunca foi tão fácil detectar essas cópias.

Independentemente da questão da exploração comercial de direitos autorais, o plágio, no meio acadêmico, é extremamente nocivo se não for detectado, pois o plagiador apresenta um resultado que não é de sua autoria e recebe um título que não merece. Nessa condição, ele próprio pode ser prejudicado, ao não dominar conhecimentos que seriam necessários para exercer sua profissão, ou, pior ainda, se exercer sua profissão, prejudicará a terceiros, por apresentar soluções inadequadas, de acordo com sua própria incompetência.

Há pelo menos duas formas de plágio: a cópia literal de textos de outras pessoas constituindo integral ou parcialmente um trabalho que deveria ser do autor, e a cópia de ideias, em que o autor, apesar de não repetir as palavras como foram escritas, apresenta as mesmas ideias, na mesma sequência lógica, como se fossem suas.

Não é considerado plágio o uso de ideias de terceiros, desde que a fonte apareça claramente identificada. No caso de cópias literais, devem aparecer entre aspas.

Conta-se que certa vez um estudante de doutorado plagiou uma tese, copiando o texto integral de outro autor e trocando apenas o nome do autor original pelo seu próprio nome. Durante a defesa, um dos membros da banca, o convidado externo, elogiou copiosamente o trabalho durante vários minutos. No final acrescentou: “mas você não pode obter o doutorado com esta tese, porque este trabalho é meu”. O plagiador foi tão displicente que sequer olhou o nome de quem estava plagiando e acabou convidando essa pessoa para a banca.

Neste capítulo serão discutidos casos de plágio e suas consequências, e serão mostradas também algumas situações nas quais fica caracterizado o desvio de conduta dos plagiadores e seus apologistas.

7.1 Antecedentes

copiadores profissionais. Naquela época, apenas esses profissionais da cópia é que eram remunerados pelo seu trabalho. Ao autor cabia apenas o mérito pela obra (mas às vezes nem isso).

Com a invenção da imprensa, no século XV, a cópia de textos se tornou uma atividade de massa e, por esse motivo, suscitou a questão da proteção jurídica ao trabalho do autor. Não apenas a questão de proteger o direito ao patrimônio da obra, mas também da proteção à sua integridade.

No início, a censura caminhou junto com a proteção ao direito autoral. Em 1662, por exemplo, na Inglaterra, o Licensing Act proibia a impressão de qualquer livro que não tivesse sido previamente autorizado.

Já o Copyright Act, de 1709, protegia por até 21 anos a propriedade intelectual e patrimonial de obras impressas.

Na França, após a Revolução de 1789, os valores iluministas passaram a imperar e, com isso, a primazia do autor sobre a obra intelectual. A proteção do direito autoral passou a ser por toda a vida do autor e inclusive transmitida aos seus herdeiros legais.

No Brasil, a primeira menção sobre proteção dos direitos autorais surge em 1827, na lei que criava os cursos jurídicos. Em 1830 a matéria é regulamentada através da promulgação do código de direito criminal.