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CAPÍTULO 2 O GOVERNO LULA E O NEODESENVOLVIMENTISMO

2.3 A Lei de Falências

130 O governo federal conseguiu a aprovação da lei de falências em discussão há onze anos no Congresso Nacional. A defesa governamental para a aprovação desta Lei se deu pela necessidade de mudança na Lei de concordata no Brasil. O governo federal apresentou dados demonstrando que as concordatas no país constituíam processos jurídicos que duravam até vinte anos e, com a reforma, se resolveriam no máximo 180 dias.

A Lei de falências aprovada no governo Lula atendeu às exigências do Fundo Monetário Internacional, corroborando com a revisão do acordo com o FMI, realizado no mês de fevereiro de 2004, através do qual o governo federal se comprometeu a aprovar a Lei das falências. O que se percebe com as mudanças por ela imposta é a agilidade em negociar as dívidas com juros estabelecidos, favorecendo os interesses dos bancos e credores privados. As mudanças aprovadas na nova lei de falência são apresentadas no quadro abaixo:

Quadro 1 - As mudanças na Lei de Falência

Atual Lei Nova Lei

É iniciativa da empresa e permite apenas negociação em dois anos de dívidas com promissórias, cheques etc. Outros credores disputam dívidas na Justiça. Não tem prazo para conclusão do processos.

Acaba a concordata. A empresa em crise pode requerer recuperação extrajudicial ou judicial.

a) Recuperação Extrajudicial - o empresário apresenta aos credores - exceto empregados e fisco - proposta de recuperação homologada pelo Judiciário. b) Recuperação Judicial - Empresário negocia plano de recuperação com todos os credores, inclusive trabalhadores e o fisco. Se em 180 dias não houver acordo, o Judiciário poderá decretar falência. Só podem ser aplicadas se as empresas estiverem em dia com as determinações legais.

c) O plano de recuperação determinará a ordem dos pagamentos, privilegiando sempre os trabalhistas.

d) Mecanismos de recuperação - O plano poderá prever condições especiais de pagamento, cisão, incorporação, fusão e outros mecanismos.

e) Credor não pode requerer falência nesta fase.

Atual Lei Nova lei

a) Juízes relutam em decretar falência para evitar desemprego e destruição de ativos.

a) Ganha agilidade e racionalidade para evitar a dilapidação do patrimônio

131 Credores tem facilidade para pedir

falência da empresa em vez de negociar dívida.

b) Ordem de prioridade para pagamento

das dívidas é:

- dívidas trabalhistas, sem limite. - tributos federais, estaduais e municipais. - dívidas garantidas por bens móveis ou imóveis.

- dívidas com privilégios especiais. - dívidas com privilégio geral. - quirografários (promissórias. cheques, etc).

c) Restituições de bens (sob leasing ou alienação fiduciária) e de Adiantamento de Contrato de Crédito (ACC) são pagos antes das dívidas.

d) Qualquer credor pode pedir falência.

empresarial.

b) Ordem de prioridade para pagamento

das dívidas é:

- dívidas trabalhistas até R$ 39 mil. - dívidas bancárias garantidas por bens

móveis e imóveis.

- dívidas tributárias. os outros débitos. c) Pedido de falência é restringido a dívidas acima de 40 salários mínimos.

Fonte: Jornal Estadão50.

A Lei trouxe como novidade a retirada da prioridade do pagamento das dividas trabalhistas em caso de falência das empresas. Conforme demonstra o quadro acima, a prioridade do pagamento das dividas trabalhistas só ocorre até um valor máximo de 150 salários mínimos. Caso o valor devido ultrapasse o teto apresentado, a prioridade dos pagamentos são os empréstimos bancários. A Lei de falências passou a vigorar após 120 dias de sua publicação no Diário Oficial. Porém, através de pressão política do vice-presidente, José Alencar, as empresas aéreas tiveram acesso de imediato aos benefícios propostos pela Lei, ação que beneficiou a Viação Aérea Riograndense (Varig), a Transbrasil e a Viação Aérea São Paulo (Vasp) que passavam por séria crise financeira.

O presidente Lula vetou três artigos da Lei da Falência. O primeiro artigo vetado faz referência ao impedimento do Ministério Público acompanhar as falências. O segundo item se refere à representação dos trabalhadores pelos sindicatos em ações judiciais em caso de falência das empresas. Da forma como foi redigida a Lei e com o veto do presidente Lula, os trabalhadores terão que arcar com os custos do processo de forma individual contra as

50

Disponível em: <http://portal3.process.com.br/novo/modules.php?name=News&file=article&sid=7698>. Acessado em 07 de agosto de 2012.

132 empresas. O terceiro veto se refere à indicação do administrador judicial condicionada à aceitação da assembleia composta por todos os credores.

2.4 O governo Lula e o meio ambiente

O governo Federal introduziu um conjunto de medidas no que se refere ao meio ambiente. Entre essas medidas merece destaque a criação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e de Queimadas no Cerrado (PPCerrado). No ano de 2003 foi criado o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal.

Desde 2003, o governo brasileiro atuou fortemente na implementação da Agenda 21 Brasileira. Essa Agenda é um instrumento de planejamento participativo e tem como eixo central a sustentabilidade e a transversalidade. A partir de 2003, a Agenda 21 Brasileira não somente entrou na fase de implementação, como também foi elevada à condição de programa do PPA 2004-2007. O Programa Amazônia Sustentável (PAS) e a Política Nacional de Mudanças Climáticas são exemplos da transversalidade da política ambiental, uma vez que suas ações e programas envolvem os três entes da Federação (União, Estados e Municípios), diferentes segmentos econômicos e sociais e vários ministérios. (MERCADANTE, 2010, p. 402)

A tabela abaixo demonstra as ações do governo Lula no que se refere à concessão de licenças ambientais emitidas entre os anos de 2002 a 2009.

Tabela 19 - Número de licenças ambientais 2002-2009

Ano Número de Licenças

2002 213 2003 123 2004 240 2005 295 2006 312 2007 373 2008 480 2009 339 Fonte: IBAMA.

O conflito enfrentado pelo Governo Lula se deu no processo de liberação dos transgênicos. A medida provisória n. 131, que liberou o plantio de soja transgênica, atendendo

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