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3.6 A S AÇÕES DO GOVERNO BRASILEIRO

3.6.2 A Lei 12.484/2011 – A “Lei do Bambu”

A “Lei do Bambu” foi fruto do esforço de alguns dos atores citados neste trabalho e de outros que acreditam nas potencialidades econômicas, sociais e ambientais da utilização dessa planta, que culminou na elaboração e aprovação da Lei nº 12.484, publicada no Diário Oficial da União do dia 09 de setembro de 2011, que instituiu a “Política Nacional de Incentivo ao Manejo Sustentado e à Cultura do Bambu - PNMCB” (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2011).

3.6.2.1Antecedentes à elaboração da lei

Em desacordo com a formatação deste trabalho no capítulo dedicado às entrevistas com personagens envolvidos com o Bambu, foi realizada entrevista pessoal sem programação, no dia 10 de julho de 2014 com o prof. Jaime Gonçalves de Almeida, do Centro de Pesquisa e Aplicação do Bambu e Fibras Naturais – CPAB/UnB e Coordenador da Rede Brasileira do Bambu, que deixou de ser transcrita na íntegra, devido à sua extensão e abrangência que fugiria da intenção deste trabalho.

Explicou o prof. Jaime que no ano de 2005 aconteceu reunião promovida pelo Ministério do Meio Ambiente e realizada por sua Secretaria de Florestas acerca do Inventário

Florestal Brasileiro, para a qual foram convidadas instituições públicas e privadas, com a participação do Grupo João Santos - Itapagé, da Embrapa do Paraná, de Pesquisadores da PUC do Rio de Janeiro entre outros, na qual foi sugerida a inclusão do Bambu nesse Inventário. Foi discutida a criação de uma Rede, que inicialmente se pensou que seria apenas de troca de informações.

Outro fato, que nos parece mais significativo, foi a estruturação da Rede Brasileira do Bambu – RBB, iniciada no ano de 2006, quando o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTi destinou recursos que possibilitaram à Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social encomendar à UnB a organização de um Seminário Nacional visando à estruturação de uma Rede de Pesquisa em Bambu, envolvendo lideranças de diversos setores da sociedade que já estudavam e trabalhavam com esse material, como Pesquisadores, Empresários, Instituições etc..

A ideia dessa rede é popularizar o uso do Bambu no Brasil a partir da criação de uma cadeia produtiva de valor social do bambu. O Objetivo de longo alcance (horizonte) da Rede, divulgado nos Anais do I Seminário Nacional realizado nos dias 13, 14 e 15 de setembro de 2006, em Brasília – DF é: “A Rede, uma iniciativa de diferentes setores envolvidos e interessados na cultura e na difusão do bambu no Brasil, tem por objetivo o desenvolvimento do país e, especialmente, a melhoria de vida de sua população”.

Por intermédio do Edital nº 25/2008 - CNPq / MCTI, foi criada a Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Bambu, possibilitando a estruturação de grupo de estudos cujo histórico se pode acessar no site http://www.redebrasileiradobambu.com.br/.

No ano de 2010 foi realizado o II Seminário da Rede Brasileira do Bambu, realizado no Estado do Acre, contrariando parecer do CNPQ que sugeria a realização no Centro-Sul, no Estado de São Paulo ou do Rio de Janeiro, com a alegação de que o Acre era muito distante e sem grandes atrativos. Esse II Seminário foi novo sucesso, atraindo pesquisadores de diversas partes do Brasil.

Estes fatos, além do Acordo Brasil-China de 2011 foram, sem dúvida, os criadores de um ambiente favorável a que em setembro de 2011 se publicasse a Lei que deveria ser um instrumento capaz de impulsionar várias ações concretas em favor do uso e desenvolvimento da cultura do bambu no Brasil.

Entretanto, a Lei caiu no vazio e o próprio Edital 25/2008 foi objeto de tensionamento inútil, revelando a superficialidade e desatenção com tudo até então construído.

Ocorreu que em 2013 houve o lançamento do Edital nº 66/2013 - CNPq / MCTI contendo o mesmo escopo do anterior, fato que motivou o coordenador da Rede Brasileira do

Bambu - RBB criada a partir do Edital 25/2008 a divulgar, na página da internet acima indicada, a seguinte Nota Pública:

NOTA PÚBLICA DA RBB ACERCA DO EDITAL 66/2013 CNPq/MCTI

O lançamento do Edital 66/2013 CNPq/MCTI de criação de uma nova Rede Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Bambu nos deixou surpresos. Pois, este Edital reproduz o mesmo objeto do Edital 25/2008 CT-Agro/CNPq, apoiado pelo Fundo do Agronegócio do MCTI, que instituiu a Rede Brasileira do Bambu (RBB). Entretanto, a criação da RBB contou com um projeto básico que foi discutido publicamente no I Seminário Nacional do Bambu (I SNB), Brasília 2006, dois anos antes do lançamento do Edital 25/2008. Participaram desse evento gestores públicos e privados, lideranças empresariais, instituições públicas e privadas (nacionais e internacionais), pesquisadores, profissionais, técnicos, entre outros. No II SNB, realizado em 2010, Rio Branco/AC, a Rede criou os seus conselhos (gestor, consultivo e técnico-científico), o seu portal e as suas revistas (científica e popular). Hoje, a Rede está organizando o III SNB a ser realizado em 2014, Goiânia/GO. Num processo democrático, instituições e grupos de pessoas podem criar redes e associações livremente, mas a duplicação de ações no âmbito público federal leva a RBB a indagar aos promotores e envolvidos naquele edital o seguinte:

1) por que antes de lançar um novo edital para o bambu e definir suas prioridades não foi realizada previamente a avaliação do Edital 25/2008 levando-se em conta a opinião de seus participantes e, também, dos demais interessados?

2) por que não foram consideradas as estruturas existentes do bambu no país? 3) por que criar mais uma rede nacional dedicada à P&D com financiamento público quando a rede pública existente parece ser suficiente para o país? 4) por que não propor ações visando à consolidação da cadeia de valor social e produtiva do bambu no país garantindo-lhe oferta em escala de matéria prima? e; 5) por que pulverizar recursos públicos que são tão escassos para a cultura do bambu, que é um ativo econômico e socioambiental tão importante do nosso país? Brasília, 23 de setembro de 2013.

Jaime G. de Almeida

Coordenador da Rede Brasileira do Bambu (RBB)

Não foi possível averiguar os desdobramentos acarretados por essa duplicidade de Editais, além do descontentamento do grupo que formou a RBB.

3.6.2.2 A tramitação da lei

A iniciativa da lei, do Deputado Robson Lemos Rodovalho – DEM/DF (antigo PFL), apresentada em 29/05/2007, recebeu o número de ordem PL 1.180/2007.

Tramitou pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, sem contestações ou apresentação de emendas.

Em 18/12/2009 foi encaminhada ao Senado Federal por intermédio do Ofício nº 1.447/09, onde tramitou sob o nº 326/2009, também sem que houvesse emendas ou contestações.

A tramitação dessa lei pode ser acompanhada na página da Câmara, no endereço http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_imp;jsessionid=5820B4F0BD5FDDBEC87 2CEB7CAC2A1A6.node2?idProposicao=353384&ord=1&tp=reduzida (acesso em 22/07/2014).

No site http://www.senado.leg.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=95213 (acesso em 22/07/2014) podem ser acessadas cópias dos principais documentos de sua tramitação pelo Senado Federal, contendo assinaturas dos Parlamentares que atuaram em sua elaboração.

O advento dessa lei, porém, ainda não gerou os efeitos idealizados pelos atores envolvidos, direta ou indiretamente, em seu processo de elaboração.

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