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A LINGUAGEM E O CÉREBRO 1 LÍNGUA E CÉREBRO – questões centrais:

A linguagem humana e a espécie humana

A LINGUAGEM E O CÉREBRO 1 LÍNGUA E CÉREBRO – questões centrais:

(a) Por que será que o homem é o único animal que aprende e usa uma língua?

(b) Que aspectos das características fisiológicas e neurológicas do homem explicam sua habilidade para aprender e usar uma língua?

(c) Onde, no cérebro, se localizam as habilidades linguísticas do ser humano?

(d) Como funciona o sistema nervoso na codificação e decodificação das habilidades linguísticas humanas?

(e) Os diferentes componentes linguísticos (fonológico/sintático/semântico) são distintos do ponto de vista neuro-anatômico e, portanto, sujeitos a lesões separadas, ou não?

2. Noções de Neurolínguística.

2.1 Definição de Neurolinguística:

A Neurolinguística consiste no estudo das bases biológicas da linguagem humana e dos mecanismos cerebrais subjacentes a sua aquisição e uso.

2.2. Aspectos do sistema nervoso humano:

2.2.1. A estrutura do sistema nervoso humano.

- sistema nervoso central: encéfalo (termo tecnicamente correto para cérebro) e medula espinhal - sistema nervoso periférico: é constituído basicamente pelos nervos cranianos e nervos

raquidianos (que ligam a medula espinhal aos músculos esqueléticos do corpo humano). É graças ao SNP que o cérebro e a medula espinhal recebem e enviam as informações permitindo-nos reagir às diferentes situações que têm origem no meio externo ou interno.

- Neurônio: unidade celular básica do sistema nervoso. É formado pelo corpo celular , dendritos (membrana exterior na forma de ramos extensos que recebem sinais elétricos de outros

neurônios) e axônio (estrutura que envia sinais elétricos a outros neurônios).

Sinapses nervosas - pontos onde as extremidades de neurônios vizinhos se encontram e o estímulo passa de um neurônio para o seguinte por meio de mediadores químicos (substâncias químicas), os neurotransmissores.

A Célula nervosa (neurônio)

2.2.2. Aspectos da estrutura cerebral humana.

Localização- situado por baixo do crânio; constituído por cerca de 10 bilhões de células nervosas.

Componentes do cérebro:

- O córtex (massa cinzenta) — é o órgão tomador de decisões do corpo. Ele: (a) recebe mensagens de todos os órgãos sensoriais do corpo e origina todas as ações voluntárias deste; e (b) é o depositário da memória. Devido às funções que desempenha, especialmente a de depositário da memória, acredita-se que seja no córtex que a gramática internalizada pelo falante deve residir.

- O tálamo — é a parte do cérebro que recebe as projeções de fibras nervosas do córtex e das estruturas do sistema nervoso inferior e irradia fibras para todas as partes do córtex. Acredita- se que talvez seja o tálamo a parte do cérebro que provê a interação dos mecanismos de

linguagem e memória.

- A matéria branca — compõe-se, basicamente, de fibras conectoras.

- Os hemisférios cerebrais esquerdo e direito — as duas partes em que o cérebro se divide longitudinalmente. O hemisfério esquerdo controla os movimentos do lado direito do corpo e o hemisfério direito controla os movimentos do lado esquerdo do corpo.

- O corpo caloso — membrana fibrosa cujo papel é o de conectar os dois hemisférios cerebrais. Se o corpo caloso é seccionado, não há comunicação entre os dois hemisférios cerebrais. A comunicação entre os dois hemisférios se dá através de impulsos elétricos que passam de um para o outro através do corpo caloso, quando este não está seccionado.

- O cerebelo — é o responsável pelo controle do equilíbrio.

- O tronco cerebral — é o regulador da respiração, da postura, do sono, da temperatura do corpo e do tonus muscular.

ALGUNS COMPONENTES DO CÉREBRO HUMANO E SUA DISPOSIÇÃO:

3. A lateralização cerebral e a especialização complementar dos hemisférios cerebrais do ser humano.

3.1. Diferentemente do que ocorre nos demais animais superiores, as duas metades em que o cérebro humano se divide não são simétricas quer em termos de seu tamanho, quer em termos de suas funções.

3.2. A lateralização cerebral humana assegura ao cérebro humano poderes adicionais, isto é, poderes aumentados.

3.3. A lateralização cerebral humana está vinculada à capacidade de aprender línguas em crianças. – A questão da “idade crítica” para o aprendizado da língua materna e de uma segunda língua.

3.4. Embora os hemisférios cerebrais humanos não sejam simétricos funcionalmente, um hemisfério pode substituir funcionalmente o outro, ainda que não de modo inteiramente perfeito, em alguns casos, na hipótese de lesões ou remoções hemisféricas, sobretudo quando tais lesões ou remoções se dão na tenra infância.

4. A dominância do hemisfério cerebral esquerdo para a linguagem:

4.1. Duas das mais importantes aquisições na evolução da espécie humana — a linguagem e o uso de instrumentos — parecem depender de estruturas que, em geral, localizam-se no lado esquerdo do cérebro.

4.2. A noção de dominância cerebral não é uma mera preferência por um lado do cérebro, mas sim indica que certos tipos de informação dependem, crucialmente, de uma metade cerebral específica.

A noção de dominância está profundamente identificada à de especialização complementar dos hemisférios cerebrais e não equivale à noção de predominância de um hemisfério cerebral sobre o outro.

4.3. A dominância cerebral está embrionariamente presente no momento do nascimento. Uma área denominada planum temporal apresenta diferença de tamanho do hemisfério esquerdo para o direito mesmo em cérebros fetais, o que sugere o inatismo da dominância cerebral esquerda para a linguagem.

4.4. A dominância do hemisfério esquerdo para a linguagem se deve a diferenças anatômicas que são geneticamente determinadas.

4.5. O grau de especialização hemisférica varia entre indivíduos. Indivíduos destros, de famílias destras, apresentam um maior grau de especialização hemisférica. Indivíduos canhotos, de famílias canhotas, apresentam um menor grau de especialização.

 96% dos seres humanos destros apresentam dominância esquerda para a linguagem; 70% dos canhotos também (os canhotos são 8% a 9% da população mundial). (Dados em ROSA 2010, p.128-129)

4.6. O hemisfério direito pode desenvolver seu potencial para a linguagem, se a pessoa sofrer uma lesão no hemisfério esquerdo quando criança. Após a infância (ou, no máximo, a puberdade), é extremamente difícil que o hemisfério direito possa vir a substituir o esquerdo no que tange à linguagem. A adaptabilidade do sistema nervoso decresce muito com a idade.