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É possível ter vários enredos sobre a história do movimento feminista. Dessa maneira, é necessário escolher uma narrativa apropriada para dar conta do seu caráter ao mesmo tempo singular e plural, evidenciando acontecimentos que fazem parte da história das mulheres desde o século XIX.

O movimento feminista é caracterizado pela sua amplitude, apresentando-se de maneira explícita e anônima, fortalecendo-se, pouco a pouco, através de lutas diárias e conquistas mínimas. Trata-se de um movimento fragmentado, unindo desde reuniões privadas até formas mais unitárias e visíveis de expressões. Conforme destaca Pinto (2003, p. 10), o feminismo no Brasil “não foi uma importação que pairou acima das contradições e lutas que constituem as terras brasileiras, foi um movimento que desde suas primeiras manifestações encontrou um campo de luta particular”.

Matos (2010) afirma que a história das feministas brasileiras pode ser reconstruída até Nísia Floresta e sua livre tradução do texto clássico “Direitos das mulheres e injustiça dos homens”, de autoria de Mary Wollstonecraft, em 1832, sendo Nísia a primeira brasileira a arriscar desconstruir os estereótipos de gênero e a dominação das mulheres.

83 O surgimento da mídia feminista acontece ainda no século XIX no país, as atividades de mulheres em jornais foram expressivas nesse século. No mesmo momento em que surgiam publicações voltadas ao público feminino, que se ocupava de assuntos como moda, culinária e cuidados domésticos, também eram criados espaços que problematizavam a “condição da mulher” (WOITOWICZ, 2008). De acordo com Pinto (2003), esse tipo de manifestação das mulheres através da mídia aponta para a “existência de incipiente movimento de construção de espaços públicos na sociedade brasileira e, no caso, por parte de pessoas que estavam completamente excluídas do campo da política e das atividades públicas” (PINTO, 2003, p.33). Uma importante representante desse jornalismo que assumia a defesa dos direitos das mulheres foi Francisca Senhorinha Motta Diniz, que discutia o voto feminino e a importância de educar as mulheres.

Francisca Senhorinha Motta Diniz foi possivelmente a primeira mulher a fundar um jornal no Brasil com o objetivo de divulgar a “causa das mulheres”. Em 1873 fundava em Minas Gerais O Sexo Feminino, que teve dois anos de duração naquele estado. Transferiu-se para o Rio de Janeiro e reeditou o jornal, que durou até 1890, passando a chamar-se 15 de Novembro do Sexo Feminino a partir da Proclamação da República. Este era um jornal que tinha tiragem quinzenal e algumas peculiaridades, pois além da preocupação com o voto, generalizada entre as mulheres que lutavam por direitos, interessava-se pelos direitos civis. Já em 1873, Francisca Diniz alertava em artigo para a ignorância em que as mulheres se encontravam em relação a seus direitos no casamento e o perigo a que estavam expostas diante de maridos que faziam do casamento uma forma de enriquecer. Segundo Francisca, as mulheres tinham de estar conscientes de seus direitos e não podiam se deixar enganar. Diante dessa situação, pregava uma educação real das mulheres, que as levaria à emancipação (PINTO, 2003, p. 31).

Outras experiências de imprensa independente que também marcaram a história do feminismo foram: O Jornal das Senhoras (1852), O Domingo (1874), Jornal das Damas (1874), Myosotis (1875), Echo das Damas (1879), A Voz Feminina (1900) e A Família (1888). Este último, produzido por Josefina Álvares de Azevedo, manteve-se em circulação por quase dez anos (PINTO, 2003).

Após esse momento inicial, que contou com a participação de personagens femininas que atuavam praticamente sozinhas por meio dos jornais na defesa dos direitos das mulheres, o movimento feminista passa a contar com suas próprias publicações: jornais, panfletos, cartazes, revistas, entre outros, como instrumentos para o fortalecimento de sua luta (WOITOWICZ, 2008).

84 Pinto (2003) observa duas vertentes do movimento feminista no Brasil. A primeira sob o comando de Bertha Lutz43, designada de “bem-comportada”, cuja mobilização objetivava a conquista dos espaços institucionais como o direito ao voto. E uma segunda tendência nomeada como a “mal comportada” do feminismo. Esse viés possuía uma presença mais heterogênea de mulheres, colocando-se de maneira mais radical contra a dominação masculina (PINTO, 2003).

A procura da cidadania estabelecida pela luta por direitos sociais e reconhecimento público define o conjunto de manifestações das mulheres desde um tempo remoto. São mobilizações que, primeiramente separadas, vão concedendo lugar a uma campanha mais viva pelo direito político das mulheres votarem e serem votadas (PINTO, 2003).

Nas primeiras décadas do século XX, o feminismo esteve ligado a personalidades, destacando-se o esforço pessoal de determinadas mulheres que rompiam com papéis estabelecidos pela sociedade. Nessa ocasião sobressaem-se três tendências. Na primeira, a mulher surge como sujeito capaz de desempenhar direitos políticos. A segunda vertente é caracterizada por manifestações da imprensa feminista alternativa, através de professoras, escritoras e jornalistas. As mulheres, por meio da imprensa, buscavam formar uma opinião a favor das suas ideias de libertação. Eram mulheres de vanguarda com valores alternativos à moral dominante, que discorriam sobre temas como divórcio e sexualidade, formando a face menos comportada do movimento. A terceira tendência é de natureza política, que é manifestada por meio da presença do Partido Anarquista e Partido Comunista, no movimento feminista (PINTO, 2003).

Em 1934, nasceu a União Feminina como elemento associado da Aliança Nacional Libertadora (ANL), que era comandada por comunistas com desígnio de derrotar o governo Vargas e instaurar um governo popular. Suas adeptas eram sobretudo intelectuais e operárias (TELES, 1999). Posta na clandestinidade em 1935, teve presas todas as suas dirigentes, algumas ficando mais de um ano em cárcere. Olga Benário

43 A bióloga e ex-deputada federal Bertha Lutz foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil, responsável direta pela articulação política que resultou nas leis que deram direito de voto às mulheres e igualdade de direitos políticos nos anos 1920 e 1930. Filha do sanitarista Adolfo Lutz, um reconhecido estudioso da medicina tropical, Bertha nasceu em 1894 e foi educada na Europa. Voltou ao Brasil em 1918, formada em Ciências Naturais pela Universidade de Sorbonne, na França, para então trabalhar no Museu Nacional. Foi a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro. Começou daí a militância. Bertha conheceu os movimentos feministas da Europa e dos Estados Unidos nas primeiras décadas do século e foi responsável pela organização do movimento sufragista no Brasil. Com sua militância científica e política, lançou as bases do feminismo no país (PORTAL BRASIL. Bertha Lutz. 2012. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2012/04/bertha-lutz>. Acesso em: 21 jan. 2018.).

85 Prestes, cidadã alemã, integrante da “União Feminina e que lutava contra o nazismo no Brasil, foi presa, deportada para Alemanha e internada em um campo de concentração, onde teve sua filha. Posteriormente, em 1942, foi assassinada pela Gestapo” (TELES, 1999, p. 47).

Em 1937 aconteceu, no Brasil, o golpe de Estado de Getúlio Vargas, visando sua continuidade no poder como ditador. Nessa conjuntura, a luta feminista uniu-se praticamente com a de toda a população, enfrentava a ditadura e defendia a democracia (TELES, 1999).

No decorrer da Segunda Guerra Mundial, as mulheres estiveram presentes na luta em prol da democracia, contra o nazismo e fascismo, como também para forçar a entrada no Brasil na guerra, junto dos Aliados. No ano de 1945, com o final da guerra, nasceu no Rio de Janeiro o Comitê de Mulheres pela Democracia, com o objetivo de estimular as mulheres a participarem efetivamente do estabelecimento da democracia e da conquista da igualdade de direitos em termos profissionais, administrativos, culturais e políticos. Nesse mesmo período, houve um fortalecimento da luta pela anistia, e surgiu a Associação de Donas-de-Casa contra a Carestia (TELES, 1999).

A Associação Feminina do Distrito Federal, com sede na cidade do Rio de Janeiro, se espalhou por aproximadamente 30 bairros. As lutas dessa organização eram “contra o despejo de favelas, contra o alto custo de vida, pelos direitos da mulher, pela vida, pela defesa da infância e pela paz” (TELES, 1999, p. 48).

No ano de 1947, nasce o jornal Momento Feminino, editado por Arcelina Mochel, no Rio de Janeiro. Com uma boa receptividade entre as mulheres, se manteve em circulação por aproximadamente dez anos, chegando a ter representantes em 16 estados brasileiros. Em maio do mesmo ano, foi criada a Federação das Mulheres do Brasil (FMB), sendo sua primeira presidente Alice Tibiriçá, que lutava pelo direito do voto e pela defesa do petróleo brasileiro. A FMB tinha como objetivo incentivar a ação das mulheres e debater questões de seu interesse, seus direitos, a proteção à infância e a paz mundial. Em 1951, foi organizado o I Congresso da FMB, com delegadas de todos os estados, donas de casa, operárias, funcionárias públicas, professoras, profissionais liberais, estudantes e camponesas (TELES, 1999).

É importante ressaltar que essas organizações apareceram sob a influência do Partido Comunista Brasileiro, que desenvolvia um trabalho de massas com o intuito primordial de mobilizar milhares de mulheres para as campanhas contra a carestia (TELES, 1999).

86 No ano de 1952, realizou-se a 1ª Assembleia Nacional de Mulheres, no Rio de Janeiro, com representantes de nove estados, pela defesa dos direitos da mulher (principalmente da mulher trabalhadora), da infância e pela paz mundial. A assembleia foi presidida por Nuta Bartof James, defensora dos direitos da mulher e das liberdades democráticas. No mesmo ano, realizou-se a 2ª Assembleia Nacional de Mulheres, em Porto Alegre, com representantes de 18 estados (TELES, 1999).

Nas décadas de 1960 e 1970, o feminismo esteve ligado ao fervor político na sua conjuntura mundial. O movimento questionava os valores conservadores da organização social, como as hierarquias vigentes nos âmbitos público e privado. Foi nesse momento que emergiu o livro de Simone de Beauvoir, O segundo sexo (2000)44, irrompendo também manifestações de contestação, tal como a “queima de sutiãs”, feita por americanas lideradas por Betty Friedan, autora do livro Mística feminina (1971)45.

Porém, é relevante ressaltar que o movimento feminista no Brasil e nos demais países latino-americanos durante esse período era distinto do contexto mundial. Uma vez que o feminismo juntou paradoxalmente a luta contra hegemonia masculina, a violência sexual, o direito ao exercício do prazer e, por outro lado, a luta contra a ditadura militar. O movimento de mulheres compreendia manifestações como a luta contra a carestia, movimento das mães pela liberdade, anistia etc., gerando um conflito entre duas esferas: a que defendia questões relacionadas ao corpo, ao prazer e à sexualidade e a que privilegiava a luta de classes e/ou a luta pela democracia (PINTO, 2003; MATOS, 2010).

Ao longo da década de 1970, nascem grupos feministas temáticos marcados por novas divisões entre as feministas que lutavam pela institucionalização do movimento e as autonomistas, que viam na aproximação com as esferas estatais riscos de associação e as diferenças intragênero. Nesse período, a imprensa feminista atuou como uma importante aliada para a conscientização de diferentes setores da sociedade. Surgem diversos periódicos e publicações, sendo suas características bastante semelhantes: tiragem reduzida, equipe de produção formada por voluntários, restrições de recursos e conteúdo engajado com as questões feministas. Os temas abordados são: a inserção da mulher no mercado de trabalho, a participação política, liberdade sexual, igualdade de direitos, aborto, políticas públicas para mulheres, violências, entre outras (WOITOWICZ, 2008; MATOS, 2010).

44

Publicado originalmente em 1949. 45 Publicado originalmente em 1963.

87 Esse tipo de jornalismo, denominado por Woitowicz (2008) como mídia alternativa, ganha força e se desenvolve como espaço de articulação do feminismo a partir nos anos 1970 nos Estados Unidos e acompanha o debate de ideias que também se desenvolvem em outros países, inclusive no Brasil, no mesmo período.

Barsted (1983) observa que na década de 1970 novos espaços foram surgindo para dar voz às mulheres, a partir de meios variados: revistas, boletins, jornais alternativos, luta por espaço dentro da grande imprensa, do rádio, da televisão e do cinema. Para a autora, “os veículos de comunicação se apresentam inseridos numa estratégia de educação do movimento feminista, de recriação da identidade social da mulher e de resgate de nossa história” (BARSTED, 1983, p. 16). Trata-se de um período de destaque para a militância das mulheres, que fazia uso da imprensa independente como meio de reinvindicação e protesto (CAMARGO et al., 2016).

A necessidade de uma imprensa feminista própria colocou-se, assim, a partir da consciência de que os meios tradicionais de comunicação, esfera de atuação dos donos do poder, e até mesmo alguns setores da imprensa alternativa, ou ignoram a mulher, ou reforçam os estereótipos discriminatórios a seu respeito, ou a manipulam enquanto objeto de consumo-consumidora. Ou seja, negam a existência de um falar feminino e, portanto, de mulher sujeito de sua fala e de seu desejo (BARSTED, 1983, p. 14).

Os jornais impressos feministas que tiveram uma forte contribuição em torno dos novos desafios do feminismo foram: Brasil Mulher (1975-1979), Nós Mulheres (1976-1978) e Mulherio (1981-1987). Desse modo, o movimento feminista passa a incorporar em suas ações diversas práticas midiáticas, como espaço de resistência e luta em defesa das mulheres (WOITOWICZ, 2008).

O ano de 1975 é apontado como o período inicial de amplitude do movimento feminista, saindo da condição de grupos fechados e intelectualizados para englobar segmentos sociais que se fizeram presentes em fatos mais extensos e que marcaram a participação da mulher na esfera pública (PINTO, 2003). Foi nesse ano que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Ano Internacional da Mulher e a Década da Mulher (1975-1985), relembra Woitowicz (2008).

Nos anos 1980, período de redemocratização no Brasil, a forte participação política de feministas aliadas aos partidos políticos e aos setores progressistas da Igreja Católica fez com que muitas vezes se priorizassem metas coletivas em detrimento dos direitos individuais das mulheres (PINTO, 2003). Registra-se a presença de novas

88 temáticas dentro do movimento feminista. Surgem, então, a violência e a saúde como bandeiras de luta e espaço de atuação. Nascem várias organizações de apoio à mulher vítima de violência. Nesse momento, o tema da violência contra a mulher vai tornar clara a diferença entre categorias sociais, fazendo com que a militância feminina tome outro formato, passando a organizar-se com assessoria na área jurídica.

Nota-se ainda, a presença de mulheres na delegacia, vista antes como espaço exclusivamente masculino, dando visibilidade a agressões antes restritas à área privada. O tema da saúde extrapolou as políticas do Estado, questionando tabus ligados à sexualidade e ao aborto. Essas características, tanto do movimento feminista quanto da conjuntura sociopolítica brasileira, concorreram para que temas referentes à cultura – e também à mídia – não fossem priorizados no horizonte da reflexão feminista da época (ESCOSTEGUY, 2016).

As experiências das mulheres apontavam cada vez mais para a necessidade de criar um discurso próprio, capaz de fazer questionamento e promover mudanças. No Encontro do Movimento das Mulheres no Brasil, realizado em 1981, no Rio de Janeiro, transcrito no livro Mulheres em movimento, foi discutiu o papel educativo dos meios de comunicação, considerando não apenas a reprodução de uma ideologia dominante, mas com foco na propagação de novas ideias e valores (BARSTED, 1983).

Também é preciso destacar que questões feministas encontravam espaço em outros veículos alternativos que circularam no período da ditadura militar, tais como: Pasquim, Lampião, Ovelha Negra, Bagaço, Em tempo, Informação, De fato, Cobra Vidro, Opinião, Movimento, Repórter etc. (WOITOWICZ, 2008).

Ambos os períodos – o feminismo na ditadura (anos 1970) e na redemocratização (anos 1980) – coincidem, aproximadamente, com o momento inicial que a crítica feminista se vincula aos Estudos Culturais dos anos 1973 e 1974 e com passagem para uma segunda fase, nos anos 1980, no contexto inglês (ESCOSTEGUY, 2016).

Nos anos 1990, o feminismo se popularizou, especialmente sobre temas como violência doméstica e assédio sexual. No que se refere à relação entre estudos da mídia e a crítica feminista, houve um progresso ínfimo (MEIRELLES, 2009).

Em um mapeamento da pesquisa brasileira sobre as práticas de recepção midiática nos anos 1990, observou-se que embora mais da metade desses estudos desse destaque às mulheres como informantes, a problemática das relações de gênero não fazia parte do eixo estruturador da pesquisa. O termo “gênero” era utilizado mais para indicar uma distinção sexual entre feminino

89 e masculino, embora mediante convocação para que as mulheres falassem sobre sua relação com a mídia ou com um produto midiático, elas revelassem como se pensam a si mesmas como mulheres (ESCOSTEGUY, 2004 apud ESCOSTEGUY, 2016, p. 72).

Na virada do milênio, acontece uma dissolução entre pensamento feminista e movimento feminista que, apesar de complementares, agem de maneira distinta. Outra classificação aparece na narrativa sobre a história do movimento feminista. Trata-se da existência de um feminismo difuso, que não têm militantes e organizações, sendo muitas vezes defendido por homens e mulheres não necessariamente identificados como feministas (PINTO, 2003).

Pinto (2003) ainda observa que os espaços de atuação mais importantes nesse período são as ONGs. Muitas tiveram sua origem nos movimentos sociais, sendo formadas por mulheres que já militavam no movimento e buscaram associar suas profissões ao comprometimento com as causas feministas. Dentre as organizações criadas, é possível citar: o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA)46, criado em 1989 e as Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento (AGENDE)47, ambos com sede em Brasília, atuam no poder legislativo sendo intermediárias entre o campo político e a sociedade; a Articulação da Mulher Brasileira (AMB)48, criada para preparar a ida das mulheres brasileiras à IV Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada em Pequim, em 1995, atua como contraponto, assessorando e organizando os movimentos de base; a Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos conhecida como Rede Saúde, criada em 1991, que congrega 110 filiadas em 20 estados; a Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação (CEPIA)49, a Assessoria Jurídica (THEMIS)50 e o Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM)51.

Há ainda outro tipo de organização que atua no campo da política e não se relaciona diretamente com o Estado, mas principalmente com as mulheres das camadas

46 CFMEA. Centro Feminista de Estudos e Assessoria. Site oficial. Disponível em: <http://www.cfemea.org.br>. Acesso em: 16 abr. 2017.

47 AGENDE. Site oficial. Disponível em: <http://www.agende.org.br>. Acesso em: 16 abr. 2017.

48 AMB. Articulação de Mulheres Brasileiras. Site oficial. Disponível em: <http://articulacaodemulheres.org.br>. Acesso em: 16 abr. 2017.

49 CEPIA. Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação. Site oficial. Disponível em: <http://www.cepia.org.br>. Acesso em: 16 abr. 2017.

50 THEMIS – Gênero justiça, direitos humanos. Site oficial. Disponível em: <http://themis.org.br>. Acesso em: 16 abr. 2017.

51

CLADEM – Mulheres usando o direito como instrumento de mudança. Site oficial. Disponível em: <https://www.cladem.org/pt>. Acesso em: 16 abr. 2017.

90 populares, organizando-as e buscando aumentar o seu poder para agirem na esfera pública. A Geledés52, fundada em 1988, e a Think Olga, criada em 2013, se enquadram nessa categoria.

Pinto (2003) igualmente cita que entre as ONGs ligadas à Associação Brasileira de ONGs (ABONG)53, é possível verificar uma multiplicidade de manifestações de mulheres em movimentos populares, em sindicatos e em partidos políticos, que trazem para a discussão as questões dos direitos das mulheres. Essas ações adquirem, assim, legitimidade diante das esferas estatais e públicas, constituindo um fenômeno novo na política, por conta da possibilidade de intensa atuação na sociedade civil. Uma quantidade considerável de organizações54 atua hoje no Brasil com a capacidade de intervenção, representando a face mais recente do feminismo no país.

Pode-se dizer que a transição da militância no movimento social para a atuação nas ONGs representou a busca por formas alternativas de intervenção, nas quais as organizações figuram como interlocutoras de interesses dos grupos que representam, atendendo questões específicas de um determinado campo de atuação.

2.3 A INTERNET E AS MÍDIAS SOCIAIS: NOVOS ESPAÇOS E NOVAS