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EMPREENDEDORISMO TURÍSTICO

O estímulo ao empreendedorismo local focado na complementaridade entre setores, como ocorre no turismo rural, que oferece serviços diversos (de alojamento e de lazer) e desenvolvem atividade agrícola ou agropecuária, contribui para atenuar as dificuldades associadas à elevada sazonalidade do setor do turismo. É de suma importância o reforço das sinergias entre alguns dos subsistemas regionais, assim como a gestão integrada do turismo rural, da cultura e do ambiente. A adoção de um modelo sistêmico para esses territórios se justifica pela escassez de recursos financeiros, que reforça a necessidade das políticas e dos investimentos nos equipamentos e na promoção de destinos de turismo rural, podendo assim servir tanto às necessidades do setor do turismo rural quanto à das populações locais. Uma gestão sistêmica regional integrada permite igualmente estimular as sinergias diretas entre vários setores, como a que pode resultar do incentivo à incorporação de produtos alimentares locais por

restaurantes e na hotelaria ou a promoção do turismo rural, por exemplo (SILVA, 2013; RAMOS, 2016).

Nesse contexto, o planejamento, a gestão turística e o empreendedorismo teriam benefícios relacionados com a disponibilidade de dados sobre a procura, o perfil dos clientes e as suas preferências. Cultura, identidade, qualidades de vida, empreendedorismo, capacidade de inovação, hospitalidade, segurança, cidadania e governança são fatores essenciais para o desenvolvimento e para a capacidade competitiva de territórios. Por outro lado, a existência de lacunas em termos de formação e qualificação se reflete negativamente na capacidade de empreendedorismo e inovação e na qualificação da mão de obra do setor do turismo, e dessa forma na qualidade da oferta turística. Nessa linha, como os serviços são um dos fatores mais determinantes para a qualidade da experiência turística, os atores e os responsáveis pela gestão turística devem dar atenção especial à qualificação da oferta, valorizando aspectos como a formação e a qualificação dos técnicos e empresários, o controle da qualidade e o empreendedorismo (SILVA, 2013; RAMOS, 2016).

O setor público tem a possibilidade de racionalizar suas operações para desempenhar seu papel de regulador, coordenador, provedor de infraestrutura e promotor do destino turístico. Nesse sentido, políticas de longo prazo apoiadas pela nomeação de especialistas em gestão do turismo e no marketing e o planejamento estratégico são fundamentais para o desenvolvimento e para a implementação bem- sucedida do Plano Diretor de cada localidade (BUHALIS, 1999).

Portanto, as instituições podem apoiar os empreendedores do setor do turismo rural criando condições que fomentem o intercâmbio social nas comunidades regionais e proporcionem estabilidade política e econômica. Dessa forma, será mais fácil para os mesmos desenvolverem novas competências e a enfrentarem os desafios do empreendedorismo, assim, ainda será possível diminuir o estresse e melhorar a qualidade de vida desses empreendedores (PETERS; KALLMUENZER; BUHALIS, 2018).

Entender as principais motivações dos empresários do setor do turismo e seus objetivos de negócios é relevante para a competitividade dos destinos turísticos. É o aproveitamento de redes inteligentes de empreendedores afins na rede regional que podem maximizar a competitividade e a sustentabilidade do destino. Em indústrias dominadas por Pequenas e Médias Empresas (PMEs), como as de serviços de hospedagem e a indústria do turismo, com um alto grau de proprietários-gerentes, a

compreensão de suas prioridades e motivações é de suma importância para a competitividade. Muitas vezes os empreendedores desse setor se concentram em satisfazer sua própria qualidade de vida e equilibrar isso com metas de negócios moderadas (PETERS; KALLMUENZER; BUHALIS, 2018).

Nas PMEs de turismo as decisões de crescimento empresarial são influenciadas pela percepção individual e pela avaliação das circunstâncias da vida. Empreendedores geralmente estão enraizados em suas regiões de origem e sociedades regionais. Assim, pode-se esperar que as decisões estejam diretamente relacionadas ao bem-estar do ambiente de negócios dos empreendedores. Especialmente nas regiões rurais, esses laços de rede influenciam fortemente o desenvolvimento de negócios e o sucesso dos empreendedores e o destino como um todo. O bem-estar civil, expresso pela situação legal e política, mostra-se fundamental para o crescimento dos empresários do setor do turismo e também do turismo rural. A satisfação com a própria saúde, dotação financeira, inserção familiar e condições políticas / econômicas sólidas são pré- requisitos necessários para o crescimento da empresa. O setor do turismo rural é dominado por empresas familiares, onde a tomada de decisões é altamente afetada por interesses relacionados à família (PETERS; KALLMUENZER; BUHALIS, 2018).

Nessas empresas pode-se encontrar a preocupação de passar a empresa para as gerações futuras. Além disso, esses empreendedores geralmente interpretam o crescimento dos negócios de maneira diferente e avaliam o crescimento pela riqueza socioemocional que percebem. Nesse contexto, é crucial oferecer educação de liderança para desenvolver competências empreendedoras, através da oferta de programas de escolas de negócios sob medida (PETERS; KALLMUENZER; BUHALIS, 2018).

Neste capítulo foram apresentadas as instituições, a NEI, os principais precursores dessa teoria, a importância da mesma, e a coordenação econômica a partir da teoria. Também foi abordado o empreendedorismo na perspectiva da NEI e o papel da Matriz Institucional como condicionante do empreendedorismo turístico. Nesse contexto, o turismo tem sido apresentado como uma ferramenta capaz de manter o homem no campo, diminuindo dessa forma o êxodo rural, e é visto como um mecanismo com potencial para reduzir as desigualdades sociais ao gerar renda por meio da diversificação da atividade principal e por agregar valor aos produtos e serviços ofertados. Sendo assim, para compreender como as instituições estimulam ou restringem o empreendedorismo no turismo o próximo capítulo destina-se a apresentar

os procedimentos metodológicos, os quais buscam esclarecer como esta pesquisa foi desenvolvida.

No capítulo destinado ao procedimento metodológico está apresentado o método escolhido, o instrumento de coleta de dados, os objetos de estudo (Quadros 3 e 4), estão indicados os períodos da coleta de dados e da análise destes, a coleta e organização dos dados e informações, a caracterização dos municípios onde estão localizados os roteiros turísticos - município de Marau (RS) e município de Garibaldi (RS).