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A importância da teoria para a compreensão das interações entre instituições e

1.1 A NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL

1.1.1 A importância da teoria para a compreensão das interações entre instituições e

A Nova Economia Institucional gerou os fundamentos teóricos e empíricos necessários para redimensionar o papel fundamental das instituições na análise econômica (MIGUEZ, 2011). Nesse sentido, as instituições auxiliam na redução tanto dos riscos quanto dos custos de transação e facilitam as transações privadas e o comportamento cooperativo (MÉNARD; SHIRLEY, 2005).

Dessa forma, na medida em que os problemas evoluem, o desenvolvimento das instituições políticas, econômicas e sociais permite que se resolvam esses problemas. Isso decorre da eficiência adaptativa que ocorre quando há instituições flexíveis que fornecem um máximo de opções em um determinado momento. Nesse sentido, leis e regras são capazes de eliminar estruturas ineficientes, e uma sociedade que cria tal

estrutura institucional terá mais chance de ser bem sucedida em relação à sobrevivência e desempenho contínuo (NORTH, 2003).

Complementarmente, é preciso ter uma noção das margens, onde as mudanças serão eficazes e quais serão as implicações dessas mudanças para as normas informais complementares e características de cumprimento. As instituições oferecem soluções eficientes para problemas complexos enfrentados pelos empreendedores sob várias condições competitivas, dentre as quais, está a troca de mercado, a franchising ou a integração vertical. O direito de propriedade foi outra importante contribuição dada por essa teoria. Tal evolução institucional conduz ao desenvolvimento do Estado para assumir a proteção e a imposição dos direitos de propriedade. Essa evolução implica um bloqueio do comportamento arbitrário do Estado sobre a atividade econômica. A matriz institucional consiste numa teia interdependente de instituições e consequentes organizações políticas e econômicas que se caracterizam por retornos crescentes em massa (NORTH, 1991).

São as instituições que geram a produtividade e, por conseguinte, o crescimento econômico, produzindo riqueza. Para isso, é absolutamente necessário contar com direitos de propriedade bem definidos para gerar incentivos que levem as pessoas a serem produtivas. Complementarmente, para que se melhore o desempenho das sociedades, é fundamental entender a intencionalidade dos jogadores (NORTH, [20--?]). Os novos institucionalistas ressaltam a importância dos modelos mentais e de outros aspectos da cognição que determinam como os humanos interpretam a realidade, o que, por sua vez, molda o ambiente institucional que eles constroem (MÉNARD; SHIRLEY, 2005). Portanto, sendo as instituições sistemas de incentivo, elas fornecem um guia para o comportamento humano. Isso se dá através de castigos e recompensas por fazer algo. Entretanto, se for necessário mudar as regras do jogo para promover o desenvolvimento, essa mudança estará limitada pelas instituições herdadas (leis, regras, normas e crenças) que formam os pontos de vistas dos jogadores e, diversos desses pensam que a sua sobrevivência depende de manter essas regras (NORTH, 2003; NORTH, [20--?]; MÉNARD; SHIRLEY, 2005; SIMÕES, 2014).

Dessa maneira, a dependência do passado (path dependence) ocorre em função das crenças e das instituições herdadas. Em geral, são conservadoras, tratando de prover proteção para estruturas já existentes. Nesse contexto, é preciso aprender como funciona o sistema institucional de maneira a compreendê-lo - avaliando a margem para intervir e buscando saber onde melhorar o desempenho institucional - e assim poder fazer

algumas modificações no desenvolvimento do jogo. Outro ponto importante é o sistema de crenças das pessoas. É ele que determina qual é a estrutura de incentivos com a qual esses indivíduos trabalham (NORTH, 2003; NORTH, [20--?]; MÉNARD; SHIRLEY, 2005; SIMÕES, 2014).

O mundo globalizado conta com mercados de capital e comércio de longa distância. Nele as trocas ocorrem através do mundo e entre pessoas que nunca voltarão a se ver, por isso, é importante desenvolver instituições que lhes permitam fazer tudo isso de tal maneira que seja benéfico para todos os envolvidos. Portanto, a troca impessoal requer que as regras do jogo sejam alteradas para alcançar uma cooperação entre pessoas que não se conhecem. Também requer um sistema político que estabeleça as regras necessárias e que conte com mecanismos de aplicação das mesmas (sistema judicial e legal que possam garantir o cumprimento de contratos através do tempo e do espaço). Uma vantagem da teoria de análise institucional em relação às anteriores se deve a ela fornecer um corpo de teoria capaz de confrontar os problemas citados anteriormente (NORTH, [20--?]).

Para isso é necessário compreender como funcionam as economias de interesse. Para fazê-lo é crucial compreender e medir os custos das transações - custos de medição e cumprimento de contratos nos mercados de capital, em mercados de produtos ou em sistemas políticos. Somente após medi-los é possível compreender quais são os impedimentos institucionais para obter baixos custos nas transações. A partir dessa análise é possível começar a entender as consequências de se ter instituições imperfeitas, imprecisas e ineficientes. Surge, então, que impedimentos legais baixam o valor dos bens. Portanto, é crucial conhecer a estrutura econômica existente, os custos de transação, a herança cultural, a história e a trajetória para poder assim saber como se obtém o crescimento da produção (NORTH, [20--?]).

Em suma, essa seção apresentou o surgimento e o papel socioeconômico das instituições. Também abordou de que maneira essa teoria foi sendo aprimorada a partir das contribuições de Coase, North, Williamson dentre outros. Esse tópico introduziu a discussão sobre os custos relacionados às transações e aos contratos; correlacionando as instituições ao desenvolvimento econômico a partir da visão da NEI. E, por último, trouxe para o debate a importância dessa teoria como um mecanismo potencialmente capaz de resolver problemas, gerar crescimento econômico e produzir riqueza. Nesse sentido, à medida que os desafios se ampliam é crucial que as instituições políticas, econômicas e sociais se desenvolvam para dar conta dessas questões. A

contextualização desenvolvida ao longo dessa seção dá suporte ao debate sobre as aplicações dessa teoria para os estudos voltados às áreas rurais.