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5. DEZ ANOS DO 11/09: A MEMÓRIA NA TESSITURA DO

5.2 FOLHA DE S PAULO

5.2.1 A MEMÓRIA NA FOLHA E OS DEZ ANOS DO 11/09

No topo do seu site, a Folha de S. Paulo mantém tradicionalmente o sistema de busca (ver Anexo F). Pouco abaixo, encontramos o endereço do Acervo Folha160, onde podemos procurar por qualquer conteúdo, desde 1921, nos jornais Folha de S. Paulo, Folha da Manhã e Folha da Noite. Contudo, as edições do mês atual só podem ser acessadas pelos assinantes (ver Figura 23), além da pesquisa aberta, na qual existe a possibilidade de escolher a época e o jornal específicos: “desde 1921”, “Hoje”, “Últimos 30 dias”, “Últimos 12 meses”. Se desejar,

158 A Folha de S. Paulo foi o primeiro a não apenas publicar esse manual, mas também a disponibilizá-lo ao

público, tornando-se referência para jornalistas, estudantes e curiosos da área.

159

O ombudsman é um profissional encarregado de criticar o veículo que o contratou, percebendo os erros cometidos nas publicações e ouvindo e explicitando as reclamações da audiência.

o usuário pode, ainda, fazer uma busca detalhada161, clicando no link ao lado da busca do acervo, através do jornal, de palavras, períodos, datas, caderno ou temas (ver Figura 24). Abaixo, a consulta pode ser realizada pela época e pela edição específicas, na qual selecionamos primeiro o jornal, depois o ano, o mês, o dia e até o caderno e a página.

Figura 23 – Página principal do Acervo Folha.

Figura 24 – Busca detalhada no Acervo Folha.

O sistema de busca na página principal traz a possibilidade de fazer a procura pelo Site, Impresso ou Guia Folha. Ao realizar sua pesquisa, podemos apenas detalhar pela Seção definida no site ou pelo período escolhido pelo leitor. No rodapé do site, há o endereço do Folha Memória162, referente ao “Programa de orientação de pesquisa em história do jornalismo brasileiro”. Mesmo que não esteja na página inicial da Folha, há, ainda, a página

161 Para fazer uma busca detalhada no Acervo Folha, o leitor pode acessar o link ao lado da busca do acervo.

Disponível em: <http://acervo.folha.com.br/busca_detalhada/>. Acesso em: 27 de outubro de 2012.

162 Endereço do Folha Memória. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folhamemoria/>. Acesso em: 27

de matérias especiais163. Como a produção de especiais é mais complexa e exige mais tempo do que a colocação de tags – conforme ocorre no Estadão –, observamos que não há nenhum espaço destinado ao atentado de 11/09 no ano em que ocorreu, pois não era um acontecimento programado. A página não se ajusta à busca e às necessidades dos usuários. Apenas em 2002164, um ano após o ataque, o jornal dedicou uma página para a cobertura. Depois desse ano, há especiais sobre o atentando nos seguintes anos: 2004165, 2006166 (cinco anos do ataque) e 2011167 (decenário do acontecimento).

As 47 matérias sobre o decenário do 11/09 nessa página da Folha têm nove chamadas com imagem no topo, além de uma apenas textual (ver Anexo B). Na parte textual, há uma animação na qual correm ininterruptamente os nomes de todas as vítimas do 11/09. Clicando em qualquer um dos nomes, abre-se uma página com a lista completa das vítimas do atentado168. De modo semelhante ao Estadão, o site da Folha também traz três colunas e disponibiliza suas matérias em áudio apenas para acesso na página principal, sem links para uma matéria dentro do site (ver Figura 25). O especial destina, ainda, uma atenção às Galerias com imagens e aos Vídeos do jornal, em um espaço imediatamente acima das matérias apenas com som; ainda assim, esses conteúdos possuíam links para páginas com publicações dentro do site (ver Figura 26). Ao final dos conteúdos sobre os dez anos do 11/09, a Folha disponibiliza todas as suas produções em 2011 sobre o atentado (ver Anexo B). Similar ao Estadão, acessando um ano depois o especial do decenário, uma matéria não possuía mais seu link válido, isto é, o conteúdo estava indisponível. Algum código no endereço mudou, mas a publicação existe, está acessível através de busca no site do jornal169.

163 Seção destinada às matérias especiais da Folha. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/especial>.

Acesso em: 27 de outubro de 2012.

164

Especial sobre o 11/09 em 2002. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/especial/2002/1109/>. Aceso em: 27 de outubro de 2012.

165 Especial sobre o 11/09 em 2004. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2004/1109/>.

Aceso em: 27 de outubro de 2012.

166 Especial sobre o 11/09 em 2006. Disponível em:

<http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2006/119cincoanosdepois/>. Acesso em: 27 de outubro de 2012.

167 Especial sobre o 11/09 em 2011. Disponível em:

<http://www1.folha.uol.com.br/especial/2011/10anosdo11desetembro/>. Acesso em: 27 de outubro de 2012.

168

Veja lista completa das vítimas dos ataques de 11 de Setembro. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/967679-veja-lista-completa-das-vitimas-dos-ataques-de-11-de-

setembro.shtml>. Acesso em: 16 de dezembro de 2012.

169 A matéria que não possui mais o link válido na página principal do especial é: Sob alerta, EUA lembram dez

anos do 11/9 com cerimônias em todo o país. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/973474- sob-alerta-eua-lembram-dez-anos-do-119-com-cerimonias-em-todo-o-pais.shtml>. Acesso em: 18 de dezembro de 2012.

Figura 25 – Matérias em áudio na página sobre o decenário do 11/09.

Figura 26 – Espaço das Galerias (de imagens) e dos Vídeos na página principal.

Todas as frequências dos dados da Folha para o especial dos dez anos do 11/09 estão no Apêndice C, por meio de tabelas. O veículo faz duas publicações aparecerem duas vezes

na página principal do especial: um álbum com fotos do World Trade Center170 e outro com imagens do Pentágono e do voo 93171. Dos 47 materiais elaborados, os 34% com gêneros híbridos aparecem como preponderantes no especial, acompanhadas pela reportagem (23,4%) e pela entrevista (17%). Mais da metade desses materiais era multimídia (59,6%), seguidos pelas publicações com texto e hipermídia (17%) e pelos outros formatos que não apresentaram grande relevância. O número alto da multimídia se deve ao uso de infográficos aliado aos outros formatos (ver Figura 27).

Figura 27 – Infográfico sobre o que aconteceu com os principais atores do 11/09172.

Com 23,4% das matérias sem links, o site trouxe a maioria de seu conteúdo com links intra e intertextuais (68,1%). O índice alto de link externo se deve ao amplo uso das redes sociais (ver Figura 28), porém, o veículo praticamente não guia o leitor para algum conteúdo que não possua relação com sua empresa. A incorporação do link na Folha trouxe índices mais altos do que no Estadão, com mais da metade somente fora da narrativa (51,1%), com 21,3% das publicações em ambas as situações. A natureza dos links aparece de forma mais

170

World Trade Center. Disponível em: <http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/4300-world-trade-center>. Acesso em: 18 de dezembro de 2012.

171 Voo 93 e Pentágono. Disponível em: <http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/4299-voo-93-e-pentagono>.

Acesso em: 18 de dezembro de 2012.

172

Veja quem foram os protagonistas do 11 de Setembro. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/969180-veja-quem-foram-os-protagonistas-do-11-de-setembro.shtml>. Acesso em: 18 de dezembro de 2012.

equilibrada: 36,2% imóvel e móvel, 23,4% só imóvel e 17% apenas móvel. As fontes da memória eram majoritariamente de origens diversas (59,6%).

Figura 28 – Matéria traz animação em vídeo e integração com Facebook da Folha173.

A canibalização, representada pelo deslocamento e transporte e pela minimalização e substituição, revela uma realidade diferente, 51,1% das publicações com conteúdos inéditos e repetidos, 31,9% somente repetidos e 17% apenas inéditos, apresentando menos variedade e novidade em seu material. Por outro lado, houve um equilíbrio entre os enfoques global (51,1%) e local (48,9%). O campo globital (transmidialidade, velocidade, extensão, modalidade, valência e viscosidade) demonstra que os conteúdos são tanto transmidiáticos (55,3%) quanto de uma única mídia (44,7%). O intervalo da publicação é bem maior do que no Estadão, com o longo período presente em 66,7% das matérias, praticamente todas com enfoque mais amplo e de fácil compreensão (93,6%). Mais da metade das fontes advinha de múltiplas décadas (57,4%). Ainda assim, as fontes apenas da década passada aumentaram, em comparação ao Estadão, com 14,9%, e as da década atual apareceram 19,1%. Todas as postagens que traziam memória possuíam acesso público a elas (76,6%). Das 39 matérias com

173

Animação reconta em números o atentado de 11 de Setembro. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/videocasts/970316-animacao-reconta-em-numeros-o-atentado-de-11- de-setembro.shtml>. Acesso em: 18 de dezembro de 2012.

algum tipo de valência, 63,8% eram com bivalência, ou seja, intrínseca e extrínseca ao fenômeno, demonstrando menor equilíbrio do que no Estadão. Apenas uma matéria foi atualizada.

O enquadramento temático (ver Gráfico 3) em mais da metade das publicações aproximava-se de Lembrança e consequências do 11/09 e dos seus atores (55,3%), porém, outros enquadramentos também foram relevantes, como: Celebração do 11/09 e homenagem às vítimas (17%); Segurança e novos atentados aos EUA (8,5%); e Posicionamento dos EUA e Guerra ao Terror (8,5%). No tocante à disposição do material, 21,3% estavam no topo com foto, 31,9% apenas com uma chamada textual na parte superior e 25,5% na parte central da página com uma foto. Todas as publicações eram da editoria Internacional/Mundo, sem nenhuma variação, diferentemente do que observamos no Estadão. Com percentuais próximos, em 63,8% das publicações o tom era negativo e em 21,3%, neutro. Praticamente todas as matérias traziam alguma ação ritual embutida (85,1%) e uma identificação com um grupo ou personagem (83%).

Gráfico 3 – Enquadramento temático na Folha.

A incorporação da memória não ocorreu em apenas 8,5% das publicações, enquanto 25,5% delas trouxeram incorporação por necessidade, convite e indulgência ao mesmo tempo, 21,3% possuíam por convite e indulgência, 19,1% apenas por necessidade e 17% por necessidade e convite. Ver frequências e percentuais completas no Gráfico 4.

0 5 10 15 20 25 30 Ataques e guerras semelhan tes Imperiali smo e poder american o Respeito aos islâmicos e aos muçulma nos Posiciona mento dos EUA e Guerra ao Terror Seguranç a e novos atentado s aos EUA Celebraç ão do 11/9 e homenag em às vítimas Lembran ça e consequê ncias do 11/9 e dos seus atores Frequência 1 3 1 4 4 8 26

Gráfico 4 – Incorporação da memória na Folha.

A correlação dos dados da Folha (ver Apêndice G) demonstra que os 55,3% das publicações do tema Lembrança e consequências do 11/09 e dos seus atores estão distribuídas de modo equilibrado pelas incorporações por necessidade, por convite e indulgência e pelas três formas. Todavia, quando o viés muda de ângulo, percebemos como, das 9 matérias de incorporação por necessidade, 8 possuem correlação com a temática. Do mesmo modo que convite e indulgência têm 12,8% das publicações, do total de 21,3%, e os três modos de incorporação têm 14,9%, dos 25,5%. Esses cruzamentos demonstram uma preocupação da Folha em tratar especificamente do decenário do atentado e das questões intrínsecas a ele, além de divulgar assuntos outros que possam interessar os seus leitores.

Dos 34% dos materiais com gêneros híbridos, 17% possuem incorporação por necessidade. Essa relação é ainda mais forte quando observamos que apenas uma das 9 matérias com necessidade não são dedicadas ao hibridismo de gêneros. Os 25,5% das publicações com as três formas de incorporação possuem alta relação com a reportagem, através de 14,9% dos materiais, sendo o inverso também verdadeiro. Há, logo, uma óbvia ampliação nas reportagens, dando conta da celebração dos dez anos do acontecimento, da ampliação de suas questões específicas e da disponibilização de conteúdos para além do fenômeno. A relação entre a incorporação da memória e o formato midiático revela que, das 59,6% matérias multimídia, 21,3% incorporavam por convite e indulgência e 19,1% pelas três formas possíveis. A correlação é mais evidente quando observamos que todas as matérias por convite e indulgência são multimídia e apenas três das três modalidades de incorporação não

0 2 4 6 8 10 12 Necessid ade Convite Necessid ade e Convite Necessid ade e Indulgên cia Convite e Indulgên cia As três formas Não se aplica Frequência 9 3 8 1 10 12 4

abarcam diversos formatos. Todas as 5 matérias que traziam apenas imagem relacionam a memória por necessidade – demonstrando o caráter de celebração das imagens, de lembrança do fenômeno stricto sensu. Os 17% dos conteúdos que incorporavam por necessidade e convite eram metade multimidiáticos e os outros 8,5% por texto e hipermídia.

Dos 21,3% das matérias no topo, 14,9% são da temática Lembrança e consequências do 11/09 e dos seus atores. Esse enquadramento possui, ainda, 17% dos materiais como chamada na parte de cima do site. Outro tema que possui destaque no especial é Celebração do 11/09 e homenagem às vítimas, que, dos seus 17% das publicações, 6,4% estão com foto no topo e mais 6,4% com chamada acima. Dos 19,1% dos materiais incorporados por necessidade, 10,6% estão no topo com foto, 6,4% acima com chamada em texto. Os 17% por necessidade e convite estão praticamente todos (12,8%) na parte superior com chamada. Na associação entre incorporação e natureza de links, observamos que 23,4% das matérias com links fora da narrativa são só imóveis, enquanto 19,1% são imóveis e móveis. Semelhante ao que ocorre no Estadão, quando o link está incorporado tanto na narrativa como fora dela, verificamos uma alta correlação entre a natureza do link móvel e imóvel (17%).