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5. DEZ ANOS DO 11/09: A MEMÓRIA NA TESSITURA DO

5.3 THE GUARDIAN

5.3.1 A MEMÓRIA NO GUARDIAN E OS DEZ ANOS DO 11/09

O sistema de busca do The Guardian (ver Anexo G) realiza a procura tanto nas matérias como nos comentários dos leitores. Logo abaixo da busca, há uma parte destinada às “Escolhas do editor” (Editors’ picks) sobre assuntos semelhantes ao da pesquisa inicial. Depois, temos algumas tags relacionadas à busca, seguidas dos artigos “mais recentes” e dos “mais relevantes”. A pesquisa pode-se valer de vários filtros179

: data, editoria/seção, jornal (The Guardian, The Observer ou Guardian Weekly), tom (ou gênero: notícia, comentário, obituários, cartas, entrevistas, entre outros), tipo (ou formato midiático: artigo, galeria, áudio, vídeo, podcast, etc.) e autor. Acima da logomarca e do topo com as seções, o site disponibiliza

176 Para saber mais, ver publicação no The Guardian. Disponível em:

<http://www.guardian.co.uk/uk/2007/aug/13/britishidentity.artnews> Acesso em: 20 de novembro de 2012.

177

A descrição do The Scott Trust pelo Guardian Media Group. Disponível em: <http://www.gmgplc.co.uk/the- scott-trust/>. Acesso em: 20 de novembro de 2012.

178 A informação sobre o cancelamento das edições internacionais foi divulgada no site. Disponível em:

<http://www.guardian.co.uk/media/2011/jul/01/guardian-observer-international-editions>. Acesso em: 28 de outubro de 2012.

179 O site do The Guardian mantém uma página ensinando os usuários a como aperfeiçoar a sua pesquisa.

um link para o arquivo digital180 dos jornais The Guardian e The Observer, acessado na íntegra pelos assinantes. Ainda na página principal, em uma coluna estreita à direita e mais abaixo, há uma seção chamada Today’s paper (ver Figura 29), levando ao conteúdo e às editorias do jornal impresso do The Guardian. Essa parte possui algumas subdivisões, sendo que apenas duas não guiam para a produção exclusiva do impresso, as autoexplicativas “Obituários”181

(Obituaries) e “Assinatura”182 (Subscribe).

Figura 29 – Seção Today’s paper de 16 de dezembro de 2012.

A seção de base de dados fica abaixo do sistema de busca e guia para uma página em que ficam em evidência as últimas notícias do Datablog, à esquerda, e as dicas do editor, à direita. O Data Store183 possui uma página no Facebook184 com mais de 7300 fãs, uma conta no Twitter185 com aproximadamente 30 mil seguidores186, e abriga 11 endereços em seu cabeçalho: Datablog187, A-Z188, Show & Tell189, Data search190, US election data191, Data

180

Arquivo digital dos jornais The Guardian e The Observer. Disponível em:

<http://pqasb.pqarchiver.com/guardian/advancedsearch.html>. Acesso em: 28 de outubro de 2012.

181 A página de obituários é encontrada através do filtro de busca que designa o tom (ou gênero) das matérias.

Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/tone/obituaries>. Acesso em: 28 de outubro de 2012.

182 Página com as possibilidades de assinatura do jornal. Disponível em: <http://subscribe.guardian.co.uk/>.

Acesso em: 28 de outubro de 2012.

183 Endereço do Data Store. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/data>. Acesso em: 28 de outubro de

2012.

184

Endereço da página no Facebook do Data Store. Disponível em: <https://www.facebook.com/guardiandata>. Acesso em: 19 de janeiro de 2013.

185 Conta do Data Store no Twitter. Disponível em: <https://twitter.com/guardiandata>. Acesso em: 19 de janeiro

de 2013.

186

Os números das contas no Twitter e no Facebook do Data Store do Guardian são equivalentes a 19 de janeiro de 2013.

187 Endereço do Datablog. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/news/datablog>. Acesso em: 28 de

outubro de 2012.

188 Endereço da subseção A-Z. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/technology/page/2009/jun/17/1>.

journalism192, Twitter193, Flickr194, Facebook195, Tumblr196 e Staff197.

A última subseção nos leva para uma página sobre como e por quem é produzido o Data Store. Os quatro endereços anteriores guiam o espectador para fora do site do The Guardian, especificamente, para suas respectivas contas nas redes sociais. O Datablog é um endereço para publicação de conteúdos baseados em dados, com produção diária, com exceção dos domingos. A segunda subseção traz especiais sobre assuntos em destaque na editoria, organizados em ordem alfabética. A visualização dos dados relacionados à internet – redes sociais, P2P, web etc. – é encontrada em Show & Tell. A parte do Data search permite que pesquisemos os dados de países, estados e cidades ao redor do mundo, tendo em vista que existe cada vez mais um processo de abertura e explicitação dos arquivos. O US election data associa, claramente, os dados da eleição atual com os números dos pleitos anteriores. Por fim, em Data jornalism, o site busca capacitar os leitores a aprenderem a ler, entenderem e até produzirem jornalismo em base de dados, através de exemplos e situações concretas.

A página especial sobre os dez anos do 11/09 no Guardian trouxe, a exemplos dos dois jornais já analisados, uma divisão em três colunas com 39 publicações; no entanto, as especificidades estão no fato de que apenas no início da página a primeira coluna e a última se dedicaram especificamente aos conteúdos sobre o decenário dos ataques (ver Anexo C). Abaixo das quatro matérias com foto no topo do site, na coluna à esquerda, encontramos duas subseções agregadoras de diversas publicações: Living with 9/11198 e 9/11 stories199 (ver Figura 30). Na parte central da página, à esquerda, há uma lista com as últimas publicações 189 Endereço do Show & Tell. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/data/series/show-and-tell>. Acesso

em: 28 de outubro de 2012.

190 Endereço do Data search. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/world-government-data>. Acesso em:

28 de outubro de 2012.

191

Endereço US election data. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/news/series/us-election-data>. Acesso em: 28 de outubro de 2012.

192 Endereço do Data journalism. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/media/data-journalism>. Acesso

em: 28 de outubro de 2012.

193

Conta no Twitter do The Guardian. Disponível em: <https://twitter.com/guardiandata>. Acesso em: 28 de outubro de 2012.

194 Conta no Flickr do The Guardian. Disponível em: <http://www.flickr.com/groups/1115946@N24/>. Acesso

em: 28 de outubro de 2012.

195 Conta no Facebook do The Guardian. Disponível em: <https://www.facebook.com/guardiandata>. Acesso

em: 28 de outubro de 2012.

196 Conta no Tumblr do The Guardian. Disponível em: <http://guardiandata.tumblr.com/>. Acesso em: 28 de

outubro de 2012.

197

Página com todo o Staff que produz o Data Store no The Guardian. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/media/datablog/2012/mar/07/open-data-journalism>. Acesso em: 28 de outubro de 2012.

198 Living with 9/11. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/world/series/living-with-9-11>. Acesso em: 16

de dezembro de 2012.

199 9/11 stories. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/books/series/9-11-stories>. Acesso em: 16 de

comentadas, mas que se referem ao material sobre o 11/09, e não sobre o seu decenário. Imediatamente abaixo, na parte inferior esquerda, estão disponibilizados cinco links sobre assuntos relacionados ao 11/09: September 11 2001200, United States201, Global terrorism202, al-Qaida203 e Osama bin Laden204. Em cada publicação do especial, há um “About history”, através do qual podemos saber quando o artigo foi publicado e modificado, e mesmo se apareceu em algum outro meio, impresso ou não. Além dos conteúdos na página principal, existem mais duas páginas para o total de publicações realizadas pelo Guardian sobre o decenário do 11/09.

Figura 30 – Subseções agregadoras de conteúdo: Living with 9/11 e 9/11 stories.

As frequências dos dados das 39 publicações do Guardian para o decenário do 11/09 podem ser conferidas no Apêndice D, através de tabelas. O especial também fez duas

200 September 11 2001. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/world/september11>. Acesso em: 16 de

dezembro de 2012.

201

United States. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/world/usa>. Acesso em: 16 de dezembro de 2012.

202 Global terrorism. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/world/terrorism>. Acesso em: 16 de dezembro

de 2012.

203

Al-qaida. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/world/al-qaida>. Acesso em: 16 de dezembro de 2012.

204 Osama bin Laden. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/world/osamabinladen>. Acesso em: 16 de

matérias, cada uma, aparecerem duas vezes como chamada na página principal, de maneira similar ao site da Folha: um infográfico interativo sobre as lembranças do acontecimento205 e outro infográfico sobre a ascensão e a queda da Al-Qaeda206. De modo semelhante ao Estadão, o Guardian trouxe um alto número de reportagens (59%), seguido de perfis e de gêneros híbridos, com 15,4% cada. Semelhante aos outros dois jornais, a junção dos formatos num conteúdo multimídia guiou as publicação no site britânico, em 61,5% dos materiais, com os textos com imagem em segundo lugar (25,6%). Temos, aqui, o único exemplo de multimídia com o formato de áudio (ver Figura 31). Nos jornais brasileiros, o áudio apareceu somente em matérias que traziam apenas esse formato e na página principal do especial.

Figura 31 – Publicação multimidiática contendo o formado do áudio207.

205 September 11, 10 years on: your memories. Disponível em:

<http://www.guardian.co.uk/world/interactive/2011/sep/08/september-11-anniversary-your- memories?intcmp=122>. Acesso em: 18 de dezembro de 2012.

206 9/11 anniversary: The rise and fall of al-Qaida interactive. Disponível em:

<http://www.guardian.co.uk/world/interactive/2011/sep/08/september11-9-11-alqaida-interactive>. Acesso em: 18 de dezembro de 2012.

207 Living with 9/11: the child. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/world/2011/sep/05/living-with-911-

Não houve matéria apenas com link intertextual, e 28,2% das publicações trouxeram links internos e externos. Uma dessas matérias208 utilizou vários para o Youtube. Os links intratextuais sozinhos foram predominantes (71,8%). Não houve matéria apenas com incorporação na narrativa, mas 59% apresentaram incorporações fora e dentro da narrativa, e 41% só fora dela. Com números distintos dos outros jornais, percebemos muitos links imóveis (43,6%), porém, mais ainda os casos em que havia links móveis e imóveis (56,4%). Só os sites se mostraram fonte principal da memória (66,7%), seguidos de publicações com fontes diversas (17,9%). Uma das publicações209 que trouxe apenas links para sites como sua fonte de memória citou a Wikipédia.

Representada pelo deslocamento e transporte e pela minimalização e substituição, a canibalização é expressa pelos 28,2% das publicações apenas com conteúdo repetido e pelos 56,4% com material inédito e repetido, apresentando números próximos aos da Folha. Ainda de modo semelhante, houve um equilíbrio entre os enfoques global (53,8%) e local (46,2%). Mais de dois terços do conteúdo era transmidiático (76,9%), semelhante ao Estadão. A maioria das publicações foi realizada com longo prazo (92,3%), e com fácil entendimento para muitas sociedades (82,1%). Apenas uma matéria trouxe fonte só da década atual e as outras (97,4%) eram de várias décadas. Todas possuíam acesso público, buscavando tanto relações intrínsecas como extrínsecas ao fenômeno. Com números bem próprios, o Guardian atualizou 74,4% de seus conteúdos a fim de ampliar o que estava posto anteriormente.

No tocante ao enquadramento temático, a categoria Lembrança e consequências do 11/09 e dos seus atores foi novamente predominante (69,2%), acompanhadas de Respeito aos islâmicos e aos muçulmanos e Segurança e novos atentados aos EUA, com 10,3% das publicações cada. Os outros pontos atingem percentuais ínfimos, conforme analisado no Gráfico 5, sendo o único jornal contendo material sobre o decenário do 11/09 não divulgado na primeira página (46,2%). Apenas uma publicação não está na editoria Internacional/Mundo, mas em Arte e Cultura, de modo a assemelhar-se ao que aconteceu na Folha. Grande parte de suas matérias possui um tom negativo (69,2%), com os demais equilibrados. Todas as publicações trazem alguma ação ritual e apenas três não possuem identificação.

208

Exploring musical responses to 9/11. Disponível em:

<http://www.guardian.co.uk/music/musicblog/2011/sep/09/musical-responses-9-11?intcmp=122>. Acesso em: 18 de dezembro de 2012.

209 After 9/11: ‘You no longer have rights’

extract. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/world/2011/sep/02/after-9-11-muslim-arab-american-stories>. Acesso em: 18 de dezembro de 2012.

Gráfico 5 – Enquadramento temático no Guardian.

O número alto de ação ritual e de identificação se deve aos especiais sobre como grupos e pessoas estão “Vivendo com o 11/09” (Living with 9/11) e das “Histórias do 11/09” (9/11 stories). Um repórter específico, Sam Jones, escreveu diversas matérias que se baseavam na vida de alguém, praticamente perfis. No entanto, consideramos que o perfil não narra algo sob a ótica de um personagem, ao contrário, é uma publicação que se debruça sobre a história e/ou aspectos psicológicos de um indivíduo. O primeiro especial citado (Living with 9/11), de fato, desenvolveu basicamente apenas perfis.

O Guardian mostrou uma incorporação da memória peculiar (ver Gráfico 6). Quase todas as suas publicações (82,1%) trouxeram os três tipos de incorporação: necessidade, convite e indulgência, enquanto necessidade e convite e convite e indulgência estiveram somente 7,7% cada. Praticamente todos os conteúdos trazem material sobre as comemorações e celebrações do atentado, bem como assuntos associados ao que se estava tratando, como Al- Qaeda, Obama, Bush, islamismo, muçulmano, entre outros, além de trazer outros conteúdos automáticos, como matérias da mesma editoria ou outras sugeridas.

0 5 10 15 20 25 30 Respeito aos islâmicos e aos muçulmanos Posicioname nto dos EUA e Guerra ao Terror Segurança e novos atentados aos EUA Celebração do 11/9 e homenagem às vítimas Lembrança e consequênci as do 11/9 e dos seus atores Frequência 4 1 4 3 27

Gráfico 6 – Incorporação da memória no Guardian.

O cruzamento dos dados do Guardian (ver Apêndice H) começa com o enquadramento temático e a incorporação da memória revelando uma alta relação entre o tema Lembrança e consequências do 11/09 e dos seus atores, presente em 69,2% das publicações, com 56,4% trazendo incorporação por todas as três formas, demonstrando um desejo de agraciar o público com memórias sobre os dez anos do acontecimento, sobre questões intrínsecas a ele e outros assuntos que poderiam interessar os leitores. A reportagem possui uma alta associação com os três modos de incorporação da memória, com 53,8% das matérias. Isso se deve ao fato de a reportagem possibilitar um acréscimo de informação muito amplo, abrangendo o assunto do modo como o jornalista preferir. No tocante ao formato, observamos que a multimídia (62,5%) traz praticamente todos os seus conteúdos (48,7%) com a incorporação da memória por necessidade, convite e indulgência. Todas as matérias com a junção de texto e imagem (25,6%) foram incorporadas por essa tríade.

Apesar de 33,3% das matérias do enquadramento Lembrança e consequências do 11/09 e dos seus atores não se encontrarem na página principal, podemos afirmar que foi a temática com maior destaque, aparecendo em todas as partes do site, desde o topo com foto (7,7%) até o espaço superior com imagem, com mesma frequência. Isto é, das nove matérias que compunham o topo e a parte superior, seis eram desse enquadramento. Embora incorporação pelas três possibilidades possua mais de 3/4 de todas as publicações, a incorporação por necessidade e convite revela importância ao percebemos que todos os seus 7,7% dos matérias estão no topo da página com foto, parte de maior destaque no Guardian. Por fim, temos os números mais salientes no tocante à incorporação fora da narrativa, tendo em vista que todos os seus 41% dos conteúdos são somente imóveis. Quando o link está incorporado tanto na narrativa como fora dela, semelhante aos dois jornais acima analisados,

0 5 10 15 20 25 30 35 Necessidade e Convite Necessidade e Indulgência Convite e Indulgência As três formas Frequência 3 1 3 32

verificamos uma alta correlação entre a natureza do link móvel e imóvel (56,4%).