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A metodologia da investigação ação e suas contribuições para a aprendizagem 69 

No documento 2013MartaMarques (páginas 69-71)

4. A INVESTIGAÇÃO-AÇÃO E O PARADIGMA DA APRENDIZAGEM 69 

4.1 A metodologia da investigação ação e suas contribuições para a aprendizagem 69 

Uma vez estudada a docência universitária e o surgimento de uma “nova” metodologia, a qual nos esclarece que há uma vasta diversidade de finalidades e funções que podem ser abrangidas pela investigação-ação, assim como se voltou especial atenção a uma pluralidade de linguagens epistemológicas, as quais podem lhe servir de marco referencial, fica evidente também a diversidade de métodos, instrumentos e técnicas de investigação científica, as quais são reconhecidas na grande área das ciências humanas. A partir desses conhecimentos, bem como das lições dos autores já mencionados, pode-se dizer que a investigação-ação contempla, em seu contexto, um espaço de aprendizagens ou de aperfeiçoamento das já existentes.

Para que se possa compreender de forma mais eficaz e concreta as efetivas contribuições da investigação-ação, tratar-se-á nesse momento os principais fatores que são utilizados e desenvolvidos pela metodologia, os quais podem ser vistos como protagonistas das contribuições à aprendizagem. Ressalta-se também, que não se tem aprendizagem sem abordar o ensino e as correntes filosóficas nas quais a aprendizagem pode estar inserida.

No que se refere à filosofia da aprendizagem, dentro do contexto da metodologia de investigação-ação, percebe-se que esta, segundo Brockbank e McGill (2008, p.34), “se refiere a los principios, sean científico, éticos o educativos, y les asignan valores”. Percebe-se, pelas palavras dos autores, que a filosofia de aprendizagem tenta alcançar a sabedoria através do estudo dos princípios de aprendizagem, estes que valorizam seus axiomas (sentenças ou proposições). Diante de tais esclarecimentos, busca-se a adoção de uma filosofia de aprendizagem que leva à prática reflexiva dos professores e alunos sobre o ensino e sobre a aprendizagem. Essa filosofia de aprendizagem passa a proporcionar aos docentes e à sua prática uma reflexão de conceitos, de filosofia, aprendizagem e ensino, tornando docentes e alunos agentes reflexivos de suas próprias práticas.

A metodologia de investigação-ação acaba por ser uma contempladora dessa filosofia de aprendizagem, pois, como afirma Elliott (1991, p, 67), “el objetivo fundamental de la invetigación-acción consiste en mejorar la práctica en vez de generar conocimientos”. Busca-se entender com base nesses ensinamentos, portanto, que a melhora da prática consiste

em implantar valores que constituem seus fins, por exemplo, a justiça na prática legal, a atenção ao paciente na medicina, a educação no ensino, dentre outros. Esses fins não se manifestam, entretanto, apenas nos resultados da prática, mas na qualidade intrínseca dessa mesma prática, tornando o ensino o mediador do acesso dos alunos ao currículo e à aprendizagem.

Nesse sentido, a essência da investigação-ação em educação está no fato de que em seu núcleo sempre existe uma ação que beneficia a aprendizagem dos alunos ou o desenvolvimento profissional dos professores (STENHOUSE, 1998). Esse fator que beneficia os envolvidos no processo de ensino é um dos elementos destaques da metodologia adotada. Sabe-se que por trás de uma aprendizagem de “má” qualidade, na grande maioria dos casos, está presente um ensino deficiente juntamente com uma metodologia que não contempla tais fatores, os quais são contemplados na investigação-ação.

A investigação-ação proporciona, todavia, a evolução da qualidade do ensino e, por consequência disso, uma aprendizagem significativa, conduzindo os professores envolvidos a refletir sobre essa evolução. As práticas desenvolvidas em sala de aula devem evoluir e conduzir essas significativas mudanças, também em relação às suas qualidades intrínsecas, fator considerado de grande importância pela metodologia. Dessa forma, como salienta Latorre (2005, p.8), “la investigación-acción se constituye en una excelente herramienta para mejorar la calidad institucional”. Percebe-se, com isso, que a investigação-ação, além de aperfeiçoar a prática docente mediante o desenvolvimento das capacidades de refletir sobre suas próprias ações, se torna a ferramenta não só dos alunos e professores do ensino e aprendizagem, mas de todo o contexto escolar envolvendo todos os membros que nela estão inseridos.

É perceptível, portanto, que os processos educativos deixam de ser uma técnica, um saber aplicar a teoria aprendida, para constituir-se em um processo reflexivo sobre as próprias ações desenvolvidas dentro do contexto educacional, o que leva a uma melhora das práticas como já mencionado anteriormente. As possíveis contribuições no processo de ensino e por consequência na aprendizagem existem, como se percebe, por uma série de contribuições. Essa metodologia pode colocar em manifestação certos distanciamentos existentes entre teoria e prática presentes dentro do processo educativo. Com isso, deveria existir um processo de reflexão por parte dos professores sobre esse distanciamento, sobre as estratégias pedagógicas a serem utilizadas para reverter esse distanciamento.

A investigação-ação se torna um dos caminhos ao alcance da efetiva aprendizagem, por ser um método que planeja a ação, que observa e reflexiona sobre as novas possibilidades.

Ela se consolida por ser participativa, ou seja, busca o envolvimento do maior número de pessoas, as quais estão envolvidas na busca pela qualidade do ensino e da aprendizagem, torna os envolvidos membros autocríticos, da ação, observação, do planejamento e da própria reflexão. E mais, segundo Kemmis e McTaggart (1988, p. 31), a investigação-ação ainda pode ser considerada

un proceso sistémico de aprendizaje en el que las personas actúam consientemente sin dejar, por ello, de abrirse a la posibilidad de sorpresas y conservando la posibilidad de responder a las oportunidades. Se trata de un proceso de utilización de la 'inteligencia critica' orientado a dar forma a nuestra acción y a desarrollarla de tal modo que nuestra acción educativa se convierta en una praxis (acción criticamiente informada y comprometida) a través de la cual podamos vivir consecuentemente nuestros valores educativos.

Percebe-se, com base nas colocações dos autores, que a aprendizagem é um processo sistêmico que pode atuar de forma consciente, permanecendo aberto para as possibilidades e capacidades, para atender as oportunidades que surgem. Esse processo também é utilizado pelos envolvidos como uma probabilidade crítica, a qual desenvolve a ação para que a prática possa se tornar crítica e comprometida com os princípios educativos de cada um, consolidando, assim, a aprendizagem. Sabe-se que a busca por uma aprendizagem significativa deveria ser o que move os educadores e os envolvidos com a educação em nosso país, em nossas cidades, escolas e universidades. Historicamente, se percebe a busca por significativas mudanças e metodologias, nas quais estejam contempladas transformações de qualidade em áreas do ensino, do currículo, formação de professores e na aprendizagem. A metodologia de investigação-ação apresentada até o momento pode ser como uma contempladora das possíveis transformações almejadas pelos professores e membros envolvidos com a educação; pode ser também uma possibilidade significativa que vem se consolidando entre os professores, pesquisadores, escolas e universidades, como um caminho possível para a melhora da qualidade da educação.

No documento 2013MartaMarques (páginas 69-71)