• Nenhum resultado encontrado

PONTO DE ÔNIBUS

7. A MORFOLOGIA DAS MUTAÇÕES URBANAS

A utilização do conceito ‘mutações urbanas’ para a análise das formas e paisagens das áreas de crescimento recente das cidades de Campinas, Hortolândia, Indaiatuba, Paulínia, Sumaré, Valinhos e Vinhedo, mostrou-se capaz de delimitar aglomerações que compartilham de um mesmo conjunto de tipologias e de características morfológicas, permitindo uma investigação detalhada. As mutações urbanas representam um modo de fazer cidades que se estrutura através de formas e de elementos que são fundamentalmente diferentes dos que conformaram as cidades e as aglomerações urbanas tidas como tradicionais, ou seja, aquelas que eram moldadas em função da criação de espaços públicos que davam suporte à vida urbana.

Campinas foi a cidade piloto para o estudo das mutações urbanas, com o primeiro conjunto de resultados desta tese (capítulo 4), e serviu de parâmetro para a identificação e análise das mutações nas demais cidades da sua região metropolitana. O método utilizado para a identificação das mutações de Campinas partiu da localização e da tipificação das outras quatro categorias propostas por Solà-Morales (2002), para tanto, foram identificadas as principais infraestruturas dos fluxos visíveis, as terras vagas, os contenedores e as habitações de aspecto mercadológico.

Essa análise demonstrou que a rodovia é a infraestrutura visível dos fluxos mais determinante na estruturação das mutações. A urbanização nas margens da rodovia é uma problemática importante na área do urbanismo, Venturi et al. (2003) foi um dos primeiros a analisar a morfologia das ocupações nas margens dos eixos viários e já apontava algumas formas que são comuns nas mutações: supressão do comércio local, predomínio de edifícios longos, baixos e afastados das ruas e calçadas, grandes estacionamentos, propagandas em outdoors e avenidas comerciais interligando o fluxo das rodovias com os empreendimentos. Foi também um dos pioneiros a apontar a formação de aglomerações independentes nas margens das rodovias. A strip descrita pelos autores caracteriza bem as avenidas de ligação das mutações, que nos trechos mais urbanizados funcionam como um corredor comercial com características formais bastante parecidas, entretanto a ocupação nas margens das avenidas de ligação é apenas uma parte do tecido das mutações urbanas.

A urbanização nas margens das rodovias foi nomeada por Garreau (1991) como ‘edge city’, que descreve aglomerações afastadas do centro da cidade e próximas às áreas rurais, com as rodovias como o principal eixo de mobilidade e de estruturação urbana. São caracterizadas como polos urbanos autônomos com diferentes centralidades e por uma ocupação contínua dos eixos rodoviários. Agrupam residências, conjuntos de escritórios (trabalho global), centros comerciais e espaços de entretenimento. As mutações urbanas apresentam muitas dessas características morfológicas, mas também algumas particularidades: predomínio de tipologias fechadas comerciais e habitacionais e a conformação de um espaço público mínimo; maior ocupação por residências do que por locais de trabalho; relação estreita com os contenedores, principalmente com os shopping centers, que representam a centralidade e o acesso aos comércios, serviços, lazer e entretenimento; e tecido urbano mais fragmentado e isolado, criando aglomerações urbanas afastadas uma das outras. A última característica pode ser suprimida no decorrer

do tempo, já que a maior parte das mutações encontradas estão imersas em vazios urbanos e apresentam diferentes eixos de conurbação e expansão, podendo, no futuro, formar uma grande aglomeração contínua (eixo metropolitano de mutações), com diferentes focos de surgimento e catalisadores.

A formação das edge cities tem diferenças fundamentais do desenvolvimento dos subúrbios, como aponta Walker (1994) o conceito de subúrbio está associado diretamente ao período de explosão dos setores de habitação em massa nos Estados Unidos, cujo resultado eram aglomerações que mantinham uma relação de dependência com o centro urbano. Soja (2002) aponta para a desconstrução da relação de cidade-subúrbio na cidade contemporânea, com o surgimento de aglomerações periféricas independentes das antigas centralidades, formando uma nova relação periferia-periferia. Nesse contexto, as mutações urbanas são essencialmente diferentes do conceito de subúrbio norte-americano, já que são, ou buscam ser, independentes dos centros urbanos já consolidados e são conformadas em sua grande maioria por tipologias fechadas residenciais forjadas para os mais ricos. Possuem também formas e paisagens urbanas essencialmente diferentes dos subúrbios modernos que estão no seu entorno.

O conceito de peri-urbanização é o que está mais próximo de descrever o local de desenvolvimento das mutações urbanas, como aponta Ojima e Hogan (2008), o conceito descreve aglomerações localizadas entre os subúrbios modernos e industriais, próximas às bordas da cidade ou no limite entre o urbano e o rural, ocupando áreas que eram tradicionalmente utilizadas para atividades agrícolas com a construção de empreendimentos residenciais de baixa densidade. Das vinte e cinco mutações encontradas nesta pesquisa, vinte e uma apresentam essas características (somadas as mutações peri-urbanas e distritais).

A segunda categoria, terras vagas, não é determinante na formação das mutações urbanas, o que pode ser explicado pela recente história urbana das cidades pesquisadas, ofertando poucas áreas com essas características. Foi encontrada apenas uma mutação, Extra Abolição, com relação direta com terras vagas herdadas de antigas indústrias do local. Algumas mutações abrigam trechos da malha férrea, mas eles não demonstraram ter relação com o surgimento das mutações, apenas seguem as direções dos eixos rodoviários. Nas cidades que apresentam mais terras vagas é provável que elas também funcionem como território das mutações urbanas, podendo inclusive suportar o surgimento de mutações criativas (TURCZYN e MONTEIRO, 2013b).

Os vazios urbanos, apesar de serem fundamentalmente diferentes das terras vagas, são muito mais determinantes na formação das mutações urbanas. São os territórios mais férteis para o desenvolvimento delas, nas cidades pesquisadas eles estão localizados próximos ao perímetro urbano, ao limite municipal e às principais rodovias. O vazio urbano é uma tela em branco para o mercado imobiliário, pois ainda não foi parcelado, permitindo a implantação de grandes empreendimentos independentemente da ocupação e do desenho urbano do seu entorno. Outra característica relevante dos vazios urbanos estudados é que estão localizados próximos das áreas rurais e podem incluir trechos preservados de áreas de proteção ambiental, áreas de proteção permanente (APP) e de riquezas naturais. A ideia do contato com a natureza é uma das características mais fortes das propagandas das tipologias fechadas residenciais, aparecendo nos folhetos promocionais de forma idílica, suave e

harmoniosa (KOWALTOWSKI et al., 2005; TURGUT et al., 2010), como se as áreas naturais fossem uma extensão dos empreendimentos murados, entretanto não existe qualquer relação física entre o interior das tipologias e as áreas naturais externas aos seus muros, funcionando apenas como moeda de valoração.

A terceira categoria analisada foi contenedores e foram encontradas quatro tipologias: shopping center, grandes lojas e hipermercados, mall e condomínios comerciais e industriais. O primeiro é o catalisador mais poderoso e as centralidades das mutações urbanas, ofertando praticamente todas as funções e serviços que historicamente pertenciam as áreas públicas e movimentadas das cidades. Campinas possui oito grandes shoppings, sendo que cinco deles estruturam mutações urbanas (Iguatemi, Galleria, Unimart, Dom Pedro e Prado Boulevard), que juntas concentram 69% das unidades de tipologias fechadas encontradas na cidade, e um outro tem grande chance de catalisar novas mutações (Parque das Bandeiras). Em Campinas, o shopping center é um dos responsáveis pelo declínio do uso das áreas centrais pelas classes média e alta (PMC, 2017), como alertava Jacobs (2009), são os grandes responsáveis pela exclusão do comércio e da vida pública das cidades, assim como raramente favorecem as áreas urbanas à sua volta. Suas principais características morfológicas são: grandes glebas delimitadas por cercas, entradas controladas por câmeras e cancelas, grandes estacionamentos de superfície e a presença de outdoors e totens publicitários.

As grandes lojas e hipermercados também funcionam como estruturadores e catalisadores das mutações, entretanto são menos determinantes e geralmente funcionam como um suporte para seus funcionamentos. Suas características formais são muito próximas das elencadas para os shopping centers, estando ainda mais alinhadas com o conceito de galpão decorado de Venturi et al. (2003). Os malls são as pequenas centralidades de facilidades das mutações, ofertando os serviços mais básicos. O último contenedor é os condomínios comerciais/industriais e representam os locais do trabalho global, com predileção para salas coorporativas e galpões industriais voltados para os setores da tecnologia e logística. Em Campinas, apenas a mutação Techno Park teve a sua forma definida por esses contenedores, com a instalação dos condomínios industriais que leva o mesmo nome. Em outras seis mutações há a prevalência de condomínios coorporativos, que ocupam uma área muito menor e estão mais relacionados com os empreendimentos residenciais mais novos, podendo ser uma tipologia mais comum no futuro.

A última categoria analisada foi habitações, com o enfoque nas de aspecto mercadológico que, atualmente, são representadas quase que exclusivamente por tipologias fechadas que seguem as características dos enclaves fortificados, conceito criado por Caldeira (2000) para categorizar um conjunto de empreendimentos privados que partilham uma série de características, sendo as principais delas: a clara divisão entre os ambientes públicos e privados, o controle de acesso e a segurança privada. O principal provedor desses empreendimentos é o mercado imobiliário, que através de uma orquestração meticulosa dos meios midiáticos, dos órgãos públicos que normalizaram esse tipo de ocupação e da população alienada da sua função social e ritualizada no consumo, oferta a um preço alto uma série de tipologias, amenidades e facilidades que visam substituir as qualidades e os ambientes que eram inerentes da cidade. O modo como essa dinâmica ocorre é perverso,

aferindo status e prestígio a questões que já foram e deveriam ser universais e públicas, como o bem morar, a segurança e os espaços de convívio e lazer.

É importante salientar que o apelo aos aparatos de segurança não é exclusivo às tipologias fechadas. Nas cidades analisadas, os bairros tradicionais no entorno das mutações apresentam casas e comércios que se configuram como pequenos enclaves privativos, utilizando os mesmos sistemas de segurança que as tipologias fechadas. O mercado da segurança e do medo é o mesmo para os que habitam a cidade ou as tipologias fechadas, entretanto, a forma e a paisagem urbanas resultantes das mutações possuem um impacto muito mais preponderante, pois ocorre em uma escala muito maior, saindo da escala do lote para a da gleba ou do loteamento.

Foram encontradas nove tipologias residenciais em Campinas, com 558 unidades dentro das mutações urbanas. As tipologias mais recorrentes, em ordem decrescente, foram: condomínio fechado, vilas, condomínios verticais com múltiplas torres e conjuntos habitacionais, juntas elas somam 68% de todas as unidades encontradas dentro das mutações. Já as tipologias que ocupam maior área são: loteamentos fechados e condomínios fechados, juntas elas representam 74% de toda a área ocupada. Essas cinco tipologias representam a base construída das mutações urbanas. As outras quatro tipologias são menos recorrentes, entretanto é necessário salientar duas delas.

A primeira é bolsão de segurança, pois além de ser a tipologia com a terceira maior área ocupada nas mutações campineiras, é conformada por áreas que já foram públicas e integradas com o restante da cidade e que foram posteriormente privatizadas, restringindo o seu acesso. Entretanto, em Campinas, esta tipologia está presente nas áreas mais antigas das mutações e não aparenta ser uma tendência no seu desenvolvimento, podendo inclusive ser reaberta e integrar novamente o tecido público, como já ocorreu com algumas através de ordens judiciais. A segunda são os condomínios temáticos, que apesar de possuírem poucas unidades e de ocuparem pouca área, estão presentes nos locais de desenvolvimento mais recentes das mutações, e melhor representam o atual apelo midiático à exclusividade e ao luxo, sendo ofertados como condomínios clubes ou resorts. É uma tipologia habitacional que pode se tornar recorrente no desenvolvimento futuro das mutações.

As mutações urbanas de Campinas foram delimitadas a partir da análise dos elementos que conformaram as categorias de fluxos, contenedores e habitações. A estipulação do limite das mutações visou juntar as áreas com concentrações dessas categorias e com características morfológicas similares. O objetivo em limitar as mutações é facilitar o entendimento e a análise dessas áreas, entretanto, é preciso ressaltar que os limites podem se modificar rapidamente, seguindo o desenvolvimento das mutações.

Foram identificadas treze mutações urbanas em Campinas, sendo oito peri- urbanas, duas distritais e três intra-urbanas. As maiores e mais impactantes para o tecido urbano são as duas primeiras, juntas elas possuem 88% de todas as unidades de tipologias fechadas. O principal eixo de existência das mutações em Campinas é a rodovia Dom Pedro I, onde se estruturam oito delas (Iguatemi, Galleria, Dom Pedro, Alphaville, Techo Park, Ceasa, Sousas, e Barão Geraldo), somadas elas possuem 84% das unidades e 86% de toda a área ocupada pelas tipologias. Esse eixo está localizado na região norte de Campinas, onde está a parcela da população mais rica, assim como os maiores vazios urbanos à beira das rodovias.

A região sul de Campinas é ocupada majoritariamente pela parcela da população com menor renda, porém foram encontradas duas mutações urbanas voltadas para a classe média-alta (Swiss Park e Parque Prado), evidenciando que as mutações podem também ocupar áreas que historicamente abrigaram a população com menor renda. Essa característica corresponde às premissas básicas da mutação, já que pretendem ser organismos independentes do restante da cidade e oferecem uma variedade de sistemas de segurança que permitem seus funcionamentos independentemente dos seus entornos.

Ainda na região sul, foram identificadas dez pequenas aglomerações que compartilham algumas características das mutações urbanas estudadas, nomeadas de mutações de segunda ordem. Essas áreas são conformadas quase que exclusivamente por conjuntos habitacionais viabilizados por políticas públicas, totalizando 92% de todas as unidades encontradas. Além da baixa diversidade tipológica, outras características que diferenciam as mutações de segunda ordem são a menor área, a menor relação com os contenedores, o desenho urbano mais relacionado com o dos bairros do entorno e maior dependência dos comércios tradicionais destes bairros. As características que aproximam as duas estão relacionadas principalmente com a paisagem urbana na escala do pedestre, formada por muros, cercas e espaços públicos mínimos. Nota-se que as tipologias fechadas são também utilizadas como solução de habitação para a parcela da população com menor renda.

O segundo conjunto de resultados (capítulo 5) desta tese representa o estudo realizado em cima das outras dezenove cidades que compõem a Região Metropolitana de Campinas, Americana, Arthur Nogueira, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Morungaba, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. Destas cidades, seis apresentaram áreas identificadas como mutações urbanas: duas em Hortolândia, duas em Indaiatuba, duas em Paulínia, uma em Sumaré, duas em Valinhos e três em Vinhedo. Essas cidades, somadas com Campinas, possuem 922 unidades de tipologias fechadas.

Campinas apresentou mais mutações do que essas cidades somadas, possuindo 60% de todas as unidades de tipologias fechadas dentro das mutações da RMC. No geral, as mutações de Campinas aparentam estar mais avançadas do que as das outras cidades, apresentando também uma maior diversidade de tipologias fechadas, uma maior relação com os contenedores comerciais e uma menor dependência dos bairros lindeiros. Entretanto, compartilham a mesma estrutura base das mutações de Campinas, ou seja, são conformadas pelos fluxos rodoviários, contenedores e tipologias residenciais fechadas. Todas as mutações encontradas nessas seis cidades possuem média ou alta possibilidade de expansão, demonstrando que ainda estão em processo de formação. É importante ressaltar que Campinas é o centro econômico e político da região, além de ser consideravelmente maior, mais populosa e ter um anel que interliga as principais rodovias da RMC, questões que impulsionam o desenvolvimento das mutações.

Com um olhar macro para a RMC, nota-se que o eixo que concentra a maior parte das mutações de Campinas, no entorno da rodovia Dom Pedro I, faz parte do eixo que concentra a maior parte das mutações das outras cidades. Estende-se para noroeste em

direção às cidades de Hortolândia, Paulínia e Sumaré, pelas rodovias Jornalista Francisco Aguirre Proença e Anhanguera, e para sudeste em direção as cidades de Valinhos e Vinhedo, pela rodovia José Roberto Magalhães Teixeira. As mutações situadas nesse eixo apresentam possibilidades de expansão e conurbação, podendo no futuro concentrar uma vasta área formada por mutações urbanas.

O terceiro e último grupo de resultados (capítulo 6) destacou os padrões de forma mais recorrentes e determinantes na formação das mutações. Buscou-se evidenciar e sistematizar as formas e elementos urbanos que constituem, junto com as tipologias fechadas, a base construída das mutações. Além de facilitar a descrição e análise dessas formas, esse trabalho também teve o intuito de ampliar o vocabulário de formas urbanas, inserindo as mutações urbanas nesse conjunto.

Foram identificados vinte e nove padrões de forma, que foram divididos em seis grupos temáticos (Formas da Situação Espacial, da Circulação, da Implantação, da Segurança, da Relação com a Natureza e os Elementos Urbanos). Dezesseis padrões apresentaram alta recorrência nas mutações da RMC, representando a base de padrões de formas que estruturam as mutações. São eles: Rodovia como Espinha Dorsal, Avenidas de Ligação, Ruas Muradas, Ruas sem Saída, Calçadas Burocráticas, Implantação em Mosaico, Família de Empreendimentos, Repetição Tipológica, Muros e Grades, Entradas Controladas e Vigiadas, APP como Barreira, Espaços Gramados, Cabos e Postes, Outdoor e Ponto de Ônibus.

Esse conjunto de resultados demonstra que os elementos tradicionais que fundamentavam a urbanidade da cidade, como ruas comerciais, praças, lotes residenciais voltados para a rua, fachadas, marcos, quintais, portas, janelas, bancos, floreiras e, o mais simbólico, pedestres, cederam lugar à um conjunto tipológico e morfológico que enfatiza o espaço privado em detrimento do público, bem como o espaço do movimento rápido e irrestrito no lugar dos espaços de permanência. São aglomerações urbanas estruturadas por rodovias, avenidas arteriais, espaços gramados, grandes empreendimentos murados fora da escala do pedestre e do entorno, espaços de convívio e lazer privados e enclausurados, muros, grades, guaritas, aparatos de segurança, policiamento privado, outdoors, totens publicitários, grandes estacionamentos e apenas um equipamento público, o ponto de ônibus.

O espaço público resultante é mínimo e é estruturado pelos muros das tipologias fechadas, a divisão entre os espaços públicos e privados é reforçada por diferentes aparatos de segurança e pelo policiamento privado, a permeabilidade urbana é reduzida e comprometida com a implantação fragmentada das tipologias fechadas e com a criação de ruas exclusivas para o acesso à elas, as calçadas apenas rodeiam os muros e não funcionam como meio de mobilidade, a natureza é negada e serve apenas como barreira ou limite para o desenvolvimento das mutações, a arquitetura é banalizada e os edifícios são repetidos sem qualquer cuidado com a composição da paisagem urbana ou com os bairros do entorno. O resultado dessas características é uma paisagem urbana homogênea, monótona, sem identidade, sem atrativos, e pensada para ser um local de circulação, onde a permanência é rejeitada em todos os aspectos.

Os resultados desta tese permitem outro olhar para a morfologia urbana das áreas de expansão recente das cidades estudadas, no qual é possível analisar conjuntamente as

Documentos relacionados